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Poeta e apenas poeta

Já me olharam espantados quando digo que sou poeta e só poeta. Que não canto, nem danço, nem atuo, nem pinto, nem bordo, que "só" ...

domingo, 24 de junho de 2007

Inominável

Lucas C. Lisboa

Qual beijo tem melhor ânsia?
Que mãos tem maior ganância?
Tanto faz o gosto e calor;
basta paladar, ardor.

terça-feira, 12 de junho de 2007

após

Lucas C. Lisboa

Aconteceu, porém o que há de se fazer?
para que, porque ou por onde passa?
num ato não há muito o que perder
além da típica e própria desgraça

Tantos desejos, para que se querer?
falhas e erros por tudo que se faça!
num segundo, inexistência do ser;
uma lágrima desce, o clamor passa.

ambíguo, indefinido e aberto
um vazio que sangra e evidência

Lúcido? Talvez estivesse certo
Viver nem sequer mais um dia

Não dou adeus pois nunca estive perto
mas, pelos deuses! como eu queria...

sexta-feira, 8 de junho de 2007

Em versos

Lucas C. Lisboa

A prostituta poetisa em cada noite uma personagem encarnava: Nas de lua cheia era vinda das brumas de nome Morgana... N'outra nos seus devaneios e se fazia de Tróia Helena, se numa noite era nas areias do Egito a Cleopatra rainha. Por oras submissa tal domada Catarina... Mas, às vezes, com tantos homens aos seus pés, se sentia czarina. Mas só quando chegava em casa e co’a caneta e papel à mão já tinha podia, enfim, ser quem mais e sempre almejava: Florbela.

quinta-feira, 7 de junho de 2007

Com afeto

Lucas C. Lisboa

Toda languida, o beija com ternura,
tanta que, apaixonada, sequer
percebe que a faca, em suas mãos,
roça suave a pele do amado...

segunda-feira, 4 de junho de 2007

Por um par de asas

Lucas C. Lisboa

Ela era sim delicada como uma nuvem e de uma gentileza inocente que mal nenhum jamais faria. Como se não bastasse encantava também aos olhos sendo, pois sim angelicalmente bela. Mas, por um incomodo que não sabia bem de onde vinha, sentiu que ela não era ainda tudo que poderia ser.

Era uma manhã bem fria, saiu cedo para comprar o que necessitaria para realizar o seu plano. Demorou-se um tanto, ainda tinha dúvidas... Pois resolvido estava que não o faria caso ela acordada já estivesse quando voltasse.

Mas não, quando voltou para casa, lá estava ela ainda ressonando num sonho talvez mais que puro... E deitada de bruços, exatamente como ele há tanto imaginava. Sem sombra de dúvida era um sinal.

Sentou-se ao seu lado e gentilmente lhe amarrou as mãos à cabeceira da cama. Afinal, ele não iria querer que ela se debatesse e assim, por desventura, se ferisse. Ela nem se moveu, apenas suspirou bem baixinho, também esperava por aquele dia.

Primeiro como preparo derramou conhaque sobre seu dorso e com todo cuidado massageou. Quando secou, pegou enfim o guarda-chuva que comprara e dele retirara duas hastes. Com todo cuidado introduziu uma em cada omoplata e costurou pena a pena até que as novas asas ficassem firmes e alinhadas.

Terminado sentiu-se satisfeito podia, finalmente, com propriedade e certeza, chamá-la de "Meu Anjo"... E ela sorria complacente.

quarta-feira, 30 de maio de 2007

Um jantar à luz de velas

Lucas C. Lisboa

Escarro, escarro viscoso
escorrendo pela taça
cheia de vinho saboroso...
Ela, amarrada, acha graça

Mas dos lábios dele o riso...
e ela sente sua desgraça
é um espécime impetuso,
escrava da melhor raça...

Ele, seguidor de Sade,
a marca com brasa rosa
por sua pele de brancura.

