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Poeta e apenas poeta

Já me olharam espantados quando digo que sou poeta e só poeta. Que não canto, nem danço, nem atuo, nem pinto, nem bordo, que "só" ...

sábado, 28 de agosto de 2021

Em lá maior

Ligo o rádio e só toca
sempre o velho do re mi
mas meu coração coloca
meus ouvidos só pra ti
eufônica de tão bela
minha menina Mirela

quarta-feira, 25 de agosto de 2021

Rondó para Cecília

É, Cecília, meu amor
sigo seu passo onde for
rodeado por semelhanças
Iguais sem tirar nem por

Da nossa própria canção
nos passos e nos compassos
feita em verso, linha e traços
que nos ressoa o clamor

Medidas pela escansão
nos contempla tal crianças
de nossas secretas danças
pois sou seu versejador

É, Cecília, meu amor
sigo seu passo onde for
rodeado por semelhanças
Iguais sem tirar nem por

Nos diverte a discussão
que o Neoclássico acelera
e Barroco essa quimera
embala o fio sonhador

Fazemos da arte a lição
nosso pathos tão levado
e o rococó com cuidado
tecendo gotas de dor

É, Cecília, meu amor
sigo seu passo onde for
rodeado por semelhanças
Iguais sem tirar nem por

Pois quando acerto a mão
por nossas fomes aflitas
corro cordas tranço fitas 
lhe ato e desato em louvor

Nos céus eis constelação:
Psices et Virgo juntos
em nós somos sonhos mútuos
num destino bem maior

É, Cecília, meu amor
sigo seu passo onde for
rodeado por semelhanças
Iguais sem tirar nem por

Alvorece na nova estação
deste adolescer amável
um par óbvio e improvável
Insatisfeito fulgor

Narcisos, mútua visão
somos eternos infantes
pelo amanhã, no hoje e dantes
eis musa e compositor

É, Cecília, meu amor
sigo seu passo onde for
rodeado por semelhanças
Iguais sem tirar nem por

Com Caetano e um violão
numa cantinga de roda
lhe dou toda, toda corda
com ganas de amarrador

E me confessa a paixão
num soneto de bocage
convite pruma viagem
prima minha meu amor

É, Cecília, meu amor
sigo seu passo onde for
rodeado por semelhanças
Iguais sem tirar nem por

Canta comigo essa ilusão
sê meu querubim rebelde
de puro desejo e sede
nave, altar e confessor

És minha religião
minha musa, minha deusa
sem ti sou eu, só tristeza
de sonhar sem qualquer cor

É, Cecília, meu amor
sigo seu passo onde for
rodeado por semelhanças
Iguais sem tirar nem por

sábado, 21 de agosto de 2021

Sinal Fechado

Certa vez eu entrei no metrô para vender poesia como sempre fazia todos os dias, porém havia algo de estranho. Pois as pessoas estavam com uma cara tão triste mas tão triste que eu pensei que tinha morrido alguma figura muito querida e popular. Estava todo mundo com cara de enterro, de luto mesmo. Procurei saber, quem tinha morrido era o sol que não aparecia a uma semana. Cariocas não sabem lidar com dias de chuva, cariocas não gostam de dias nublados.

sexta-feira, 20 de agosto de 2021

Bonjour, Happy hour

Sede de saliva cannabis sativa
Vem, se achegue e aconchege-se
Sex to you, sextou my baby
Vem você de vinho, vem

terça-feira, 3 de agosto de 2021

Micro conto em 140 caracteres

Era perfecionista, mas também manco e sua perna esquerda teimava em alcançar a direita.  Caminhava sempre, pontualmente, em sentido horário.

quinta-feira, 29 de julho de 2021

porquê a verdade não vence a mentira

Não há argumentação possível contra negacionistas ou revisionistas históricos. É uma questão de economia básica. Enquanto a ciência prescinde de pesquisa, estudo e elaboração para corroborar suas teses o revisionismo precisa só de criatividade, retórica e imaginação. 

Ou seja: O tempo que eu gastaria comprovando que esse texto é uma bosta é muito maior que o tempo que gastou quem escreveu esse espantalho.  E mesmo se eu refuta-lo o autor pode simplesmente inventar outro argumento tirado da bunda sem qualquer trabalho. 

Por isso só dá pra discutir com quem está usando os mesmos paramentos técnicos, o mesmo rigor científico. Fora disso é pura perda de tempo.

Para combater notícias falsas não basta  jornalismo competente ou esclarecimento científico. É preciso de força política e econômica. Por isso iniciativas que cortam o financiamento dos propagadores de mentiras são muito mais eficientes que sites de checagem de fatos.  Checar fatos é um instrumental que legítima as ações de combate às mentiras. Mas sozinho, esse instrumento, não é capaz de mudar a propaganda de mentiras.

domingo, 11 de julho de 2021

Terra dos Troncos de Fogo

Os Primeiros foram aqueles que nunca vieram pois sempre estiveram em suas moradas entre árvores, em seu respeito pela floresta que tudo lhes dava e nada cobrava. Depois vieram os Orgulhosos das terras além-mar, cobiçando a água, a terra e até o ar. sangrando o solo com seus arados, cortado as matas com seus machados, ferindo as montanhas pelos cobiçados tesouros dentro delas guardados. 

Os Primeiros receberam os Orgulhosos pois as terras eram vastas, muito mas vastas do que tudo que precisavam. Mas não vastas o bastante para a cobiça dos Orgulhosos cuja avidez era mais forte e mais intensa, sua ganância imensa era sua força e por ela mataram, expulsaram e escravizaram os Primeiros. Os Orgulhosos, por terem seus braços menores que sua cobiça, trouxeram escravizados um povo forte, de fé e de suas terras distantes apartados. 

Os Resolutos e os Primeiros foram forçados a construir todo o reino dos Orgulhosos, suas cidades, suas fazendas, suas Igrejas, não há sequer uma pedra colocada no calçamentos de suas ruas que não tenha sido feita por eles. Mas os belos povos não entregaram sua alma aos orgulhosos e nem rejeitaram seus próprios deuses, confidentes uns dos outros aguardaram por eras por um momento. 

E o momento foi do Cataclisma que despertou na terra e no mar todas as criaturas que se ocultavam desde antes dos Primeiros. Caminharam pela terra todos os deuses e nos mares foram engolidos todo navio longe do porto,  e cada embarcação que ousasse cruzar o oceano. 

Os  rios viraram sangue durante o Cataclisma, sem as armas vindas de além-mar os Orgulhosos foram enfim enfrentados. Os Primeiros reconquistaram suas terras longe da costa. Os Resolutos quebraram seus grilhões e expulsaram das Terras do Norte Oriental os Orgulhosos. 

Após o Cataclisma, nada mais voltou a ser como antes. Não há mais qualquer contato com os reinos distantes, o Oceano de Atlas é intransponível e mesmo o mar além das montanhas do Ocidente é perigoso. 

As guerras foram de séculos mas um mestiço de sangue Orgulhoso, Resoluto e Primeiro ascendeu ao trono esquecido e com sua maestria convenceu cada rei a depor suas armas. Sem mais sangue, sem mais guerras até o Rei das Terras de Prata reconheceu o Rei Mestiço como seu imperador e assim a paz reinou por mil anos.

Porém durante o reinado da Rainha Delmora filha do amado Rei Ludovico surge Iahire, um guerreiro Orgulhoso da linhagem real, se ressentiu por ser preterido como herdeiro ao trono Imperial. Ele se alimentou pela ganância de seus antepassados e tramou junto a Guarda Real, os Clérigos da Cruz e os Barões de Terras sua própria ascenção. Para seu itual profano sequestrou os primogênitos dos Reinos de Prata, do Sul Oriental, do Norte Oriental e do Ocidente. E sacrificando-os absorveu sua linhagem e foi proclamado por seus seguidores como a restauração do Rei Mestiço. 

