Tem certas coisas
que não terminam
quando se acabam
Tem velharias
que ficam noivas
das agonias
tem os seus fins
no meio do começo
Maltratando os rins
Tem culpa de berço
erva no jardim
E salgado preço
Já me olharam espantados quando digo que sou poeta e só poeta. Que não canto, nem danço, nem atuo, nem pinto, nem bordo, que "só" ...
Tem certas coisas
que não terminam
quando se acabam
Tem velharias
que ficam noivas
das agonias
tem os seus fins
no meio do começo
Maltratando os rins
Tem culpa de berço
erva no jardim
E salgado preço
Não sei se quero
conversar sério
um tema amargo
tomando trago
Não sei se devo
acordar cedo
depois da insônia
e da vergonha
Não sei se posso
por no pescoço
a mesma corda
que não me acorda
Não sei se dura
minha tortura
no mesmo prego
que bem me esfrego
Tapa, gemido, escarcéu
lembranças duma conquista.
Serão roxos o troféu
para uma boa masoquista?
Rio de Janeiro em festa
para meu aniversário
na janela pela fresta
vejo apenas o operário
pela chuva castigado
justo nesse feriado
Conserta o que os salafrários
que tão bem tem estragado
com seus régios honorários
e cargos comissionados
fazendo a gente de besta
de segunda até na sexta
Então anoitece sábado
e já não há quem resista
a dançar junto colado
patrão e empregado na pista
sem ver pompa ou salário
domingo é dia de baralho
Não me pergunte porquê
Recuse limitações
Venha vamos dar rolê
Nas rodas dos caminhões
Ducha molhando meu rosto
E a água que cai nos meus lábios
Não é salobra de mar
Mas dum copioso chorar
mais fora de hora e de lugar:
-Carne de soja em churrasco
-Retiro espiritual
na sexta de carnaval