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Poeta e apenas poeta

Já me olharam espantados quando digo que sou poeta e só poeta. Que não canto, nem danço, nem atuo, nem pinto, nem bordo, que "só" ...

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

Sim

Lucas C. Lisboa

Sou seu sátiro selvagem
saído sob sonhos singelos
sempre sonhando sozinho

Sou seu sortilégio simples
serpenteando soluções
sobre sutil sordidez

Sou seu solitário sábado
sendo sempre serviçal
sem sorriso satisfeito

Sou seu singelo segredo
soterrado sob sepulcro
sem sombrias sombras secretas

Só sou, somente sou sempre
sem sentido sem sapiência
sem solução sem segredos
P.S,: desafio meus leitores a descobrirem e listarem os contraines (restrições que ditei antes de escrever esse texto) é um exercício e tanto para quem quiser aprender um pouco mais sobre poesia e sobre literatura potencial. 

sábado, 13 de fevereiro de 2010

Galanteio de repente

Lucas C. Lisboa

Eu jamais posso negar
Que gosto bem mais das nifas
melhor se forem poetisas
virtuosas ao paladar

Eu conheço um certo sátiro
que não é tão novo assim
pois diz ter tal predicado
mas acho que é só um tarado

É desejo: desconfia
do dito na sua rimada
pois mostra que você ninfa
é também uma tarada!

Serei eu ,tarada de fato
e nada de mais então?
ou está apenas enganado
na sua velha convicção?

O faro de bode velho
não é de errar assim não
vá escute meu conselho
é só seguir seu tesão

Como está bem inspirado
vejo que garoto inda és
só espero que tome cuidado
e não vacile de vez

Tu que me deixas pirado
está cega, não me vês?
por ti todo assim safado
tal um velho lobo maltês!

Droga eu esqueci a rima!
que numa só ia fazer
com minha aura feminina
para bem te responder

Pois esse jogo sabemos
muito bem como termina
e fazer com que erremos
é meu prazer, minha sina

Repete e ficará rouco
certeza tens de saber
és convencido garoto
e senso não pode ter

E também falta bem pouco
pra verdade nao se esconder!
não eu não estou tão louco
sei bem deste teu querer

Por quê tens tanta certeza
de que falto com a verdade?
na verdade acho que a fineza
do teu faro foi tarde

Sei: não é minha vaidade
nem velho ou convalido
se não tivesse o convite
teria em versos respondido?

Ninfas gostam de brincar
e os bodes bem mais ainda...
será que sabe lidar?
ou ficará na berlinda?

ou ainda esgotará meu
estoque de belas rimas?
mas até lá já se perdeu
as minhas graças de esquinas

Disse que era vergonhosa
de tuas rimas e poemas?
o que te deixas tão orgulhosa
senão que eu valha às penas?

Me vale à pena gostar
da  brincadeira, são só
versos que o vento vai levar
pois não são mais q'este pó

Provocar-te com uma pena
é uma brincadeira ardilosa
que nos deixa em plena cena
mais rápido do que em prosa

Talvez não entenda de cenas
ou menos do que de prosas
mas deixa pra lá mia rima
não era das mais formosas...

As melhores são rimas mais feias
que da cara vem e gozas
O riso é dessas tuas teias
daquelas finas, ardilosas!

Eu seria tal uma aranha?
tenho a minha preferidas!
viuvas negras: maridos
que transformam-se em comida

Aracnos bem mais espertos
oferecem um belo engodo
pra só assim passar o rodo
tal faço com os meus versos

Eis um duelo afinal
ambos um gosto: poder
quem sera de tal historia ,
aquele que vai vencer?

Sabemos que a carne mortal
é faminta por prazer
não interessa a vitória
o corpo há de padecer

Cansei de fazer versos...
As minhas toscas rimas
me toma um gosto possesso
e escrevem as mão pequeninas

Pelos prazeres diversos
Eu agradeço por sua sina
pois fiz tantos belos versos
pela tua mão de menina!

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

Poeta-canalha

Lucas C. Lisboa

eu lhe digo bela puta:
pois o meu muito obrigado!
anos de verso e labuta
deram enfim resultado!

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

No ponto de ônibus

No ponto de ônibus vira-se e pergunta para mim com aqueles olhos castanhos:
- Porquê?

Pego completamente surpreso respondo de pronto:
- O quê?

E não contendo o riso ambos se entreolham e eu
digo:
- Porquê?

Mais que depressa ela responde:
- O quê?

Há mais gente conosco naquele ponto, pessoas transitando esperando sua condução para a cama, afinal, era dia de semana e já estava de noite.