Ela o incitou à crueldade;
Pois serve a quem lhe usa e goza...
e em cada gesto o procura.

segunda-feira, 28 de maio de 2007

No campo minado

Lucas C. Lisboa

Eu sou cavalheiro,
então, crianças e mulheres
devem ir primeiro

quinta-feira, 24 de maio de 2007

Amor de Narciso

Lucas C. Lisboa

Quando você vir
será de joelho;
para me servir
e ser meu espelho.

quarta-feira, 23 de maio de 2007

Teogonia

Lucas C. Lisboa

Gente que de nada sabe
aos seus oráculos sobe
com o desejo perverso
das verdades do universo

segunda-feira, 21 de maio de 2007

ART

Lucas C. Lisboa

Certa vez conheci uma poetisa,
fascinou com encanto de Florbela:
Sensivel em flor, técnica imprecisa
e, por fim, também, muitissimo bela

Apaixonei-me pela poetisa
e comecei meu versejar por ela:
Musa, que todo poeta precisa,
concebi, a primeira pensando nela.

Por razões menos nobres não lhe tive...
Amargo, fiz dos versos ferramentas:
Eram tão precisas quanto insensíveis.

De posse delas fui então ourives;
A procurar por matérias quinhentas
para esculpir amores intangíveis!

domingo, 20 de maio de 2007

Bem amarrada

Lucas C. Lisboa

Minha linda bonequinha...
tão deliciosa putinha!
Q'eu uso, abuso e maltrato;
com todo prazer e trato.

quinta-feira, 17 de maio de 2007

Um brinde a nós, porque sem nós, nós não estariamos aqui!

segunda-feira, 14 de maio de 2007

Cartesiano

Lucas C. Lisboa

um átomo insólito
retro-vírus, radiação
um átimo sólido

dos sentidos baixos

Ditadura da visão:
desmerecendo até o tato
Desmandos d'audição:
matam paladar e olfato

Poética e Flagelo

Lucas C. Lisboa

D'uma pura displicência
falhas crassas n'estrutura
mal-acabada indolência
n'uma débil estrutrura

quarta-feira, 9 de maio de 2007

Literatura Crítica

Lucas C. Lisboa

Então Bilac é poeta
mas o Quintana também
Digo, pois nada contesta,
um sinceríssimo amem

quinta-feira, 26 de abril de 2007

do Perfume amado

Lucas C. Lisboa

Um sorriso desabrochou dos lábios de Flëur, não sorria mais assim, pelo menos não desde que voltara para casa. Sorrira pelo perfume do frasco que se espatifara ao chão.

O derrubara do alto da estante quando pegou, para lhe trazer o sono perdido em algum canto da noite naquele quarto, um livro de poesia. Nem se lembrava mais que ele o havia deixado ali, afinal, três longos anos já tinham se passado desde então.

Ajoelhou-se ao chão e, afectuosamente, recolheu todos os cacos, até os mais pequeninos, depositando-os em suas mãos. Recolhidos todos levou a mão ao rosto para tal fragrância melhor sentir.

Os pedaços de vidro beijou, lembrando-se dos dias que beijava o corpo exalando aquele tão caro e doloroso odor... Não sentiu novamente o calor de sua pele, mas, sim o sabor do sangue de seus lábios feridos.

quarta-feira, 25 de abril de 2007

Pois para ele o Sol sempre nascia

Lucas C. Lisboa

Fiel à sua palha, teceu fios d'ouro. Mas quando a agulha lhe espetou o dedo ele quebrou sua roca.

Notou, depois da fúria e da dor, que seu novelo jazia,já de bom tamanho e grossura, ao lado de sua fiadeira agora aos pedaços.

Pegou do chão o novelo e, com agulhas de tricô, fez para si um agasalho aureo. Vestido o sueter perecebeu que ele não o aqueceria... Mas, brilhava como o sol.

segunda-feira, 23 de abril de 2007

Noli me tangere

Lucas C. Lisboa

Descido ao reino dos mortos;
duplamente mortal eu sou:
a descobrir o que já sabia,
me negando o último abraço...

Ela irá não mais me tocar,
essa falta sinto tanto hoje...
quanto quando se deu fato:
três anos que não se apagam.

Atormenta o riso dessas moiras
que venceram o desafio

Ao redor, ninguém mais se lembra
não se vêem vitmas nem vilões

Pois me lembro todos os detalhes
Do que foi tragédia e comédia

quinta-feira, 19 de abril de 2007

Modernosidade

Lucas C. Lisboa

Sou um anacrônico:
São as velas que iluminam
quando eu digito...

domingo, 15 de abril de 2007

Enfim a sua carta

Lucas C. Lisboa

Alice, do corte o sangue pulsa e goteja
formando tantas manchas negras ao carpete
Sabe que sangra apenas porque o deseja
do mesmo modo são as lágrimas que verte

Olhar não desvie, ao menos hoje, me veja!
Sua boca, por obsérquio, não a deixe inerte.
Quando claramente meu semblante esbraveja
algumas mágoas que meus demônios diverte.

