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Poeta e apenas poeta

Já me olharam espantados quando digo que sou poeta e só poeta. Que não canto, nem danço, nem atuo, nem pinto, nem bordo, que "só" ...

quarta-feira, 21 de abril de 2010

Pueteiro Filosófico

Lucas C. Lisboa

Eu, de núvens e relógios
nada pretendo saber
se ao metro faço elogios
é só para meu prazer

O verso me diz verdades
que jamais viria a ter
refutando mil vaidades
e mentiras sobre o ser

Com chicote na mão
dialética do senhor
e do escravo me apraz

A minha revolução
é perversa em seu furor
e declara guerra à paz

sexta-feira, 16 de abril de 2010

Primavera

Lucas C. Lisboa


Docuras do mel
da amada trazem abelhas
colorindo a casa




quinta-feira, 15 de abril de 2010

Belíssima Fera

Lucas C. Lisboa

Sim, eu não nego, sou a reles fera
de gestos rudes, feios, mas de gostos
refinados demais numa triste era
de maus hábitos, púdicos nos rostos

Que escodem seus desejos e quimeras
tantas que reconheço tão contidos
entre seus lençóis d'uma primavera
esquecida em calores coloridos

Sim, sou fera, mas não quero qualquer
Bela sem sonhos ou ensejos puros
em vontade faminta entrelaçados

Sim, com ela, me vem tudo que quer
os meus prazeres sórdidos e escuros
que torno nossos sendo saciados


terça-feira, 13 de abril de 2010

Nadapédia

Lucas C. Lisboa

Qual malogro de seu logro
e seu malfadado fado?
Será uma inversão do togo
ou só um cavalo calado?

sexta-feira, 9 de abril de 2010

Se faz penumbra

Lucas C. Lisboa

e a vela se apaga
envergonhada pelo
flerte dos amantes

Cego pelas Musas

Lucas C. Lisboa

velho assum-preto Poeta
alegremente arquiteta
seus tantos versos de Dor
cantado aos Pés seu amor

quarta-feira, 7 de abril de 2010

Trova para Sara

Lucas C. Lisboa


Sedenta de vara
vem aquela tara
conhece de cara
a pica tão rara

terça-feira, 30 de março de 2010

Trova travada

Lucas C. Lisboa

Ocaso de quem não Nasceu
é a Aurora da Velhice
a Fé profunda do Ateu
e o Santo em peraltice!

sexta-feira, 26 de março de 2010

Visionário

Lucas C. Lisboa

muito vale tal órbita concreta
desse seu cego olhar Glauco Mattoso
que fez em fôrma e forma audaz poeta
de soneto em soneto primoroso

nada vale seguir a mesma meta
fadado a versador tão modernoso
pois na rima e no metro se arquiteta
o poema que é puro e vigoroso

à providencial cegueira um brinde
que com seus versos bem nos banqueteia
com palavras lascívas e requinte

de quem sabe tecer bem a sua teia
com palavras sutís e doce acinte
à pudica moral que nos rodeia

PS: eis minha homenagem ao poeta vivo que mais admiro, que mais tenho em conta como parâmetro estético e valor poético. Glauco Mattoso é seu novo nome, conheçam seus milhares de Sonetos perfeitos.

terça-feira, 23 de março de 2010

Depois de amanhã

Lucas C. Lisboa

 
O dia depois de amanhã
Eu sei bem como vai ser
acordarei de manhã
com a barba por fazer

O dia depois de amanhã
Eu sei bem como vai ser
dormirei com minha irmã
(a que nunca vim a ter)

E você me sorriria
nas mil pequenas intrigas
quando o chefe vai embora

Nesse novíssimo dia
cantarei velhas cantigas
que inventarei na hora

quarta-feira, 17 de março de 2010

Bibunt omnes sine lege

Lucas C. Lisboa

Beberão vossas altezas
um, dois,  três ou quatro  odres?
Pois serão quantas cervejas
de lupo e cevada podres?

Beberão também princesas
que só  valem poucos cobres
Por suas tantas safadezas
dadas aos ricos e pobres

Bebem todos sem postura
altiva de um cavaleiro
ou de uma madre em candura

Bebem todos: pardieiro
carne e vinho se mistura
no bacanal verdadeiro

segunda-feira, 15 de março de 2010

Piada engarrafada

Lucas C. Lisboa

A garrafa, vazia,  de vodka  gira gira gira e para com a boca apontada para Ele que ri nervoso olhando para Ela que esta exatamente para onde a bunda da garrafa aponta.
Ela, maliciosa, pergunta: "Verdade ou Consequência"
Ele, desafiador, retruca: "Consequência!"
Ela, lambendo os lábios, ordena: "Simule sexo com uma planta."
Ele, atonito, pergunta fingindo que não entendeu pois não acreditava naquilo: O que???
Ela se limita a dizer seca: "Simule sexo com uma planta?"
Ele, desesperado: "Mas qual?"
Contendo, por pouco, o riso Ela diz: "Aquela que achar mais jeitosinha..."

segunda-feira, 8 de março de 2010

Doce Garoupa-crioula

Lucas C. Lisboa

A doce garoupa-crioula, vestida em uma veteranice rodada e branca, tem os cabelouros penteados e de lindas cachias. Ela tem os seus olhos-de-cão amendoados de um azul elétrico e violáceo, mas tristes e marejados.

A doce garoupa-crioula, em um salazarismo amplo e vazio, está amargamente sozinha, com seus pesadumes descalços sobre a marmota fria. Ela, com sua pequenina mapará, manchando o chaparreiro com seu lento gotejar tão vermelho, segura trêmula uma facção pela firmação

A doce garoupa-crioula apenas chora e mordendo uma raja tamanha que machuca seu laborão tão macio.


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Baseado no Conto "Doce Garotinha" usando a regra do S+7 do OULIPO que consiste em substituir todos os substantivos pelo sétimo subsequente. usei o dicionário Novo Aurélio  da Editora Nova Fronteira em sua 14a edição.

sábado, 6 de março de 2010

Mil Momentos

Lucas C. Lisboa

Mentirosos mordazmente
mentiras milhares mentem

matando mais moribundos
maltrapilhos malfadados

maltratam meu melhor metro
me minguam malignamente

matam meus místicos mundos
me moldando mortalmente

minha mais maravilhosa
me mesura má medida



sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

Sim

Lucas C. Lisboa

Sou seu sátiro selvagem
saído sob sonhos singelos
sempre sonhando sozinho

Sou seu sortilégio simples
serpenteando soluções
sobre sutil sordidez

Sou seu solitário sábado
sendo sempre serviçal
sem sorriso satisfeito

Sou seu singelo segredo
soterrado sob sepulcro
sem sombrias sombras secretas

Só sou, somente sou sempre
sem sentido sem sapiência
sem solução sem segredos
P.S,: desafio meus leitores a descobrirem e listarem os contraines (restrições que ditei antes de escrever esse texto) é um exercício e tanto para quem quiser aprender um pouco mais sobre poesia e sobre literatura potencial.