Páginas
▼
O que eu escuto
ninguém mais vê
digo um absurdo
sou uma tevê
velha de tubo
que a sintonia
rosa é ruído
e latonia
Sou cara e soco
não sei dizer
em hiperfoco
ninguém me crê
um anjo azul
velho demais
meu norte é sul
de poucos ais
Fácil me cego
se pisca o led
no meu escuro
e a noite perde
meu sono e tato
num só lençol
sou eu retrato
em si bemol
O espectro ronda
meu dia após
o frio e a onda
de calor pois
não me regulo
como convém
ou mesmo engulo
o trilho ou trem
meninos não choram
homens não reclamam
e eu que tanto amo
que choro e tramo
um plano qualquer
de meter a colher
na sopa e na mosca
no mel e na bosta
eu acerto o errado
e tenho marcado
compasso no peito
de maior suspeito
que recusa um cais
que canta seus ais
que grita de dor
sem dono ou senhor
eu largo no estreito
recuso e aceito
e tudo confesso
entre quadra e verso
sou novena e cio
sou seta e desvio
visto pela fresta
sou roto e poeta