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Poeta e apenas poeta
Já me olharam espantados quando digo que sou poeta e só poeta. Que não canto, nem danço, nem atuo, nem pinto, nem bordo, que "só" ...
domingo, 30 de março de 2014
sexta-feira, 14 de março de 2014
Dizer que:
todo político é corrupto,
todo político é ladrão.
É o melhor salvo conduto
pra manter as coisas como estão.
Deixando todos enlameados
os que tem culpa e os que não
favorece os mais emporcalhados
que de sujeira entendem de montão.
O coronel engravatado
reina na sujeira do sertão
O midiático cooptado
domina fácil a televisão
E todo mundo é enganado
por esse velho chavão
todo político é ladrão.
É o melhor salvo conduto
pra manter as coisas como estão.
Deixando todos enlameados
os que tem culpa e os que não
favorece os mais emporcalhados
que de sujeira entendem de montão.
O coronel engravatado
reina na sujeira do sertão
O midiático cooptado
domina fácil a televisão
E todo mundo é enganado
por esse velho chavão
quarta-feira, 12 de março de 2014
Pois os conta-sílabas ainda não estão extintos.
Segunda feira é dia de reunião na casinha. Reunião de poetas na casa do Catete para discutirmos as ações de nosso grupo poético que estava até sem nome após o fim do contrato com o SESC. Passamos horas e horas pensando e debatendo um nome que substituiria o Fora de Área, passamos por Balalaica, Balacrente, Clubinho Poético, Pedra Portuguesa, Foda Diária e outros tantos até chegarmos ao nome Vide Verso onde toda sua polissemia nos encantou.
Escolhido o nome pensamos na identidade visual e nas futuras ações poéticas que executaríamos ao longo do ano a volta das oficinas, as interferências e as apresentações... A reunião se estendeu para depois das dez da noite e quando peguei o vagão do metrô já estava mais vazio. Só para não perder o costume saquei meus livretos de dentro da bolsa.
Distribui por todo vagão com um sorriso no rosto mas poucas pegavam e na volta menos ainda pagaram pelo prazer de ler poesia. Mas no fim do vagão uma senhora me chamou a atenção, ela estava compenetrada em meus versos e seus dedos se mexiam freneticamente contando as sílabas dos meus versos!
Encontrar outra conta-sílabas é cada vez mais raro com essa ditadura do verso livre. Foi um enorme prazer sentar ao lado dela e partilhar desse prazer que é a escansão, vê-la contando à moda espanhola que conta todas as sílabas do verso e me justificar dizendo que sigo a moda francesa de se contar somente até a última tônica.Acertado os termos ela conferiu que todos os versos estavam mesmo em redondilha maior. Era um sonetilho que agora tinha sido contado e revisado dentro do vagão. É bom encontrar com quem eu posso conversar na mesma língua.
E pensar que semanas antes uma revisora de oportunidade veio me corrigir a gramática sacrificando o ritmo e a oralidade de outro poema... O verso "lhe tomo num trago" tem um ritmo e uma melodia que "tomo-lhe em um trago" perde totalmente! Foi triste ser corrigido assim por alguém letrado, que faz da revisão o seu ganha pão, mas que ignora os conceitos mais básicos do que é poesia.
Por essas e por outras que eu elegi os vagões do metrô e seus personagens como meu melhor público no lugar daqueles acadêmicos com seus artigos e teses modernas debaixo do braço.
Escolhido o nome pensamos na identidade visual e nas futuras ações poéticas que executaríamos ao longo do ano a volta das oficinas, as interferências e as apresentações... A reunião se estendeu para depois das dez da noite e quando peguei o vagão do metrô já estava mais vazio. Só para não perder o costume saquei meus livretos de dentro da bolsa.
Distribui por todo vagão com um sorriso no rosto mas poucas pegavam e na volta menos ainda pagaram pelo prazer de ler poesia. Mas no fim do vagão uma senhora me chamou a atenção, ela estava compenetrada em meus versos e seus dedos se mexiam freneticamente contando as sílabas dos meus versos!
Encontrar outra conta-sílabas é cada vez mais raro com essa ditadura do verso livre. Foi um enorme prazer sentar ao lado dela e partilhar desse prazer que é a escansão, vê-la contando à moda espanhola que conta todas as sílabas do verso e me justificar dizendo que sigo a moda francesa de se contar somente até a última tônica.Acertado os termos ela conferiu que todos os versos estavam mesmo em redondilha maior. Era um sonetilho que agora tinha sido contado e revisado dentro do vagão. É bom encontrar com quem eu posso conversar na mesma língua.
