Menina-raposa
seu corpo de flor
espinho e rosa
em perfume e cor
Menina-raposa
lhe sorvo o suor
de garoa nova
em tom sonhador
Menina-raposa
lhe provo o sabor
que tanto nos goza
em prazer e dor
Menina-raposa
sou seu caçador
de verso e de prosa
pecado e pudor
Publicação em destaque
Poeta e apenas poeta
Já me olharam espantados quando digo que sou poeta e só poeta. Que não canto, nem danço, nem atuo, nem pinto, nem bordo, que "só" ...
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terça-feira, 17 de dezembro de 2013
quarta-feira, 6 de novembro de 2013
Balada
Lhe tomo num trago
de doce absinto
é forte o afago
da fome que sinto.
Lhe traço num rasgo
do quarto bonito
e quero num rastro
sorver o seu grito
Lhe faço calada
na palma da mão
e ponho de quatro
por puro tesão
Sou doce cilada
pro seu coração
um belo retrato
de vil perversão
Eu não peço nada
nem mesmo perdão,
lhe pego num ato
e devoro então
de doce absinto
é forte o afago
da fome que sinto.
Lhe traço num rasgo
do quarto bonito
e quero num rastro
sorver o seu grito
Lhe faço calada
na palma da mão
e ponho de quatro
por puro tesão
Sou doce cilada
pro seu coração
um belo retrato
de vil perversão
Eu não peço nada
nem mesmo perdão,
lhe pego num ato
e devoro então
sábado, 6 de abril de 2013
Pechincha de feira
Se pela boca desdenha
mas o corpo quer comprar...
Como apagar essa lenha
com tanto fogo a queimar?
Só há um jeito meu bem: venha
cá comigo se deitar
sem perigo sabe a senha:
fruta doce do pomar
por estas maçãs tenha
fé que vai se aconchegar
entre bananas da Penha
e caquis d'outro lugar
na cesta quero que tenha
tudo que pode levar
da feira de Saramenha
mas seu pudor vai ficar
cuidarei dele pequena
com saudade de matar
queroso: de novo venha
cá comigo se deitar...
domingo, 6 de janeiro de 2013
Juventude
Voz um pouco rouca,
não fique sozinha,
com essas garrafas,
de vinhos sem safras.
a tua linda boca,
que não é só minha,
beija o corpo meu,
que não é só teu.
Obs: Poema de minha autoria publicado originalmente no Poesia Formada em 2004. Redescoberto por encontrá-lo sem autoria num blog qualquer, gostei muito dos versos até perceber que eram meus! Parafraseando meu mestre Quintana: "Sinto-me capaz de fazer um poema tão bom ou tão ruinzinho como aos 17 anos."
sexta-feira, 23 de novembro de 2012
Poeta
Lucas C. Lisboa
Eu passo partindo pratos
e durmo rangendo dentes
Eu peco sem celibatos
quando me quebro as correntes
Mato e me roem os ratos
Morro e me cremam os crentes
Pois vivo rifo recatos
para meus doces dementes
Nos muros mando recados
se me rasgam os bilhetes
Pois espalho arcos alados
purpurinas e confetes
Eu falo pelos calados
e berro pelos falantes
Faço versos cravejados
de ouro, de prata e de amantes
domingo, 21 de outubro de 2012
Acelerado
Eu quero fundo
num gozo raro
e quero raso
num riso solto
Não sei se passo
ou não do ponto
no que eu aposto
sem um centavo
Eu quero à vista
do sonho cego
e quero à prazo
desregulado
Não sei se fico
num beijo morno
ou se me vazo
como um cachorro
num gozo raro
e quero raso
num riso solto
Não sei se passo
ou não do ponto
no que eu aposto
sem um centavo
Eu quero à vista
do sonho cego
e quero à prazo
desregulado
Não sei se fico
num beijo morno
ou se me vazo
