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Poeta e apenas poeta

Já me olharam espantados quando digo que sou poeta e só poeta. Que não canto, nem danço, nem atuo, nem pinto, nem bordo, que "só" ...

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terça-feira, 26 de janeiro de 2016

Dos delírios e deleites

Ele todo dia regava
os seios da moça amada
com seu sêmen e saliva
ansioso por sua florada
de lírios e copos de leite

sábado, 28 de novembro de 2015

Carnavalescer

Pois se nós, reles mortais
ainda estamos em janeiro,
dezembro, junho ou mais
tristes por um ano inteiro
entre seus risos e ais

Ele bem tá em fevereiro
e vive seus carnavais
roda de samba e pandeiro
cariocando muito mais
que eu ou outro brasileiro

Pois se nós, reles mortais
vamos depois dum dia inteiro
contentes pros triviais
botecos de bom mineiro
dessas e doutras gerais

Ele, samba derradeiro
em tão doces festivais
pois no Rio de Janeiro
se carnavalece mais
de março até fevereiro

puxando papo
pedindo ixqueiro
numa ixquina
fazendo ixcola
ficando em paix

quinta-feira, 16 de abril de 2015

Sordidez Carioca

Na escadaria da Lapa
entre um Baseado e outro
eles planejam a Revolução

Entre um e outro tapa
o Nego da Rocinha
tem medo do B.O. de
Desacato, Conflito e Resistência

E com muito pó na cabeça
numa cobertura no Leblon
Ele planeja com cuidado
como deixar as coisas como estão

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2015

Filosofices

Não sou Pedro
Não sou pedra
A minha lavra
De mil palavras
É de  poesia

Na minha igreja
Não tem pecado
Não tem culpa
E muito menos
A tal sacristia

Não sou senhor
Não sou escravo
Todos dias travo
Um doce trago
De melancolia

No meu terreiro
Na minha terra
Certo é quem erra
Quem de tão torto
Acerta a alegria

quarta-feira, 14 de janeiro de 2015

SE ESSA RUA FOSSE MINHA

(versão verão)
Se essa rua
Se essa rua fosse minha
Eu mandava
Eu mandava já plantar
Muita árvore
Muita árvore sombreante
Para o meu
Para o meu calor passar
Nessa rua
Nessa rua tá tão quente
Que se frita
Que se frita ovo no chão
Dentro dela
Dentro dela mora um sol
Que roubou
Que roubou meu tesão
Se eu roubei
Se eu roubei teu tesão
Tu roubaste
Tu roubaste o meu também
Se eu roubei
Se eu roubei teu tesão
É porque
É porque te quero sem

quarta-feira, 7 de janeiro de 2015

NO FIM DO CORREDOR

No fim do corredor tinha um banheiro
tinha um banheiro no fim do corredor
tinha um banheiro
no fim do corredor tinha um banheiro.

Nunca me esquecerei desse momento
na vida de minhas calças tão respingadas
Nunca me esquecerei que no fim do corredor
tinha um banheiro
tinha um banheiro no fim do corredor
no fim do corredor tinha um banheiro.

segunda-feira, 5 de maio de 2014

Alcorão 2.0

Não há nenhum deus se não o Google
e o Wikipédia é seu profeta.

sábado, 19 de outubro de 2013

Pescador de Palavras

Pai, quando você
subia pra pescar
no alto amazonas

Sonhava eu co'as águas
negras e barrentas
que não misturavam
ao se encontrar

Você prometia
que ia me levar
junto se eu ficasse
maior que você

Mas não me levou
até o solimões
e nem mesmo no
baixo Pantanal

Foi no Velho Chico
e no Rio das Velhas
que pescamos juntos

Me esquecia do anzol
confundia as linhas
mas tinha bem sorte
de principiante

Paciência nunca
tive muita e o papo
valia sempre o barco

Moro hoje no Rio
de Janeiro mas na
minha poesia
cabem versos mil

Até mesmo aqueles
de amor guardados
bem na sua gaveta

Eu pesco palavras
tal pescou jaús
com sabor de estórias
e algo de aventura

Paciente deixo
o verso chegar
mordendo meu metro

Puxando forte a linha
perfazendo rimas
embolando estrofes
na poesia turva

Ainda quero ouvir
o esturro duma onça
no meio do mato

Pra saber se o medo
que eu sentia quando
pequeno lhe ouvia
contar é esse mesmo

Mas quero também
ver todo seus versos
sairem da gaveta

Tal fossem cardume
grande de curimbas
tomando o rio todo
em versos e prosas

Pai, vamos pescar
peixes e palavras
nessa mesma linha?

sexta-feira, 16 de agosto de 2013

Com quantos pau-brasil se faz uma vanguarda?

