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Poeta e apenas poeta

Já me olharam espantados quando digo que sou poeta e só poeta. Que não canto, nem danço, nem atuo, nem pinto, nem bordo, que "só" ...

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quarta-feira, 7 de maio de 2025

Sextilhas Alexandrinas

O impontual amor atrasou do metrô
eis que esquecida numa estação tão deserta
sozinha caminhou no meio da calçada
ela evitou em vão a cilada da grade
do beco e do portão, ela só não contava
com um vulto gentil, e seu vulgo? Marcelo.

Muito trabalhador disse que era ele sim
só queria companhia pra caminhada e mais nada
mas na primeira esquina uma bike vigiava
sem nada falar ou dizer dos passos deles
uma motocicleta apareceu depois e disse
somente o nome dele e com tom de deboche!

Medo, moto e motor rugiam circulares
muito olho e sem visão eram mal encarados
e procuravam por ele por ter beijado
a boca, cuja dona era do dono da
boca dessa estação de metrô, cujo amor
dela não foi buscar a tempo. Que cilada!

O vulgo protegido estava junto dela,
mas ela anjo da guarda ou mesmo guarda-costas? 
não, não queria a Cris, ou melhor: "Cristiane,
não te conheço não! Não tô contigo não!"
ele com as mãos na dela assim disse: "Não deixa
eu cá só, pois senão eles me matam mesmo!"
 
Muita moto e motor não dá mais pra fingir
muito menos fugir ou mesmo (só)correr
sai ela fina e fica o Marcelo sozinho
sem rumo corre pro lado oposto de casa
noutra esquina com Cris bem esbaforida
o amor de carro embica e Cris dali se pica

Chorava e balbuciava ela aquele seu nome
"O Marcelo, Marcelo" e quis o namorado
matar o tal rapaz, mas já tinha uma fila...
Que fim se deu Marcelo alguém será que sabe?
Cris nada sabe ou quer saber, também não quer
que o vulgo seu pé puxe assim de madrugada!

quinta-feira, 24 de outubro de 2024

Veneno antigo

Esse frasco de cicuta

são as promessas que fiz

pra mim mesmo sem saber

que matariam devagar 

meu eu, meu sonho e sentido

pouco bem pouco por vez


Não sei se sei dizer quantas 

promessas ainda carrego

por zelo como amuletos.

   Quebro com carinho,

   dos cacos faço um mosaico 

   pra luz entrar sem perigo 


Não sei dizer porquê ainda honro

e prossigo na vingança

silenciosa contra meu passado

   Quebro, enfim, a caixa preta

   e hasteio bandeira branca

   pra mim pois não há inimigos


Eu sei bem daquelas tantas,

que jurei só com meu pranto,

por dores hoje esquecidas

   Quebro em silêncio e grito 

   o que me prende ou afasta 

   do meu sonho e meu sentido


Dos crimes sem ser culpado 

carrego essas juras cúmplice

e penitente as mantenho

   Quebro essas minhas correntes

   Com o formão e o martelo

   pra esculpir a liberdade 

segunda-feira, 23 de outubro de 2023

Sextilhas com mote e rim (Parte I)

modernoso e não moderno
passageiro e não eterno

-Eclode a modernidade:
da Belle époque o delírio,
do entre guerras todo horror!
Feito sonho liberdade
desafia regra e fio 
da métrica e escandor.

Poeta em noite intranquila
teme o metro e alucina 
nas sílabas e nas tônicas.
Moderníssimo delira:
-Construirei minha sina
minha torre babilônica!

-Sem mais rima! A novidade?
Eis aqui: Seu Assonâncio,
Compadre Aliterador.
-Amigos desde a helenidade
e louvados no prefácio
do tal modernizador...

Não aquele que se grila
duas sextilhas acima
mas um dos bons, sem irônica
fala, pois ele vitíma
o gosto burguês e nina
sua revolução jônica 

modernoso e não moderno
passageiro e não eterno

Sim, ele mesmo, um Andrade
-Mas qual dos salafrário?
-O de gente comedor? 
-Não não, esse é o Oswald! 
-Seria Carlos ou Mário?
-É Mário, o prefaciador

'teressantíssimo gira:
a Paulicéia arruina
a arrogância indômita
e detona e desvaira
e desnuda e desatina
toda elite em sua crônica 

aparta a rima com vontade
que preenche seu vazio,
contrafeito rimador;
com pés de latinidade,
fonética do vizinho
aplicado escutador.

modernoso e não moderno
passageiro e não eterno

Moderníssimo revira
desconhece tanta prima
Afônica e a Fônica
Bilabina, Dentina, Vela
Nasalina, Plosivina
Ladentina e Glotônica

-Por erro e não vaidade
dumas filhas doutro tio 
esqueci, mas tenho amor
nas duas: Alplade e Plade
Cada qual com seus filinhos 
presam ao versejador

Carregam toda catira 
desde as colunas heleninas
ditam o ritmo e a tônica 
de cada verso que brilha
no salão e na cantina
pra tristeza da platônica

modernosa e não moderna
passageira e não eterna