Com seu trono contestado, Delmora acabou enredada por uma rede de intrigas e golpeada por seu outrora fiel conselheiro Temerius. Ele manipulou todo o conselho real para declarar que a rainha havia enlouquecido, Delmora foi então enviada a um Sanatório e  Temerius foi nomeado tutor dos príncipes Villelmus e Immanuelina e assim governou com uma junta de conselheiros fantoches por 5 anos todo Império do Tronco de Fogo

Os Clérigos da Cruz, contrários a Temérius, por ele pertencer a um culto ligado ao antigo culto a Adonai, e os Barões de Terra, por ele ser ligado a Liga do Vapor, incitaram  com fiés e ouro a ascensão de Iahire ao trono. Iahire nesse momento já havia aprisionado dentro de si muito mais almas através de rituais profanos e seu poder era temido. Temerius não era páreo para enfrentá-lo e o ofereceu seu lugar sem enfrentamento em troca de permanecer como conselheiro real. 

Iahire no primeiro momento era apenas tutor dos filhos da Rainha porém soldados ainda leais a Rainha descobriram um plano de morte para o príncipe e a princesa elaborado pela própria Guarda Real. Num plano ousado conseguiram resgata-los do Castelo Vermelho. Porém isso apenas deu mais poder a Iahire que se outorgou plenos poderes e dissolveu o conselho em nome de uma caçada aos supostos sequestradores da familia real. 

Três décadas se passaram, os Reinos agora são governados por nobres Orgulhosos nomeados pelo próprio Iahire que governa todo o Império com terror. Há canções clandestinas clamando pela volta dos príncipes.  Há bandoleiros mestiços percorrendo as fronteiras dos reinos. A liga do Vapor está cada vez mais decadente, seus trens, suas ferrovias e suas  fábricas minguam enquanto os Barões das Terras, Guarda Real e Clérigos da Cruz ganham terreno, poder e influência cada vez maiores.



quarta-feira, 7 de julho de 2021

Atenção

Aqui tudo bem se ajeita
tem caos, bagunça, tem treta
e meu psicomotor
chega a ser um horror

Minha mente não é feita
de arquivo, armário, gaveta,
fichário organizador...
Nada tem lugar pra por

Hiperfoco no hiperléxico
minha hiperatividade
tem doses de ingenuidade

Concreto, nunca hipotético
sou distraído em cada ato
real, sonho ou abstrato

sábado, 26 de junho de 2021

Dentre trilhas


André Cruz Moreno Siqueira
brilhante de alma tão farreira
que me convida pra tanta
festa que logo me desanda 

É minha avis rara, guerreira
o melhor vinho da videira
que me embriaga pois me canta
todo o fôlego da garganta

Lhe passeio no seu território
pois lhe conheço no ser homem
pruma fome que ninguém dome 

Eu lhe quero saber de tudo 
em cada saber mais profundo
de sua boca, de seus olhos

sexta-feira, 25 de junho de 2021

Marina Mares de Morros

Bela Marina Araújo Teixeira
sigo, sedento e ávido na esteira
de suas palavras de seu véu
e pela sua voz inenarrável

Sua canção chega deixada a beira
do delírio duma verdadeira
musa, uma heroína de cordel
Riobaldo e Diadorim num tropel

Suas letras jurídicas me narram
entrelinhas de pura poesia
com melodia de voz e violão

São veredas e caminhos que esbarram 
na narrativa que me descaminha
o ritmo leve do meu coração

Galanteio

Pedro Henrique Ferrari Lessi Rabello
serão seus olhos, sua barba o meu novelo 
que desfio elogios que desafio o firmamento
e escrevo letras lindas a todo momento

Miro em sua voz, óculos e cabelos
e acerto sonhos lindos e sinceros
vagando em ti e em mim como se fosse vento
que varre em versejar e no proseamento

Lhe conto histórias, as mais felizes que tenho
ilustrando seu coração com meu engenho
e meus planos de alcançar o céu de sua boca

Porque seu núbio empenho é belo, sincero
que como bom espectador vejo e desvelo
um conto de princesas e rainha louca

A uma musa


A Debora Freire de Lima
é meu verso, minha rima
das letras é minha musa
que de tão perfeita abusa

Do meu sonho, minha estima
dos deuses uma obra prima
que nos meus olhos repousa
pois sua maravilha ousa

Ser mais brilhante que o sol
e bem mais bela que a lua
tão intensa quanto as marés

lhe sigo tal girassol
um nenúfar que flutua
pelas águas aos seus pés

quarta-feira, 16 de junho de 2021

Oralidade e Escrita


A leitura silenciosa que estamos acostumados a fazer é um fenômeno recente para as artes literárias. Até o advento da imprensa a leitura era uma atividade que envolvia a fala. Poderia ser através de murmúrios que acompanhavam as linhas do texto ou como Platão que ,lia a plenos pulmões.  A oralidade tão marcante nos textos antigos também pode ser vista pela hegemonia dos versos em detrimento da prosa. 

O verso é por excelência oral, foi através da oralidade que surgiram as primeiras versões da Ilíada e da Odisseia. Foi pelo caráter mnemônico que os primeiros aedos registravam na memória os milhares de versos que compõe essas epopéias numa época em que a cultura helênica ainda era ágrafa. O papel da escrita começa como mero registro para só muito tempo depois adquirir um estilo próprio, o fluxo de pensamento, o ritmo de leitura através da concatenação de ideias é um fenômeno muito mais recente que o fluxo ritmico causado pelas sílabas poéticas, pela alternância de sílabas longas e breves do grego ou das sílabas átonas e tônicas do português. 

O período da hegemonia dos versos é também o período marcado pelas grandes epopéias. Além das gregas temos a romana "Eneida" e a suméria "Gilgamesh", ainda na antiguidade clássica. No medievo temos a inglesa "Beowulf" , a germânica " Parzival" e a consolidadora do idioma italiano "A Divina Comédia".  Com o advento do renascimento surgiram novas epopéias como "Os Lusíadas" e "Paraíso Perdido". 

Porém conforme o fluxo mental, a prosa e a leitura silenciosa avançam, suplantando o veros, o ritmo e leitura em voz alta, a Epopéia também cede espaço para novos gêneros textuais o Romance e a Novela são frutos diretos da imprensa, eram, originalmente, publicados de maneira seriada em jornais. Onde cada capítulo vinha na edição do periódico vindo após as páginas de notícias tal qual ocorre até hoje quando as novelas se intercalam com os jornais na televisão. 

O texto em prosa não é feito para ser lido em voz alta, seu fluxo mental não obedece o fôlego da oralidade. Se o cordel com suas redondilhas pode ser contado verso a verso pelo cantador ou o repentista pode improvisar toda uma história se segurando ritmicamente nas sete sílabas de seus versos o mesmo não pode ser feito ao ler Machado de Assis, José de Alencar ou Paulo Coelho. A prosa exige um fôlego que apenas a mente consegue acompanhar, a lingua, o pulmão e a boca operam numa outra lógica.  Porém apesar da hegemonia do fluxo mental imperar contemporaneamente e a poesia moderna abdicar do ritmo natural ou formal há casos onde autores subvertem a lógica da prosa silenciosa e resgatando a oralidade nos trazem uma nova poética, agora em prosa como podemos ver em Clarisse Lispector e, principalmente em Guimarães Rosa.  

Grande Sertão: Veredas é profundamente calcado na oralidade, no falar do sertão. Sua leitura silenciosa atropela nuances que apenas a oralidade é capaz de captar. É uma 'epopéia contemporânea" num mundo o silêncio da prosa tradicional é hegemônica. Resgata toda a cadência, todo o ritmo da versificação que mesmo os nomes mais aclamados da poesia fizeram um laborioso trabalho de se distanciar. 

