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Poeta e apenas poeta

Já me olharam espantados quando digo que sou poeta e só poeta. Que não canto, nem danço, nem atuo, nem pinto, nem bordo, que "só" ...

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quarta-feira, 27 de dezembro de 2023

Sedenta Refrescância

Sedenta seden-ta
Sedenta Refrescância
Que quase que qua-se
Que quase desidrata 
língua boca e garganta

Essa sede profunda
Que dá mais e bem mais
Sedenta Refrescância
Sedenta seden-ta
Sedenta Refrescância

Quero beber seu som
através da minha pele
dentro dos meus ouvidos
cravando nos meus ossos
quero seu alarido
sua sonoridade 

sexta-feira, 10 de novembro de 2023

sospecho

Sospecho:
sus pechos
son pequeños
solo para
si plantear 
en mis lábios

sábado, 9 de setembro de 2023

Xepa

Sempre fui da xepa
da promoção e pechincha 
comprei meu coração
na barraca de um e noventa e nove

Mas meu peito e pulmão 
pobres e expropriados
fizeram fiado
pendurando a conta 
pra minha garganta
pagar sob protestos

Por solidariedade 
a boca fez greve
não queria o novo
e vermelho inquilino 
piquete montado, 
dentes trincados
mas a mão furou
pelega, não era de esquerda

Furado o piquete 
o coração caiu
na barriga 
burguesa 
de tão gorda
se fez de sonsa 
e não quis devolver

foi briga das feias
minhas velhas veias
tiveram que intervir 
greve geral e o general
da cabeça, prefeito 
não eleito do meu corpo
entrou em febre,
uma convulsão social

Reintegração de posse
biles, vômito e rebordose
mitocôndrias em pânico
ouviam a internacional
quando o latifúndio
improdutivo

Numa noite
fui tomado por uma princesa
que se fez realeza socialista 
encampou meu corpo
e botou meu coração no peito
deu um jeito nos grevistas
botou de regime minha barriga

E todos, todas as partes
pedaços, ossos, órgãos, células 
culturas bacterianas, tártaros superbacanas 
puseram abaixo a superestrutura

Era revolução,
de agora em diante,
Todos, todos 
teriam o direito
Inalienável 
ao pão,  
aos beijos dela
e... é claro, 
à poesia.

sexta-feira, 8 de setembro de 2023

Três pontinhos intermitentes

Ela curiosa fada
e eu nada, nada digito,
digo ou repito de pronto
e lhe espanto no poema
pruma prima pescadora,
pecadora, principesa

É alteza que habita o peito
dum jeito e dum carinho
que me desalinho e insisto
em fazer disto meu verso

O mais perverso convite
que insiste em poesia,
magia e prosa, de tanto,
mas tanto, tanto aconchego
que me chego de dentro
e de fora de seu beijo.

Que afago, abraço, no enlaço
pois lhe laço nessa cilada
cantada no clima de três
pontinhos intermitentes

quinta-feira, 7 de setembro de 2023

Fruto Mineiro

Sou daqui
não porquê nasci
mas porquê cresci
nas férias, feriados
aniversários e 
campanhas
da barragem,
das eleições,
de saúde,
e tantas mais 

Onde minha vó
me levava
à feira de sábado
e antes de chegar
parava pra conversar,
dar conselhos,
passar bilhetes,
curar joanetes
e calos ou caçar um carro,
um jeito de tratar fora
seus aflitos pacientes 

Vó demorava
a manhã todinha
pra caminhar
as duas quadras
de casa até a praça da feira 

Onde aprendi
a andar à cavalo,
à beira do rio, nas trilhas 
dos mascates e tropeiros 
e pescar no Rio Setúbal

Onde ouvi
sobre os trilhos
da Bahia-Minas 
que saia de Araçuaí
até Caravelas 
e seu fim num desatino 
dos milico tontos 
que desde pequeno
aprendi a não gostar

Onde minha vó
me deu o cavalo
que chamei de Rambo
mas que era o Jardineiro
pra todo mundo da fazenda
(Rambo, que nomebestameudeus!)

Onde fui pra escola
estadual Nossa Senhora de Fátima 
e fiz amigos, corri perigo
"Esse menino vai cair do cavalo!"
E eu nunca, nunca cai cavalgando
à toda velocidade ouvindo os cascos 
batendo nos paralelepípedos

Onde minha vó
me ensinou 
da Igreja,
dos padres,
das freiras...
me ensinou
seu ateísmo
não praticante 
e que tudo 
é política, luta,
cuidado
e também amor!

