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Poeta e apenas poeta

Já me olharam espantados quando digo que sou poeta e só poeta. Que não canto, nem danço, nem atuo, nem pinto, nem bordo, que "só" ...

quinta-feira, 29 de novembro de 2007

Infância

Lucas C. Lisboa

Eu, pequeno garotinho
tão novo dizia poetar:
"cala boca cachorrinho,
deixa luquinhas passar!"

segunda-feira, 12 de novembro de 2007

a barca estígia II

Lucas C. Lisboa

remam remoendo seus erros e dores
desmortos remorrendo seus terrores
rutilam roucos restos desprezados
amargando prantos encarcerados

remam em seu rancor plo rio d'orrores
aprisionados pelas mortas flores
rosas, cravos, outrora derramados
sobr'eterno repouso dos finados

remam mortos, agora penitentes
sofrem por seus viveres indecentes

pois remam por seus crimes cometidos
mesmo quando plos vivos esquecidos

remam sofridos na barca da morte
praguejam por tamanha sua má sorte

quinta-feira, 8 de novembro de 2007

A Barca Estígia

Lucas C. Lisboa

remam remoendo seus erros e dores
desmortos remorrendo seus terrores
rutilam roucos todos desprezados
amargando prantos encarcerados

rancorosos remam plo rio d'orrores
presos por arreios de mortas flores
rosas, cravos, outrora derramados
sobre o eterno repouso dos finados

morreram e agora remam penitentes
sofrem por seus viveres indecentes

pois remam por seus crimes cometidos
mesmo quando pros vivos esquecidos

remam sofridos na barca da morte
praguejam por sua tamanha má sorte

segunda-feira, 29 de outubro de 2007

Marionete de trapos coloridos II

Lucas C. Lisboa

Pois quando noto seu, de fel, sorriso
Eu me deleito nesse doce apreço...
e de tamanho prazer regojizo,
tanto que ao deleite até me esqueço.

Gargalho por ver este olhar nervoso,
aos pesadelos quando eu lhe apareço
a divertir-me no mais puro gozo
Nessas palavras-linhas lhe enlouqueço

Sem mim teus passos são vagos, perdidos.
Sozinha és sem encanto, faz só dormir.
Jogada em qualquer canto o pó cobrindo

Marionete de trapos coloridos,
és assim tão linda que me faz rir!
Pois agora me dance, estou assistindo...

terça-feira, 23 de outubro de 2007

Meu brinquedo II

Lucas C. Lisboa

Seu corpo, aroma e traços bem cuidados,
que nessas mãos se fazem maltratados.
Os seus gemidos tão deliciosos...
que aperto, ouvindo-os ardorosos!

Os seios dela são assim delicados,
que não deixo por menos abusados!
Seus lábios, ao felatio, voluptuosos...
que dou-lhe meus humores mais gostosos!

És minha mais perfeita Bonequinha!
foi feita especialmente para mim:
para meu uso, deleite, abuso e trato.

Oh, mas ela realmente é perfeitinha!
Co'ela em mãos me divirto horas sem fim!
Gozando ambos em cada ato e maltrato...

bem ditos

Lucas C. Lisboa

É lícito ao poeta
se apropriar do que foi dito.
por outro qualquer esteta
que não tem estima disto?

Singularidade

Lucas C. Lisboa

Sou um entre tantos
Entretanto sou mais um
Sou um, entretanto

terça-feira, 16 de outubro de 2007

boas novas num guardanapo

Lucas C. Lisboa

uma verdade selvagem
batendo na minha porta
chegada d'uma viagem
longa, escura, negra e torta

