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Poeta e apenas poeta

Já me olharam espantados quando digo que sou poeta e só poeta. Que não canto, nem danço, nem atuo, nem pinto, nem bordo, que "só" ...

terça-feira, 3 de abril de 2012

Analise literária do poema: Também já fui Brasileiro de Carlos Drummond de Andrade


Lucas C. Lisboa

Eu também já fui brasileiro 
moreno como vocês. 
Ponteei viola, guiei forde 
e aprendi na mesa dos bares 
que o nacionalismo é uma virtude. 
Mas há uma hora em que os bares se fecham 
e todas as virtudes se negam.


Nos dois primeiros versos do poema o poeta mostra seus laços com a brasilidade da missigenação que Gilberto Freyer tanto exalta em casa Grande e Senzala. O verso "moreno como vocês" uma redondilha menor enlaça o ritmo típico dos cantores populares e anuncia a entrada do próximo onde se aproxima ainda mais do brasileiro típico tocador de viola e em seguida recusa a grafia da marca americana "Ford" para pronunciá-la em sua forma abrasileirada "forde. 

Em um clima de viola e fala popular entra em cena a mesa de bar, espaço que é praticamente a maior escola dos trópicos, onde todos os problemas são resolvidos com souluções geniais e simples. É o espaço natural dos poetas, artistas e cantores, aqui no brasil nada de cafés para se estabelecer o diálogo com o belo ou a verdade. No Bar brasileiro, surge um mundo de fantasia um mundo onde o poeta diz que aprendeu que o nacionalismo é uma virtude. Mas essa virtude, critica, se acaba pois a fantasia tem hora para acabar quando o garçom recolhe as mesas.

Eu também já fui poeta. 
Bastava olhar para mulher, 
pensava logo nas estrelas 
e outros substantivos celestes. 
Mas eram tantas, o céu tamanho, 
minha poesia perturbou-se.

Nessa segunda estrofe o poeta se distancia das escolas anteriores tratando-as como meras repetidoras de romantismos feitos, metáforas vazias sobre astros celestes. Entre a infinitude do céu e a vagueza do desgaste o poeta sente que não faz mais sentido trabalhar, expressar seus anseios e galanteios nos termos do passado pois já não possuem mais o mesmo peso ou força encantatória. Uma poesia pertubada exige novas musas, novas palavras e poeta recusa o passado em prol do novo ainda a construir.

Eu/ tam/bém/ já/ ti/ve/ meu/ ritmo. - 8 silabas
Fa/zi/a i/sso, di/zi/a a/quilo. - 8 silabas
E/ meus/ a/mi/gos/ me/ que/riam, - 8 silabas
meus/ i/ni/mi/gos/ me o/di/avam. - 8 silabas
Eu/ i/rô/ni/co/ des/li/zava - 8 silabas
sa/tis/fei/to/ de/ ter/ meu/ ritmo. - 8 silabas
Mas/ a/ca/bei/ con/fun/din/do/ tudo. - 9 silabas
Ho/je/ não/ des/li/zo/ mais/ não, - 8 silabas
não/ sou/ i/rô/ni/co mais/ não, - 8 silabas
não/ te/nho/ ri/t/mo/ mais/ não. - 8 silabas

Contrariando a expectativa dos versos livres das estrofes anteriores o poeta ao anunciar que já teve seu ritmo começa a versejar em versos octossílabos. Tal estrutura ritmica não foi das mais populares na poesia dos séculos anteriores quando comparada aos versos em redondilha, decassílabos ou alexandrinos. Porém possui sim sua própria melodia e ritmo bem marcados.

O poeta narra seu próprio fazer poético como provocante, causador de desejos e aversões por sua habilidade poética mas num verso "Mas/ a/ca/bei/ con/fun/din/do/ tudo."  ele perde inclusive o ritmo cunhado nos versos anteriores ao fazê-lo um eneassílabo. Justamente onde o eu lírico diz ter "confundindo tudo" o poeta imprime ali um ritmo diferente o que demonstra imediatamente o caráter ambíguo da crítica aos poetas escrevedores de poemas sobre estrelas e suas técnicas pois aqui Drummond faz seu uso para imprimir uma força rítmica que dialoga e acentua o conteúdo do próprio poema.  Nos versos seguintes o poeta retorna aos versos octossílabos e conclui o poema tão carregado de ironia e negação que fica difícil acreditar que ele não seja mais irônico ou dotado de ritmo.

