Publicação em destaque

Poeta e apenas poeta

Já me olharam espantados quando digo que sou poeta e só poeta. Que não canto, nem danço, nem atuo, nem pinto, nem bordo, que "só" ...

quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

Rouxinol

Lucas C. Lisboa

Quando a conheceu foi daqueles amores a primeira vista, melhor dizendo a primeira ouvida. Passava pela rua e escutou naquele sobrado de esquina a voz mais fina e delicada que já ouvira em toda sua vida.

Era certo que aquela voz se encaixaria perfeitamente em sua ópera do Pianista e o Rouxinol. Ópera essa que engavetara há anos por nunca encontrar alguma cantante adequada para o papel.

Todas as vozes eram por demais desafinadas ou grossas para a musicalidade que tocava repetidamente em seus ouvidos desde que a primeira nota foi desenhada para a peça. Claro que aquela voz não estava ideal como queria mas sentiu que com o devido treino chegariam a perfeição.

A ela não custou muito convencer aquela humilde Cantante para tomar lições consigo. Ensinou-lhe como ajustar seu tom, como se portar frente ao grande público que era esperado. A Cantante evoluíra muito nos meses que se passaram sob a tutela da Compositora.

Como era de se esperar muito se afeiçoaram uma a outra. A admiração da pupila não tinha limites para com sua maestra. E esta via que a humilde Cantante podia mais e mais até de fato se tornar parte de sua Ópera tão sonhada.

Porém sabia ela que ainda faltava um detalhe para saber se sua voz estaria perfeita para seu espetáculo. E aos poucos foi convencendo a Cantante da necessidade de seu último teste. Ao mesmo tempo que fez a tão esperada encomenda ao seu Ourives de mais extrema confiança e sigilo.

A levou vendada até o local onde fora instalada sua preciosa encomenda. Era a surpresa que coroaria todos aqueles meses de dedicação e labuta. Depois de escutar o som de metal contra metal e sentir-se saindo do chão a Cantante fora desvelada e podia-se ver em sua nova gaiola-morada de ouro. E compreendendo perfeitamente se pôs a cantar para sua maestra que dedilhava o piano.

Cangaço

Lucas C. Lisboa

Virgulino cabra macho
que pro malfeito faz mal
É Pistoleiro de despacho
com sua garrucha de sal

Virgulino cabra macho
tão ruim eu nunca vi igual
E que dá tiro no cacho
derrubando o bananal

Pois quando chega na vila
não há alma que não se grila
por saberem de sua má fama

Pois eu digo ai do vivente
que lhe cruza bem a frente
indo bem rápido pra lama

Comunicabilidade e Experiência:

Florbela Espanca e Marina Colasanti;
uma problemática de Walter Benjamin à luz de Ítalo Calvino

INTRODUÇÃO

A Literatura possui uma potência própria que lhe distingue das outras formas de expressividade humana. Tem também uma função que lhe é própria e uma capacidade única de transmitir a experiência onde as demais formas costumam não ser capazes de alcançar.

Através de Walter Benjamin, filósofo da Escola de Frankfurt e Ítalo Calvino, escritor Italiano e pensador do OULIPO, pretendo explicitar a narratividade do conto “Concerto de Silêncio, para duas vozes” de Marina Colasanti, recorrendo ao soneto ao soneto “Tarde de Música” de Florbela Espanca para realçar os elementos da transmissão do conhecimento e da narratividade.

Marina Colasanti é uma escritora brasileira (mas nascida na Eritréia, uma colônia da Itália no continente africano, em 1937) formada em jornalismo cuja a obra é extremamente polivalente indo de livros infantis, poemas, minicontos, fábulas e contos de fadas. A obraque tratarei é do livro Contos de amor rasgados publicado pela primeira vez em 1986.

É uma escritora de fortes tendencias minimalistas, tendo gosto pelos minicontos procede de maneira inversa ao habitual da tessitura de histórias, pois ao invés de nelas acrescentar detalhes e mais detalhes para completar e enriquecer o texto Marina busca, muitas vezes, cortar e recortar tudo que considera supérfluo e não faz parte do cerne com o qual trabalha.

