De ter cada canto
De ti devastado
Numa fome e espanto
Quero ungir seu rabo
Com meu óleo santo
Pra levar a cabo
Seu orgasmo e pranto
Quero lhe causar
Deliciosas dores
Com prazer imundo
Posta em meu altar
De amarras e flores
Num jardim fecundo
Já me olharam espantados quando digo que sou poeta e só poeta. Que não canto, nem danço, nem atuo, nem pinto, nem bordo, que "só" ...
Escuta bem meu amor
você precisa repor
os barquinhos de papel
que deixou cá no painel
do meu carro pois ao sabor,
das trilhas do corredor,
entre montanha e mainel,
fez-se mar em nosso céu
Cada curva dessa estrada
naufraga um bravo barquinho
que você pôs na travessa
Volta minha artesã amada
quero suas mãos com carinho
pois eu lhe tenho pressa
Chega nua no meu ninho
bem vestida de suas taras
de dar para minhas garras
o seu tão doce corpinho
Faço todas as amarras
com calma e com carinho
enquanto isso no caminho
Lhe preparo para as farras
Eu lhe unjo seu cofrinho
com óleo de prazer
e aroma de cuidado
Ela bêbada de vinho
grita ao se perceber
com seu rabo enrabado