E pensar que semanas antes uma revisora de oportunidade veio me corrigir a gramática sacrificando o ritmo e a oralidade de outro poema... O verso "lhe tomo num trago" tem um ritmo e uma melodia que "tomo-lhe em um trago" perde totalmente! Foi triste ser corrigido assim por alguém letrado, que faz da revisão o seu ganha pão, mas que ignora os conceitos mais básicos do que é poesia.
Por essas e por outras que eu elegi os vagões do metrô e seus personagens como meu melhor público no lugar daqueles acadêmicos com seus artigos e teses modernas debaixo do braço.
quinta-feira, 30 de janeiro de 2014
Poema Botequeiro
Nos bares do Brasil a cada 100 recados de guardanapo
57 são amassados antes de serem lidos
Nos bares do Brasil
a cada 100 recados de guardanapo
57 são amassados antes de serem lidos
Nos bares do Brasil
a cada 100 recados
de guardanapo
57 são amassados
antes
de serem lidos
antes de serem lidos
antes de serem lidos
antes de serem lidos
antes de serem lidos
57 são amassados antes de serem lidos
Nos bares do Brasil
a cada 100 recados de guardanapo
57 são amassados antes de serem lidos
Nos bares do Brasil
a cada 100 recados
de guardanapo
57 são amassados
antes
de serem lidos
antes de serem lidos
antes de serem lidos
antes de serem lidos
antes de serem lidos
segunda-feira, 20 de janeiro de 2014
Redondilha Maior
Sou o que sou, por inteiro
e acredito que me expresso
dum jeito mais verdadeiro
se pelo verso me meço
Sou do tipo poeteiro
que mesmo quando converso
vou escandindo o letreiro
poético que estou imerso
São minhas métricas escravas
as cartas dum palacete
São palavras pouco sábias
que poeto pra cacete
São minhas sete sílabas
o mais redondo banquete
e acredito que me expresso
dum jeito mais verdadeiro
se pelo verso me meço
Sou do tipo poeteiro
que mesmo quando converso
vou escandindo o letreiro
poético que estou imerso
São minhas métricas escravas
as cartas dum palacete
São palavras pouco sábias
que poeto pra cacete
São minhas sete sílabas
o mais redondo banquete
sábado, 11 de janeiro de 2014
A Menina Mariposa
A Menina Mariposa
só vê num verso qualquer
um espelho que desposa
sua vaidade de mulher
só vê num verso qualquer
um espelho que desposa
sua vaidade de mulher
terça-feira, 17 de dezembro de 2013
Menina-raposa
Menina-raposa
seu corpo de flor
espinho e rosa
em perfume e cor
Menina-raposa
lhe sorvo o suor
de garoa nova
em tom sonhador
Menina-raposa
lhe provo o sabor
que tanto nos goza
em prazer e dor
Menina-raposa
sou seu caçador
de verso e de prosa
pecado e pudor
seu corpo de flor
espinho e rosa
em perfume e cor
Menina-raposa
lhe sorvo o suor
de garoa nova
em tom sonhador
Menina-raposa
lhe provo o sabor
que tanto nos goza
em prazer e dor
Menina-raposa
sou seu caçador
de verso e de prosa
pecado e pudor
quarta-feira, 6 de novembro de 2013
Balada
Lhe tomo num trago
de doce absinto
é forte o afago
da fome que sinto.
Lhe traço num rasgo
do quarto bonito
e quero num rastro
sorver o seu grito
Lhe faço calada
na palma da mão
e ponho de quatro
por puro tesão
Sou doce cilada
pro seu coração
um belo retrato
de vil perversão
Eu não peço nada
nem mesmo perdão,
lhe pego num ato
e devoro então
de doce absinto
é forte o afago
da fome que sinto.
