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Poeta e apenas poeta
Já me olharam espantados quando digo que sou poeta e só poeta. Que não canto, nem danço, nem atuo, nem pinto, nem bordo, que "só" ...
sábado, 5 de setembro de 2015
Ruazinha
a se por no fim da tarde
Quer ver os guri endiabrado
brincando com bola que arde
Quer ver o homem tão cansado
quando seu Fiat Uno invade
O campinho demarcado
com chinelos e com alarde
Gritam logo "Contra Mão"
A rua é arena da Bola
e o carro maior vilão
O homem desce desenrola
"Tem como passá aqui não"
"Eta vida! Vou embora..."
quinta-feira, 27 de agosto de 2015
terça-feira, 11 de agosto de 2015
Dos moinhos de vento
Eu acho tão engraçado quando poetas contemporâneos exaltam que seus versos não tem métrica ou rima.
Falam de um jeito como se isso fosse uma particularidade, um feito, algo que distinguisse sua poética das demais que o cercam, como se fosse algo muito diferente do que é feito hoje.
Mal percebem que o verso livre já virou arroz de festa, completamente hegemônico e dentro do manual da boa poesia contemporânea.
Meu caro poeta contemporâneo, você pode fazer seus versos livres à vontade, mas, por favor, não acredito que isso seja um feito revolucionário ou digno de ser exaltado.
Essa revolução já aconteceu no início do século passado e o monstro parnasiano que diz hoje combater tem tanto poder quanto os gigantes de Dom Quixote.
quarta-feira, 5 de agosto de 2015
Sou o que sou
Eu não viveria no céu;
Gosto do cheiro da terra,
do suor de gente que erra,
acerta e faz escarceu.
Eu não viveria no céu;
Gosto do cheiro de vida
de cutucar a ferida.
Bolero lambada e créu!
Eu sou do tipo atrevido,
que nunca tá resolvido;
como sujeito normal.
Eu sou o que sou e posso
no que faço, vou e aposto
botando pimenta e sal
quinta-feira, 30 de julho de 2015
Boca Suja
"Pu/ta/ que/ pa/riu/ xe/reca
ti/nha/ á/gua/ ne/ssa/ merda"
Pois é, xingando com métrica
quarta-feira, 29 de julho de 2015
Recontagem
A volta do voto impresso
um baita dum retrocesso!
Quem for ficar de malgrado
Chama o melhor advogado...
sábado, 25 de julho de 2015
quinta-feira, 23 de julho de 2015
quarta-feira, 8 de julho de 2015
Estrela
Esse país cada dia
me da mais orgulho
Estamos pouco a pouco
Limpado todo o entulho
Deixados pelos ridículos
E sanguinários milícos.
Cada dia muito menos
gente passa fome
E mais gente pode ter
O seu sonhado iphone
E temos faculdades instaladas
nas cidades mais afastadas
Pouco em 12 anos
mas muito mais do que em 38
O Brasil volta a crescer
depois de 50 anos parado.
38 estragando e 12 consertando
o malfeito de tanto deputado.
Há uma estrela de esperança
Vermelha como o coração
Se você desistiu de nossas crianças
Eu ainda não.
sábado, 4 de julho de 2015
Pragmática
Sim, eu sou de esquerda
pois o problema da fome
é muito mais importante
que o preço do seu iphone
quinta-feira, 2 de julho de 2015
Moça do vestido azul
Quero dedilhar meus dedos
quero-os em ti mergulhados
Nadando dum lado ao outro
em suas carnes envoltos
E sentir-me abocanhado
pouco a pouco cravado
pelos seus labios revoltos
provando-me mil gostos
De falo rijo te faço
esse poema devasso
tal uma canção perversa
Pois me inspira quando pira
quando arfa, goza, delira,
devora (ou vice e versa)
terça-feira, 23 de junho de 2015
Inflação
reclama da seda mais cara.
Porém, se a Musa lhe der,
um tapa, sequer repara...