Neste momento do mais puro nervosismo
A caneta à mão, por pressionar, estoura
sujando meus dedos, escorrendo ao pulso

Por um sórdido gargalhar vindo do abismo
de sua palma o fino corte d'uma tesoura
que transgrediu à carne num pequeno impulso

Casulo em chamas

Lucas C. Lisboa

O beijo da crisálida infecunda
corrói e fere alguma boca imunda
por essa sua acidez tão febril
vai causar um morticínio senil

Mariposa de aspereza profunda
de cancros e chagas a tez inunda
quelíceras ávidas e olhar vil
provocam dor e pesadelos mil

Arsênico nas páginas da bula
d'um elixir de Ambrósia destilada
Bater de asas ao papel repousou

Esse veneno que aos olhos pula
Morte que faz-se calma e aguardada
Do gargalhar mudo que findou

Bom dia, tarde, noite

Lucas C. Lisboa

Como vai meu caro?
à pé, de trem ou dirigível:
tanto fez ou faz...

quarta-feira, 11 de abril de 2007

Antologia

Lucas C. Lisboa

meus Amores de museu
são Segredos pra Ninguém
são guardados dentro d'Eu
conservados muito bem

terça-feira, 10 de abril de 2007

Estesia

Lucas C. Lisboa

Sou poeta dos prazeres,
exulto mil dos quereres...
Servo fiel de todos ritos:
são minha fé, são meus mitos!

Por quaisquer que sejam eles;
delícias, fortes quereres...
malfadados ou bem quistos
Belos ou mesmo Malditos

Tato meu assaz refinado,
corpo qualquer me tocar.

Mesmo Olfato viciado,
ainda capaz de inebriar...

Paladar mais delicado,
por um sigelo versejar!

sábado, 7 de abril de 2007

Réquiem

Lucas C. Lisboa


Audiræ sorve, um gole generoso do capuccino, enquanto seus olhos adquirem um brilho avermelhado por se atentar ao ocaso, deveras singular, que presencia.

O sol, talvez numa desesperada e última tentativa, sangra copiosa e rubramente rajando os céus e avançando sobre as brumas da cidade abaixo.

As brumas, reagindo co'a fria descrença da morte, se limita a deixá-lo passar por pequenos rasgos deixando que as cores dos casarões apareçam pelos instantes de calor.

Sorrindo alcança uma fina caixa metálica à jaqueta, os dedos percorrem a superfície e numa carícia, mais profunda e firme, lhe abre e a leva aos lábios.

Fechando-a busca n'outro bolso a embalagem de madeira, da haste retirada faz surgir o fogo, oferecendo uma singela contribuição ao labor do sol.

Ascende o cigarro de seus lábios e após uma tragada, longa e áspera, por suas narinas aspira em sua contribuição às nebulosas brumas.

terça-feira, 3 de abril de 2007

Penteadeira

Lucas C. Lisboa

Trancou-se no quarto
e refletiu, refletiu...
tornando-se espelho.

segunda-feira, 2 de abril de 2007

Enamorado

Lucas C. Lisboa

Fitei o céu d'uma lua quase inexistente
Cogitando estrelas que na mão caberiam
Para entregá-las como singelo presente
Agrado onde diversas cores se veriam

Contigo até comunguei por um deus ausente
Crendo de coração que seus anjos existiam
Por dias a fio teci alegrias habilmente
pensando que outros tão melhores viriam

Hoje encostado ao canto e talvez perdido
em meio à poeira antiga estão teus sentimentos
Eu já sei que tu não tens mais como mentir

Não duvido de teus olhos neste pedido
e na sinceridade de teus argumentos
Apenas já não mais posso teus nãos ouvir

sexta-feira, 30 de março de 2007

Subjugo

Lucas C. Lisboa

Ela, muitissimo bem amarrada, geme
rio quando num arranhão seu seio lhe firo
Do abuso ao corpo, desejo lhe consome
Co'a chama d'uma vela lhe bem eu miro