Confeitaria

Lucas C. Lisboa

Poesia formada
numa fornada de versos
mui bem metricada

quinta-feira, 20 de setembro de 2007

Cidade-lua

Lucas C. Lisboa

Menino engenhoso
Vendo pássaros e penas
Fez voar papel

Querendo tão mais:
as núvens todas tocar
era seu intento

De feitura sua
muito bem arrematada
com precisos laços

trabalho ardoroso
feito por noites centenas
colado com mel

Penhasco foi cais
pr'ele para os céus zarpar
ao sabor do vento

Chegou até a lua
Com a sua pipa dourada
maior que seus braços

Malfadado pouso
entre casas tão pequenas
na cidade do céu

Nos tortos beirais
Moradas a se amontoar
sem ordenamento

Caido numa rua
da cidadela aluada
sem de vida rastros

quinta-feira, 6 de setembro de 2007

Ternurinha

Lucas C. Lisboa

"Beijos meu querido?"
Gracias, mas você merece
é um tapa bem doído

quarta-feira, 5 de setembro de 2007

Uma felicidade para sempre

Lucas C. Lisboa

Foi com os primeiros raios d'aurora que Ela acordou, ainda deitada sobre o peito nú de seu amado. Todos os dias era assim, acordava ao seu lado e admirava-o perdidamente. E suspirava, pois finalmente o tinha ali, como um sonho.

Levantou-se sorrindo por saber que os dias tristes agora eram apenas parte do passado. Os obstáculos e inimigos de sua felicidade foram vencidos um a um. Dirigiu-se para a cozinha, como fazia todas as manhãs, e preparou o desejum de ambos com todo cuidado.

Torradas e um chá de ervas para acompanhas mas, açúcar não colocou e sim duas colheres de cianeto. Em uma bandeja, carregou as torradas e as duas xícaras de chá, para o leito que fora desde sempre o ninho dos enlaces.

Ela o despertou com um beijo delicado e sereno. Ele, após retribui-la sorriu complacente para sua amada, ajeitaram-se à cama e começaram o desejum. Provaram das torradas e juntos levaram as xícaras à boca e quase simultaneamente retorceram os rostos pelo amargo sabor e sorriram cúmplices.

Sem pressa. terminaram o café da manhã e se deixaram deitar novamente entre carícias, beijos e afagos até juntos adormecerem.

sábado, 1 de setembro de 2007

Resoluções

Lucas C. Lisboa

Muito tempo já perdi...
mas hoje me decidi;
se exploda o caráter ético!
Sou, por natureza, herético.

quarta-feira, 29 de agosto de 2007

Era uma vez...

Lucas C. Lisboa

Apesar de tão nova a Felicidade foi a primeira a morrer, dormiu durante uma noite festiva e nunca mais despertou...

O Amor tornou-se taciturno, e obsessivo acabou por ir embora para viver como eremita. Algum tempo depois adoeceu pelo frio da montanha, mas, por seu orgulho lá ficou e se foi sem chamar quem pudesse dele cuidar.

A Sobriedade, que tanto brigava com o Amor, sentindo a saudade mais forte a cada dia que passava após seu exílio. Quando, depois de muito, soube de sua partida, a carência, que abateu sobre si, foi tão grande que cedeu, finalmente, aos constantes galanteios do Desejo e a ele se entregou totalmente, esquecendo-se de quem era... Não demorou e ambos desmedidos se foram após se deixarem cair em sucessivos excessos.

Mas, como nem tudo são males, logo após os primeiros enlaces, foi concebida a Esperança, que logo começou a ser mimada e conforme o enlace dos dois se tornava mais intenso os mimos aumentavam mais e mais. E quando eles se foram, sentiu-se desamparada e sozinha pondo-se, por ser tão nova, a chorar copiosamente.

Quem lhe escutou o choro, foi o malfadado Desespero que encantado se sentiu compadecido e chamando sua esposa, a Morte acolheram-na ao seio do lar.

Não eram, nenhum dos dois, muito afetuosos, o Desespero perdia o controle facilmente e acabava maltratando-a e a Morte já não tinha seu abraço de seda, desde que fora buscar o Amor. Mas a Esperança era uma criança que de muito pouco precisava e conseguiu sobreviver com as migalhas que recebia.