A literatura oral, aquela mesma que Benjamin exalta em seu texto "O narrador" é o substrato mais profundo da comunicabilidade humana, é por ela que e transmite universos e realidades por gerações e como diria Marcuse: "a poesia torna possível o que já se tornou impossível na prosa da realidade. Pois é em versos que o homem diz das últimas e verdadeiras coisas."

quinta-feira, 10 de junho de 2021

Road Trip

A história que conto agora
já até se foi sem ter sido
era segredo muito embora
por todos fosse sabido
menos pois pros dois viventes
que mais que muito se amavam 

Ela santa, ele vilão
tanta fome revelada
Barroca igreja, emoção
uma aventura ensaiada
e no carro o vidro enturva
pelos dois em pura bala

Era assim antes de outrora
o seu fogo ensandecido
que a boca sedenta chora
por onde é bem sabido
eis tão amados amantes
que na prosa planejavam:

"Belo Horizonte é visão
mas não terra destinada
das Minas Gerais sairão 
pela noite na calada 
numa lua que murmura
pra estrela vestindo gala"

Sem feito o plano embolora
mas do seu jeito sabido
ela é musa que colabora
c'o jeito desatinado
dele de amar tal ardente
fome que jamais amansam 

Road trip por todo sertão
uma viagem ousada
trinta horas na direção
ao lado da moça amada
os sonhos no porta-luvas
pois a estrada bem embala

E trocando a marcha rola
um carinho dele atrevido
ela compraz e lhe consola
os dedos num divertido
de dois corpos e uma mente
que do mesmo sopro aspiram

Cecília, seu coração
é guia e norteia em cada
quilômetro do estradão
mas a sua ritimada 
vem do gole de fanta uva
que a doçura lhes iguala

São vintage, na vitrola
do carro vem o alarido
de Caetano e cantarola
ela com mais um pedido
que gata pede somente
um Raul que jamais olvidam

Nas letras duma canção
pelas rodas pela estrada 
embalando na paixão
ao lado da moça amada
os dois nas retas, nas curvas,
desejos no porta-malas

A vontade descontrola
encosta o carro perdido
E os lábios dela devora
pelo convite atrevido
dela de assim sutilmente 
revelar o que ambos clamam

No cerrado, imensidão
tudo pois pruma picada
de aventura e de ilusão
que esperam lá na chegada
serão eles sol e chuva
duma voz que nunca cala

Vida dentro mundo fora
o carro desapressado
sem ter pra chegar sua hora
no tempo do delicado
deleite que tal corrente
seus sutis elos se selam

Cada serra e serração
e cada casa caiada
testemunham nesse chão
os amantes da cilada
embebidos na araruva
e segredos de cabala

Entre  um causo e uma história
o sol desce avermelhado
a paisagem rememora
o mundo dos exilados
seu contento descontente
é aquilo que mais esperam

Querem canjica e quentão
festa junina ensaiada
nas terras desse sertão
numa noite aluminada
pela fé na ciência pura
e na utopia que espalha

domingo, 6 de junho de 2021

Metapoética

Minha poética expande
pelo meu lirismo e pede
pra queimar esse baralho
de verso-livre-espantalho

Eu não sou Jack, não sou Gandhi
o meu modus operandi
conserta meu verso falho
metro e rima sem atalho

Corto frases, conto sílabas
retalho versos pra forma
que confirma a eufonia

E todo e qualquer escriba
que nunca se conforma
sou eu nessa poesia

sábado, 5 de junho de 2021

Confessionário

Nosso altar, nossa benesse
essas são noites tão frias
sem aquarela, sem prece
de suas mãos sobre as minhas 

Irmã minha que padece
cúmplice da mais vadia
vontade que nos aquece
e sonha todos os dias

Cecília, pelos seus olhos
eu me via bem melhor
do que sou, fui ou serei

Sim, sou eu de sonhos falhos
mas ainda sei de cor
os olhos que mais amei

quarta-feira, 26 de maio de 2021

sexta-feira, 21 de maio de 2021

Sinfonia

seu sexo em si
meu sexo bem lá
um sexo tão só
num sexo que ar fá
mais sexo pra mi
seu sexo de ré
só sexo sem dó

sábado, 15 de maio de 2021

Eu não queria te dizer

Sou meu vendaval:
o meu pé de vento
serve de sustento
pruma flor astral

São rosas de vidro
que contra meu peito
quebram e me cortam
com amor e doçura

Gotas de meu sangue
mancham minha blusa
branca de algodão
que a fome recusa

Sexo na varanda
e macarronada
Beijos pra torcida
e fim da estrada

sexta-feira, 14 de maio de 2021

Cachimbo D'água

Meu fumo, de levíssimas tragadas
um ato solitário, prazer
que atiça meu suavísssimo esquecer
de anéis de fumaça, bolhas d'água

Louvo as felicidades tão sagradas
da fumaça, dos pulmões, do meu ser
me entorpece, me atiça e faz viver
em tantos tragos nas cinzas apagadas

Seda, piteira e isqueiro par a páreo
e prontos pra dançar com meu veneno
nas médias medidas da escansão

Morros, montes, relevo solitário
da janela contemplo o belo extremo
Nuvens e prédios, uma só visão

segunda-feira, 26 de abril de 2021

excrementíssimo senhor

Das mentiras numa rede
sangue nas mãos e nas urnas
um copo de ódio sua sede
não mata mas rega as ruas

Justiça implora e lhe perde
as verdades das mais cruas
Telhado se fez parede
de vidro e regência nua

Casa de vidro é palácio
da milícia e da morte
que ceifa num só cardume

a vida que de tão frágil
esvai sem logro ou sorte
sob o mando dum estrume

quarta-feira, 7 de abril de 2021

Aldravia 8

Eu
Sinto
Tanto
A
Sua
Falta

sábado, 3 de abril de 2021

Aldravia 7

Quanta
Quarentena!
Sozinho
Sem 
Minha
Morena

Aldravia 6

Minha 
Glande
Penetra
Seu 
Esfíncter
Engole

Aldravia 5

Sol
Poente
Sangra
Vermelho
Todo
Céu

Aldravia 4

Meu
Falo
Seu
Felar
Gozo
Abundante

Aldravia 3

 Meus
Pés
Sua
Língua
Encontro
Perfeito

sexta-feira, 2 de abril de 2021

Aldravia 1

Pinga
Fogo
Risca
Faca
Boteco
Cachaça

Aldravia 2

Com
Cordas
Ato
O
Seu
Gozo

quarta-feira, 31 de março de 2021

Minha doce Pêra


A pêra queixosa fica pelos cantos
seu amor lhe usa só de vez em quando
sonha com as velas, as cordas e tantos
os prazeres que fica salivando

É faminta mulher cheia de encantos
é latifúndio pra ser invadido
com desejos cruéis que causa espantos
aos homens muito aquém do desejado

Diga os seus mais profundos dos anseios
suas vontades submissas, masoquistas
e tão, tão pervertidas que me soam

tal canção de ninar nos doces seios
duma devassidão das mais narcisistas
que das marcas sorri por mais que doam

Prum poema apaixonado

Tenho guardado meu verso
bem medido bem contado
de modo que não esqueço
prum poema apaixonado

Minha frente meu avesso
nos dedos escancionado
em lirismo todo imerso
prum poema apaixonado

Leio, releio, converso
que é tesouro lapidado
com seu brilho mais intenso
prum poema apaixonado

São palavras ao acaso
como quando jogo um dado
que abole o gosto e o senso
prum poema apaixonado

quinta-feira, 25 de março de 2021

Dúbios Deleites

Seu corpo delicado, meu declive
descendo suas curvas tal quem pinta
O mais intenso quadro que em nós vive:
nosso suor, saliva e gozo é a tinta!

Seu corpo terra chã pra que eu cultive
nosso prazer e a fome nunca extinta
A mais terna tortura que já tive
lhe ver nua, sedenta e tão faminta!