Mesmo escrevendo em prosa, Marina tem um rigor formal e um cuidado especial para direcionar o seu leitor para as pequenas grandes surpresas que se depara na leitura de seus contos que por tantas vezes sequer passam de uma página.

Florbela Espanca é uma poetisa portuguesa (08/12/1894-08/12/1930) do simbolismo tardio português, que não cedendo aos movimentos libertários do modernismo produz uma obra composta em grande parte por sonetos e outros versos da poética clássica.

Primando tanto pela forma quanto pelo conteúdo produz obras de extrema força e visceralidade em certas fazes para depois ser contrabalançada com uma incrível leveza e oniricidade.

Preocupando-se com a sonoridade de seus versos não deixa de se atentar para detalhes que foram se perdendo com o modernismo. Não obstante o seu isolamento da vanguarda portuguesa tem como grandes apreciadores de sua obra poetas como Antero de Quental e Fernando Pessoa.

A proposta deste trabalho se encerra em explicitar os problemas e funções para a comunicabilidade presentes e cuidadosamente trabalhados tanto na forma quanto no conteúdo das duas obras selecionadas.

Através de recursos estilísticos as obras Florbela Espanca e Marina Colasanti pretendem comunicar e transmitir uma experiencia própria e intensa. Uma experiência que não pertence somente as autoras mas que são compartilhadas por toda uma tradição de narradores como veremos com Walter Benjamin e Ítalo Calvino.

FUNDAMENTAÇÃO

Em "O Narrador" Walter Benjamin problematiza capacidade do homem de transmitir a experiência. Toma como maior vetor da experiencia a figura do narrador mas acredita que tal atividade, a da narrativa, encontra-se com seus dias contados.

Walter Benjamin traça uma genealogia da arte de narrar passando pelas figuras do camponês sedentário e do marinheiro comerciante em tempos remotos. Onde o primeiro dava conta da sua experiencia e da experiencia de seu povo transmitindo assim tal sabedoria em sua narrativida e e o segundo era um agregador das experiencias que lhes foram narradas e vividas nas mais distantes terras. Com a idade média surgem as corporações de ofício onde o mestre sedentário acolhia aprendizes migrantes e de tal relação havia a transmissão e síntese artesanal das diferentes experiencias.

A narrativa tem para Benjamin um elemento utilitário essencial. O Narrador é uma figura que sabe dar conselhos. E se dar conselhos se tornou algo antiquado e incomodo foi porque as experiências deixaram de ser comunicáveis.

"Aconselhar é menos responder a uma pergunta que fazer uma sugestão sobre uma continuação de uma história que está sendonarrada. Para obter essa sugestão, necessário primeiro saber narrar a história (sem contar que um sujeito só é receptivo a uma história quando verbaliza a sua situação)." (Benjamin, Walter. O Narrador)

Entre a Narração e a Informação há um abismo de natureza geográfica e substancial, enquanto na narrativa o distanciamento e imprecisão são fundamentais para a compreensão e a transmissão da experiencia, na informação a materialidade, a proximidade e a precisão dos fatos são fundamentais.

"O Narrador retira da experiencia o que ele conta: sua própria experiencia ou relatada pelos outros. E incorpora as coisas narradas à experiencia dos seus ouvintes" (Benjamin, Walter. O Narrador)

Para a narrativa, explicações elaboradas sobre as causas dos acontecimentos são dispensáveis e até mesmo indesejadas, mesmo que os fatos sejam narrados com exatidão os termos psicológicos que engendram a histórias são implicados na compreensão do leitor.

O Episódio narrado, distinto do informado, adquire per si uma dimensão muito mais extensa do que o próprio fato devido a importante contribuição do leitor para a construção daquela experiencia.

Tal concepção de narrativa de Benjamin se alinha com a perspectiva das propostas de Calvino para a literatura. O que faz calvino é mostrar uma possível solução para o problema da comunicabilidade que Benjamin alega ter se perdido na sociedade da Informação.