Todo o poema é uma contradição, forte patente e criativa. O poeta renega a cada verso aquilo que mais substancialmente é: brasileiro e poeta. Ao dizer que não é aquilo que é de fato ele pretende se distanciar de certas posturas que lhe causam aversão entre brasileiros e poetas. 

terça-feira, 27 de março de 2012

Tortura Poética

Lucas C. Lisboa

nunca teve de verdade,
Ela cândida e concreta,
qualquer pudor ou vaidade
pra por na linha o poeta

entre os trilhos da cidade
Ela amarrou o poeta
com requinte e crueldade
para sua morte certa

declamaria-lhe Drummond
até encher seus ouvidos
com filosofia barata

causaria-lhe o meio tom
dos versos mais repetidos
de Quintana até Bilac

terça-feira, 13 de março de 2012

Bêbado na Praça da Liberdade

Lucas C. Lisboa

Mas me diga seu Sabino
Porque é que não me responde
Não curte meu desatino
ou porque você é de bronze?

domingo, 11 de março de 2012

Autobiográfico


Lucas C. Lisboa

Eu mordo como quem beija
acaricio com meus dentes
na justa medida que almeja
a pele nua com seus frêmites

Meu amor é limpo e imundo
lhe faço puta e menina
misturo mimo e maltrato
num ciclo que não termina

Eu fodo como quem transa
com prazeres indigentes
no meu gozo que esbanja
mil perversões indecentes

Meu labor é vagabundo
poeta por vocação e sina
mas de livreto barato
que meus leitores fascina

Protesto como quem cala
o cântico de um santo
numa melodia que embala
da criança o doce pranto

Eu degusto como trago
qualquer vinho antes da ceia
para limpar todo o amargo
que a embriagez semeia

Poeto como quem fala
a prosa de riso pronto
mas que "sem querer" abala
seja o sábio ou o tonto

Eu escrevo como apago
a frase de amor na areia
e caminho a passo largo
para cair em sua teia

sexta-feira, 9 de março de 2012

Greed


Greed

I go so far
in the dark earth
But this car
gives me a scar
in my hearth

I go so fast
but it isn't the best
I need more
like a hungry beast
on a departure store

I go by last
on a weel of life
my beautiful scar
is a fools bribe
one coin, third side!


Ganância

Eu fui tão longe
nessa Terra negra
Pois esse carro
me deu uma cicatriz
em meu coração

Eu fui tão rápido
mas não fui o melhor
Eu preciso de mais
como uma besta faminta
numa loja de departamentos

Eu fui o último
na roda da vida
minha bela cicatriz
é barganha de tolos
uma moeda, três lados!

terça-feira, 6 de março de 2012

Amor de Carnaval


Lucas C. Lisboa

Pelas minhas ricas rimas
e pelos meus velhos prantos
as moças mais femininas
se perdem nos meus encantos

Nas minhas mentiras finas
rezam por todos os santos
pra ser verdades ferinas
o sonho de embalos tantos

Faço da sombra seu par
pra doce moça a sonhar
mais que pode ou deseja

Fato o mal sempre se arranja
pois fodo como quem transa
e mordo como quem beija

segunda-feira, 5 de março de 2012

Yakissoba

Lucas C. Lisboa

carne, frango, carne, frango
e na Sexta Camarão
do China comia o rango
crente que era do Japão

Lançamento do Livro Sobre Máscaras e Espelhos em Belo Horizonte

Data: 21 de março de 2012
Hora: 18 horas
Local: Biblioteca Estadual Luiz de Bessa
Endereço: Praça da Liberdade n°21


quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

deus-menino


Lucas C. Lisboa

pois tenho que me gabar
do meu eu e de vocês
que formam um belo par
de meia-noite às seis

quero mesmo é surrupiar
rainha na folia de reis
e depois sodomizar
uma freira outra vez

eu quero montar um cagado
desses de veloz corrida
numa dança de congado

ou na asa duma fedida
fada com o pé quebrado
numa tarde ensolarada

sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

Bilboquê

Lucas C. Lisboa

É na sua carne o meu fogo
embala o som tique e taque
da sua nova fantasia
e eu de mágico de araque

Nas mãos o brinquedo antigo
que me delira no fraque
num movimento que delicia
e me faz seu melhor claque

Sigo seu riso onde for
e me pergunto porquê
d'um perfume ser tão bom

Ela menina de flor
brinca com seu bilboquê
no Carnaval do Leblon








quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

Gordinha Gostosa


Lucas C. Lisboa

Gosto quando minha glande
ganha a garganta da gordinha
num gracejo grosso e grande
para lhe gozar gatinha

gostosamente em suas nádegas
regojizo meu bons golpes
de palmadas graciosas
se cavalga-me aos galopes

a garota gorduchinha
tão gostosa me dá gana
de assim lhe apertar todinha

ela me engole e afana
meu falo mui gulosinha
e é mesa pruma semana!

segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

Arqueira


Lucas C. Lisboa

A flecha dourada
bem em riste pulsa
a morte e a vida
e no vento expulsa

A madeixa alada
pelo ar esvoaça
também dourada
que seduz sua caça

Bárbaro guerreiro
sob sua doce mira
precisa e cruel
penetrando o peito

Seu corpo inteiro
veste verde mirra
canta o menestrel
o seu grande feito












Imagem por: http://www.facebook.com/estranhagrazy

quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

Poeta


a mentira
é verdade
que inda insiste
em tá certa

eu não sou
nem alegre
e nem triste
sou poeta

sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

Sobre Máscaras e Espelhos

Minha poesia reunida em 10 anos de ofício literário finalmente se encontra condensada em um livro! É com enorme prazer que digo que meu livro: "Sobre Máscaras e Espelhos" foi enviado para a gráfica e em breve esse blog passará por grandes mudanças para receber meu lançamento.
(Clique na imagem para ampliar)

terça-feira, 20 de dezembro de 2011

Rio, até logo

Lucas C. Lisboa

O Rio de Janeiro continua lindo
continua vermelho de sol
e verde e amarelo de alma
num contraste mais perfeito

Tudo fica lindo na madrugada
a dentro quando o ar rarefeito
de oxigênio entra nos pulmões
e o álcool dominas as artérias

Pois Eu sou assim hoje: poeta
livre das amarras quotidianas
livre dos compassos e dos ritmos

Caminho no trilho do trem
tomando carona nos vagões
num vagar de vagabundo artista

domingo, 11 de dezembro de 2011

A moça desnuda


Lucas C. Lisboa

no degrau da escada
de joelhos chora
a morte amada
que veio sem demora


Confissão Carioca

Lucas C. Lisboa


Prefiro sentir calor
a destilar meu ciúme
ambos me cortam de dor
em faca de fino gume

terça-feira, 6 de dezembro de 2011

Poema Natalino

Aos que me dizem
Sou um poeta nato?
Não Nato é meu pai!
que não é apelido

de Renato mas sim
Natalino na verdade
mas não ele não
nasceu no natal!

Quem é que nasceu
foi o meu velho avô
que quis ter um filho
com o nome igual

lá nos idos tempos
de caixeiro viajante
de tropas de burro e
de trem de ferro

Em Alfredo Graça
tinha um armazém
desses de montanhas
de milho e de panos

Meu avô arrendava
um vagão do trem
pra levar de tudo
e trazer também

lá de Caravelas
fim da ferrovia
onde negociava
comprava e vendia

Vovó Terezinha
cuidava da venda
se o velho viajava
e entre uma agulha

e panela vendida
Ela fazia partos
das mulheres grávidas
da vila do Graça

Vovô Natalino
ia do coração
das minas gerais
até na Bahia

Trazia no Natal
fitas pras meninas
e a borracha fazia
festa pros meninos

terça-feira, 29 de novembro de 2011

Bêbado em Copacabana


Lucas C. Lisboa

Mas me diga seu Drummond
porque é que não me responde
Não gosta desse meu tom
ou porque você é de bronze?

Foto: Livia Torres / G1

quinta-feira, 24 de novembro de 2011

Poeme-se

Lucas C. Lisboa

Poesia nas praças,
becos e avenidas.
Poesia pra ser
cantada e vestida!

Poeme-se a rua
de pedras floridas
Poeme-se os carros
em lenta corrida

Poema é um nada
lotado de tudo

Poema é piada
de choro profundo

Poema é estrada
correndo pro mundo


Poeme-se



sexta-feira, 18 de novembro de 2011

Honesto


Lucas C. Lisboa

E me diga meu benzinho
de que são essas olheiras?
Pois são culpa do vizinho
que me alugou as orelhas!

Tocando samba e chorinho
pela madrugada inteira!
Mas fui pago direitinho
com moças e bebedeira.

Sim, sim, eu tava na festa
não nego, é feio mentir...

Eu sei que hoje só me resta
pelo seu perdão pedir.