como um cachorro
sexta-feira, 10 de agosto de 2012
3-6-9
doce e ameno veneno que pinga
pela boca da moça que ginga
pelo som feito samba pra lua
e pro sol no cabelo e na rua
ela passa sem pressa ao léu
e devora sem pressa seu réu
em um crime bem feito e traçado
pra pisar noutro peito amado
forte e amargo pigarro de pinga
pela boça do moço que xinga
pelo tom pelo som pele nua
numa fome da carne mais crua
ele passa seu dia no bordel
devorando na noite sem véu
seu passado presente e futuro
feito verso bem claro no escuro
pela boca da moça que ginga
pelo som feito samba pra lua
e pro sol no cabelo e na rua
ela passa sem pressa ao léu
e devora sem pressa seu réu
em um crime bem feito e traçado
pra pisar noutro peito amado
forte e amargo pigarro de pinga
pela boça do moço que xinga
pelo tom pelo som pele nua
numa fome da carne mais crua
ele passa seu dia no bordel
devorando na noite sem véu
seu passado presente e futuro
feito verso bem claro no escuro
domingo, 11 de março de 2012
Autobiográfico
Lucas C. Lisboa
Eu mordo como quem beija
acaricio com meus dentes
na justa medida que almeja
a pele nua com seus frêmites
Meu amor é limpo e imundo
lhe faço puta e menina
misturo mimo e maltrato
num ciclo que não termina
Eu fodo como quem transa
com prazeres indigentes
no meu gozo que esbanja
mil perversões indecentes
Meu labor é vagabundo
poeta por vocação e sina
mas de livreto barato
que meus leitores fascina
Protesto como quem cala
o cântico de um santo
numa melodia que embala
da criança o doce pranto
Eu degusto como trago
qualquer vinho antes da ceia
para limpar todo o amargo
que a embriagez semeia
Poeto como quem fala
a prosa de riso pronto
mas que "sem querer" abala
seja o sábio ou o tonto
Eu escrevo como apago
a frase de amor na areia
e caminho a passo largo
para cair em sua teia
segunda-feira, 23 de janeiro de 2012
Arqueira
Lucas C. Lisboa
A flecha dourada
bem em riste pulsa
a morte e a vida
e no vento expulsa
A madeixa alada
pelo ar esvoaça
também dourada
que seduz sua caça
Bárbaro guerreiro
sob sua doce mira
precisa e cruel
penetrando o peito
Seu corpo inteiro
veste verde mirra
canta o menestrel
o seu grande feito
Imagem por: http://www.facebook.com/estranhagrazy
quarta-feira, 18 de janeiro de 2012
terça-feira, 6 de dezembro de 2011
Poema Natalino
Aos que me dizem
Sou um poeta nato?
Não Nato é meu pai!
que não é apelido
de Renato mas sim
Natalino na verdade
mas não ele não
nasceu no natal!
Quem é que nasceu
foi o meu velho avô
que quis ter um filho
com o nome igual
lá nos idos tempos
de caixeiro viajante
de tropas de burro e
de trem de ferro
Em Alfredo Graça
tinha um armazém
desses de montanhas
de milho e de panos
Meu avô arrendava
um vagão do trem
pra levar de tudo
e trazer também
lá de Caravelas
fim da ferrovia
onde negociava
comprava e vendia
Vovó Terezinha
cuidava da venda
se o velho viajava
e entre uma agulha
e panela vendida
Ela fazia partos
das mulheres grávidas
da vila do Graça
Vovô Natalino
ia do coração
das minas gerais
até na Bahia
Trazia no Natal
fitas pras meninas
e a borracha fazia
festa pros meninos
Sou um poeta nato?
Não Nato é meu pai!
que não é apelido
de Renato mas sim
Natalino na verdade
mas não ele não
nasceu no natal!