Os súditos de Nero

Virginia Moraes e Lucas C. Lisboa

O Pássaro não vai voar,
quer morrer onde nasceu.
O Grilo não irá saltar,
queimar junto o verde seu...

Tatu não vai pra toca:
não se esconderá da morte!
Hienas numa gargalhada:
juntas pela mesma sorte!

O Urubu foi logo embora:
a carniça já é carvão...
Canguru de bolsa cheia
pro filho quer salvação!

Leão, protetor da floresta,
quis salvar o seu reinado!
Fogo não era seu súdito!
Caiu na chama amargurado...

sexta-feira, 24 de agosto de 2007

Ensaio sobre o caráter estético do erro.

“Prazer de sentir o dedo,
no buraco da meia furada...
Surpresa em ter reparado,
na minha unha mal cortada!”

(Detalhes, Lucas C. Lisboa)

Uma reflexão a respeito da metafísica do nada em sua relação com o trabalho de estruturação de idéias expressas e seu poder de fascinação.

Durante uma aula de Antropologia Filosófica, meu professor, em sua explanação a respeito da metafísica e ontologia em sua evolução e diálogo entre Hegel, Shopenhauer, Nietzche e Heidegger, contou uma metáfora (em minha interpretação evidentemente):

A rede de pesca é composta tanto por suas linhas quanto por seus espaços vazios. Quando seus espaços vazios são grandes por demais (ou há uma falha em seu padrão) deixa vazar o pescado almejado.

Mas, se por outro lado, se não houver espaços vazios, não há braços que tenham força para trazê-la de volta ao barco e mesmo se houver, sem os espaços vazios, não há seleção do que é pescado, trazendo toda a sorte de coisas indistintamente: pedras, peixes, ostras, água...

Traçando um paralelo: O mesmo ocorre com uma estrutura de pensamento, obra literária, teses filosóficas e congêneres (que chamarei a partir de agora simplesmente de obra). Julgo que preencher todas as lacunas não é desejável e, creio eu, até mesmo impossível.

O não-dito é necessário e vital para sua efetividade e interpretatividade. O Poder de impacto de uma obra não está só em sua coerência e concisão, mas também em seus aspectos de prolixidade e contradição.

Não obstante, uma justa medida, entre o ordenamento e a imprecisão também não é algo a ser tão almejado assim. O que importa essencialmente ao dito é sua capacidade de pescar o interlocutor e fazê-lo pensar, digredir, em cada acerto, mas também em cada erro presente ali.

As congruências e validades de um texto decerto que permitem que se interesse por ele, mas, por não poucas vezes, são seus paradoxos e incongruências que causam o fascínio e a paixão por uma obra. E, sem sombra de dúvida, não é o mero interesse que faz alguém se debruçar sob uma obra para desvendá-la e sim a paixão despertada.

Meu brinquedo

Lucas C. Lisboa

Os seios dela são tão delicados...
Que devem ser muito bem maltratados!
Seus gemidos são tão deliciosos...
Que lhe aperto para ouvi-los ardorosos!

Rosto, coxas, dorso... tão bem cuidados,
Que não deixo senão abusados!
Seus lábios, ao felatio, voluptuosos...
Que dou-lhe meus humores mais gostosos!

És minha mais perfeita Bonequinha!
foi feita especialmente para mim:
para meu uso, deleite, abuso e trato.

Oh, mas ela é realmente perfeitinha!
Co'ela em mãos me divirto horas sem fim!
Gozando ambos de maltrato em maltrato...