Se me der faço a promessa
de TENTAR não repetir!

quinta-feira, 17 de novembro de 2011

Detrás da porta


Lucas C. Lisboa

me toca sem pedir perdão
sem dizer uma palavra
me levanta numa mão
para me fazer sua lavra

de ouro puro de tesão
me fazendo sua escrava
com a perna na escansão
que dentre as minhas me trava

marca minha pele branca
e com meu mamilo brinca
na fome que se faz sede

quando meu suspiro estanca
porque me vem numa trinca
de nos por contra parede

sexta-feira, 11 de novembro de 2011

Apoteose



Lucas C. Lisboa

Ele duma voz de sangue
bem negro de samba atiça
Ela num swingue sem voz
se mexe, samba e eriça

o sorriso branco do Negro
que reluz nos olhos claros
duma gringa que não ginga  
mas que no peito palpita desejo

só não sabe se quer sê-la
ou ser como o negro e tê-la 
se excita tanto a  branquela
quê não vê  chegar o Mulato

mais que sedento por ela
bruto mas de fino trato
que lhe faz dama e cadela
atrevido num mesmo ato

quarta-feira, 9 de novembro de 2011

A princesa amada


Lucas C. Lisboa

na frente do espelho
de tudo e de nada
ri até do conselho
da velha encurvada

não bota aparelho
nem fica falada
somente um fedelho
lhe deixa irritada

Se lhe olha faceiro
se faz mal amada
sem ele é errada
e rasga dinheiro

a moça calada
de lábio vermelho
é muito tarada
pra pouco pentelho

por ele gamada
lhe cai de joelho
jaz descabelada
na hora do recreio

com fome de fada
faminto parceiro
co'a boca felada
lhe engolindo inteiro

quarta-feira, 2 de novembro de 2011

Vizinhança


Lucas C. Lisboa

Nervoso o velho Agripino
brandindo com sua bengala
a ralhar com o menino

que fez da bola uma bala
com um chute bem cretino
acertando sua janela
e a brasília do vizinho

O ecológico Agripino
resmungando não se cala
e recomenda ao menino

a usar bodoque de tala
grossa e elástico fino
pois assim não mais abala
sua paz só a do passarinho


sexta-feira, 28 de outubro de 2011

O homem de preto disse não a poesia


Lucas C. Lisboa

Nos trilhos do metrô Eu fui barrado
disseram-me: poesia não tem vez
sem um certo papel protocolado
vai embora poeta d'uma vez!

Sim, eu assino sou muito culpado
de não aceitar a insensatez
de ver o verso meu ser censurado
por ganância de pura estupidez

Eu só lhe digo: Ei seu segurança
porque estraga a leitura dos viajantes
que liam-me com sorrisos em seus rosto?

Sei que só querem que eu siga sua dança
de querer coisas bem desimportantes
sem magia, sem lirismo, só desgosto!

sexta-feira, 21 de outubro de 2011

Coração Mineiro

Lucas C. Lisboa

Bom dia belo horizonte!
Bom dia minas gerais.
Pra minha terra de amantes.
Meus suspiros e ais!

sábado, 15 de outubro de 2011

15 de Outubro


Lucas C. Lisboa

No brasil mais de quinhentos
anos de exploração global
Fome e miséria são armamentos
da terceira mundial

Na terra seus mil encantos
são vitimas do capital
que fez do Mercado um Santo
intócável e irreal

Não acredite no terno
e gravata que lhe diz
com ar de sábio paterno:
"seja um escravo feliz"

Não seja apenas um servo
menos que uma meretriz
que vende a vida pro inferno
e se faz de força motriz

Jovens e velhos aos prantos
pela ganância de loucos
Acordem! Nós somos tantos
eles são grandes mas poucos!

Pois todos juntos gritemos!
bem mais alto até que roucos
escutem a verdade que sabemos:
que nós não somos os trocos!


Eventos em todo o Brasil e no mundo! 
Praças pelo mundo afora despertaram. Milhões de pessoas cansadas de autoritarismo, de democracias voltadas para os ricos, da farra do capital financeiro.
Há 500 anos, o Brasil é um país saqueado por políticos corruptos, ruralistas e empreiteiros gananciosos. O governo brasileiro segue dominado pela mesma elite que levou nosso país a um dos primeiros lugares em desigualdade social.

Temos muita coisa para mudar!

Precisamos construir uma nova forma de fazer política, queremos decidir os rumos em assembleias livres, amplas e democráticas. Queremos levar o debate a todas as praças do país.
Somos contra a política suja das negociatas, de um sistema que concentra o poder nas mãos de uma minoria que não nos representa, corruptos cuja dignidade está a serviço do sistema financeiro; queremos uma Democracia Real com participação do povo nas decisões fundamentais do país, muito além das eleições, essa falsa democracia convocada a cada quatro anos.