Temos nossos delírios, nossos sonhos
que sussurramos entre nossos lábios
desejosos um do outro mais e mais

Temos nossos desejos e carinhos
que machucam a pele para dúbios
deleites amarrados em seus ais


domingo, 14 de março de 2021

Gabriela,

eu não dou conta mais, não tem escala:
acordo e vou dormir pensando em ti...
durmo mais de doze horas e não para!
meu coração não para de sentir.

borderline, limítrofe que fala
o psiquiatra fala para mim:
que tenho que entender mas não repara
o fio que me corta a frio assim.

não, não me compreende, só me acusa
de não ser neurotípico e ser vil,
machista, torto, errado e bem malfeito!

sei que não tem qualquer que seja a escusa
pra que eu tenha esse péssimo perfil
de quem não tem conserto ou mais jeito!

domingo, 7 de março de 2021

Victória

cinco dedos espalmados
nas nádegas eritemas
com seus gemidos safados
que inspiram poemas

Nos nistagmos excitados
de seus olhos, doce pena
e num tenesmo plugado
que as lagrimas encena

lambendo meus pododactilos
em diplopia no entesado
do sexo que lhe desperta

rebola em pélvicos circulos
num borborigmo calado
quando o falo lhe penetra

Miau

Minha gatinha toda grata
plugada miava eterna
fome e jura insensata
e soltava a pilhéria
declarando se por tudo
seu amor tão torto e escuso

A mais safada, vadia
e obediente do gatil
Meus pés ela me lambia
dum jeito meigo e servil
abanando seu rabinho
implorando por carinho

Ronronava tal uma gata
se esfregava nas pernas
minhas totalmente grata
por deixar numa baderna
molhada o sexo miúdo
que ansiava um gozo imundo

Sua língua nada sacia:
mãos, pau, pés, tesão a mil
como mestre ela me via
solta um gemido sutil
por meu dedo em seu cuzinho
deixando meu pé limpinho

sexta-feira, 5 de março de 2021

Minha cobiça

Sente-se mais viva
nas juras eternas
sabor de saliva
pernas entre pernas

Você me vicia
com sede, com fome
e com a volúpia
intensa sem nome

sua mão vazia
trêmula nas minhas
em forte carícia
como ervas daninhas

Que brotam vizinhas
na veia a semente
feita verso e linha
amor simplesmente

num pulso pungente
o não entre o sim
que na cama prende
você feita pra mim

Não diz que não sente
o gosto do gin
que logo se rende
tão cativa no fim

quarta-feira, 3 de março de 2021

Cecília

Ela começa com uma pergunta
antevendo minha resposta singela
Eu falo ela escuta sua boca coça
e me contrapõe com galante enleio
Ela me ensina sobre arte contemporânea
ouço atento transcrevendo em sílabas
poéticas, métricas e rimas
Ela me fala do concreto, dos bichos
móveis de Lygia Clark e Hélio Oiticica
Eu diminuo a velocidade do carro
esbarro minhas mãos em suas coxas
e repenso a filosofia procuro
um argumento na minha língua
Estou aprendendo como nunca
seus olhos brilham e rimos, sorrimos
juntos de uma piada boba
A viagem se alonga e não me importa
a estrada é nosso melhor destino
Rimas, tintas, história e coisa e tal

vocabulário

Respire, tome seu ar,
tenho fome das palavras,
bem trancadas, nessa boca.
Essas que mandam as favas
o pudor, da carne pouca,
que tampa sua vergonha
de menininha direita.
Quero logo que se ponha
em posição de que aceita
na cara as palavras sujas
e a expressão mais imunda.
Até mesmo aquela cuja
a palmada mais fecunda
de seu bumbum faz lembrar!

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2021

Sade e a efemeridade:

não menos indiferente 
ao que farão de tuas cinzas 
do que poderias ter sido, 
a  antes de teu nascimento

terça-feira, 23 de fevereiro de 2021

Trova Quarenta e sete pra meia noite

De gangorra com a forca
eu brinco com meus passados 
que repasso a ferro e fogo
nos anseios que me mordo

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2021

Lentamente

Minha virtude, meu mote
não mais me diz quem eu sou 
muito menos porque vivo
Não tenho mais essa sorte
que do meu peito passou
me resta o frio cativo

Não sei bem quem mais errou
por mais que viro e revivo
não acho qualquer resposta
Tantos meses se calou, 
meu lirismo tão altivo,
de mim mesmo se desgosta

Qual verdade, qual meu crivo,
do pesadelo uma amostra
que do gosto me ressinto
Dessa sala não me livro
migalhas na mesa posta
é o q'Eu como tão faminto

Perdi o jogo, perdi a aposta
nem lavra, ouro ou quinto
me resta desse desejo
Das montanhas até a costa
acabei-me por extinto
todo gosto de meu beijo

Minhas mágoas de absinto
no meu quarto de despejo
guardo minha melhor veste
Manchada de vinho tinto
que lambo, esfrego  e almejo
com toda sede do agreste

No caco d'espelho vejo
o meu sangue e minha peste
minha humilhante derrota
No embalo do realejo
mecânico e inconteste
cuja melodia me corta

Não há um deus que me ateste
que me indique a certa porta
d'esperança e acalento
Não há diabo que se preste
a me contar uma lorota
que me afaste esse lamento

Não há jardim e nem horta
onde eu colha o sacramento
ateu duma vida bela
Espinho seco, flor morta
sem horizonte no firmamento
sou nau sem mastro ou vela

Testemunho e testamento 
minha herança e sequela
de coração aleijado
Desatino desatento
escondido na janela
do meu quarto rejeitado

Aqui jaz a sentinela
do anjo roto e maltratado 
que quis o meu bem querer 
Hoje é quadro d'aquarela
em lágrima aquarelado
me pintando sem me ver

Tento e tento ter cuidado 
ao meu pranto recolher 
destilado num só frasco 
Suturado e retalhado
sucessivamente ser
sendo meu algoz carrasco 

Venha, venha logo ver
não é ensaio de teatro 
nem coroa dum infante
Meu ocaso é pra valer
sem pudor e sem recato
jaz em dois o diamante 

terça-feira, 16 de fevereiro de 2021

Valiosa

Ela foi, sem menor dúvida, seu maior sonho já concretizado e quando findo sabia que era um trabalho ímpar. Não sabia bem porque, mas não lhe convinham olhos verdadeiros, em sua face de fada lapidou como ourives duas pedras de jade.

Tinha lhe feito com as curvas mais delicadas e uma boca tão rubra quanto bem tracejada. Entre os lábios uma língua muitíssimo apurada e a tez ao menor toque ou roçar se eriçava. Ouvia o bater de seu coração mesmo nos instantes de calma e quando ele nervoso ouvia o gritar sua alma. Quando ele chegava sabia de longe pelo olfato tão apurado e sempre estava encantadoramente bem perfumada.

Nunca o vira e nem podia sequer admirar a sua própria beleza que fora tecida por ele. Pois seus olhos eram de jade! Mas eles lhe caiam perfeitamente com sua profundeza sem fim...

Ela a cada toque mui deliciosamente gemia, soando-me como a mais bela e formidável sinfonia. Sua voz tão doce e delicada foi, por ele,  afinada. Dela eram as melhores carícias qu'ele recebia em toda sua vida e também ela rapidamente os pontos mais sensíveis dele descobria. Por ele cada gesto fora ensinada e nos toques de amor tornou-se requintada.

Adormecida seus olhos beijava, as frias pedras eram nela sempre cálidas. Nos seus olhos de jade nunca havia lágrima ou tristeza, somente a felicidade de Rei e Princesa.

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2021

Foi sério mesmo

 você me tirou

do duo do spotify

apagou meu avatar

na conta da netflix

mudou a senha do wifi

tudo para eu não voltar

a contracenar contigo

cenas que nem no reddit

xnxx, pornhub ou redtube

encontrará tanto prazer

tanto orgasmo e satisfação

Juntos somos melhores

que qualquer sessão

profissional ou amadora

Nossos gemidos

a melhor trilha sonora

que não vai encontrar

nem na amazon music

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2021

Camilla

Eu conheci uma garota
o seu nome era Camila
uma Menina direita, 
uma Menina tranquila

o seu chá de camomila
bolado pro punk na certa
olhos rubros de neblina
mocinha muito da esperta

e nos lábios de Camila
- a blusa o mamilo alerta -
os dedos faziam fila
no anexo à praça liberta

sexta-feira, 1 de janeiro de 2021

Tautolorgia

O hoje é o depois de
amanhã de anteontem
e o antes de ontem do 
depois de amanhã
O anteontem do 
depois de amanhã
é hoje e o depois
de amanhã o antes 
de ontem de hoje!

sexta-feira, 20 de novembro de 2020

Narcisa

Perfeita e linda ao espelho
pois me fica ainda mais
deliciosa, insinuante
com as minhas digitais
salpicando de vermelho
a sua pele num instante

sábado, 14 de novembro de 2020

Passeio

Está ela no paraíso
dos dedos entrelaçados 
da boca de puro riso
por seus joelhos ralados, 
Vestido todo florado
e seu rabinho plugado.

quinta-feira, 12 de novembro de 2020

Pois nada é tão humano

Pois nada é tão errado,
que não se possa acertar!

Pois nada é tão sagrado,
que não se possa gozar!

Pois nada é tão acertado,
que não se possa errar!