Quem é que nasceu
foi o meu velho avô
que quis ter um filho
com o nome igual
lá nos idos tempos
de caixeiro viajante
de tropas de burro e
de trem de ferro
Em Alfredo Graça
tinha um armazém
desses de montanhas
de milho e de panos
Meu avô arrendava
um vagão do trem
pra levar de tudo
e trazer também
lá de Caravelas
fim da ferrovia
onde negociava
comprava e vendia
Vovó Terezinha
cuidava da venda
se o velho viajava
e entre uma agulha
e panela vendida
Ela fazia partos
das mulheres grávidas
da vila do Graça
Vovô Natalino
ia do coração
das minas gerais
até na Bahia
Trazia no Natal
fitas pras meninas
e a borracha fazia
festa pros meninos
sexta-feira, 11 de novembro de 2011
Apoteose
Lucas C. Lisboa
Ele duma voz de sangue
bem negro de samba atiça
Ela num swingue sem voz
se mexe, samba e eriça
bem negro de samba atiça
Ela num swingue sem voz
se mexe, samba e eriça
o sorriso branco do Negro
que reluz nos olhos claros
duma gringa que não ginga
mas que no peito palpita desejo
que reluz nos olhos claros
duma gringa que não ginga
mas que no peito palpita desejo
só não sabe se quer sê-la
ou ser como o negro e tê-la
se excita tanto a branquela
quê não vê chegar o Mulato
mais que sedento por ela
bruto mas de fino trato
que lhe faz dama e cadela
atrevido num mesmo ato
ou ser como o negro e tê-la
se excita tanto a branquela
quê não vê chegar o Mulato
mais que sedento por ela
bruto mas de fino trato
que lhe faz dama e cadela
atrevido num mesmo ato
quarta-feira, 9 de novembro de 2011
A princesa amada
Lucas C. Lisboa
na frente do espelho
de tudo e de nada
ri até do conselho
da velha encurvada
não bota aparelho
nem fica falada
somente um fedelho
lhe deixa irritada
Se lhe olha faceiro
se faz mal amada
sem ele é errada
e rasga dinheiro
a moça calada
de lábio vermelho
é muito tarada
pra pouco pentelho
por ele gamada
lhe cai de joelho
jaz descabelada
na hora do recreio
com fome de fada
faminto parceiro
co'a boca felada
lhe engolindo inteiro
sábado, 15 de outubro de 2011
15 de Outubro
Lucas C. Lisboa
No brasil mais de quinhentos
anos de exploração global
Fome e miséria são armamentos
da terceira mundial
Na terra seus mil encantos
são vitimas do capital
que fez do Mercado um Santo
intócável e irreal
Não acredite no terno
e gravata que lhe diz
com ar de sábio paterno:
"seja um escravo feliz"
Não seja apenas um servo
menos que uma meretriz
que vende a vida pro inferno
e se faz de força motriz
Jovens e velhos aos prantos
pela ganância de loucos
Acordem! Nós somos tantos
eles são grandes mas poucos!
Pois todos juntos gritemos!
bem mais alto até que roucos
escutem a verdade que sabemos:
que nós não somos os trocos!
Eventos em todo o Brasil e no mundo!
Praças pelo mundo afora despertaram. Milhões de pessoas cansadas de autoritarismo, de democracias voltadas para os ricos, da farra do capital financeiro.
Há 500 anos, o Brasil é um país saqueado por políticos corruptos, ruralistas e empreiteiros gananciosos. O governo brasileiro segue dominado pela mesma elite que levou nosso país a um dos primeiros lugares em desigualdade social.
Temos muita coisa para mudar!
Precisamos construir uma nova forma de fazer política, queremos decidir os rumos em assembleias livres, amplas e democráticas. Queremos levar o debate a todas as praças do país.
Somos contra a política suja das negociatas, de um sistema que concentra o poder nas mãos de uma minoria que não nos representa, corruptos cuja dignidade está a serviço do sistema financeiro; queremos uma Democracia Real com participação do povo nas decisões fundamentais do país, muito além das eleições, essa falsa democracia convocada a cada quatro anos.
Transparência!
Não somos palhaços. A Copa do Mundo de 2014 e as Olimpíadas de 2016 do jeito como estão sendo organizados servem apenas para os interesses dos ricos e de seus governantes. Estamos vendo uma verdadeira “faxina social” em nosso país, com a remoção de milhares de famílias das regiões onde serão os megaeventos esportivos. Os benefícios atingiram uma pequena parte da população. O sigilo do orçamento das obras da Copa, a flexibilização das licitações e a postura submissa do Brasil à Fifa e à CBF são um banquete farto aos corruptos.
