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Poeta e apenas poeta
Já me olharam espantados quando digo que sou poeta e só poeta. Que não canto, nem danço, nem atuo, nem pinto, nem bordo, que "só" ...
sexta-feira, 11 de março de 2016
quinta-feira, 10 de março de 2016
Celerado
Os meus versos desgraçados
não surgem dum elogio
duma alegria em seu cio
mas do choro derramado
Eu que jamais me sacio
tenho um peito carregado
de desejos afogados
nas lágrimas quando rio
Cada verso desalmado
é chuva no meu estio
mamilo que acaricio
num momento emprazerado
Sou errado, vil e vadio
um pedaço mal calculado
perverso desmascarado
que faz dos erros seu fetio
Do mais feio, torto ou errado
ganho um abraço macio
pois deles sou fogo e frio
sou príncipe dos celerados
quarta-feira, 9 de março de 2016
Venenos noturnos
Tem certas coisas
que não terminam
quando se acabam
Tem velharias
que ficam noivas
das agonias
tem os seus fins
no meio do começo
Maltratando os rins
Tem culpa de berço
erva no jardim
E salgado preço
sábado, 5 de março de 2016
Não
Não sei se quero
conversar sério
um tema amargo
tomando trago
Não sei se devo
acordar cedo
depois da insônia
e da vergonha
Não sei se posso
por no pescoço
a mesma corda
que não me acorda
Não sei se dura
minha tortura
no mesmo prego
que bem me esfrego
quarta-feira, 2 de março de 2016
De vestido
Tapa, gemido, escarcéu
lembranças duma conquista.
Serão roxos o troféu
para uma boa masoquista?
terça-feira, 1 de março de 2016
Primeiro de março
Rio de Janeiro em festa
para meu aniversário
na janela pela fresta
vejo apenas o operário
pela chuva castigado
justo nesse feriado
Conserta o que os salafrários
que tão bem tem estragado
com seus régios honorários
e cargos comissionados
fazendo a gente de besta
de segunda até na sexta
Então anoitece sábado
e já não há quem resista
a dançar junto colado
patrão e empregado na pista
sem ver pompa ou salário
domingo é dia de baralho
terça-feira, 23 de fevereiro de 2016
Atropelamento e fuga
Não me pergunte porquê
Recuse limitações
Venha vamos dar rolê
Nas rodas dos caminhões
domingo, 7 de fevereiro de 2016
Meu caro sanguessuga
terça-feira, 2 de fevereiro de 2016
Sabor semelhante
Ducha molhando meu rosto
E a água que cai nos meus lábios
Não é salobra de mar
Mas dum copioso chorar
O que não vejo
seu falso querer
eu tenho meu medo
medo de você
Seu falso enredo
de me dizer
que lhe trago azedo
no fel de você
desço sem mais lágrimas
e sem mais soluço
do fim ao princípio
entre minhas lástimas
sequer um impulso
para meu precipício