Publicação em destaque
Poeta e apenas poeta
Já me olharam espantados quando digo que sou poeta e só poeta. Que não canto, nem danço, nem atuo, nem pinto, nem bordo, que "só" ...
sábado, 22 de dezembro de 2012
Nutrição
picotei minha camisa
e fiz um suco de manga
ficaram fiapos de pano
grudados entre meus dentes
quinta-feira, 20 de dezembro de 2012
Hai-kais Eróticos
*
terça-feira, 18 de dezembro de 2012
O mito do talento artístico e a valorização do artista.
segunda-feira, 10 de dezembro de 2012
Diálogos que a gente vê por ai:
- Claro! O bicho não é burro o bastante pra jogar no homem!
domingo, 2 de dezembro de 2012
Ela, no espelho, sou eu
Pequenina e magricela
porém faminta como eu
tem um jeito de aquarela
que no pincel se perdeu
Pinta co's dedos a tela
dum jeito bem meu e seu
Assim bruta e singela
uma musa prum ateu
Sou narciso enamorado
por essa doce mocinha
que as vezes morre de medo
de ter o peito apaixonado
pela poesia daninha
que guardamos em segredo
terça-feira, 27 de novembro de 2012
O novo livro: Poeta Sobre Trilhos
Na foto: As 14 edições dos meus livretos (incluindo edição erótica) o primeiro livro: Sobre Máscaras e Espelhos, o livreto do Fora de Área, do Zuza Zapata e do Josué Carlos |
segunda-feira, 26 de novembro de 2012
Poetas percorrem as ruas de BH e vendem seus livros diretamente
Divulgação
Ter um produto em mãos e sair por aí vendendo pode ser algo comum pra muitos empreendedores, mas quando esse "produto" é a poesia e o empreendedor é um artista, a coisa muda de figura. Para eles, o senso comum de que o Brasil não se interessa tanto pelos textos em versos não existe. Prova disso é que alguns destes trabalhadores autônomos das letras já chegaram a vender 35 mil livros em menos de dois anos. Uma prova de que eles conseguem, sim, viver de sua arte.
Há exatos 30 anos, o poeta Rogério Salgado, 58 anos, traça roteiros de caminhadas em Belo Horizonte e na Região Metropolitana para vender os livros que faz. Dessa vez, o bairro escolhido para esta entrevista foi o Padre Eustáquio, onde o autor já cultiva leitores. A tática dele é simples: abordar apenas comerciantes nas lojas. A explicação também é: "Eles já estão ali para atender o público. Ao bater na porta, a dona de casa pode estar ocupada, fazendo o almoço. Incomoda".
Na primeira loja, uma distribuidora de doces, o poeta vende o primeiro livro, sempre a R$ 10. Surpresas aparecem ao longo do caminho. Uma mini-biblioteca nos fundos de uma relojoaria é uma delas. "Aqui aparece todo tipo de pessoa vendendo coisas, obra de arte, essas bicicletinhas de arame para enfeite. Esse é um produto mais intelectual", pondera o proprietário da Relojoaria e Joalheria Tinkan, Osvaldo Lino. Ele compra o livro de Salgado e o posiciona na estante, entre um exemplar de Malba Tahan e um livro espírita.
Mais adiante, mais vendas, na ótica, na loja de roupas... "Ser poeta é a minha profissão. É o meu trabalho e eu acredito nele", resume Rogério Salgado. O autor calcula que já tenha vendido mais de 20 mil livros. O ano inicial dessa contagem é 1982, quando publicou "Tontinho", seu livro de estreia.
Outro exemplo de autor que se encarrega da produção e comercialização de seus livros é Lucas Lisboa, 26 anos, conhecido como "O Poeta Sobre Trilhos". No blog www.srpersonna.com.br ele expõe sua crença de que a poesia não pode ficar restrita somente às bibliotecas, aos saraus e livrarias.
Antes de publicar "O Poeta Sobre Trilhos" estudava filosofia e trabalhava como professor, em BH. Hoje, vive no Rio. "Tudo começou quando ia de Duque de Caxias até a universidade, de trem. Nesse percurso, tem venda de tudo nos vagões: ferramentas, CD, sabonete, meia ortopédica. Aí eu pensei, por que não poesia?".
Desvalorização mercadológica prejudica poesia
O autor faz livretos que já totalizam 14 números – cada tiragem é de 2.500. Ou seja, 35 mil livros vendidos em dois anos de atuação no trabalho. Quase um autor best-seller, se comparado com a vendagem convencional de títulos.
"Consegui furar a fila do mercado editorial. É um público que eu nunca teria na internet", constata Lisboa que se apropriou do formato de livreto – que tantos poetas como Glauco Mattoso, Chacal e Waly Salomão já utilizaram – e o adaptou para a grande escala do público dos vagões: "São cerca de cem livretos vendidos por saída para os vagões do metrô".