Pois nada é tão gozado,
que não se possa rezar!

Mimada

Por mimo, prazer e trato,
eis a linda bonequinha:
tão deliciosa putinha,
que uso, abuso e maltrato!

quinta-feira, 22 de outubro de 2020

Bom dia!

Quente, forte, sem açúcar,
sem média e sem sorriso.
Sobre acordar de manhã:
depois do café me expresso.

domingo, 27 de setembro de 2020

Lambendo os lábios

Ela me olha os pés e diz 
que Meu All Star azul
Combina com o vermelho 
da sua língua atrevida

segunda-feira, 17 de agosto de 2020

Dia perfeito


Antes mesmo que comece
cheiro do café e um boquete
Desplugo, abuso e fofo
seu rabo antes do almoço.

Preparo a sessão de palmada
para começar logo após a siesta.
Sua buceta amarrada preparo
como vou comer antes do jantar. 

E por fim antes que acabe
torturo seus mamilos 
com carinho antes de dormir

De madrugada um assalto
de seu corpo que é meu
e fodo de leve num ressonar

segunda-feira, 20 de julho de 2020

Poema Financista

Negociatas
E nó de gravata
LCI, Previ e CDB
São o meu prazer

Cheque especial
à malha fiscal
Eu Prefiro TED 
ao tédio

quinta-feira, 16 de julho de 2020

Não é sequer poesia muito menos soneto

Quando começou não imaginava
ganhar todo esse tamanho
que o amor fosse maior e mais forte
ou que eu tivesse um pouco mais de sorte

Mas conforme tudo se acabava
só ficou mais e mais estranho
sem gume, sem graça, sem corte
uma peça sem público e sem porte

Sem ver sentido larguei a terapia
e passo todos meus dias dormindo
quando consigo as noites também

Um pesadelo que pensei que acabaria
um sonho ruim que seria findo
mas continua bem mais além

terça-feira, 7 de julho de 2020

Anotações sobre o caráter econômico da Narrativa

A arte sofre influência direta das pressões econômica que as financiam. Os seriados televisivos são um exemplo patente dessa influência. Há uma diferença tangível na forma de contar histórias dos seriados concebidos para passarem na televisão com propagandas intercaladas e os seriados concebidos para streaming em plataformas digitais. 

Naqueles concebidos para a televisão podemos notar a presença de diversos pequenos arcos narrativos com introdução, desenvolvimento, cllimax e desfecho. Sendo a pausa para os comerciais feita no exato momento do clímax dramático para prender o público no assento e força-lo a ver o intervalo comercial.  

Já os seriados desenvolvidos para plataformas de streaming possuem uma narrativa mais próxima daquela dos filmes onde o momento do clímax é trabalhado durante todo o episódio não havendo diversos pontos de parada. Não há intervalos, pausas o ritmo é bem mais regular.

Essa prática moderna não é a primeira em que as pressões econômicas sujeitam a arte ao ditame comercial. O ronance nasce em capítulos pois era publicado seriado em jornais, um capítulo por vez. Sendo assim um atrativo para o público leitor adquirir o jornal seguinte e acompanhar o desenrolar da história.

Nas narrativas anteriores ao romance a divisão de dava por outra lógica, não para prender o leitor, os cantos do teatro grego demarcam bem essa diferença ao narrarem momentos bem distintos de uma mesma obra e serem bem menos numerosos do que os  capítulos de um romance.

segunda-feira, 29 de junho de 2020

Trovador Romântico

Cecília, noite toda úmida de seu mel 
dedilha com amor o cobiçado anel
Enamorado lhe faço um convite galante
seu esfíncter ao redor de minha glande

Cavalga-me serei cavaleiro fiel
você dama do lago ardente em seu véu
Formado em mim por ti,  virilha e ventre
que navega faminta atrás e à sua frente

Pois com goles de vinho adivinho seu ato:
seus lábios de fel que com gosto me felam
na esperança vadia por meu dulcíssimo gozo!

E faço do meu mimo um deleite e maltrato:
seus mamilos e rabo e nossos lábios selam
na fome que fartado em ti enfim me repouso...

sexta-feira, 19 de junho de 2020

Para abrir o apetite

O mimo e maltrato
são melhor sentidos
quando vem seguidos
um após o outro

terça-feira, 9 de junho de 2020

O efeito pedagógico da eleição de Bolsonaro.

O Bolsonarismo é uma doença oportunista que se instalou em nosso país fragilizado por uma doença chamada Anti-política. Uma doença que acomete um país que tem suas instituições do Estado democrático de direito sucessivamente atacadas por um determinado grupo para um determinado fim.

Pode-se dizer que é uma doença crônica do Brasil onde os Vermes do Fascismo estão sempre a espreita para lhe parasitar novamente.  O Estado Democrático de Direito estava talvez que pela primeira vez em nossa república avançando para sua consolidação. Um presidente eleito democraticamente passar a faixa presidencial para outro presidente eleito democraticamente é fato raro em nosso país.  Se falarmos então de partidos de espectros opostos da política só temos um único caso. 

Pois falemos desse único caso. Os tucanos ao se despedirem da faixa presidencial em 2002 disseram um até breve para ela. Tinham criado um apego anormal pois afinal, quatro anos antes numa jogada fantástica aprovaram a reeleição e contaram com a colaboração do em geral da República para deixar tudo limpo por lá.  Feita a manobra e cutucando as chagas da democracia foi-se indo nossa república fingindo que ninguém via as emendas e remendas costuradas nos acordos para pagar a votação da reeleição do padrasto do Real. 

Sim Fernando Henrique Cardoso é padrasto cujo o pai Itamar Franco à época  discordava um bocado dos rumos da educação econômica que o Real vinha seguindo muita cabeça baixa pro FMI e pires na mão. Era tanto neoliberalismo que veio o apagão pela absoluta falta de investimento no setor energético do país. Itamar que não tinha sido eleito presidente mas que como vice assumiu depois do impedimento do Collor, sim aquele que a Globo manipulou o debate pra ganhar a eleição, lançou o real no final do seu mandato. 

Itamar Ficou olhando a política de lado quatro anos e voltou como governador de Minas descontente com FHC, controlando Furnas a maior hidrelétrica totalmente nacional em plena crise energética ( essa história é muito divertida pesquisem), que naquela época já tinha um ilustre ex deputado do ARENA como seu conselheiro Aécio da Cunha pai do Aécio (da Cunha) Neves nosso escondido deputado que já foi tão chamativo governador e senador. Enquanto existir São João del Rey  Aécio tem garantido seu foro privilegiado. Aécio ainda usou o Itamar para garantir um mandato de senador pro Perrella (https://youtu.be/4nxNib41W1A) colocando o Perrella como primeiro suplente do Itamar aos oitenta anos concorrendo ao cargo de Senador de oito anos de duração.  Quem é que no Brasil presta atenção no suplente de Senador? No máximo lembravam o Itamar brigador lá da época do FHC ou só foi mesmo pelo controle total da imprensa mineiros feito por Andrea Neves.
Provavelmente não conhecem a Andrea Neves a verdadeira governadora de minas entre 2002 e 2010 enquanto o Aécio alternava entre sua cobertura no Leblon e fechar uma ala do Hospital Mater  Dei .  Pode procurar uma notícia negativa, uma crítica, um jornal Mineiro chamando o Aécio de bobo entre 2002 e 2014 que não encontrará. Foi no seu feudo que Aécio se blindou totalmente dos escândalos como a lista de Furnas onde seu pai foi conselheiro até 2010 e processos inúmeros que nunca eram investigados, julgados.  (Googla ai Aécio prescreve) e também escapou da Guerra de Alckmin e Serra,  os tucanos de São Paulo.

Serra, Alckmin, Serra, Aécio, Alckmin. Enquanto o PT ao perder sucessivas eleições mantinha sempre o Lula lá como cabeça de chapa. O PSDB nunca firmou ninguém. Não que o PT tenha feito o melhor governo do mundo mas o PSDB conseguiu se sabotar bastante ao longo de todos esses anos. A cada disputa eleitoral se alternavam em atacar-se internamente para conseguir ser a escolha do partido também moviam uma rede para atacar o PT. 

