bem no pé do verso
sibila uma língua
que lânguida lambe
o metro e sua tônica
Em saliva imerso
o lábio à míngua
deixa que se game
na orgia polifônica
Já me olharam espantados quando digo que sou poeta e só poeta. Que não canto, nem danço, nem atuo, nem pinto, nem bordo, que "só" ...
bem no pé do verso
sibila uma língua
que lânguida lambe
o metro e sua tônica
Em saliva imerso
o lábio à míngua
deixa que se game
na orgia polifônica
Baixinha de peitos grandes
dona dum bumbum durinho
Rebola assim aos galopes
que engole meu pau todinho
Me chupa do talo à glande
com fome e com carinho
Num tesão rude que range
quando lhe dedo o rabinho
Pulsa e repulsa meu sangue
deixando meu pau durinho
Minha saliva vai longe
melando seu anelzinho
São meus dedos que lhe expande
aos poucos seu buraquinho
Até que se torne grande
pra que eu entre de mansinho
Seu doce gemido me unge
no papel de malvadinho
Que com vigor lhe inflige
um gozo pelo cuzinho
Não sou Pedro
Não sou pedra
A minha lavra
De mil palavras
É de poesia
Na minha igreja
Não tem pecado
Não tem culpa
E muito menos
A tal sacristia
Não sou senhor
Não sou escravo
Todos dias travo
Um doce trago
De melancolia
No meu terreiro
Na minha terra
Certo é quem erra
Quem de tão torto
Acerta a alegria
Um negro vestindo preto
faz papel de autoridade
à mando dum branco que
traja terno e faculdade
Me despetala em trapos, fitas, pétalas
de bem e mal me quer que mais me quer
que desdenha, destrata, mas me quer
como porta-bandeiras e abre-alas
Pois Eu me apego e até pago pra ver
dentro do porta-luvas levo as mágoas
e encho com alegria o porta-malas
sou da escola do samba e bem querer
Eu, Madame Baderna com prazer
tomo da tina e latrina de restos
essas babas e beijos dos amores
Eu sou essa Arlequina com as cores
que não se cabem nos pincéis modestos
desses caras sem cara pra bater