Detalhes

Lucas C. Lisboa

Prazer de sentir o dedo,
no buraco da meia furada...
Surpresa em ter reparado,
na minha unha mal cortada!

quinta-feira, 23 de agosto de 2007

Poética

Lucas C. Lisboa

Todo dia travo uma luta sem fim;
co'as palavras e o que querem dizer:
pois seja o que elas dizem para mim...
pois seja o que elas dizem pra você!

quarta-feira, 22 de agosto de 2007

Seres tristes

Lucas C.Lisboa

Seres tristes são estranhos
de sofreres tão pequenos
mas também d'outros tamanhos
desejando dias amenos

Tristes seres sem sonhos
tomam em dia seus venenos
seduzem os fáceis ganhos
almas vendidas por menos

Quem são estes tão banais
que choram por uma flor
que sorriem por suas tristezas

São ninguém, nada mais
Estão lá, seja onde for
Sem porquês e sem certezas

domingo, 19 de agosto de 2007

Sistema Integrado de Criação Poética.

Lucas C. Lisboa

Programa 1
Analisa a sintaxe de um texto separando cada palavra segundo sua variável podendo trocar indefinidademente entre elas.

Programa 2
Analisa o resultado do programa um sob o aspecto fonético, ritmico e harmônico de acordo a atingir uma determinada eufonia pré-estabelecida.

Programa 3
Organiza o texto para se encaixar em uma determinada contrução, métrico/poética.

Fase Final
Os três processos são realizados sucessivamente até se encontrar uma forma afinada aos três parâmetros.

Infamidade I

Lucas C. Lisboa

Assim como?
Como assim?
Comendo!

Dictionary

Lucas C. Lisboa

my pig is a pigmy
meu porco é um pigmeu

sexta-feira, 17 de agosto de 2007

Meu doloroso

Lucas C. Lisboa

Eu jurei: Ser dominada? Nunca! Jamais!
como eu lhe odeio, foi injusto demais!
disse e me lembro como seu riso resoou...
Ele, por um erro menor, me esbofetou!

Mas pior, seduziu-me a pedir por mais...
Sob seu jugo, sofri torturas abissais!
Com seu pulso o controle de mim conquistou;
e pela dor e subjugo por fim me adestrou.

Porque é Ele quem me corta, marca e perfura...
e quem me faz esquecer da dor mais que forte.

É Ele que no fim sempre me deixa confusa...
mas também quem me dá esse tão seguro norte.

A luz útlima da vida insossa e escura...
devo a Ele essa que é a mais desejada sorte.

terça-feira, 14 de agosto de 2007

O Castigo

Lucas C. Lisboa

à Cruz de Santo André tensa se dirige:
de cabeça baixa, Submissa ao seu Destino...
por Transgredir a minha Norma que vige;
Antegoza e Arrepende de seu desatino!

Presa, o Chicote será sua punicão hoje,
a divertir-me tal brinquedo de menino!
Depois da centésima a contagem lhe foge;
mas gemidos, de Dor ou Prazer, não lastimo...

Gozo ao perceber seu corpo incandescente...
não só quente pelas Marcas e Vergões,
como também pelos orgasmos incontrolados.

Eu sei que de propósito foi Displicente:
pois à Força lhe faço implorar meus perdões
extraindo lamentos muito bem deliciados

segunda-feira, 13 de agosto de 2007

das largas omoplatas, o mistério

Lucas C. Lisboa

Oh Malakós, Malakós!
que tomastes por almôndegas
as pedras avermelhadas...
grande glutão fostes vós!

sábado, 11 de agosto de 2007

Tédio

Lucas C. Lisboa

mas que mundo chato
que nem um carrapato
debaixo da porta

sexta-feira, 10 de agosto de 2007

Doce Garotinha

Lucas C. Lisboa

Ela está tão sozinha que
segura a faca pelo fio
mordendo uma raiva tamanha
machucando seu lábio macio

sobre o Amor Romântico

Lucas C. Lisboa

do alto do castelo
seu sorriso que é tão belo
se faz amarelo

domingo, 5 de agosto de 2007

Questão de fé

Lucas C. Lisboa

Ele, por anos à fio, pulou de religião em religião buscando a sua iluminação, acabou encontrando sua luz, como homem bomba, nas chamas da explosão.

do Homem

Lucas C. Lisboa

Covardia é sapiência
Nem sempre seguir em frente;
Coragem: pura demência
retroceder é prudente...

segunda-feira, 30 de julho de 2007

Aconteceu

Lucas C. Lisboa

O conta-silabas depois de tanto tempo tecendo linhas e linhas de versos formou seu casulo de palavras, ritmo e rimas. E dentro dele ficou em sua metamorfose lendo livros, ouvindo vozes...