Ao jugo do meu prazer submissa prefiro
em cada tocar mais rijo seu corpo freme
A cera mui cálida e, sua pele admiro
por minhas levíssimas carícias se treme

O seu suor se mistura às pedras de gelo
Derretidas pelo seu dorso em marcas profundas
Degusto do mais gélido à sua espinha

Seu "não" tenta afastar as culpas mais imundas
Mas minhas mãos lhe apoderam tal erva daninha
Em brasa à pele cravando esse meu selo

sexta-feira, 23 de março de 2007

Dura lex sed lex

Lucas C. Lisboa

Pois quem viola a lei
da gravidade é punido
muito gravemente

INRI

Lucas C. Lisboa

Cruz, simbolo fálico
encravado na mãe terra
com todo cuidado

Fumando Espero

Lucas C. Lisboa


Um Golpe de Sorte,
por três tragos ainda espero...
Minha tal consorte.

Modernosidade

Lucas C. Lisboa

Poesia Moderna
parece não passar d'uma
enorme baderna

segunda-feira, 19 de março de 2007

Humanidades

Lucas C. Lisboa

Pois nada é tão errado
que não se possa acertar

Pois nada é tão sagrado
que não se possa gozar

Pois nada é tão acertado
que não se possa errar

Pois nada é tão gozado
que não se possa rezar

quarta-feira, 14 de março de 2007

Luzes da Modernidade

Lucas C. Lisboa

São belos os Anjos
a cavalgar Pedras lustrosas
ao redor da Lâmpada

sexta-feira, 9 de março de 2007

O Convento

Lucas C. Lisboa


Primeiro, a Irmã Cristina, numa madrugada de quinta feira, gritou ecoando por todo o convento de Nossa Senhora dos Peregrinos e desde então se calou de tudo, inclusive do porque fora encontrada desnuda em seu leito.

Na mesma semana, em seu sétimo dia, Irmã Amélia (que chegara ao convento a pouco mais de mês depois que seu marido morrera num trágico acidente de trem) teve febre e delirou por uma noite inteira antes de também se calar.

Irmã Josina, que estava prostrada ao leito desde o inverno passado quando caíra da escada, acordou, mas sequer um gemido ou lamento ressoou.

Pouco a Pouco cada um dos viventes daquele convento se calou e em duas semanas só restara a Madre Superiora e o Padre ainda fazendo uso de suas vozes.

Na sexta feira seguinte, a Madre Superiora, já desesperada com aquela enfermidade, aos berros inutilmente conclamou suas pupilas a falarem, mas foi tão inútil que ela mesma perdeu a sua.

E na manhã seguinte a missa fora rezada pelo Padre, mas seus lábios não se moveram, no entanto todas as freiras se prostraram rezaram e depois comungaram tudo sem que sequer o farfalhar de tantas narinas fosse escutado.

terça-feira, 27 de fevereiro de 2007

Canção de ninar

Lucas C. Lisboa

Venham repousar
todos os anjos caídos
ao teu ímpio leito

Da insignificância

Lucas C. Lisboa

Pois eu nunca mais
cederei outro cigarro
pra quem nega trago

da Poetisa

Lucas C. Lisboa

Pois eu só me fodo
com as coisas que mais gosto
Sexo e Poesia

O Palco

Lucas C. Lisboa

Todas as Tragédias
são na verdade comédias
que não gargalharam

quarta-feira, 21 de fevereiro de 2007

do décimo andar

Lucas C. Lisboa

e de qual altura
caiu esse tão belo vaso
que não tem remendo?

sexta-feira, 16 de fevereiro de 2007

Obsessão

Lucas C. Lisboa

Não me interesso por nada menos que tudo.
Pois é, mesmo que lhe pareça maior absurdo...
Saiba: de modo algum tal o seria pra mim;
mesmo quando pouco resta raspo até fim.

Quando qualquer grito é vazio ou mudo
e ao som mais refinado se faz tão surdo...
Serão nossos retratos rasgados assim
e a navalha equilibra-se entre não e sim!