Transparência!

Não somos palhaços. A Copa do Mundo de 2014 e as Olimpíadas de 2016 do jeito como estão sendo organizados servem apenas para os interesses dos ricos e de seus governantes. Estamos vendo uma verdadeira “faxina social” em nosso país, com a remoção de milhares de famílias das regiões onde serão os megaeventos esportivos. Os benefícios atingiram uma pequena parte da população. O sigilo do orçamento das obras da Copa, a flexibilização das licitações e a postura submissa do Brasil à Fifa e à CBF são um banquete farto aos corruptos.

Quem disse que queremos crescer assim?

Queremos um Brasil ecologicamente sustentável. Atualmente a política de desenvolvimento da matriz energética segue a devastação do meio-ambiente e do desrespeito aos povos originários, como a construção de Belo Monte, um atentado aos povos do Xingu. Não concordamos com o caminho que o governo federal está propondo - que prevê a construção de pelo menos mais quatro usinas nucleares até 2030 - no desenvolvimento de uma energia cara e não segura: Enquanto o Brasil segue com as usinas nucleares de Angra dos Reis, mesmo após a calamidade nuclear de Fukushima, há pouco incentivo às novas tecnologias energéticas sustentáveis, como a solar, eólica, de marés, para as quais o país possui enormes potenciais.

Equilibrado e para todos.

O agronegócio segue como um risco ao futuro. O desmatamento desenfreado, anistiado e estimulado pelo novo Código Florestal, segue transformando o Brasil numa grande fazenda de soja. Não há uma política séria de reforma agrária, de soberania alimentar e de preservação do meio-ambiente. Segue a destruição da Amazônia, o uso abusivo de agrotóxicos e a propriedade da terra cada vez mais concentrada.

Educar ou manipular?

Estamos fartos de que os meios de comunicação, que deveriam servir a população como ferramenta de educação, informação e entretenimento, sejam usados como armas de manipulação de massas, trabalhando para os mesmos políticos corruptos que deflagram o país em benefício próprio.

Vamos colorir as praças com diversidade!

Ainda sofremos discriminação pela cor da nossa pele, por nosso sexo ou orientação sexual, por nossa nacionalidade, por nossa condição econômica. Queremos colorir as praças brasileiras com a diversidade do nosso país, que precisa ser livre, digno e para todos. Devemos ocupar, resistir e produzir decisões e encaminhamentos democráticos, onde a colaboração esmague a competição e a socialização destrua a capitalização. Não temos a ilusão de resolver todos os problemas em poucos dias, semanas, meses. Mas teremos dado o primeiro passo.
Chegou o momento em que todas as nações, todas as pessoas se unem e tomam as ruas para dizer: Basta! É hora de assumir a nossa responsabilidade e o nosso direito a uma vida livre e justa. 15 de outubro: um só planeta, uma só voz.

quinta-feira, 13 de outubro de 2011

Bêbado Boêmio



Lucas C. Lisboa

Manhã de feriado
bebeu pela santa
e também tinhado
do capeta sem regra

Caminhando de lado
tropeça na penca
de cajá-do-diabo
sem querer encrenca

Pergunta embriagado
quanto cobra a quenga
de batom borrado
e saia flamenca

Mas é mãe de santo
que lhe joga praga
por ser tão errado
no sertão sem água

segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Anotações sobre versificação



O metro faz parte de um conjunto de sistemáticas que nos permite ter com clareza as potencialidades formais de cada verso e de seu conjunto. A afinação paulatina dos versos permite ao poeta reexaminar seu poema e lhe dá tempo para que possa dentro dele atingir sua máxima expressividade.

A cada reolhar de um poeta sobre seus próprios versos acontece uma concepção mais pura do que é a obra que criou e tal qual um desenhista que ajustas detalhes de proporção de seu quadro o poeta tem todo o direito de acertar cada nuance de sua expressão posta no papel.

Ao reorganizar as palavras de seu poema o escritor consegue aprofundar a força expressiva das palavras centrais de seu texto dando-lhe o acompanhamento adequado pois se acompanhada de algum termo de peso igual a idéia central de um verso pode ser ofuscada.

A adequada concatenação de fonemas átonos e tônicos permite o poeta dar relevo semâtico e rítimico às partes de seu poema que sua temática demanda maior atenção. Na poesia a versificação não serve apenas para polir as pérolas de um poema mas também para afiar os seus espinhos.