Até que um dia, sem mais nem menos, atinou que não importava quantas palavras lesse, em quanto o som lhe soasse bonito ou forte. Co'a mesma caneta que escreveu tantas linhas, ele, agora Poeta, riscou os versos que nada diziam e não os reescreveu.

Já era tempo de novidades, ousou (uma heresia talvez) e colocou verso ao lado de verso, trilhando, encadeados e continuos, não mais truncados um embaixo d'outro. Sentou-se novamente na mesma escrivaninha e pôs-se a escrever sua prosa.

terça-feira, 24 de julho de 2007

Tentativa Frustrada

Lucas C. Lisboa

Quer tentar o que,
como ou mesmo pra que?
pergunto porque...

quarta-feira, 18 de julho de 2007

Preâmbulo

Lucas C. Lisboa

O estudo da estética da obra o Capital de Marx se justifica, dentre um meandro de razões, quando se enfoca a sua relação com os estudos comparativos do estudo da estética da obra de Durkheim e o estudo da estética da obra de Weber. Sendo que o segundo, o estudo sob o enfoque estético das obra de Durkheim, serve, essencialmente de sustentáculo especulativo numa análise comparativa entre o primeiro, estudo estético da obra de Marx, e o último, o estudo estético da obra de Weber. Não obstante, temos no estudo desse último, o estético em Max Weber, uma análise profunda de sua interelação comparativa com o estudo das questões estéticas em Karl Marx, e a possibilidade de ponte com esse estudo na obra de Emile Durkheim.

Aos dezesseis anos

Lucas C. Lisboa

Um conselho meu irmão:
em filme que dá tesão,
não vá usar um calção
sem uma cueca não...

domingo, 24 de junho de 2007

Inominável

Lucas C. Lisboa

Qual beijo tem melhor ânsia?
Que mãos tem maior ganância?
Tanto faz o gosto e calor;
basta paladar, ardor.

terça-feira, 12 de junho de 2007

após

Lucas C. Lisboa

Aconteceu, porém o que há de se fazer?
para que, porque ou por onde passa?
num ato não há muito o que perder
além da típica e própria desgraça

Tantos desejos, para que se querer?
falhas e erros por tudo que se faça!
num segundo, inexistência do ser;
uma lágrima desce, o clamor passa.

ambíguo, indefinido e aberto
um vazio que sangra e evidência

Lúcido? Talvez estivesse certo
Viver nem sequer mais um dia

Não dou adeus pois nunca estive perto
mas, pelos deuses! como eu queria...

sexta-feira, 8 de junho de 2007

Em versos

Lucas C. Lisboa

A prostituta poetisa em cada noite uma personagem encarnava: Nas de lua cheia era vinda das brumas de nome Morgana... N'outra nos seus devaneios e se fazia de Tróia Helena, se numa noite era nas areias do Egito a Cleopatra rainha. Por oras submissa tal domada Catarina... Mas, às vezes, com tantos homens aos seus pés, se sentia czarina. Mas só quando chegava em casa e co’a caneta e papel à mão já tinha podia, enfim, ser quem mais e sempre almejava: Florbela.

quinta-feira, 7 de junho de 2007

Com afeto

Lucas C. Lisboa

Toda languida, o beija com ternura,
tanta que, apaixonada, sequer
percebe que a faca, em suas mãos,
roça suave a pele do amado...

segunda-feira, 4 de junho de 2007

Por um par de asas

Lucas C. Lisboa

Ela era sim delicada como uma nuvem e de uma gentileza inocente que mal nenhum jamais faria. Como se não bastasse encantava também aos olhos sendo, pois sim angelicalmente bela. Mas, por um incomodo que não sabia bem de onde vinha, sentiu que ela não era ainda tudo que poderia ser.