Calvino, destaca e recorre aos mais diversos clássicos e atualidades em busca das potencias que permitiriam tal transmissão da experiencia. Se Benjamin fala do distanciamento e imprecisão necessários à narrativa para sua função. Ítalo descreve a dicotomia Peso e Leveza tratando e sistematizando o que Benjamin apenas descreveu e indicou.

Não se trata de fugir do peso da realidade através de uma mera atmosfera de sonhos e nebulosidades, trata-se principalmente do desvio do olhar direto para um relato da realidade por uma ótica que retire de si o peso. Comparando dois versos semelhantes um de Dante e outro de Cavalcanti.

Tratando da neve suave o primeiro lhe dá concretude por meio do verbo comer, transformando-a num ato fechado e acabado enquanto o segundo acrescenta apenas um suave "e" que universaliza e a cena retirando-a da materialidade.
Calvino dá três conceituações para a Leveza:

• "um despojamento da linguagem por meio do qual os significados são analisados
por um tecido verbal quase imponderável até assumirem essa mesma rarefeita
consistência"
• "A narração de um raciocínio ou de um processo psicológico no qual interferem
elementos sutis e imperceptíveis ou qualquer percepção que comporte um alto grau de abstração"
• "uma imagem figurativa da leveza que assuma um valor emblemático"

ANÁLISE

A economia da narrativa se mostra clara e evidente desde a primeira frase/parágrafo onde a voz que narra se limita a dizer: “Surda era Otília.” A frase é simples, direta, sucinta mas de uma total leveza pois escapa-lhe um significado preciso pois se trata de um aparente paradoxo afinal “Oto” é a raiz lingüística do nome Otília e não por acaso significa o que é relativo aos Ouvidos. Sim, em uma única frase Colasanti marca o tom de seu conto, sua personagem principal se chama Otília e é surda, um paradoxo hiperbólico.

Sem conseguirmos resolver a profunda imprecisão de Quem é Otília continuamos a leitura do conto. A mulher-ouvido-surda “Não ouvia as palavras de amor que ele dizia” e “Não ouvia as palavras de amor que ele cantava”, são pequenas e aparente obviedades mas pela tensão provocada por seu nome adquirem um significado especial, um enorme sentimento de desajustamento e um insipiente desejo de resolução desse absurdo.

Mas é no parágrafo seguinte que percebemos o quão grave é a surdez de Otília, e juntamente com ela começamos a percorrer o caminho em busca de uma solução para sua incapacidade comunicativa com o amado. (Amado esse, vale à pena salientar, sequer é nomeado pela voz narrativa, a despeito de sua posição aparentemente fundamental importância a continuidade da história, sendo apenas “ele” ao longo do conto.)

Otília não consegue acessar seu amado mesmo através dos seus demais sentidos, toca-lhe a boca, debruça-se sobre o violão e nada chega até ela. A narrativa reforça a palavra “nada” pela repetição reiterando o vazio ocasionado por essa incomunicabilidade que desenrola, se agrava e começa a sufocar tanto Otília quanto o leitor. São pequenas frases, bem concatenadas mas que nada nos dizem sobre Otília além do que está explicitamente escrito.

Pela leitura do texto não conseguimos descobrir quantos anos tem Otília ou seu amado, como se parecem, como se vestem, de onde são, o que fazem de suas vidas, o que sabem do mundo, suas crenças ou aspirações menores. Tudo que sabemos é que Otília é surda e que seu amado é músico, outro paradoxo que tão bem é explorado na obra.

Toda essa imprecisão implica o leitor nessa experiência, permite que ele misture essa nova experiencia que lhe é narrada com as tantas que encerra dentro de si, tal mistura não ocorre por capricho do leitor mas pela necessidade do texto que exige dele tal implicação para que preencha as lacunas e faça parte da própria narrativa. O rosto de Otília não está descrito no conto, cabe ao leitor, entre suas memórias e experiencias reconstituir o rosto dela da forma que mais lhe identifique.