Pois eu já mandei jogar minhas cartas fora...
(mas guardo muitas em um suspiro de dor)

Quase ri de mim quando você foi embora...
(e dizia eu:"Pois irei contigo onde for")

Estranho como lhe quero bem mais agora...
(se antes tinha sonhos, hoje tenho horror)

quarta-feira, 7 de fevereiro de 2007

Conto de Fadas

Lucas C. Lisboa

E com mero beijo;
a Princesa acorda quem
um dia veio salvá-la.

quinta-feira, 18 de janeiro de 2007

Flauta de Porcelana

Lucas C. Lisboa

Do rosto recoberto, saida d'uma tela
encanta, por ser sonho de qualquer quimera
pois mesmo quando só desnudada aos lábios
basta-os ao findar de pesadelos vários

Flauta de Porcelana, muito mais que mera
cantante de belíssimos versos pois ela
compete de igual co'a filosofia dos sábios
e saberes dos magos com seus alfarrábios

As suas palavras: Divina sabedoria
acalmando os exércitos e os Vis compadeçam
luz no peito mais escuro e d'alma perdida

Sua música é muito mais que chula magia
essa notas que entoa até as pedras tocam
vertem lágrimas d'ouro e ganham própria vida

sexta-feira, 12 de janeiro de 2007

Mirra, Gita e Meca

Lucas C. Lisboa

Fé é pura estética
Todos os textos sagrados
tem sua própria métrica

quinta-feira, 11 de janeiro de 2007

Carteado

Ataualpa S. Pereira / Lucas C. Lisboa

Naquela tênue luz, cartas à mesa posta:
os dedos sobre o Palco marcam o compasso,
por um olhar reluz os punhados da aposta,
de relance o decalco do Arlequim devasso...

Ao lado Imperatriz com seu Bastão em Cruz:
sorri a prima realeza, para de sobressalto
tal uma meretriz ele às cartas faz jus,
gota se esvai, frieza pela face em salto...

Dum trago, tece fio de bruma dançatriz
d'outro lado pigarro de rouca aspereza:
cerra os olhos no fetio da velha cicatriz
na cuspideira escarro dissolve a certeza.

Dedos um tanto tensos esquecem do frio,
finalmente, felinos partem ao bizarro:
são montantes imensos por desvario,
intrépidos ladinos sem temer esbarro...

Sorriso de resposta, olhares intensos:
o passo em falso é trocismo dos destinos!
Na Trapaça exposta: silêncio aos lenços
antes do encalço virão saques alcovinos.

sábado, 6 de janeiro de 2007

da Sedução

Lucas C. Lisboa

O meu maior logro
é do tamanho de teu
máximo pudor

terça-feira, 2 de janeiro de 2007

Flerte de espelhos

Lucas C. Lisboa

Loucuras pois sim
Galanteios a trariam
decerto pra mim

segunda-feira, 1 de janeiro de 2007

Surreal Canibalismo

Lucas C. Lisboa

ao campo prostrados
deitados um aos pés d'outro
de acordo devoram-se

sábado, 23 de dezembro de 2006

Anarco-canibalismo II

Lucas C. Lisboa

Pois a mão do papa
numa única bocada
será degustada

Anarco-canibalismo

Lucas C. lisboa

Não perca essa pompa
enquanto eu devoro tua mão
que deu-me ao beijo

terça-feira, 19 de dezembro de 2006

Como quem se dá ao Carrasco

Lucas C. Lisboa

mãos Acorrentadas sobre a cabeça
dorso desnudado Violentos Rasgos
roupas abertas, cuidadosa pressa
causo, por hora, mais medos que estragos

submissa um soluço surdo começa
por sussurros e gemidos mesclados
tudo bem guardado na sua Mordaça
enquanto tem os seios Lacerados

imobilizada com Horror se espanta
tentando inutilmente libertar-se
ao sibilado do Metal que se afia

tal Instrumento causa uma dor tanta
ao penetrar tenra carne desfalece
pois se pudesse agora gritaria

sexta-feira, 15 de dezembro de 2006

Alvíssima imprecisão

Lucas C. Lisboa

Pois tome esta faca
e do meu ventre retire
esse verme-filho

quarta-feira, 13 de dezembro de 2006

O Trio que chegou

Lucas C. Lisboa

Iago, Lú e Eu
Iago, Lú e Eu
Um trio da pesada
cabou de chegar

Iago, Lú e Eu
Iago, Lú e Eu
Um trio da pesada
só pra variar

Eu já entediado
Ela bem modesta
Ele bonachão

Eu meio quadrado
Ela já desperta
Ele pancadão

sexta-feira, 8 de dezembro de 2006

Questão de Fé

Lucas C. Lisboa

"e gosta de preces?"
Mais que depressa responde:
"Eu não! Deus me livre!"