Mercado pode faltar, mas a criatividade para distribuir poesia, não. Há seis anos, o projeto "Pão e Poesia" estampa versos em pacotes de pão em BH e SP. "Até agora, foram distribuídas quase 1 milhão de embalagens", observa o idealizador do projeto Diovani Mendonça. "A partir do século 20, houve uma espécie de desvalorização mercadológica da poesia, afirma a pesquisadora em Poéticas Contemporâneas Vera Casa Nova. Ela diz que as publicações de autores novos também é rara. O que vende são os chamados "canônicos", autores como Drummond e Cecília Meireles. "Isso é grave, é uma diminuição da capacidade de pensar", lamenta Vera.
Há autores que apostam nas performances ou veem a internet como alternativa para a distribuição de sua obra. "O jeito é fazer isso mesmo. Muitos outros poetas, hoje com nomes consagrados, pagaram para serem publicados. Hoje isso continua".
Autoria: Elemara Duarte - Do Hoje em Dia
Fonte: http://www.hojeemdia.com.br/pop-hd/literatura/poetas-percorrem-as-ruas-de-bh-e-vendem-seus-livros-diretamente-1.61006
Romântico III
ele estende a mão e ela acha
que é pra lhe fazer carinho
mas ele só diz: me passa
minha garrafa de vinho
sexta-feira, 23 de novembro de 2012
Poeta
Lucas C. Lisboa
Eu passo partindo pratos
e durmo rangendo dentes
Eu peco sem celibatos
quando me quebro as correntes
Mato e me roem os ratos
Morro e me cremam os crentes
Pois vivo rifo recatos
para meus doces dementes
Nos muros mando recados
se me rasgam os bilhetes
Pois espalho arcos alados
purpurinas e confetes
Eu falo pelos calados
e berro pelos falantes
Faço versos cravejados
de ouro, de prata e de amantes
terça-feira, 20 de novembro de 2012
Banal
em folhetim revista ou jornal
nem caio bem na coluna social
e nem no diário de coração
eu sou poeta do dia mais banal
da coisa já sem brilho ou razão
do instante mínimo além do tesão
típico do caderno marginal
falo da menina quase sem graça
que acha graça da minha cantada
falo dos belos mendigos da praça
que transam na fonte de madrugada
falo da minha poesia de raça
impura e filosofia renegada
Tour monetário e a mecenas de cabelos vermelhos
Além de ganhar chicletes de canela de lindas meninas, chocolates de doces senhoras, coca-cola e pururuca dos vendedores do trem e poesia dos poetas que encontro ao vender meus versos nos trilhos. Há uma outra coisa que sempre é divertido quando acontece. Que é quando recebo moedas estrangeiras! Sim, eu já estou fazendo um tour monetário com os diferentes trocados que recebo em troca dos livretos.
Tem moeda do peru que ganhei de um mochileiro que estava cruzando o pais, um dólar americano que ganhei de um casal que estava falando em inglês mas eram brasileiros, um dólar octogonal canadense que não sei quem me deu... É... eu não sei quem me deu pois tenho o costume de agradecer pelo livreto comprado mas não olhar o valor recebido. Gosto de poder tratar com a mesma simpatia o leitor que me dá centavos e o que me enche de notas.
Normalmente não conto o dinheiro até o fim do dia. Apenas retiro as moedas do bolso quando começa a ficar pesado demais e jogo dentro da bolsa de moedas. Após horas vendendo poesia ali nos trilhos essa bolsa fica parecendo uma algibeira medieval. E costuma fazer a alegria dos caixas de supermercado e bares que eu vou. Não são raras as vezes que eu escuto um: Acabou nosso problema de troco!
Falando em fazer a alegria, uma jovem mulher de cabelos curtos e pintados de vermelho realmente acreditou em meu sonho de levar a poesia a lugares onde ela nunca esteve. Já era tarde e eu tinha acabado de chegar até a Pavuna e me sentei distraído num dos bancos para arrumar minha bolsa e voltar a vender na volta.
Ela chegou toda tímida e me perguntou se eu ainda tinha dos livrinhos, acostumado com as pessoas que mudam de ideia na última hora e querem levar pra casa o livreto acabei abrindo a bolsa e peguei um livreto e entreguei para ela com um sorriso cansado. Ela pegou o livreto, guardou na bolsa e colocando minha mão entre as dela deixou uma nota muito dobrada dizendo para que eu não desistisse do meu sonho. E foi embora muito apressada sem me dar tempo de agradecer ou dizer nada. Foi o maior valor que eu já recebi por um livreto mais que o dobro do maior anterior.
Trabalhei contente não só pelo valor mas também porque vi que de norte a sul do Rio de Janeiro havia quem se encantasse por poesia, havia quem valorizasse o que eu faço contribuindo cada um a sua maneira para a poesia continue a viajar sobre os trilhos dessa cidade que acolhe os artistas com tanta alegria.
sábado, 17 de novembro de 2012
Para "A queda" um band-aid
que meu prazer é um mal
censura se me lambuzo
com delícias sem igual
Se rejeito tal abuso
é pecado capital
me acusa d'outro desuso
de ser crente do infernal
Pois eu rejeito esse intruso
não me cabe culpa e moral
E sem fé bem que lhe acuso
de ser anti-natural
Pois vestir calças é russo
no meu pais tropical
Me deixe que não lhe fuço
na sua vidinha sem sal