Onde dei meu 
primeiro beijo
onde aprendi 
a amar
o queijo, 
a rapadura 
e o puxa
(que eu puxei achando que era
uma ordem e não o nome)

Genipa americana, o fruto
Jenipapo de Minas, a cidade
são só nomes 
nomes insuficientes
para descrever meu amor
meu amor por um lugar
um lugarejo, distrito
e agora município
que é parte de quem sou
desde sempre.

terça-feira, 20 de junho de 2023

Perdi

Eu perdi
        perdi
eu perdi o último poema que lhe fiz

os versos estão
na ponta da língua
lambendo meus molares
dançando nos caninos
procurando num canto
num canto qualquer
o resto do seu sabor

Eu perdi
        perdi
eu perdi o último poema que lhe fiz

aquele que lhe disse
jurado, extasiado
ao pé do seu ouvido
enquanto ainda sentia
o tremor de suas pernas
enquanto ainda ouvia 
o arfar de sua boca

Eu perdi
             perdi
eu perdi o último poema que lhe fiz

Estou aqui
como quem relembra o gosto do doce de sobremesa
horas após o jantar
eu não quero escovar meus dentes 
eu não quero pentear minha mente
na procura do verso perfeito
que lhe disse confessado e arrebatado

Eu perdi
         perdi
eu perdi o último poema que lhe fiz

Eu quero
quero o poema inteiro
pronto, perfeito e acabado
quero ele na minha boca
quero ele no seu ouvido
        quero
eu quero de novo o gozo que me fez poesia

segunda-feira, 22 de maio de 2023

Vale o risco

Qual escolha tem
a exibicionista
no meio do risco
se o seu público
lhe arranca do púlpito
morde seu púbis
lambe seu seio
agarra sua bunda 
e vira seu algoz

Devora a fome
sem nome ou voz
provoca a carne
geme e se entrega
pelo capricho 
do passo em falso
que torce seu pulso
põe de joelhos
e lhe faz beber 
cada gota merecida

Rebola plugada
lambuza seu cio
regojiza em vermelho
pra ser devorada
tomada no tato
de pelo com pele
atada no arremate
abate e gozo
feita puta vadia
acaricia a mão 
que lhe doma
em sua própria
casa e cama.

segunda-feira, 27 de março de 2023

a velha, a lagarta, a caveira e a borboleta

A morte é vida
o fim, começo

O novo devora
o velho transmuta
num círculo sem
começo ou fim

E isso é belo

sexta-feira, 24 de fevereiro de 2023

Sátiro Selvagem

Sou seu sátiro selvagem
Sou seu sáfico sutil

Sou seu sátiro selvagem
salteando seus sonhares
Sou seu sátiro selvagem
sim, sou solitário sábado
Sou seu sátiro selvagem
safo, sade, sensualíssimo

Sou seu sátiro selvagem
Sou seu servo sadeano

Sou seu sátiro selvagem
serpenteando sepulcros
Sou seu sátiro selvagem
sombrios, sutis soluços
Sou seu sátiro selvagem
sem sorriso satisfeito 

Sou seu sátiro selvagem
Sou seu sulfi salivante

Sou seu sátiro selvagem
salivando sensuais
Sou seu sátiro selvagem
sanhas sofregas sativas
Sou seu sátiro selvagem
seduzindo assim seu sexo 

Sou seu sátiro selvagem
Só sou somente sou sempre
sem sutilezas sou só 
só seu sátiro selvagem 

quinta-feira, 1 de dezembro de 2022

Pós foda é foda

Pós foda é foda
mandei no zap a real

é que meu pau
já tá com saudade 
do seu cuzinho

Paixão de pica é pica
nem fez um docinho

e o meu cuzinho
já tá com saudade 
do seu pau 

segunda-feira, 14 de novembro de 2022

PARA UMA DIALÉTICA DOS PRAZERES

Lhes tomo como um escultor e não 
como um pintor, pois não tenho eu
uma tela em branco, um terreno
baldio, sem vida. A minha lavra
é de pedra, com seus veios, ranhuras,
rachaduras e sua própria forma pede;

Pede por, uma nova forma, um novo
modo de cantar suas dores e feridas.
Envolvo, justamente, onde lhes sinto
os seus mais profundos fascínios.
Pois lhes testo as próprias defesas
e lhes ato em seu próprio gozo!

Para as que desejam a prisão;
cordas, algemas e amarras.

Para as que anseiam a humilhação;
abusos verbais e ordens públicas.

Para as que tremem na dor;
meus chicotes e meus tapas.

Para as sensoriais, meus pés;
minha venda e minha vela.