Benjamin coloca nesse ponto a bem clara diferença entre romance e narrativa, pois o romance lhe dá uma obra acabada onde o leitor não precisa se implicar, o romance não compartilha, não se constitui e nem se dissolve na experiência.coletiva, é uma obra individual de seu autor. Já a narrativa necessariamente parte de uma experiencia bebida de si e do coletivo e ao ser narrada se mistura com outras tantas experiencias dos interlocutores que torna-os autores daquela narrativa e como tais identificados e propícios para a transferência das experiências presentes na obra.

A prisão do silêncio, da incomunicabilidade, acabam por torturar profundamente Otília e provocar nela uma reação impensada e radical: “Até que um dia, tomada de doce fúria, cravou os dentes no pinho que ele dedilhava.” Mas toda radicalidade do ato, todo seu peso negativo se esvai por uma única palavra: “doce” não se trata portanto de uma atitude que rompa com o ritmo do conto é a sua mais perfeita continuidade. A fúria, tão surreal quanto intensa, se torna plausível e suave com a leveza incutida pelo adjetivo doce.

O cravar de dentes de Otília é profundo, intenso visceral, fluindo por seus dentes, ossos e pele. E somente nessa atitude única se dá o que ela desde sempre ansiava. sentir seu amado de modo pleno, intenso e até ofuscante como quem se vê de repente em um ambiente claro depois de muito tempo nas trevas.

A sinestesia construída nesse paragrafo é deveras singular: Afinal, Otília começa a ouvir pelas vibrações do tato e os sons que vem por esse tato a ofuscam, algo típico da visão. É um processo sinestésico de três fases e não meramente duas como é o mais comum. Não é meramente uma cor que tem cheiro mas a sensação táctil de um som que ofusca.

E tal sinestesia é um forte elemento constitutivo da leveza nesse conto tal como Calvino explicita ao exemplificar o paradoxo da Cabeça da Górgona carregada por Perseu. Que por seu enorme poder se deve deixar escondida sendo reservada apenas aos inimigos mais terríveis. E no contraste gritante entre sua força e fragilidade fazendo com que o herói tome sempre um enorme cuidado em seu trato para que ela não pereça.

Após a aparente resolução do conflito do conto (a característica básica de um conto é a existência de um único conflito principal conforme Nádia Batela Gotlib em seu livro Teoria do Conto) o conto como se fosse um mito ou um conto de fadas adquire um elemento cíclico e poético ao anunciar no sucinto parágrafo seguintes (aos moldes do parágrafo que abre o conto) “Surda, porém, Otília não falava”.

O leitor se deixa pegar de surpresa nesse trecho, é uma reviravolta no conto. Dentro do mesmo conflito se coloca uma nova face aparentemente impensada até então, mas novamente de uma simplicidade espantosa. Afinal Otília também era muda. O parágrafo seguinte reforça o caráter mito-poético da obra, evidenciando o ciclo reconstruindo o segundo parágrafo sob a nova perspectiva de Otília.

“Ele”, mesmo sem nome recebe a incumbência do desfecho do conto. Em um desespero causado pela incomunicabilidade da amada se desespera e também “em doce fúria” crava os dentes no ombro dela. Em seu branco e puro ombro. Seus dentes só começam a ouvir “a cadência suavíssima do pulsar do som da amada” quando ele consegue a alcançar em toda a sua profundidade.

Se encerra o conto, com um desfecho apontando para o aprofundamento no insondável para que haja alguma chance de completude na comunicabilidade. Deixa fortemente a necessidade da comunicação, da transmissão da experiencia. Não bastando o amor por si só mas seu compartilhamento profundo e completo. Como Benjamin explica ao dizer que para a transmissão da experiencia se faz necessário um distanciamento, um aprofundamento.

