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Poeta e apenas poeta

Já me olharam espantados quando digo que sou poeta e só poeta. Que não canto, nem danço, nem atuo, nem pinto, nem bordo, que "só" ...

sexta-feira, 21 de junho de 2013

Vidraças valem mais que Vidas

"Médici! Médici! Médici!" Eu gritava no meio das ruas do Rio de Janeiro, com o pulso balançando no ar. Ao meu lado três caras de bandeiras verde-amarelas me acompanharam sem exitar. Os mesmos três que segundos antes estavam gritando "Dilma sua puta" "Fora Dilma" e outras coisas assim. Eles demoraram alguns segundos até perceber o que estavam gritando puxados por mim. E esse momento marcou o que eu vi do protesto, um gigante sonâmbulo, que sob a máscara do apartidarismo rompeu seu despertar de quem tentava acordá-lo há muito tempo para se deixar manipular pelos fios sutis de outros partidos que preferem não mostrar a sua face. 

Outros tantos de verde-amarelo apartidários também seguiram os brados que saiam dos trios elétricos contratados por alguém que não se deu o nome mas que pelo discurso claramente tinha um partido político bem específico que acreditava e defendia. Os gritos puxados transforam o movimento legítimo do Passe Livre numa massa amorfa que misturava elementos de patriotismo ufanista, politicamente correto e flertes perigosos com um golpe. Eram tantos e tantos os gritos vazios de sentido e significado, causas enormes e intangíveis não havia mais uma pauta, um objetivo claro traçado.

Brandavam contra a corrupção, mas do carro de som não se falava qual, como e onde! Como se a corrupção fosse uma entidade personificada algo que pudéssemos jogar uma pedra. Brandar contra a corrupção é como passeatas pela paz, belíssimo porém completamente inócuo. É preciso de uma agenda direta, concreta específica. E preciso combater a corrupção? Sem sombra de dúvida! A corrupção foi o azeite que engrenou nossas engrenagens da política nacional em tantos momentos que me assombra a facilidade com que o carro de som só se lembrou do Mensalão de Brasília e se esqueceu completamente do Mineiro, da privatização em massa das empresas brasileiras por preços risíveis e outros tantos casos emblemáticos. 

Um protesto apartidário que deliberadamente escolhe atacar apenas um ou outro partido? Faça-me rir! O apartidarismo é uma falácia, um engodo. Todos tomamos partido, todos defendemos uma ideologia. Podemos até não ter consciência disso e bradar ser apartidário, mas na realidade seu discurso e seus atos defendem sim os interesses de algum partido. Ao quebrarem a bandeira dos partidos vermelhos conseguiram favorecer imediatamente os azuis. Conseguiram rezar pela cartilha dos anos de chumbo e ressuscitaram sabe-se lá com que miopia política o comando de caça aos comunistas. 

Além disso tudo haviam os vândalos, os baderneiros. Aqueles cujo os atos não são alvos dos apartidários de verde amarelo pois não possuem uma bandeira para quebrar, não possuem um cartaz para ser rasgado. Mas são alvos de cassetetes, bombas e tiros. São o grupo que abriu caminho em direção a prefeitura, ao maracanã, a visibilidade internacional. Armados com  pedras ameaçavam fortemente o patrimônio privado, pois num país dominado pelo lobby de empresas o que chamamos de público é só uma farsa os donos, de fato, não somos nós. Essa incrível ameaça a umas vidraças garantiu uma ponderada ação da polícia de jogar gás lacrimogêneo num grupo singelo de 2 milhões de pessoas, a maior parte sem o costume de participar de manifestações, causando pânico generalizado num risco a suas vidas.

Quem controla de fato essa polícia? A quem interessaria uma tragédia envolvendo 2 milhões de classe média de suado labor? Mais uma vez há cordões invisíveis que só não tem nome para quem não quer acreditar no óbvio manipulando toda essa situação . O Golpismo ronda novamente a América Latina atingido primeiro os paises centro-americanos e chegando até nosso vizinho Paraguai o mesmíssimo processo que aconteceu há cinco décadas. O mesmo clamor anti-corrupção amorfo, o mesmo exército insatisfeito, o mesmo "apartidarismo", a mesma perseguição aos "comunistas". Tomemos cuidado pois o gigante sonâmbulo pode não estar acordando sozinho. Pode facilmente cair novamente nos cordões de aço de um Golpe que dessa vez será muito mais midiático.

quarta-feira, 19 de junho de 2013

Poeticamente sádico

amarro bem os meus versos
e tolho cada palavra
que avulsa vira escrava
de meus desejos perversos

gosto quando a rima crava
na carne ímpetos imersos
em tara,  desvios diversos
e doce perversão rara

com voz doce e macia
teço bem uma ilusão
de que a corda acaricia

pelas linhas da escansão
geme cada poesia
e se encadeia o tesão

terça-feira, 18 de junho de 2013

Protesto com Vinagre e Lágrimas

Não, não é apenas por vinte centavos
ou "só" pelo direito de ir e vir
É por tudo que nos faz os escravos
duma seleta elite ainda a sorrir

Oito horas de trabalho por salários
que se fossem piada fariam rir
Enlatados, viajamos num calvário
diário pro sustento garantir

Sabe quanto que vale meu vintém?
Vale muito mais do que seu valor
corrente, monetário e absoluto...

Vale o dever de não dizer amém
prum bando de bandido sem pudor
que trajando ternos mentem absurdos!


segunda-feira, 3 de junho de 2013

cabelos, roupas e unhas de feriado em casa

Segredo não me sento no metrô
não quando é com meu comum leitor
Livretos somente entrego e recolho
Mantendo meu sorriso de olho a olho

Vagos vagões e céu de malumor
mas tinha ela num sorriso encantador
e tímido que obrigou meu desfolho
dos meus livretos com pesar e orgulho

Eu ouso - posso sentar? - Ela ri
esquecido falamos de livros
dos cursos, quadrinhos e poesia

Se dos nomes na língua esqueci
não me apagou os seus modos tão vivos,
seu doce desleixo que seduzia...