Era uma manhã bem fria, saiu cedo para comprar o que necessitaria para realizar o seu plano. Demorou-se um tanto, ainda tinha dúvidas... Pois resolvido estava que não o faria caso ela acordada já estivesse quando voltasse.

Mas não, quando voltou para casa, lá estava ela ainda ressonando num sonho talvez mais que puro... E deitada de bruços, exatamente como ele há tanto imaginava. Sem sombra de dúvida era um sinal.

Sentou-se ao seu lado e gentilmente lhe amarrou as mãos à cabeceira da cama. Afinal, ele não iria querer que ela se debatesse e assim, por desventura, se ferisse. Ela nem se moveu, apenas suspirou bem baixinho, também esperava por aquele dia.

Primeiro como preparo derramou conhaque sobre seu dorso e com todo cuidado massageou. Quando secou, pegou enfim o guarda-chuva que comprara e dele retirara duas hastes. Com todo cuidado introduziu uma em cada omoplata e costurou pena a pena até que as novas asas ficassem firmes e alinhadas.

Terminado sentiu-se satisfeito podia, finalmente, com propriedade e certeza, chamá-la de "Meu Anjo"... E ela sorria complacente.

quarta-feira, 30 de maio de 2007

Um jantar à luz de velas

Lucas C. Lisboa

Escarro, escarro viscoso
escorrendo pela taça
cheia de vinho saboroso...
Ela, amarrada, acha graça

Mas dos lábios dele o riso...
e ela sente sua desgraça
é um espécime impetuso,
escrava da melhor raça...

Ele, seguidor de Sade,
a marca com brasa rosa
por sua pele de brancura.

Ela o incitou à crueldade;
Pois serve a quem lhe usa e goza...
e em cada gesto o procura.

segunda-feira, 28 de maio de 2007

No campo minado

Lucas C. Lisboa

Eu sou cavalheiro,
então, crianças e mulheres
devem ir primeiro

quinta-feira, 24 de maio de 2007

Amor de Narciso

Lucas C. Lisboa

Quando você vir
será de joelho;
para me servir
e ser meu espelho.

quarta-feira, 23 de maio de 2007

Teogonia

Lucas C. Lisboa

Gente que de nada sabe
aos seus oráculos sobe
com o desejo perverso
das verdades do universo

segunda-feira, 21 de maio de 2007

ART

Lucas C. Lisboa

Certa vez conheci uma poetisa,
fascinou com encanto de Florbela:
Sensivel em flor, técnica imprecisa
e, por fim, também, muitissimo bela

Apaixonei-me pela poetisa
e comecei meu versejar por ela:
Musa, que todo poeta precisa,
concebi, a primeira pensando nela.

Por razões menos nobres não lhe tive...
Amargo, fiz dos versos ferramentas:
Eram tão precisas quanto insensíveis.

De posse delas fui então ourives;
A procurar por matérias quinhentas
para esculpir amores intangíveis!

domingo, 20 de maio de 2007

Bem amarrada

Lucas C. Lisboa

Minha linda bonequinha...
tão deliciosa putinha!
Q'eu uso, abuso e maltrato;
com todo prazer e trato.

quinta-feira, 17 de maio de 2007

Um brinde a nós, porque sem nós, nós não estariamos aqui!

segunda-feira, 14 de maio de 2007

Cartesiano

Lucas C. Lisboa

um átomo insólito
retro-vírus, radiação
um átimo sólido

dos sentidos baixos

Ditadura da visão:
desmerecendo até o tato
Desmandos d'audição:
matam paladar e olfato

Poética e Flagelo

Lucas C. Lisboa

D'uma pura displicência
falhas crassas n'estrutura
mal-acabada indolência
n'uma débil estrutrura