Todo e qualquer partido político no mundo tem sua base de apoio em algum grupo de indivíduos que se identificam com aquela sigla, o pt com os sindicatos e trabalhadores rurais, o PSOL com os universitários, o novo com os banqueiros, já o PSDB  sempre esteve ligado aos grupos de mídia e ao judiciário. Vide a Andrea Neves em minas e e o pai do ex-Juiz Sérgio Moro fundador do PSDB de sua cidade. As ligações dos partidos são esperadas e até naturais entretanto o PSDB ao perder sucessivas eleições começou a mover essa rede de apoio de uma maneira que começou a ferir nossa democracia.

Os sucessivos processos judiciais contra o partido dos trabalhadores que se moviam numa velocidade nunca antes vista em nosso judiciário e tomando decisões nunca antes tomadas com uma cobertura de imprensa escandalosa sobre fatos mínimos gerou uma perseguição jurídica e midiática cujo objetivo era tirar o PT do poder a qualquer preço. 

Mas o preço foi mais caro do que qualquer um poderia imaginar. A cada matéria jornalística que se massacrava o PT não se massacrava só o partido mas todo o sistema político levando a descrença generalizada.  Levando ao desprezo igualitário a todo e qualquer político. Tornando Lula, Aécio, Bolsonaro, Amoedo e qualquer outro iguais e na igualdade  quem leva vantagem é mais corrupto pois a lama é sua especialidade.  Ele deixa de parecer sujo já que todos são então tanto faz.

Nessa sanha de derrubar o pt a doença da Anti-política acometeu o país que se convulsionou inteiro vomitou e engoliu a velha política sem saber exatamente o que fazia. E elegeu o pior congresso de sua história. Pior não por ser de direita ou de esquerda mas pior pela qualidade de seus congressistas.  O PSDB seu maior causador também foi uma das suas maiores vítimas e junto com o DEM (antigo ARENA) foram reduzidos a metade do seu tamanho. 

O Bolsonarismo surgiu justamente desse lugar com uma bancada absolutamente inoperante e babando de ódio com seus próprios deputados obstruindo as pautas do governo. 
Já o PT, bom, o PT seguiu sendo a maior bancada do congresso pois era o único dos grandes partidos que possuia militância e essa militância não foi contaminada pela Anti-política, pelo discurso dos jornais e pela perseguição jurídica. Aliás a prisão do Lula teve o efeito contrário ressuscitando o petismo de muitos que já não militavam. Os demais partidos mais à esquerda também cresceram ficaram bases.

O PSDB tentou acabar com o PT para assumir seu lugar mas seus ataques enfraqueceram toda a política e o enfraqueceu muito mais que o PT. Desde 1989 sempre que há segundo turno o PT está nele. Durante toda a eleição preferiram atacar o PT do que mostrar o monstro que o Bolsonaro era. Já sabiam de todos os crimes e corrupções dele, de todas as suas falas monstruosas. 

Se a rede Globo quisesse poderia manipular a eleição para tirar o Bolsonaro do pleito como  já manipula eleição após eleição.  Material gravado não faltava era só escolher o que passar no jornal nacional no primeiro e segundo turno. 

Só que todos acharam que iam poder controlar esse monstro fascista. Aliás  a direita democrática sempre faz isso quando começa a perder demais aposta num Fascista achando que pode controlar. Churchill e Cia também achavam que podiam controlar Hitler.




segunda-feira, 25 de maio de 2020

Descontrole

Certa vez uma moça veio em minha casa com uma blusa listrada estávamos morrendo de saudades um do outro, da moça e não da blusa obviamente. Depois de duas garrafas de vinho a blusa se misturou com minhas calças em algum canto do quarto e minhas pernas se misturaram com suas coxas na cama.
Foi uma longa noite que poderia durar uma semana de tão gostosa que estava, mas na manhã seguinte, depois de termos dado uma segunda rodada e tomado café, ela me pergunta: — Tô muito descabelada? — Não até que não está, seu cabelo continua lindo. Eu disse sorrindo, o cabelo dela era incrível continuava perfeito mesmo no dia seguinte. Mas ela parecia contrariada: — Me ajuda a encontrar minha blusa listrada? Procuramos, reviramos, travesseiros, cobertores, tapetes, roupas, toalhas e nada. Nem o menor sinal da blusa listrada. Fomos nos dois derrotados pelos gnomos esconde dores de roupas. E eu emprestei uma camiseta minha de cor amarela que combinava bem com sua pele. Não era como a dela. Mas serviria por enquanto. Ela terminou de se vestir tomou o carro de transporte e foi para sua casa. Chegando a tempo do almoço de família. Voltei para casa, pros meus afazeres sérios de procrastinar meu dia. Até que me dei conta que tinha perdido o controle remoto da televisão e novamente me meti na labuta de revirar o quarto... e não é que nesse momento a blusa listrada ressurge do nada? Estava enroscada junto com as cordas que ela tanto se amarra que eu usei nela. — Achei sua blusa listrada. — Não creio! Como você achou? — Procurando o controle da tv. — Tá foda né! — Vê se você por acaso não vestiu ele ai — Meu Deus!

quinta-feira, 21 de maio de 2020

Tá achando que esquerda é bagunça?

Tem algo que eu odeio mais que bolsonarista. É o tal do Isentão, isentão que já está jogando o Bolsonaro no colo da esquerda como se fossem a mesma coisa. Como se não tivessem apertado felizes 17 com a esperança do Bozo vender até a última estatal e privatizar até o ar de nossos pulmões. E agora que viram que o Filho duma chocadeira é exatamente como a gente descreveu e como ele próprio dizia que ele era. Estão correndo pra de livrar da culpa e se mostrarem como salvadores da pátria. 

Sinceramente? Quem botou ele lá que tire.  Sim senhora Globo, sim senhor Dória, Witzel, Aécio, Zema e companhia. Quando vocês fizeram a merda de manipular o debate em 89 para botar Collor lá o PT fez das tripas coração pra tirar o playboy de lá. Mas todo desgaste de tirar o bode da sala rendeu louros para o príncipe dos sociólogos o novo queridinho da Vênus Platinada. 

Agora fazer cara de nojinho, dizer-se arrependido, enganado, surpreso só me dá vontade de arrastar a cara de cada um de vocês no asfalto quente. Porquê é muita cara de pau. Os trinta anos desse merda no congresso não deixavam dúvidas de seu sonho dourado Miliciano. Até a porra da sua camisa de campanha era uma imitação barata do pôster do poderoso chefão! E que vontade de xingar quem dizia que eu estava sendo exagerado quando eu apontei isso na campanha, que isso era mera coincidência. Pois até seu condomínio é um condomínio mafioso com assassinos e traficantes de armas como vizinhos! É uma paródia mais que perfeita. 

Não me venha botar mais essa na conta da esquerda. Já tô de saco cheio de arguir os historiadores sobre esses assuntos, assim eles merecerão ganhar adicional de insalubridade para responder perguntas como estas se Bolsonarismo, integralismo e nazismo são de direita ou de esquerda. Porquê anauê é o raio que o parta.

quarta-feira, 20 de maio de 2020

O que diria Fedro?

Cada deus embriagado
numa arena enluarada
no hipódromo do Olimpo
de mão em mão a sua benção

Por eles agraciado
com a minha biga alada
de chucros cavalos negros
Distraído e Depressão

Não basta vinho de Baco
nem os  beijos de Afrodite
e por mais que Eris me irrite

Pra Apolo não tenho saco
Hera e Zeus? Não sou padre.
quiçá ao Hades se acabe!

sábado, 2 de maio de 2020

Era como se fosse Domingo

Ele já teve uma casa boa para ir em cada capital. Para pernoitar, se deixar ficar e se arrumar. Antes, depois e após cada festa e funeral. E eram muitos os que já fora convidado. Sim, já fora convidado. Não mais. Nunca mais.  Hoje nesse primeiro de maio de ruas desertas e infectadas doía sua barriga de fome, suas víceras de vício. 

Nunca fora por assim dizer um trabalhador. Mas sempre um entusiasmado defensor de suas causas. Suas pernas cansadas pararam, sua respiração pesada por detrás da máscara pediam por um ar fresco inexistente.