No conto de Marina Colasanti tal distanciamento se dá pelo aprofundamento dos dentes sob a carne e o pinho, para além da superfície penetrando e alcançando o cerne onde o indizível é comunicado independente da surdez e da mudez do ser humano que não mais consegue se comunicar. Colasanti, de ascendência e formação italiana compartilha com Calvino de tal solução para a incomunicabilidade e a perda da arte de narrar da qual Benjamin alerta no início do século vinte.

Tal incomunicabilidade, tal deficiência ficam bem claras no soneto de Florbela Espanca. Onde a voz lírica só enxerga a beleza na paixão que o amado tem por sua paixão e no próprio amado. Não se comunicam, não são unos em seu discurso. Dispares em suas paixões e desejos. Presos e incomunicáveis, sem qualquer solução possível pois aceitam e compartilham de um contentamento descontinuo e díspar como fica bem explícito nos tercetos finais:

“Eu olhava para ti... “É lindo! Ideal!”
Gemeram nossas vozes confundidas.
- Havia rosas cor-de-rosa aos molhos –

Falavas de Liszt e eu... da musical
Harmonia das pálpebras descidas,
Do ritmo dos teus cílios sobre os olhos...”


A voz se contenta com a incomunicabilidade irresoluta de seu tempo, com a impossibilidade de se compartilhar e narrar a própria experiencia e faz disso uma beleza trágica e completa. O Soneto de Florbela traduz magistralmente o sentimento que Benjamin tinha ao encarar sua sociedade européia no pós primeira guerra mundial. Contemporâneos, mesmo que desconhecidos entre si, capitaram bem o espírito de sua época: Ele discorrendo sobre tal em sua filosofia estética e ela se primando na poética clássica e tornando tal incomunicabilidade uma obra de arte.

ANEXOS

Concerto de silêncio, para duas vozes
Marina Colasanti

Surda era Otília.

Não ouvia as palavras de amor que ele dizia. Não ouvia as músicas de amor que ele cantava.

Deslizava os dedos sobre a boca do amado. E nada. Encostava o ouvido no violão. E nada. Nem som nem vibração chegavam até Otília.

Trancada no silêncio, sofria sem encontrar saída. Até que um dia, tomada de doce fúria,
cravou os dentes no pinho que ele dedilhava. E penetrando pelos dentes, fluindo pelos
ossos, infiltrando-se debaixo da pele, o som varou enfim, ofuscante, a cabeça de Otília.

Surda, porém, Otília não falava.

Não dizia do amor. Não dizia das músicas que agora lhe chegavam.

Afastado pela mudez, sofria ele em busca de saída. Que encontrou ao cravar os dentes, em
doce fúria, no branco ombro de Otília. Percorrendo os dentes, deslizando pelos ossos,
impregnando toda a pele, ouviu a cadência suavíssima pulsar do som da amada, que enfim
lhe chegava.

Tarde De Música
Florbela Espanca

Só Schumann, meu Amor! Serenidade…
Não assustes os sonhos…Ah! não varras
As quimeras…Amor, senão esbarras
Na minha vaga imaterialidade…

Liszt, agora o brilhante; o piano arde…
Beijos alados…ecos de fanfarras…
Pétalas dos teus dedos feitos garras…
Como cai em pó de oiro o ar da tarde!

Eu olhava para ti…”é lindo! Ideal!”
Gemeram nossas vozes confundidas.
– Havia rosas cor-de-rosa aos molhos —

Falavas de Liszt e eu…da musical
Harmonia das pálpebras descidas,
Do ritmo dos teus cílios sobre os olhos…

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

Obviedades

Lucas C. Lisboa

Co'ela eu descobri
muito de mim mesmo
que não podia imaginar.

Descobri verdades
óbvias que eu me
recusava a enxergar.

Descobri até mesmo
que feliz ao lado
dela eu posso ser.

Que existem verdades
além dos pesadelos
e sonhos ruims.

Descobri que posso
viver e saciar
toda minha fome.

Que eu posso até
me sentir completo
e também em paz.

Descobri o prazer
de lhe acariciar
e ver em seus olhos

e pensei que eu
no brilho que jamais
trocaria num olhar.

Cúmplices? Creio
que é só o começo...