Quem disse que queremos crescer assim?
Queremos um Brasil ecologicamente sustentável. Atualmente a política de desenvolvimento da matriz energética segue a devastação do meio-ambiente e do desrespeito aos povos originários, como a construção de Belo Monte, um atentado aos povos do Xingu. Não concordamos com o caminho que o governo federal está propondo - que prevê a construção de pelo menos mais quatro usinas nucleares até 2030 - no desenvolvimento de uma energia cara e não segura: Enquanto o Brasil segue com as usinas nucleares de Angra dos Reis, mesmo após a calamidade nuclear de Fukushima, há pouco incentivo às novas tecnologias energéticas sustentáveis, como a solar, eólica, de marés, para as quais o país possui enormes potenciais.
Equilibrado e para todos.
O agronegócio segue como um risco ao futuro. O desmatamento desenfreado, anistiado e estimulado pelo novo Código Florestal, segue transformando o Brasil numa grande fazenda de soja. Não há uma política séria de reforma agrária, de soberania alimentar e de preservação do meio-ambiente. Segue a destruição da Amazônia, o uso abusivo de agrotóxicos e a propriedade da terra cada vez mais concentrada.
Educar ou manipular?
Estamos fartos de que os meios de comunicação, que deveriam servir a população como ferramenta de educação, informação e entretenimento, sejam usados como armas de manipulação de massas, trabalhando para os mesmos políticos corruptos que deflagram o país em benefício próprio.
Vamos colorir as praças com diversidade!
Ainda sofremos discriminação pela cor da nossa pele, por nosso sexo ou orientação sexual, por nossa nacionalidade, por nossa condição econômica. Queremos colorir as praças brasileiras com a diversidade do nosso país, que precisa ser livre, digno e para todos. Devemos ocupar, resistir e produzir decisões e encaminhamentos democráticos, onde a colaboração esmague a competição e a socialização destrua a capitalização. Não temos a ilusão de resolver todos os problemas em poucos dias, semanas, meses. Mas teremos dado o primeiro passo.
Chegou o momento em que todas as nações, todas as pessoas se unem e tomam as ruas para dizer: Basta! É hora de assumir a nossa responsabilidade e o nosso direito a uma vida livre e justa. 15 de outubro: um só planeta, uma só voz.
quinta-feira, 13 de outubro de 2011
Bêbado Boêmio
Lucas C. Lisboa
Manhã de feriado
bebeu pela santa
e também tinhado
do capeta sem regra
Caminhando de lado
tropeça na penca
de cajá-do-diabo
sem querer encrenca
Pergunta embriagado
quanto cobra a quenga
de batom borrado
e saia flamenca
Mas é mãe de santo
que lhe joga praga
por ser tão errado
no sertão sem água
terça-feira, 13 de setembro de 2011
Eu
Lucas C. Lisboa
Meu nome é Lucas Lisboa
sou um poeta bem atoa
dizem que vim do parnaso
mas isso não vem ao caso
Minha poesia destoa
mesmo se meu metro soa
como um antiquado atraso
do trem moderno do acaso
Eu detesto Drummond
não gosto desse seu tom
maestral e filosófico
rigido como um estóico
Que dá conselhos com praso
de validade vencido
se dizendo metamórfico
moderno no cenozóico
Confesso que eu quero mesmo
assustar senhoras gordas
como me ensinou o Quintana
com e após seus cem sonetos
Quero o poema piada
contar história rasteira
Eu quero pegar a estrada
em plena segunda feira
Quero versejar bem livre
da jaula do verso livre
Eu sou toureiro e peão
laço versos co'a escansão
Quero brincar co'a estrutura
do verso mas sem postura
de conselheiro ou de vilão
mas amante por tesão
Meu nome é Lucas Lisboa
sou um poeta bem atoa
dizem que vim do parnaso
mas isso não vem ao caso
Minha poesia destoa
mesmo se meu metro soa
como um antiquado atraso
do trem moderno do acaso