Sacou o molho de chaves, ela não trocaria o segredo, não importa o que acontecesse. Era contra seus princípios. Arrastou o portão de ferro que rangeu em protesto como sempre fez nesses trinta e três anos que moravam ali. Ele riu-se havia vinte que já não morava mais. Mas onde ele diria que era sua casa senão ali?  
 
O Primogênito pousou seu pé no primeiro degrau e forçou seu corpo magro ao alto como se o mesmo de repente pesasse muitas arrobas. Vencendo os degraus pouco a pouco viu que o arrombado do seu irmão caçula fora alertado pelo portão escandaloso como acontecia sempre que ele tentava voltar desapercebido das escapadas noturnas. 

Marcelo vestia em seu corpanzil de ex atleta obeso um passeio completo com direito gravata, quem mais faria isso para visitar os próprios pais no feriado no dia do trabalhador, ou como diria o próprio dia do trabalho? Mas não, não usava máscara tinha dinheiro para pagar as vacinas importadas que custavam seu peso em ouro.

- Marcos, Mamãe não vai lhe receber - disse Marcelo em meio a mini floresta que era a entrada da casa após a escadaria - Nós estamos no meio do almoço.
- Mas já são três e quarenta e cinco da tarde - exasperou Marcos de olhos injetados - Ninguém almoça tão tarde. 

O portão lá embaixo bateu, ambos os irmãos ignoraram solenemente. A campainha estava estragada novamente?

- Quinze pras quatro - Marcelo, corrigiu friamente - Você bem sabe como papai se demora para cozinhar nos fins de semana.
- Quem se importa, não vou me demorar - insistiu
- Hoje não Marcos, não comigo aqui. 

O portão bateu novamente, agora ambos se entreolharam e o ar contaminado pesou ainda mais. 

- Você não tem esse direito. - Marcos rosnou por detrás da máscara. 
- Não só tenho como estou fazendo. - sorriu triunfante de orelha a orelha e completou como dá ordens a um subalterno - Já está na hora de ir  vá ver quem está no portão, sua mãe espera por seu filho. Parece que você não conseguiu estragar de todo o garoto.

Fuzilado por aquelas palavras tateou cegamente sem resposta o corrimão da escada, desceu como um cão enxotado da porta da igreja, desceu cambaleante  se apoiando nos espaços vazios que encontrava pelo caminho até se separar com o portão dedo duro que xingou mentalmente pela milionésima vez.  Ao abrir o portão deu-se de cara com o grande clichê, a sua versão mais jovem, melhorada, sem todas as suas burradas, erros e cagadas.

- Pai - Miguel olhou pra ele num misto de espanto e alegria e o abraçou - Não esperava ver você aqui. Vovó deve estar tão feliz! Já faz meses que ela fala que estava preocupada contigo.
- Não pude entrar, Marcelo. - Marcos cortou secamente.
- Filho da Puta! - Gritou Miguel na fúria dos dezoito anos.  - isso não vai ficar assim.
- Não faça isso, não se exalte assim, não compre essa briga. Eu não valho a pena - os olhos de Marcos estavam completamente vazios - escolha melhor do que eu as brigas que vai entrar.
- Então eu vou com você, vamos almoçar juntos! - Miguel disse num estalo -  Abriu um restaurante de comida inuite novo que está todo mundo comentando que adoraria que fosse comigo. 
- Eu já almocei são quinze pras quatro - mentiu Marcelo - quem almoça a essa hora? Além do mais mamãe iria ficar muito triste em não ver seu neto favorito. - completou rindo
- Mas eu sou o único! 
- Justamente!
- Como eu lhe encontro? 
- Meus contatos continuam os mesmos.
- Mas você nunca responde.
- prometo que agora vou responder
- Vamos almoçar juntos essa semana?
- Vamos.
- Promete?
- Prometo.

Marcelo deu um abraço afetuoso em seu filho, o viu subir as escadas, fechou e trancou o portão.
Caminhou sem rumo  ou direção. Sentou numa praça. Sentia fome. Mas pior que isso era o que lhe despedaçava o orgulho. E se pôs a chorar o velório da sua vida de merda.

sexta-feira, 6 de março de 2020

Porquê o mineiro se encanta ao ver o mar

Mineiro tem mais culpa na alma do que tem  minério nas suas montanhas. O minério século após século escavamos, primeiro ouro, depois o conto diamantino, por fim o pesado minério de ferro vermelho, sanguíneo, perene que tudo mancha e não sai. A cada chuva após caprichosa estiagem faz das estradas um rio vermelho, um fluxo menstrual de pó de asfalto, minério e água. Mas, ao menos dessa, vez não há lençol branco para se esconder. O que nunca mudou foi a culpa. A culpa essa estranha a gente entranha cada vez mais. Culpa, matéria prima da Santa Igreja Católica Apostólica Romana que montanha por montanha por suas ordens terceiras ergueu igrejas lindas Barrocas, Rococós, ornamentadas com folhas douradas, meticulosamente entalhadas, esculpidas,  cravejadas, madeira, pedra-sabão e rubi. Vigiar e punir foi lavrado nas bateias de ouro preto bem antes de ser cunhado em terras além-mar, por aqui há muita janela lateral para pouca namoradeira. Culpa, medo, tão fortes são que até tombamento histórico prévio de igrejinha recém inaugurada se faz em minas. Os horizontes são belos mas, que medo que dá saber o que há do lado de lá das montanhas que se vêem na linha do horizonte para todo lado que se olha, estar cercado de montanhas é ter muralhas naturais em cada uma de suas grandes ou pequenas cidadezinhas, que igualmente protegem e sufocam.

quarta-feira, 4 de março de 2020

Paz(tiche)

Encontrei a paz
e já aceito bem
meu vício é ver
um ser qualquer
transpirando
ao talhar a pedra,
ou numa pintura,
fazendo seu verso,
no seu gozo,
numa laje
vira massa,
vira terra,
numa horta,
num pomar,
num jardim,
no canteiro
central da
autopista
numa máquina,
numa troca
de pessoa
ao volante,
que se joga
pro seu canto
reza forte
para Bara
erra o tiro
mas o berro
da polícia
tá chegando;

Minha musa
tão safada
vê beleza
nisso tudo,
bebo um gole
de não sei
também sou
caprichoso
indolente
com meus versos
pasticheando
num sadeano
prazer métrico.

domingo, 16 de fevereiro de 2020

Poliana polivalente

Porquê matar dois coelhos
com uma caixa d'água só
é usar vestido de festa 
junina no carnaval

De saco cheio: Poema x Poesia

Poema é o que você 
rasga, embola, joga fora
e finge que nunca existiu
porque ficou uma merda.

Poesia foi o que você
achou que era motivo 
inspirador o bastante
pra escrever aquela merda.

quarta-feira, 12 de fevereiro de 2020

A RABA DA BUNDA

Olê aí a ô
A raba da bunda
Olê aí a ô

[A raba da bunda
Olê aí a ô]

Nessa raba tem um rego
Ó que rego!
Belo rego!
Ai ai ai que amor de rego
O rego da raba

[REFRÃO]

Nesse rego tem um cu
Ó que cu!
Belo cu!
Ai ai ai que amor de cu
O cu do rego
O rego da raba

[REFRÃO]

Nesse cu tem um fogo
Ó que fogo!
Belo fogo!
Ai Ai Ai que amor de fogo
O fogo do cu
O cu do rego
O rego da raba

[REFRÃO]

Neste fogo tem um tesão
Ó que tesão!
Belo tesão!
Ai ai ai que amor de tesão
O tesão do fogo
O fogo do cu
O cu do rego
O rego da raba

[REFRÃO]

Nesse tesão tem uma pegada
Ó que pegada!
Bela pegada!
Ai ai ai que amor de pegada
A pegada do tesão
O tesão do fogo
O fogo do cu
O cu do rego
O rego da raba

[REFRÃO]

Nessa pegada tem uma tara
Ó que tara!
Bela tara!
Ai ai ai que amor de tara
A tara da pegada
A pegada do tesão
O tesão do fogo
O fogo do cu
O cu do rego
O rego da raba

[REFRÃO]

Nesta tara tem uma cintura
Ó Que cintura!
Bela cintura!
Ai ai ai que amor de cintura
A cintura da tara
A tara da pegada
A pegada do tesão
O tesão do fogo
O fogo do cu
O cu do rego
O rego da raba