Para as que tudo é pouco;
o meu nada e nada mais! 

sexta-feira, 4 de novembro de 2022

Poema retirado das mensagens do zap

a ninfo me confidenciou:
mamei um peão meses 
atrás no terreno baldio

Ele
trombei com ele 
numa rua escura
nos olhamos
e saí andando

Delicioso
de uniforme e coturno
indo pra casa
vindo da fábrica
o fdp tava delicioso

Negão
Não teve nem diálogo antes
ele entendeu e veio atrás
sentindo o cheiro do meu cio
fomos parar num mato

Pentelhudo
cheirão gostoso de pica 
me matando de tesão
tirei o leite dele
todo na minha boca

quinta-feira, 27 de outubro de 2022

Alusivo

Ah ela, a tal língua 
que lhe lambeu 
loucas maledicências 
de loucuras, malfeitos, 
malfados e maldades

Ela, língua, logrou 
eloquente êxito
e meu lirismo 
está de luto

Não lhe olharei linda
meus olhos são lágrimas
cada cheiro cada palavra
de seus lábios vermelhos 

censuro meu verso
censuro os sonhos
vejo os demônios
que nos deram 
num buquê de flores
é primavera!

Você reluz
meu amor
meu gesto
meu ato
mas não
não mais
nada

quinta-feira, 20 de outubro de 2022

Também é poesia

Quanta angústia cabe
dentro dum poema
Cada dor num verso
Cada drama numa estrofe

Mas o quanto de verdade
Eu lhe confesso em verso
Eu lhe confio em prosa
e quanto goza meu martírio
daquilo que não digo?

Carrego culpas tamanhas
temperadas com sonhos
desfeitos pelos meus erros
não preciso do seu dedo
em riste acusando tudo
tudo aquilo que sei
e já cansei de me mentir

Já não leio como lia
páginas e mais páginas
madrugada a dentro
porém, pro meu tormento, eu não durmo
passo em claro em silêncio
sem urro no meio da noite
guardo a dor bem guardada
num prateleira de mágoa e melancolia

Será que um dia eu esqueço
dessas culpas que só eu sei
e passo o bastão desalmado
prum desavisado mais romântico?
Será que um dia eu esqueço
de carregar esses ossos
e guardo num armário
como todo mundo?

sexta-feira, 21 de maio de 2021

Sinfonia

seu sexo em si
meu sexo bem lá
um sexo tão só
num sexo que ar fá
mais sexo pra mi
seu sexo de ré
só sexo sem dó

quarta-feira, 3 de março de 2021

Cecília

Ela começa com uma pergunta
antevendo minha resposta singela
Eu falo ela escuta sua boca coça
e me contrapõe com galante enleio
Ela me ensina sobre arte contemporânea
ouço atento transcrevendo em sílabas
poéticas, métricas e rimas
Ela me fala do concreto, dos bichos
móveis de Lygia Clark e Hélio Oiticica
Eu diminuo a velocidade do carro
esbarro minhas mãos em suas coxas
e repenso a filosofia procuro
um argumento na minha língua
Estou aprendendo como nunca
seus olhos brilham e rimos, sorrimos
juntos de uma piada boba
A viagem se alonga e não me importa
a estrada é nosso melhor destino
Rimas, tintas, história e coisa e tal

vocabulário

Respire, tome seu ar,
tenho fome das palavras,
bem trancadas, nessa boca.
Essas que mandam as favas
o pudor, da carne pouca,
que tampa sua vergonha
de menininha direita.
Quero logo que se ponha
em posição de que aceita
na cara as palavras sujas
e a expressão mais imunda.
Até mesmo aquela cuja
a palmada mais fecunda
de seu bumbum faz lembrar!

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2021

Foi sério mesmo

 você me tirou

do duo do spotify

apagou meu avatar

na conta da netflix

mudou a senha do wifi

tudo para eu não voltar

a contracenar contigo

cenas que nem no reddit

xnxx, pornhub ou redtube

encontrará tanto prazer

tanto orgasmo e satisfação

Juntos somos melhores

que qualquer sessão

profissional ou amadora

Nossos gemidos

a melhor trilha sonora

que não vai encontrar

nem na amazon music

sexta-feira, 1 de janeiro de 2021

Tautolorgia

O hoje é o depois de
amanhã de anteontem
e o antes de ontem do 
depois de amanhã
O anteontem do 
depois de amanhã
é hoje e o depois
de amanhã o antes 
de ontem de hoje!

domingo, 11 de novembro de 2018

Bibiquinha

Celular apoiado
no seu livrinho
de parangolé 
num ato safado
um videozinho
e play com o pé
 
botava bibiquinha 
bem bonitinha
na bananinha
a camisinha

botava bibiquinha 
na bundinha 
a bananinha 
com camisinha

Tudo gravado
Com carinho
menina mulher 
Um doce malvado
pro seu priminho
comer de colher

arfava e gozava
pra camerazinha
enquanto esfolava
a sua bundinha

botava e tirava
a bananinha
depois ficava
plugadinha 

Tudo preparado
um belo rabinho
gosta de sofrer 
Bem guardado 
com um sorrisinho 
pra quando ele vier