sexta-feira, 1 de dezembro de 2006

Tragicomicidade

Lucas C. Lisboa

uma gargalhada
trancada por dentes podres
apenas suspira

terça-feira, 21 de novembro de 2006

......Incêndio na Floresta

Lucas C. Lisboa

Enquanto a floresta inteira buscava
co'as bocas, bicos, trombas e suas patas
qualquer tanto d'água para essas matas
que nas chamas do incêndio queimava

O lobo, sentado, o vento tragava
usando de suas habilidades natas
a procurar aquelas almas rotas
que a floresta novamente incendiava

As feras todas caladas o censuravam:
ele parado, sem nada ajudar!

"Que ser mais egoísta!" - murmuravam
não viram-no sorrateiro a circundar...

Pois foi quando as brasas mais crepitavam
que os incendiários se pôs a caçar.

segunda-feira, 20 de novembro de 2006

......Música Artesanal

Lucas C. Lisboa

A música de seda
é duplamente tocada
ou só retocada?

quinta-feira, 16 de novembro de 2006

......Simbolismo Laico

Lucas C. Lisboa

Eu, que estou do lado errado da cruz
mas, não posso me lograr de maldito
entediado, com quem valsa conduz
em tom tão alvo, que jamais repito

Ela, que traz consigo a pura luz
mas, não me deixa enxergar o bendito
passado que, pelo pó, não reluz
hoje, sem qualquer verso, voz ou grito

Não fui convidado para essa ceia
nem chamado para assaltar despensa

Não sou daqueles que muito anseia
nem doutros que por soberba dispensa

Feliz se encontrar alguém que me leia
muito mais se encontrar algum que pensa

terça-feira, 14 de novembro de 2006

......Sorrias

Lucas C. Lisboa

Pois todo bom senso
não vai por nada além
d'algum contra-senso

sexta-feira, 10 de novembro de 2006

......O Banquete

por Lucas C. Lisboa

Talvez por ser o mais fraco;
Talvez por ser o mais forte;
por puro acaso de vida!
por puro acaso de morte!

Talvez por ser mais amante;
Talvez por ser mais consorte;
por puro acaso de azar!
por puro acaso de sorte!

Pois então nós brindaremos;
aos tão ilustres ausentes!

Pois então nós brindaremos;
aos tão ilustres presentes!

Pois então nós brindaremos;
aos ilustres simplesmente!

segunda-feira, 6 de novembro de 2006

......Dulcíssima

por Lucas C. Lisboa

E segurando a faca pelo fio...
Ela sozinha e trêmula morde
uma tal raiva tamanha que
machuca esse seu lábio tão macio

terça-feira, 31 de outubro de 2006

......Maçã Aurea

por Lucas C. Lisboa

As minhas loucuras são tão singelas
que suavemente podem ser colhidas
tal qual as pequeninas margaridas
ou quaisquer outras flores amarelas

As minhas esperanças são tão belas
que formam danças por demais perdidas
morrendo por elas diversas vidas
e não escorrendo nas aquarelas

Sou daqueles que Brinda às estrelas
sem se dar conta dos risos alheios
ou pensar no quão estão distantes!

Sou daqueles que realmente intenta tê-las
sem pensar nos absurdos ou ter receios
pois sei que elas são poesias-diamantes!

quarta-feira, 25 de outubro de 2006

......Sr. Personna

por Lucas C. Lisboa

Desesperado a saber caro amigo!

Por quantas anda nossa vontade?
Terias tu tal conhecer contigo?
Diga-me, pelo menos por vaidade!

O teu silencio é algum castigo!
Sabes se me ouvem nesta cidade?
Diria-me porque teus passos eu sigo?
Já não nos resta nenhuma verdade!

Sr. Personna, o que trazes pra mim?
Traz contento ou pesar sem fim?

Sr. Personna, o que trazes pra mim?
Traz mentira e boato assado ou assim?

Sr. Personna, o que trazes pra mim?
Traz agora um sonho bom ou ruim?

segunda-feira, 2 de maio de 2005

Lente de aumento

Uma gargalhada,
trancada por dentes podres,
apenas suspira.