Publicação em destaque

Poeta e apenas poeta

Já me olharam espantados quando digo que sou poeta e só poeta. Que não canto, nem danço, nem atuo, nem pinto, nem bordo, que "só" ...

sexta-feira, 11 de setembro de 2015

ao ponto

saliva é tempero
quero sua língua de brasa
grelhando meu grelo

terça-feira, 8 de setembro de 2015

à moda de duchamp

Atenção Atenção!
Isso não é um poema

domingo, 6 de setembro de 2015

Libertino

Eu me velo e desvelo num santo martírio
pelo que quero muito tanto ou talvez
Eu me faço e desfaço num doce delírio
pelo que trago, bebo e tomo duma vez

Eu que me corto, sangro mas também lhe firo
numa inocência pura vista nos bebês
mostro os dentes caninos dum velho vampiro
lhe rompendo pudores por toda sua tez

muito prazer sou seu satânico desejo
seu sexo mais ardente que todos pecados
de Sodoma, Gomorra e terras além-mar

Não me tema nem trema diante do meu beijo
sou fome, sou paixão de peito perfumado
pois em sua pouca carne vim para ficar

sábado, 5 de setembro de 2015

Ruazinha

Teima o sol avermelhado
a se por no fim da tarde
Quer ver os guri endiabrado
brincando com bola que arde

Quer ver o homem tão cansado
quando seu Fiat Uno invade
O campinho demarcado
com chinelos e com alarde

Gritam logo "Contra Mão"
A rua é arena da Bola
e o carro maior vilão

O homem desce desenrola
"Tem como passá aqui não"
"Eta vida! Vou embora..."

quinta-feira, 27 de agosto de 2015

Composição

musa e autor dormem
e um poema na gaveta
perde a poesia

terça-feira, 11 de agosto de 2015

Dos moinhos de vento

Eu acho tão engraçado quando poetas contemporâneos exaltam que seus versos não tem métrica ou rima.

Falam de um jeito como se isso fosse uma particularidade, um feito, algo que distinguisse sua poética das demais que o cercam, como se fosse algo muito diferente do que é feito hoje.

Mal percebem que o verso livre já virou arroz de festa, completamente hegemônico e dentro do manual da boa poesia contemporânea.

Meu caro poeta contemporâneo, você pode fazer seus versos livres à vontade, mas, por favor, não acredito que isso seja um feito revolucionário ou digno de ser exaltado.

Essa revolução já aconteceu no início do século passado e o monstro parnasiano que diz hoje combater tem tanto poder quanto os gigantes de Dom Quixote.

quarta-feira, 5 de agosto de 2015

Sou o que sou

Eu não viveria no céu;
Gosto do cheiro da terra,
do suor de gente que erra,
acerta e faz escarceu.

Eu não viveria no céu;
Gosto do cheiro de vida
de cutucar a ferida.
Bolero lambada e créu!

Eu sou do tipo atrevido,
que nunca tá resolvido;
como sujeito normal.

Eu sou o que sou e posso
no que faço, vou e aposto
botando pimenta e sal

quinta-feira, 30 de julho de 2015

Boca Suja

Diz Maria Clara irritada:
"Pu/ta/ que/ pa/riu/ xe/reca
ti/nha/ á/gua/ ne/ssa/ merda"
Pois é,  xingando com métrica

quarta-feira, 29 de julho de 2015

Recontagem

A volta do voto impresso
um baita dum retrocesso!
Quem for ficar de malgrado
Chama o melhor advogado...

sábado, 25 de julho de 2015

Dândi

Ajusto logo esse foco
de lente, cabelo curto
Auto-retrato in loco
serei sucesso absurdo

quinta-feira, 23 de julho de 2015

Lingüistica

Porque é que pé
rima com Chulé?
(Se fosse  fedor
seria um terror!)

quarta-feira, 8 de julho de 2015

Estrela

Esse país cada dia
me da mais orgulho
Estamos pouco a pouco
Limpado todo o entulho
Deixados pelos ridículos
E sanguinários milícos.

Cada dia muito menos
gente passa fome
E mais gente pode ter
O seu sonhado iphone
E temos faculdades instaladas
nas cidades mais afastadas

Pouco em 12 anos
mas muito mais do que em 38
O Brasil volta a crescer
depois de 50 anos parado.
38 estragando e 12 consertando
o malfeito de tanto deputado.

Há uma estrela de esperança
Vermelha como o coração
Se você desistiu de nossas crianças
Eu ainda não.

Haiquase

Imagine esse mundo
que panfletasse poemas 
no lugar de compro ouro...

sábado, 4 de julho de 2015

Pragmática

Sim, eu sou de esquerda
pois o problema da fome
é muito mais importante
que o preço do seu iphone

quinta-feira, 2 de julho de 2015

Moça do vestido azul

Quero dedilhar meus dedos
quero-os em ti mergulhados
Nadando dum lado ao outro
em suas carnes envoltos

E sentir-me abocanhado
pouco a pouco cravado
pelos seus labios revoltos
provando-me mil gostos

De falo rijo te faço
esse poema devasso
tal uma canção perversa

Pois me inspira quando pira
quando arfa, goza, delira,
devora (ou vice e versa)