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Poeta e apenas poeta

Já me olharam espantados quando digo que sou poeta e só poeta. Que não canto, nem danço, nem atuo, nem pinto, nem bordo, que "só" ...

sexta-feira, 29 de dezembro de 2017

Minha meretriz

Debaixo da colcha branca
Agarro suas coxas e ancas
Lhe fazendo meu delírio
me deleitando com teu martírio

Sua nadega não se espanta
quando minha mão lhe espanca
Com meu chicote lhe trilho
Marcas de vermelho brilho

Sua pele minha labuta
duma arte sádica e sacra
aos meus deuses pessoais

Não importa o quanto luta
com sua maestria de puta
É mia serva entre mil ais

sábado, 4 de novembro de 2017

Nos seus cabelos eu sou

És minha Sóror Safada:
Princesa do Pecado
És Tara Canonizada;
do desejo e desejado

És minha amante amada
c'o perverso costurado
na sua saia rodada,
no lençol desarrumado

És cabocla santificada
seu hábito desnudado
lhe veste desejada
plo poeta descuidado

És minha doce alucinada
no meu amor delirado
És minha sua tez marcada
no quarto banqueteado

És Santa és abençoada
Flora dum jardim encantado
Pois sou Fauno desta estrada
dentre campo fecundado

terça-feira, 17 de outubro de 2017

Para Bara

das setenta e sete
faces vejo todas
e nenhuma no'espelho

pois não se repete
caminho, toada
ou troça de fedelho

Rei, dama e valete
‎és sempre cilada
‎n'ouro do baralho

‎Trilheiro celeste
‎senhor das estradas
‎e de mil conselhos

Pois És Tu cabra da peste
Esú d'alma agraciada
de preto branco e vermelho

terça-feira, 5 de setembro de 2017

Savana tropical

Te quero seco no leito
Solo úmido contrafeito
Mão, folhagem e cipó
E meu canino sem dó

É selvagem meu jeito
Teus lábios, regato estreito
Meu soneto teu rondó
Meu cerrado teu igapó

Ariranha banha em ti
sua selva meu palacete
tu igarapé eu sucuri

Na cheia e seca tu ri
e também no repiquete
pois cauxi coça o xiri

segunda-feira, 14 de agosto de 2017

O Homem dos porquês

Por ser tão cheio de dúvidas, questionamentos, inseguranças e curiosidades ele abusava das interrogações exclamações mas era reticente aos pontos finais.

domingo, 13 de agosto de 2017

As onze da madrugada

de manhã ninguém de pé...
você me trás o café
e eu lhe forneço leite
num preguiçoso deleite

Latifúndio

quero semear em teus montes
Cultivar os teus campos
Semear seus regatos
Germinar em suas linhas
E ver florescer o seu gozo

sexta-feira, 23 de junho de 2017

Bad request error


I don't belive in Jesus Script
I'm a bug in God's code
and I live in poor mode
in core, mother board and crypt

My life, Apocalypse
On the road, in ride
No guilty, no pride
the last day of eclipse

Lostest backup
Error four zero four
he doesn't exist

System in handicap
acess by back door
one way exit

sexta-feira, 16 de junho de 2017

Vasectomia:

Tira o esperma dessa porra!

quinta-feira, 15 de junho de 2017

Minha mona

riso tímido atrevido
sob um louro cacheado
lhe cai seu verde vestido
com um relance rosado

sábado, 10 de junho de 2017

Catarina

um arco-íris vermelho
vermelho felicidade
seu rosto e riso no espelho
nossas pernas na cidades

quinta-feira, 25 de maio de 2017

Meu dia


Eu dormi a tarde toda
como manda o figurino
quero mais é que se foda
minha insonia, desatino

Já não danço na roda
nem de pé fico pro hino
e sequer me dou mais corda
pra inda crer no meu destino

Eis misantropo e casmurro
meu fim trancado num quarto
aos livros, jogos e poemas.

Empacado, velho burro
sou de Dorian o retrato
pagando as minhas penas

segunda-feira, 3 de abril de 2017

Drink

Sem bravata, desafivelo essa fivela
nu no espelho, me vejo e a vista me trava
pele pálida, desespero e tristeza bela
sem poesia, sem amor, sem força, sem lavra

Era mais fácil na época duma Florbela
um bilhete duplo pra Verona bastava
e partia sem choro sem drama sem querela
culpa, remorso, tristeza, tudo às favas

São dois goles amargos prum sonho bom
desatino que persigo, pesquiso e não acho
esses tempos modernos são tão cuidadosos!