Lhe traço num rasgo
do quarto bonito
e quero num rastro
sorver o seu grito
Lhe faço calada
na palma da mão
e ponho de quatro
por puro tesão
Sou doce cilada
pro seu coração
um belo retrato
de vil perversão
Eu não peço nada
nem mesmo perdão,
lhe pego num ato
e devoro então
segunda-feira, 28 de outubro de 2013
Maresia
Lucas C. Lisboa
Imagina se eu fosse um pirata
e seu quarto navio todo cheio
de riquezas bem mais que ouro e prata
por apenas ter você no meio
lhe darei cantos e serenatas
se for minha sereia de cachos
com perfume do oceano e fragatas
entre os mastros as velas e laços
pelas cordas içadas ao vento
com seu corpo sutilmente preso
minha bela que faço de porto
para todos desejos imensos
que transborda até o mar onde rezo
o meu terço e cântico torto
Imagina se eu fosse um pirata
e seu quarto navio todo cheio
de riquezas bem mais que ouro e prata
por apenas ter você no meio
lhe darei cantos e serenatas
se for minha sereia de cachos
com perfume do oceano e fragatas
entre os mastros as velas e laços
pelas cordas içadas ao vento
com seu corpo sutilmente preso
minha bela que faço de porto
para todos desejos imensos
que transborda até o mar onde rezo
o meu terço e cântico torto
sábado, 19 de outubro de 2013
Pescador de Palavras
Pai, quando você
subia pra pescar
no alto amazonas
Sonhava eu co'as águas
negras e barrentas
que não misturavam
ao se encontrar
Você prometia
que ia me levar
junto se eu ficasse
maior que você
Mas não me levou
até o solimões
e nem mesmo no
baixo Pantanal
Foi no Velho Chico
e no Rio das Velhas
que pescamos juntos
Me esquecia do anzol
confundia as linhas
mas tinha bem sorte
de principiante
Paciência nunca
tive muita e o papo
valia sempre o barco
Moro hoje no Rio
de Janeiro mas na
minha poesia
cabem versos mil
Até mesmo aqueles
de amor guardados
bem na sua gaveta
Eu pesco palavras
tal pescou jaús
com sabor de estórias
e algo de aventura
Paciente deixo
o verso chegar
mordendo meu metro
Puxando forte a linha
perfazendo rimas
embolando estrofes
na poesia turva
Ainda quero ouvir
o esturro duma onça
no meio do mato
Pra saber se o medo
que eu sentia quando
pequeno lhe ouvia
contar é esse mesmo
Mas quero também
ver todo seus versos
sairem da gaveta
Tal fossem cardume
grande de curimbas
tomando o rio todo
em versos e prosas
Pai, vamos pescar
peixes e palavras
nessa mesma linha?
subia pra pescar
no alto amazonas
Sonhava eu co'as águas
negras e barrentas
que não misturavam
ao se encontrar
Você prometia
que ia me levar
junto se eu ficasse
maior que você
Mas não me levou
até o solimões
e nem mesmo no
baixo Pantanal
Foi no Velho Chico
e no Rio das Velhas
que pescamos juntos
Me esquecia do anzol
confundia as linhas
mas tinha bem sorte
de principiante
Paciência nunca
tive muita e o papo
valia sempre o barco
Moro hoje no Rio
de Janeiro mas na
minha poesia
cabem versos mil
Até mesmo aqueles
de amor guardados
bem na sua gaveta
Eu pesco palavras
tal pescou jaús
com sabor de estórias
e algo de aventura
Paciente deixo
o verso chegar
mordendo meu metro
Puxando forte a linha
perfazendo rimas
embolando estrofes
na poesia turva
Ainda quero ouvir
o esturro duma onça
no meio do mato
Pra saber se o medo
que eu sentia quando
pequeno lhe ouvia
contar é esse mesmo
Mas quero também
ver todo seus versos
sairem da gaveta
Tal fossem cardume
grande de curimbas
tomando o rio todo
em versos e prosas
Pai, vamos pescar
peixes e palavras
nessa mesma linha?
Azul
São cinco estrelas no peito
e mais onze nos gramados
juntos, o time perfeito
que nem todo céu estrelado
brilha mais e desse jeito
pelos estádios e estados
ofuscam velhos eleitos
já depostos no relvado
Meu cruzeiro cruza os campos
dos mais belos horizontes
das minhas minas gerais
O Brasil de canto a canto
já nos vê como gigantes
destronando até os globais!
e mais onze nos gramados
juntos, o time perfeito
que nem todo céu estrelado
brilha mais e desse jeito
pelos estádios e estados
ofuscam velhos eleitos
já depostos no relvado
Meu cruzeiro cruza os campos
dos mais belos horizontes
das minhas minas gerais
O Brasil de canto a canto
já nos vê como gigantes
destronando até os globais!
quarta-feira, 16 de outubro de 2013
do caráter poético das ruas.
A minha poesia
é sempre e sempre
foi do tipo vadia
E se estende bem em
qualquer corda de varal
e até no fio do fio dental
é sempre e sempre
foi do tipo vadia
E se estende bem em
qualquer corda de varal
e até no fio do fio dental
quinta-feira, 26 de setembro de 2013
de caráter
Desde sempre defensor
dos frascos e comprimidos
comunista , feminista
e também botafoguense
dos frascos e comprimidos
comunista , feminista
e também botafoguense
Sobre trilhos
um pouco de fama e cédulas
são só cereja no bolo
os sorrisos e as moedas
é que dão vida ao poeta
são só cereja no bolo
os sorrisos e as moedas
é que dão vida ao poeta
Não era como se dizia
A doce mocinha era de uma alma tão cândida, que quando pela primeira vez se deitou, não se fez ao leito um caudaloso rio rubro como lhe aterrorizaram a mãe, as tias, as avós e até mesmo as primas mais velhas. Tudo que se viu entre os tecidos de brancura impecável eram pequenas gotículas de um vermelho-quase-rosa.
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