Para nós a noite só estava começando e numa troca infinita de porquês e oquês todos ao redor do ponto simplesmente se afastam.

Isso quase nos assusta e intimida, mas no fundo o gosto do proibido, do desafio, do surreal e do divertido nos convence a continuar:
-Porquê?
-o quê?
-O quê?
-Porquê?

O onibus amarelo finalmente chega e esquecemos disso no processo de pegar passagem, procurar lugar, se sentar e tudo mais. Mas bastou sentarmos para que ela virasse para mim em tom de desafio e perguntasse novamente:
-Porquê?

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

de core

Lucas C. Lisboa

A cor desses olhos seus
sei não menos que de cor
São eles dois sonhos meus
me corando o coração

Pintaria até os ventos
pelo meu sangue curtidos
guardando nossos momentos
tal nas catedrais os vidros

Decoraria meus ateus
pensamentos com as cores
rubras coronárias com deus
coroando nosso grilhão

Tingiria sentimentos
nos bordados coloridos
por deleites quinhentos
de desejos bem floridos



quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

Névoa

Cidade vazia
Amantes amargurados
que nada sacia

terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

A pirâmide de um homem

Queria que seu castelo de cartas tocasse o teto da sala de jantar. Era, sem sombra de dúvidas, um projeto ambicioso. Não lhe impediria os tantos baralhos ou mesmo as mais de mil horas de labor dedicado e cuidadoso.

Terminada sua obra, de tantas cores e motivos estampados, encheu-se todo de vaidade e seu ego ficou ainda mais ardoroso: uma pirâmide em tamanho real. Ele a construiria do solo até rasgar o céu e o firmamento luminoso.

Não contava, porém, que ao colocar a última carta, a pirâmide se faria mármore e se cravaria, firmemente, no tecido azul. E, muito menos, que do chão se elevaria para ficar dependurada, com toda a brancura de um lustre, na sala de jantar.

quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

Terezinha Vaz Lisboa

Lucas C. Lisboa

Esse é um pedaço da história da minha avó, contada por ela, recontada por meus tios e uma parte realmente vivenciada por mim, conto com emoção e sem muita preocupação com nada mais que relatar o que senti e vivi nos quase vinte anos que essa história de desenrolou.

A barragem do Setúbal começou a ser construida no fim da década de oitenta mas foi paralizada quando saiu o Governador Newton cardoso e entrou o Hélio Garcia. Havia denúncias de superfaturamento, problemas com a pastoral da terra e com os desalojados pela barragem. Com isso o novo governador mandou desmanchar as fundações que já tinham sido construidas.

A despeito de todas essas justicativas o rio setúbal ia secar em pouco tempo sem a barragem mas os políticos da região não queriam ir contra o governo do estado.

Minha avó Dona Terezinha só com ajuda das pessoas da vila de Jenipapo conseguiu impedir que tal desastre acontecesse!Ela com mais de sessenta anos na época cavou uma vala para não deixar as máquinas irem destruir a barragem e também invadiu a mesma.

Quando ela invadiu a barragem os prefeitos da região reuniram mais 70 policiais para cercar a obra e intimidar a população de lá (é interessante lembrar que cada cidade da região nao tem mais que 4, 5 policiais)

Depois de invadida a obra houve ações na justiça contra a CEMIG que por sua vez também entreou com uma ação de reintegração de posse. Depois da invasão D. Terezinha fez piquete em frente ao prédio da cemig, juntou dinheiro com os moradores da Cidade e apenas um comerciante e a dona da pensão D Lucia ajudaram durante o processo todo o resto foi junto com agricultores, moradores, nenhum vereador ou político que seja ajudou.

Eu me lembro que com meus cinco anos eu estava pintando as faixas na casa de meu avô em Belo Horizonte para fazer a manifestação. Ficamos até de madrugada terminando as faixas, quando fomos embora da casa dela o pneu do carro do meu pai furou e ao ir trocá-lo ele foi atropelado. No dia seguinte Eu e ele assistimos a manifestação da janela do Hospital Mater Dei que é em frente ao prédio da CEMIG.

Com as máquinas paradas até 1992 saiu liminar juiz para que os manifestantes saissem de lá. Na ocasião minha avó teve uma arma apontada ao peito pelo advogado da CEMIG e foi mandada sair de lá e, ao invés de se intimidar, ela caminhou para frente e dizendo atira porque eu não saio!

No fim do processo os animos foram acalmados e por causa da chegada das chuvas não havia mais tempo para desmanchar a barragem e a CEMIG se viu obrigada a fazer uma obra de contenção para manter a barragem como estava.

