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Poeta e apenas poeta

Já me olharam espantados quando digo que sou poeta e só poeta. Que não canto, nem danço, nem atuo, nem pinto, nem bordo, que "só" ...

segunda-feira, 30 de junho de 2008

Sua admirável Loucura

Lucas C. Lisboa

Co'a posse d'uma lâmina tão cega,
vão é ferir suas mãos torpes e frias!
Quando foge da morte e sua luz nega...
sua Louca: dance por vielas vazias!

Esse belo jardim sem flores rega;
criando poças que não secam por dias...
Seu punhado de areias vermelhas pega,
põe-se a gritar por todas cercanias!

Tal quando vai a despetalar espinho;
a lhe ferir o rosto, boca e mãos.

Pois sua dourada chave do moinho
fora roubada por seus vis irmãos!

Seu olhar tão doce quanto o melhor vinho,
causa medo além d'espanto aos mais sãos!

segunda-feira, 23 de junho de 2008

Lições III

Lucas C. Lisboa

Aprenda: nem tudo são descaminhos,
porque também virão viciosos vinhos.
Afinal nem o mundo é só impureza...
também sortida há qualquer malvadeza!

Saiba, pois nem tudo serão espinhos...
há ferrões nos melhores dos caminhos!
Pois que nem tudo é sempre uma tristeza,
sobra também a fome e algoz pobreza!

Pequena, são mazelas da virtude!
assim mui digna de quem só o bem faz...

Contrário a quem bebe por sua saúde...
pra se gozar como melhor lhe apraz!

dos que infligem tormentos amiúde...
sem a piedade d'um segundo em paz!

sexta-feira, 13 de junho de 2008

Zero-Amor

Lucas C. Lisboa

Ambos Bêbados Caminhavam Desolados
Ainda Baixava o Crepúsculo Dolorido
Embalados Faziam Gracejos Horrorosos
Enciumados Fizeram-se Gratos, Honrados

Insensíveis Jogaram-se à Lama Marrom
Inseparáveis Jaziam Lânguidos, Mordazes
Numa Opulenta Perversão Quotidiana
Naturalmente Ordenada Pelo Querer

Revelaram-lhes, Sensualmente, Taras Últimas
Vorazmente Xoxotas Zunindo Azulmente
Braulios Comedores Deleitados Enfim

Rejeitando Sanhaduras Tão Usuais
Velhacas Xícaras Zelaram Absorvidas
Bebiam-se Carregando Desfrutes Enfáticos

sexta-feira, 6 de junho de 2008

Valiosa

Ela foi, sem menor dúvida, meu maior sonho já feito e quando terminei sabia que era um trabalho perfeito. Não sei bem porque, mas não lhe convinham olhos de verdade, em sua face de fada incrustei duas pedras de jade.

Tinha lhe feito com as curvas mais delicadas e uma boca tão rubra quanto bem tracejada. Entre os lábios uma língua muitíssimo apurada e a tez ao menor toque ou roçar estava eriçada. Ouvia o bater de meu coração mesmo nos instantes de calma e quando eu nervoso ouvia o gritar de minha alma. Do meu chegar sabia de longe pelo olfato tão apurado e para ela sempre estaria encantadoramente bem perfumado.

Nunca me vira e nem podia sequer admirar a sua própria beleza que fora tecida por mim. Mas seus olhos eram de jade! Como eles lhe caiam perfeitamente com sua profundeza sem fim...

Ela a cada toque mui deliciosamente gemia, soando-me como a mais bela e formidável sinfonia. Sua voz tão doce e delicada foi, por mim, perfeitamente afinada. Dela eram as melhores carícia qu'eu recebia em toda minha vida e também ela rapidamente os pontos mais sensíveis descobria. Por mim cada gesto fora ensinada e nos toques de amor tornou-se requintada.

Adormecida seus olhos beijava, as frias pedras eram nela sempre cálidas. Nos seus olhos de jade nunca havia lágrima ou tristeza, somente a felicidade de Rei e Princesa.

terça-feira, 3 de junho de 2008

Minha Amada Princesa

Lucas C. Lisboa

Seria um crime dizer de sua beleza!
e seus gestos até as fadas encantam!
Nela tenho toda calma e certeza,
lhe contemplo e meus desejos vicejam...

Debaixo do dossel bela princesa,
com seu perfume meus medos se espantam!
Eu lutaria contra toda realeza
e contra todos os que lhe maldigam!

Minha amada sorri como se deita
tão lânguida e suave num suspiro...
é minha musa mais que perfeita!

A beira do seu leito lhe admiro
enquanto o corpo inteiro ela se enfeita,
fitando-me não vivo nem respiro!