Já faz um ano, que não me troco meu tom
numa dúvida do porque não me despacho
pros braços noturnos tão amorosos!

sexta-feira, 31 de março de 2017

Lentamente

Minha virtude, meu mote
não mais me diz quem eu sou
muito menos porque vivo
Não tenho mais essa sorte
que do meu peito passou
só me resta um frio cativo

Não sei bem quem mais errou
e por mais que viro e revivo
não acho qualquer resposta
Tantos meses se calou,
meu lirismo tão altivo,
que de mim mesmo se desgosta

Qual verdade, qual meu crivo,
do pesadelo uma amostra
que do gosto me ressinto
Dessa sala não me livro
migalhas na mesa posta
é o q'Eu como tão faminto

Perdi o jogo, perdi a aposta
nem lavra, ouro ou quinto
me resta desse desejo
Das montanhas até a costa
acabei-me por extinto
todo gosto de meu beijo

Minhas mágoas de absinto
no meu quarto de despejo
guardo minha melhor veste
Manchada de vinho tinto
que lambo, esfrego e almejo
com toda sede do agreste

No caco d'espelho vejo
o meu sangue e minha peste
minha humilhante derrota
No embalo do realejo
mecânico e inconteste
cuja melodia me corta

Não há um deus que me ateste
que me indique a certa porta
d'esperança e acalento
Não há diabo que se preste
a me contar uma lorota
que me afaste esse lamento

Não há jardim e nem horta
onde eu colha o sacramento
ateu duma vida bela
Espinho seco, flor morta
sem horizonte no firmamento
sou nau sem mastro ou vela

Testemunho e testamento
minha herança e sequela
de coração aleijado
Desatino desatento
escondido na janela
do meu quarto rejeitado

Aqui jaz a sentinela
do anjo roto e maltratado
que quis o meu bem querer
Hoje é quadro d'aquarela
em lágrima aquarelado
me pintando sem me ver

Tento e tento ter cuidado
ao meu pranto recolher
destilado num só frasco
Suturado e retalhado
sucessivamente ser
sendo meu algoz carrasco

Venha, venha logo ver
não é ensaio de teatro
nem coroa dum infante
Meu ocaso é pra valer
sem pudor e sem recato
jaz em dois o diamante

Poema inacabado

Verso verseja mortal
bom, ruim, leal ou mau
ainda quero meu poema
escrito co'a linha forte
da palma de minha mão
tracejada em fino corte

Verso verseja mortal
bom, ruim, leal ou mau
Cutucando meu edema
num masoquismo de morte
voando a partir do chão
seguindo sem sul nem norte

Verso verseja mortal
bom, ruim, leal ou mau
Quero que o fio do frio trema
todo meu corpo na sorte
caída no caramulhão
um anjo d'altivo porte

Verso verseja mortal
bom, ruim, leal ou mau
a caldeira lhe queima a lenha
solta fumaça no trote
torce o torque do pistão
é tanta trata e transporte

Verso verseja mortal
bom, ruim, leal ou mau
na barca de rima rema
um cavalo de pinote
com ar puro e cara do cão
ladrando ante seu bote

quarta-feira, 15 de março de 2017

No dia seguinte


vejo seu short no meu box
decorando meu banheiro
meu riso não é botox
e sim puro e verdadeiro

sexta-feira, 24 de fevereiro de 2017

Prece


quero o descalabro
de ter cada canto
de ti devastado
por mia fome e espanto

quero ungir seu rabo
com meu óleo santo
pra levar a cabo
seu orgasmo e pranto

quero lhe causar
deliciosas dores
com prazer imundo

posta em meu altar
de amarras tal flores
num jardim fecundo

domingo, 5 de fevereiro de 2017

Máxima Podolatria

ela me lambe os detalhes
dentre os  dedos de meus  pés
deixando-me rijo tal entalhe
com seu sexo nas marés
oceânicas de desejo
de cima abaixo até o queixo

sábado, 7 de janeiro de 2017

Lara

Fernanda Lara Máximo  Cardoso
quero seu  beijo e também o seu gozo
os seus cachos se encaixam nos meus  cachos
e seus passos bem cabem nos  meus  passos

Seu corpo,  coxas,  lábios,  nuca e dorso
me adoçam em amor, café e almoço
desenho com meus dedos os seus traços
faminto lhe ato e desato meus  laços

Minha boneca minha lhe desejo
em cada cômodo de minha casa
Sala,  cozinha e quarto de despejo

lhe quero leve na lufada de asa
com plumas pervertidas de meu anjo
que lhe vê febril,  ardente e em  brasa