Tome oh musa Liberdade
um gole de vinho escocês
uma taça de cerveja russa

só não me abusa
do azeite francês
ou da comida inglesa

Experimenta urucum na cara
tapioca na tigela

Te quero mameluca
filha do boto
minha meretriz cabocla

Oh musa Liberdade
se deita comigo
não como espelho italiano
mas como olho d'água
que reflete o canto de Iara

Quero ser vitória régia
e não só a última flor do Lácio

quinta-feira, 1 de agosto de 2013

meu pássaro meu

meu pássaro meu
não sou julieta
nem você romeu

sou vontade louca
da cor do marfim
que a fome desfruta
tal suave cetim

vem beber comigo
um gole de vinho
serei pão e trigo
em cada cadinho

meu pássaro meu
não sou julieta
nem você romeu

sou menina pura
vem fazer-me assim
presa mas com luta
de querer-lhe enfim

vem correr perigo
sem luz no caminho
sou seu mais antigo
desejo quentinho

meu pássaro meu
não sou julieta
nem você romeu

sou doce sou fruta
vem provar de mim
em suave labuta
de não dizer sim

vem beber comigo
um gole de vinho
serei pão e trigo
em cada cadinho

meu pássaro meu
não sou julieta
nem você romeu

sou quem sempre escuta
Vem contar pra mim
toda vida injusta
que não tem mais fim

vem ser meu amigo
não fique sozinho
sou seu novo abrigo
um seguro ninho

meu pássaro meu
não sou julieta
nem você romeu

quinta-feira, 25 de julho de 2013

Deu na televisão

Se não for do carro queimado
irão falar do banco quebrado
Se não for do banco quebrado, 
irão falar do trânsito parado, 
Se não for do trânsito parado 
irão falar do lixo deixado
Se não for do lixo deixado
irão falar do festejo estragado
Se não for do festejo estragado
irão falar do vizinho incomodado...

Se não incomodar a ninguém
não é protesto não é nada 
é só um bando dizendo seu amém
uma matilha pela mídia amestrada!

quinta-feira, 14 de março de 2013

aos primeiro de Março


só me faltam
três pros trinta
e me assaltam
dúvidas infinitas

seria essa uma crise
de meia-idade precoce?
Ou mais uma rebordose
de um velho adolescente?

vinte sete anos
com teto mas sem tento,
carreiras, filhos,
carros ou casamento

vinte sete anos
Três faculdades,
um livro publicado
e outro pela metade

meio mambembe vendo
meus versos de vagão
em vagão com que pago
a cerveja e o feijão

meio lixeiro recolho
pedaços de meu coração
remendo, costuro e colo
uma mentira sem tesão

três pros trinta
é pouco sucesso
mas muita tinta

três pros trinta
é muito verso
pra poema de quinta


sexta-feira, 29 de junho de 2012

Coração

Eis meu primeiro poema de fato concretista vindo da oficina Fora da Area

terça-feira, 20 de dezembro de 2011

Rio, até logo

Lucas C. Lisboa

O Rio de Janeiro continua lindo
continua vermelho de sol
e verde e amarelo de alma
num contraste mais perfeito

Tudo fica lindo na madrugada
a dentro quando o ar rarefeito
de oxigênio entra nos pulmões
e o álcool dominas as artérias

Pois Eu sou assim hoje: poeta
livre das amarras quotidianas
livre dos compassos e dos ritmos

Caminho no trilho do trem
tomando carona nos vagões
num vagar de vagabundo artista

quarta-feira, 2 de novembro de 2011

Vizinhança


Lucas C. Lisboa

Nervoso o velho Agripino
brandindo com sua bengala
a ralhar com o menino

que fez da bola uma bala
com um chute bem cretino
acertando sua janela
e a brasília do vizinho

O ecológico Agripino
resmungando não se cala
e recomenda ao menino

a usar bodoque de tala
grossa e elástico fino
pois assim não mais abala
sua paz só a do passarinho


domingo, 3 de julho de 2011

Villanelle de um Cardigã

Lucas C. Lisboa

Vou despir seu cardigã
na verdade vou rasgá-lo
em mil pedaços de lã

saiba que tenho um afã:
quero seu seio desnudá-lo
vou despir seu cardigã

Vou lhe jogar ao divã
e todo corpo amarrá-lo
em mil pedaços de lã

não lhe quero nada sã
será sonho o pesadelo
vou despir seu cardigã

do poente até a manhã
quero o desejo singelo
em mil pedaços de lã

é por isso que lhe falo
que juro e sequer vacilo
vou despir seu cardigã
em mil pedaços de lã

terça-feira, 28 de junho de 2011

Villanelle de um Vadio

Lucas C. Lisboa

Não sou terreno baldio
com meu peito abandonado
por um coração vadio

Se tem a sede de um rio
pois tome muito cuidado
não sou terreno baldio

Apenas nunca sacio
o desejo apaixonado
por um coração vadio

Pela flor não lhe sorrio
em um gesto perfumado
não sou terreno baldio

que carente pelo frio
se apanha todo encantado
por um coração vadio

Me fiz de torto e errado
por um peito apedrejado
Não sou terreno baldio
por um coração vadio

segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

experimento

Recobro seu anexo
circunflexo tinto
Sinto me em dobro
lhe cobro convexo
Flexo meu absinto
Minto em meu nexo
Complexo eu finto
Sucinto não sobro
desdobro requinto
o Quinto eu cobro
lhe sobro e pinto
Assinto pelo sexo

domingo, 4 de julho de 2010

Xeque-mate

Lucas C. Lisboa

Sabe, no xadrez da vida
todo mundo é peão
só dependendo querida
do tamanho de qual mão
que mexe no tabuleiro
e comanda o pardieiro

Membro superior

Lucas C. Lisboa

Mão esta, senil e rota!
Sufoca por um momento!
De todo e puro tormento!

Mão esta, bela e cálida...
Carícia por um momento...
De todo e puro alento...

Mão esta, forte e gentil.
Segura por um momento.
De todo e puro pensamento.