A barragem foi salva da destruição imediata mas foi esquecida pelas autoridades, pela CEMIG e tudo mais. Durante toda a década de 90 eu vi minha avó procurando políticos, autoridades, prefeitos, governadores, diretores da CEMIG e recebendo apenas promessas.

Já na década seguinte eu comecei a ajudá-la junto com meu pai, escrevendo os ofícios e acompanhando ela por muitas e muitas reuniões. Finalmente conseguimos que a CEMIG declarasse seu desinteresse pela obra e transferisse seus direitos sobre ela para a RURALMiNAS.

Com isso começou outra fase onde minha vó mandava cartas e mais cartas em busca de recursos para a construção da obra e em 2004 estavamos lá presentes, no Palácio da Liberdade, na assinatura do convênio entre o Governo Estadual e o Federal para a finalização da obra.

Só que em tudo isso nunca houve nenhum reconhecimento sobre o trabalho da minha avó. Cada político da região tentou fazer de si o pai da obra, como se tivesse feito algo por ela! Tanto fizeram que só os moradores antigos realmente se lembravam do que minha vó fez e até riam quando diziamos da nossa história.

Bom, pelo menos era assim até o dia de ontem! Na última quinta feira descobrimos que Lula ia vir para a inauguração da barragem e tinhamos certeza que se não fizessemos nada ninguém ia se lembrar de toda a história de todo o esforço dela.

Nós, eu e meus tios, já tinhamos mandando inúmeras cartas ao presidente mas agora era diferente, ele estaria ali para inaugurar a obra! Minha tia, morando nos EUA passou os dias ligando e mandando e-mails para a assessoria de imprensa e cerimonial do governo mas não conseguimos saber de forma alguma se ia de fato chegar aos ouvidos dele.

Estávamos sem esperança a respeito de tudo, porem, sabiamos que aquela obra era a realização dela e ela deveria estar presente mesmo que se ninguém tocasse no nome dela, estariamos ali para comemorar.

Só que foi muito melhor do que todos nós poderíamos imaginar, ao subir no palco, Lula seguiu com os agradecimentos habituais até que começou a ler, linha a linha, a carta que finalmente chegou a ele! Eu não contive as lágrimas ao ver ao vivo o video abaixo:


segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

Poeta e Artista

Lucas C. Lisboa

Eu tanto lhe espero
não é porque tenho
mas sim porque quero
nós dois num desenho

Feito com esmero
por você tão minha
que nega o sincero
desejo que aninha

Em seu, e meu, sonho
que de tanto vinha
por nosso medonho
de ficar sozinha


quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

Agonia? Seu desejo...

Lucas C. Lisboa

Pois quer muito mais que nada
quer ser abusada e usada
por mim como mia pequena
serva de carne serena

Quadras Quebradas

Lucas C. Lisboa

Pedidos já não nos cabem
pelas recusas sem fim
Eu temo que não acabem
as culpas dentro de mim

Não se esqueça dos irmãos
sonhos tão nosso e carmim
Lembre-se de minhas mãos
seguras em ti pois sim

Porque pede pra pedir
se dar-se deseja assim
Porque nao vem-me a sorrir
se desejosa está enfim

Deixemos o sapato jogado
Lembremos da fita de cetim
Vamos regar com cuidado
um sonho bom e não ruim



Nossa primavera

Lucas C. Lisboa

O que Eu lhe peço
sabes muitissimo bem
para lhe dizer

quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

Quebrado

Lucas C. Lisboa

Eu adoro coisas faltando
pedaços onde o inteiro
que se esperava tanto
não falta no pardieiro

Eu sou d'algo faltando
meu olhar não é certeiro
e a perna esquerda mancando
me dá um ar mais fateiro

Como xícaras quebradas
servindo de copos pintados
é minha morta esperança

Minhas ilusões viciadas
meus sonhos despedaçados
compõe minha nova dança

sábado, 2 de janeiro de 2010

Férreo Ferro

Lucas C. Lisboa

O fazendeiro de pregos
plantava com seu martelo
pra colher enferrujados
regava com muito esmero

Queria bem avermelhados
os pregos do seu castelo
para ferir os descuidados
em seu banquete singelo

E para fechar as portas
da comilança sem cela
ou arreio há as cordas

Comida era farta e bela
com os parafusos, porcas
e uma ou outra arruela

sábado, 26 de dezembro de 2009

Pequena Marionete

Lucas C. Lisboa

nas suas vermelhas e brancas
fitas de delicias tantas
minha nova marionete
não é sonho de confete