[REFRÃO]

Nessa cintura tem uma raba
Ó Que raba!
Bela raba!
Ai ai ai que amor de raba
A raba da cintura
A cintura da tara
A tara da pegada
A pegada do tesão
O tesão do fogo
O fogo do cu
O cu do rego
O rego da raba

[REFRÃO]

segunda-feira, 10 de fevereiro de 2020

Metafísica

O órgão do prazer
sensual é o cérebro  
restante é acessório
Orgasmo é a mente
trespassando o corpo

Que surge e se sente
em tantas partes
e de tantas formas
quanto se há poros
no seu rosto.

sábado, 25 de janeiro de 2020

Mediterrâneo

Sei que há quem cultive
amores platônicos...
Mas eu me dou mais
com o beijo grego

quinta-feira, 9 de janeiro de 2020

Dissoneto

Eu gosto mesmo de conduzir
sem pressa e trocar marchas
dedilhar com muito carinho
testar limites e fazer absurdos

Levantar sua saia e comer 
seu rabinho no capô do carro 
debaixo do viaduto as duas 
da madrugada num dia de semana

Eu normalmente não fumo
mas você quer um cigarro
tem no porta luvas do carro

Um trago enquanto me refaço
em seu boquete pós sexo
limpando meu falo de seu cu

sábado, 30 de novembro de 2019

Djafu

Teus milicos se metem as mãos nos pés Mas pra fora eu te incendeio Teu votar não me diz exato o que tu queres Mesmo assim eu te incendeio Te venderia a qualquer preço Porque sou ignorante e mereço te incendiaria tal Caetano a Leonardo di Caprio é um milagre Tudo que Deus criou foi via lei rouanet Fez a Ancine, fez o Niemeyer Sem pensar em nada, fez a familicia e deu no que deu

quinta-feira, 21 de novembro de 2019

Das vaidades post mortem

Podem mijar no meu túmulo
quebrar o meu epitáfio
até foder com meu cadáver...

Mas, por obséquio, jamais
coloquem os seus poemas
piegas na minha boca!

terça-feira, 19 de novembro de 2019

Dos anais contemporâneos da arte moderna

Estávamos saindo de casa cedo e  só fui me atentar quando vi a van dos correios estacionada na porta. E me lembrei da cartinha que tinha encomenda me esperando lá nos correios e eu nem me lembrava do que era. Foi uma aventura buscar. E quando conseguimos pegar e abrir os olhinhos dela brilharam tanto!  Eu me fiz de desentendido quando cheguei do trabalho e o meu banho estava preparado na banheira, me fiz de desentendido quando ela quis buscar não sei o que lá embaixo. 

Foi delicioso torturá-la como se não soubesse da ansiedade dela. Só depois de tomarmos um vinho. Pois é, recomendações médicas. Já não posso mais beber cerveja como bebia, nem destilado e muito menos do outro lado. 

Ao menos as práticas sodomitas contínuo liberado. O que seria de mim sem meus rabinhos servis a disposição? Eu durmo tarde pra caramba. Tô sem um pingo de sono. Amanhã acordo com ela me trazendo o café e levanto pra levá-la na biblioteca pra ela estudar pro seu projeto de pesquisa e depois vou pro trabalho fazer minhas pesquisas pra curadoria. 

Ver ela dormindo deitada no seu colo segurando seu pau e roncando de levinho  toda arrombada,  com o bumbum vermelho e ardido depois de ser usada, abusada e orgasmada de mil maneiras diferentes é um prazer único. fico aqui só olhando pra ela e admirando. 

Tá coberta, tá dormindo tão bonitinho com a mão no meu pau, ainda como um nenê, de vez em quando faço um cafuné.Mas a cabeça vai voltar pra noite onde ela abriu toda feliz os embrulhos dos arreios novinhos que chegaram, os arreios de cintura, coxas, de dorso, seios.. Foi um pedido dela, hoje era o último dia de buscar nos correios e eu tinha me esquecido.

Ela toda amarrada, apertada, empinada, arreada para mim, irresistível com os seios empinados, deliciosos, um convite malicioso que eu eu não poderia negar jamais, me levantei como quem vai avaliar melhor o presente que deu. e cheguei mais perto e apertei as fivelas, uma a uma. ajustando onde estava frouxo, deixando justo, 

Colocando suas carnes já não tão mais magrinhas como quando a conheci na justa medida dos arreios, sim conforme lhe apresentei os prazeres da gula e da bebedeira alguns quilogramas a mais de pura delícia apareceram em seu delicioso corpo. Só para meu prazer. Deslizei minhas mãos pelo seu corpo. passeei pelos seus cabelos, seios, lábios, sexo.  Tudo delicioso. Peguei no baú a varinha mágica, e as fitas expansíveis de esportistas e as posicionei bem colocadas para segurar bem em cima de seu sexo de modo a lhe causar delírios. 

Os quadros novos nas paredes eram uma boa inspiração, me sentia um mecenas de arte contemporâneo, um alguém cheio de virtude e como tal podia e devia brindar e comemorar da maneiras mais dionisíacas nessa noite pois a arte não vive só de momentos apolíneos. E na minha parede de mapas e bordados a prendi as mãos nas coleiras afixadas no tapume de madeira. 

Lhe dei com bastante  carinho cutisanol e bepantol em seu orifício anal enquanto massageava calmamente suas nádegas com um gel dotado de vitamina E. Seu rabinho brilhava no espelho e a varinha mágica fazia seu corpo todo tremer e já era possível ver seu líquido de prazer escorrer na altura dos joelhos.  E para completar o conjunto a pluguei com uma joia de minha cor favorita, o vermelho. 

Retirei um chicote, uma focinheira, uma sineta e instalei a focinheira e a sineta. O jogo era mais divertido assim. Não se tratava apenas da dor pura e simples. Havia um espelho de frente a nós e todos os nossos movimentos eram vistos e revistos, cada gesto, cada segundo nosso era  contado e recontado, ajustado e medido. O menor barulho da sineta faria a punição do chicote ser pior.  E então comecei, o chicote bem de leve, a tensão de não fazer barulho a fazia imóvel, estática, era a pior tortura. não poder esboçar reação. 

Nenhuma reação a varinha mágica, nenhuma reação aos tapas, as carícias, as lambidas, toques, invasões, usos e abusos, e os vermelhos, vergões sofreguidões iam se tornando cada hora mais intensos e ousados.  Até que me dei por satisfeito, ambas as nádegas já estavam da cor que eu queriam de um vermelho bonito, um vermelho lindo. Um vermelho carmim e reconfortante ao toque. 

Retirei com carinho o plug  e meu falo o substituiu com toda fluidez, um suspiro marcou o contato de minha virilha com suas nádegas róseo-rubras e minha penetração foi intensa como ditava a vontade narcísica do espelho que estava ali em frente. Ela amarrada na parede de sisal não cabia outra alternativa senão penetrá-la mais e mais enquanto o estímulo vaginal incessante vindo da varinha mágica lhe mantinha no transe constante. 

A penetração passou ela fases de seu corpo todo arrepiar, de seu corpo todo arquear, de seus arfares, de seu pedido delirante para parar, de sua respiração pesada, de seu tremor delirante, de seu implorar, o tremor intenso e absoluto, de sentir meu falo inteiro sendo devorado durante o orgasmo que apertava e soltava enquanto suas pernas fraquejavam e o corpo tremia  e voltava em um inconfundível deleite, até meu próprio gozo, seguido de uma pequena tortura após.  onde pude deliciar-me  com meu brinquedinho semi desfalecido em seu calvário,  presa pelas mãos sustentada pela minha pica e mãos. a varinha em seu sexo já dormente. E eu calmamente ainda lhe fodendo o rabo como se nada tivesse acontecido, por pura maldade. 

Para só depois soltar mãos, braços, antebraços e tudo mais da parede  dos bordados , coleiras mapas e sisal. a levei pra cama, onde tiramos seus arreios, e seu rosto de menina satisfeita e feliz contrastava com sua exaustão e desejo de quero mais, deitou-se aninhada à minha perna esquerda, querendo mais, mas adormeceu ali, segurando meu pau, como um bebê com seu brinquedo favorito.