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Poeta e apenas poeta

Já me olharam espantados quando digo que sou poeta e só poeta. Que não canto, nem danço, nem atuo, nem pinto, nem bordo, que "só" ...

quinta-feira, 18 de janeiro de 2007

Flauta de Porcelana

Lucas C. Lisboa

Do rosto recoberto, saida d'uma tela
encanta, por ser sonho de qualquer quimera
pois mesmo quando só desnudada aos lábios
basta-os ao findar de pesadelos vários

Flauta de Porcelana, muito mais que mera
cantante de belíssimos versos pois ela
compete de igual co'a filosofia dos sábios
e saberes dos magos com seus alfarrábios

As suas palavras: Divina sabedoria
acalmando os exércitos e os Vis compadeçam
luz no peito mais escuro e d'alma perdida

Sua música é muito mais que chula magia
essa notas que entoa até as pedras tocam
vertem lágrimas d'ouro e ganham própria vida

sexta-feira, 12 de janeiro de 2007

Mirra, Gita e Meca

Lucas C. Lisboa

Fé é pura estética
Todos os textos sagrados
tem sua própria métrica

quinta-feira, 11 de janeiro de 2007

Carteado

Ataualpa S. Pereira / Lucas C. Lisboa

Naquela tênue luz, cartas à mesa posta:
os dedos sobre o Palco marcam o compasso,
por um olhar reluz os punhados da aposta,
de relance o decalco do Arlequim devasso...

Ao lado Imperatriz com seu Bastão em Cruz:
sorri a prima realeza, para de sobressalto
tal uma meretriz ele às cartas faz jus,
gota se esvai, frieza pela face em salto...

Dum trago, tece fio de bruma dançatriz
d'outro lado pigarro de rouca aspereza:
cerra os olhos no fetio da velha cicatriz
na cuspideira escarro dissolve a certeza.

Dedos um tanto tensos esquecem do frio,
finalmente, felinos partem ao bizarro:
são montantes imensos por desvario,
intrépidos ladinos sem temer esbarro...

Sorriso de resposta, olhares intensos:
o passo em falso é trocismo dos destinos!
Na Trapaça exposta: silêncio aos lenços
antes do encalço virão saques alcovinos.

sábado, 6 de janeiro de 2007

da Sedução

Lucas C. Lisboa

O meu maior logro
é do tamanho de teu
máximo pudor

terça-feira, 2 de janeiro de 2007

Flerte de espelhos

Lucas C. Lisboa

Loucuras pois sim
Galanteios a trariam
decerto pra mim

segunda-feira, 1 de janeiro de 2007

Surreal Canibalismo

Lucas C. Lisboa

ao campo prostrados
deitados um aos pés d'outro
de acordo devoram-se

sábado, 23 de dezembro de 2006

Anarco-canibalismo II

Lucas C. Lisboa

Pois a mão do papa
numa única bocada
será degustada

Anarco-canibalismo

Lucas C. lisboa

Não perca essa pompa
enquanto eu devoro tua mão
que deu-me ao beijo

terça-feira, 19 de dezembro de 2006

Como quem se dá ao Carrasco

Lucas C. Lisboa

mãos Acorrentadas sobre a cabeça
dorso desnudado Violentos Rasgos
roupas abertas, cuidadosa pressa
causo, por hora, mais medos que estragos

submissa um soluço surdo começa
por sussurros e gemidos mesclados
tudo bem guardado na sua Mordaça
enquanto tem os seios Lacerados

imobilizada com Horror se espanta
tentando inutilmente libertar-se
ao sibilado do Metal que se afia

tal Instrumento causa uma dor tanta
ao penetrar tenra carne desfalece
pois se pudesse agora gritaria

sexta-feira, 15 de dezembro de 2006

Alvíssima imprecisão

Lucas C. Lisboa

Pois tome esta faca
e do meu ventre retire
esse verme-filho

quarta-feira, 13 de dezembro de 2006

O Trio que chegou

Lucas C. Lisboa

Iago, Lú e Eu
Iago, Lú e Eu
Um trio da pesada
cabou de chegar

Iago, Lú e Eu
Iago, Lú e Eu
Um trio da pesada
só pra variar

Eu já entediado
Ela bem modesta
Ele bonachão

Eu meio quadrado
Ela já desperta
Ele pancadão

sexta-feira, 8 de dezembro de 2006

Questão de Fé

Lucas C. Lisboa

"e gosta de preces?"
Mais que depressa responde:
"Eu não! Deus me livre!"

sexta-feira, 1 de dezembro de 2006

Tragicomicidade

Lucas C. Lisboa

uma gargalhada
trancada por dentes podres
apenas suspira

terça-feira, 21 de novembro de 2006

......Incêndio na Floresta

Lucas C. Lisboa

Enquanto a floresta inteira buscava
co'as bocas, bicos, trombas e suas patas
qualquer tanto d'água para essas matas
que nas chamas do incêndio queimava

O lobo, sentado, o vento tragava
usando de suas habilidades natas
a procurar aquelas almas rotas
que a floresta novamente incendiava

As feras todas caladas o censuravam:
ele parado, sem nada ajudar!

"Que ser mais egoísta!" - murmuravam
não viram-no sorrateiro a circundar...

Pois foi quando as brasas mais crepitavam
que os incendiários se pôs a caçar.

segunda-feira, 20 de novembro de 2006

......Música Artesanal

Lucas C. Lisboa

A música de seda
é duplamente tocada
ou só retocada?