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quinta-feira, 4 de setembro de 2008

Pequenos Luditas

Lucas C. Lisboa

Jamais tinham tempo para com eles brincar. Nem um afago, carinho ou cafuné podiam lhes dar, estavam sempre apressados com seus prazos e horários.

Talvez um colo? Nem pensar! Era tempo demais! E todo o tempo era contado. Tudo o que diziam, com seus conta-tempo em mãos, era: "Hora de comer; Hora de estudar; Hora de dormir e de acordar!"

Mas numa noite, eles, todos juntos, desobedeceram e ficaram acordados até bem tarde. Tão tarde que todos sabiam que era hora de estarem na cama. Eles haviam bolado um plano fabuloso e perfeito.

Cada um pegou todos os conta-tempos pequenos, sileciosos, brilhantes, novos, velhos e médios que encontrou, parando em frente ao maior e mais barulhento que achou. Com a primeira das doze badaladas começaram juntos a martelar por toda a cidade.



Nota
Ludita: Movimento Operário da Revolução Industrial Inglesa que invadia as fábricas cujo os donos dimunuiram os salários ou demitiriam funcionários por causa da implantação de máquinas. Em protesto os Luiditas quebravam essas máquinas por roubarem seus salários e empregos.


5 comentários:

  1. Adorei...muito bem feito um verdadeiro poeta...bjos. Espero ler outros.l

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  2. Além dos significados usuais das palavras,atribui tbm qualidades como sensações e musicalidade...
    Muito bom...
    Bjos

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  3. Amigo Lucas,

    Muito bem escrito. Uma forma poética de contar. A sua prosa foi sucinta e ao mesmo tempo esclarecedora.

    Parabens.

    Anselmo

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  4. Como já lhe disse antes sua trova é tão boa quanto sua poesia.
    Bem trabalhada e bem escrita.
    Parabéns meu poeta favorito, melhoras cada dia mais.
    beijos carinhosos.

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