Eu detesto Drummond
não gosto desse seu tom
maestral e filosófico
rigido como um estóico
Que dá conselhos com praso
de validade vencido
se dizendo metamórfico
moderno no cenozóico
Confesso que eu quero mesmo
assustar senhoras gordas
como me ensinou o Quintana
com e após seus cem sonetos
Quero o poema piada
contar história rasteira
Eu quero pegar a estrada
em plena segunda feira
Quero versejar bem livre
da jaula do verso livre
Eu sou toureiro e peão
laço versos co'a escansão
Quero brincar co'a estrutura
do verso mas sem postura
de conselheiro ou de vilão
mas amante por tesão
domingo, 28 de agosto de 2011
Quadras para todos
Lucas C. Lisboa
tsunami no japão
terremoto na turquia
papa pede pelo pão
da primeira eucaristia
tsunami no japão
terremoto na turquia
pede a puta por paixão
pelo pau de sodomia
o chucrute é alemão
e tapioca é da bahia
pastor bolina o portão
pelo faro de vadia
o chucrute é alemão
e tapioca é da bahia
pecado é dançar baião
com a moça sem calcinha
tsunami no japão
terremoto na turquia
papa pede pelo pão
da primeira eucaristia
tsunami no japão
terremoto na turquia
pede a puta por paixão
pelo pau de sodomia
o chucrute é alemão
e tapioca é da bahia
pastor bolina o portão
pelo faro de vadia
o chucrute é alemão
e tapioca é da bahia
pecado é dançar baião
com a moça sem calcinha
quinta-feira, 11 de agosto de 2011
As quadras d'Eu (Autobiografia)
Lucas C. Lisboa
Eu, garoto cefaléia,
lotado de rebeldia
para o mundo a panacéia
em poemas escrevia
do som puro de idéia
é orfã minha poesia
num choro de Medéia
em metro e melancolia
na redondilha plebéia
sou o bobo que a corte ria
tal hienas na alcatéia
ou cio da gata que mia
hoje viajo na boléia
dos trilhos em sinfonia
levando luz à miséria
com poética vadia
Eu, garoto cefaléia,
lotado de rebeldia
para o mundo a panacéia
em poemas escrevia
do som puro de idéia
é orfã minha poesia
num choro de Medéia
em metro e melancolia
na redondilha plebéia
sou o bobo que a corte ria
tal hienas na alcatéia
ou cio da gata que mia
hoje viajo na boléia
dos trilhos em sinfonia
levando luz à miséria
com poética vadia
segunda-feira, 8 de agosto de 2011
Todas as quintas
Lucas C. Lisboa
Brincava como moleque
e de muita piada pronta
ria co'a face e coração
na mesa a noite inteira
Compartilhava do Domecq
que passava de mão em mão
como procissão de santa
até a gota derradeira
A turma era sua catarse
mas de todos foi primeiro
pedindo a parcial da conta
dessa vida injusta e tonta
O câncer em sua metástase
leva embora o companheiro
de todas as quintas-feiras
no mesmo bar e cadeira
Brincava como moleque
e de muita piada pronta
ria co'a face e coração
na mesa a noite inteira
Compartilhava do Domecq
que passava de mão em mão
como procissão de santa
até a gota derradeira
A turma era sua catarse
mas de todos foi primeiro
pedindo a parcial da conta
dessa vida injusta e tonta
O câncer em sua metástase
leva embora o companheiro
de todas as quintas-feiras
no mesmo bar e cadeira
quinta-feira, 5 de maio de 2011
Enlaçado
Lucas C. Lisboa
me faz de querido
e tira sem pressa
que a cada pedido
lhe cai uma peça
diz no meu ouvido
vem e me confessa
sou seu pevertido
que a fome não cessa
me deixa atrevido
não prenda nem meça
sequer um gemido
parar? não me peça
me faz seu bandido
q'eu cumpro a promessa
de ser seu cativo
contente à beça
me faz de querido
e tira sem pressa
que a cada pedido
lhe cai uma peça
diz no meu ouvido
vem e me confessa
sou seu pevertido
que a fome não cessa
me deixa atrevido
não prenda nem meça
sequer um gemido
parar? não me peça
me faz seu bandido
q'eu cumpro a promessa
de ser seu cativo
contente à beça
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