riso tímido atrevido
sob um louro cacheado
lhe cai seu verde vestido
com um relance rosado
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Poeta e apenas poeta
Já me olharam espantados quando digo que sou poeta e só poeta. Que não canto, nem danço, nem atuo, nem pinto, nem bordo, que "só" ...
quinta-feira, 15 de junho de 2017
Minha mona
sábado, 10 de junho de 2017
Catarina
um arco-íris vermelho
vermelho felicidade
seu rosto e riso no espelho
nossas pernas na cidades
quinta-feira, 25 de maio de 2017
Meu dia
Eu dormi a tarde toda
como manda o figurino
quero mais é que se foda
minha insonia, desatino
Já não danço na roda
nem de pé fico pro hino
e sequer me dou mais corda
pra inda crer no meu destino
Eis misantropo e casmurro
meu fim trancado num quarto
aos livros, jogos e poemas.
Empacado, velho burro
sou de Dorian o retrato
pagando as minhas penas
segunda-feira, 3 de abril de 2017
Drink
nu no espelho, me vejo e a vista me trava
pele pálida, desespero e tristeza bela
sem poesia, sem amor, sem força, sem lavra
Era mais fácil na época duma Florbela
um bilhete duplo pra Verona bastava
e partia sem choro sem drama sem querela
culpa, remorso, tristeza, tudo às favas
São dois goles amargos prum sonho bom
desatino que persigo, pesquiso e não acho
esses tempos modernos são tão cuidadosos!
Já faz um ano, que não me troco meu tom
numa dúvida do porque não me despacho
pros braços noturnos tão amorosos!
sexta-feira, 31 de março de 2017
Lentamente
não mais me diz quem eu sou
muito menos porque vivo
Não tenho mais essa sorte
que do meu peito passou
só me resta um frio cativo
Não sei bem quem mais errou
e por mais que viro e revivo
não acho qualquer resposta
Tantos meses se calou,
meu lirismo tão altivo,
que de mim mesmo se desgosta
Qual verdade, qual meu crivo,
do pesadelo uma amostra
que do gosto me ressinto
Dessa sala não me livro
migalhas na mesa posta
é o q'Eu como tão faminto
Perdi o jogo, perdi a aposta
nem lavra, ouro ou quinto
me resta desse desejo
Das montanhas até a costa
acabei-me por extinto
todo gosto de meu beijo
Minhas mágoas de absinto
no meu quarto de despejo
guardo minha melhor veste
Manchada de vinho tinto
que lambo, esfrego e almejo
com toda sede do agreste
No caco d'espelho vejo
o meu sangue e minha peste
minha humilhante derrota
No embalo do realejo
mecânico e inconteste
cuja melodia me corta
Não há um deus que me ateste
que me indique a certa porta
d'esperança e acalento
Não há diabo que se preste
a me contar uma lorota
que me afaste esse lamento
Não há jardim e nem horta
onde eu colha o sacramento
ateu duma vida bela
Espinho seco, flor morta
sem horizonte no firmamento
sou nau sem mastro ou vela
Testemunho e testamento
minha herança e sequela
de coração aleijado
Desatino desatento
escondido na janela
do meu quarto rejeitado
Aqui jaz a sentinela
do anjo roto e maltratado
que quis o meu bem querer
Hoje é quadro d'aquarela
em lágrima aquarelado
me pintando sem me ver
Tento e tento ter cuidado
ao meu pranto recolher
destilado num só frasco
Suturado e retalhado
sucessivamente ser
sendo meu algoz carrasco
Venha, venha logo ver
não é ensaio de teatro
nem coroa dum infante
Meu ocaso é pra valer
sem pudor e sem recato
jaz em dois o diamante
Poema inacabado
bom, ruim, leal ou mau
ainda quero meu poema
escrito co'a linha forte
da palma de minha mão
tracejada em fino corte
Verso verseja mortal
bom, ruim, leal ou mau
Cutucando meu edema
num masoquismo de morte
voando a partir do chão
seguindo sem sul nem norte
Verso verseja mortal
bom, ruim, leal ou mau
Quero que o fio do frio trema
todo meu corpo na sorte
caída no caramulhão
um anjo d'altivo porte
Verso verseja mortal
bom, ruim, leal ou mau
a caldeira lhe queima a lenha
solta fumaça no trote
torce o torque do pistão
é tanta trata e transporte
Verso verseja mortal
bom, ruim, leal ou mau
na barca de rima rema
um cavalo de pinote
com ar puro e cara do cão
ladrando ante seu bote
quarta-feira, 15 de março de 2017
No dia seguinte
vejo seu short no meu box
decorando meu banheiro
meu riso não é botox
e sim puro e verdadeiro
sexta-feira, 24 de fevereiro de 2017
Prece
quero o descalabro
de ter cada canto
de ti devastado
por mia fome e espanto
quero ungir seu rabo
com meu óleo santo
pra levar a cabo
seu orgasmo e pranto
quero lhe causar
deliciosas dores
com prazer imundo
posta em meu altar
de amarras tal flores
num jardim fecundo
domingo, 5 de fevereiro de 2017
Máxima Podolatria
ela me lambe os detalhes
dentre os dedos de meus pés
deixando-me rijo tal entalhe
com seu sexo nas marés
oceânicas de desejo
de cima abaixo até o queixo
sábado, 7 de janeiro de 2017
Lara
Fernanda Lara Máximo Cardoso
quero seu beijo e também o seu gozo
os seus cachos se encaixam nos meus cachos
e seus passos bem cabem nos meus passos
Seu corpo, coxas, lábios, nuca e dorso
me adoçam em amor, café e almoço
desenho com meus dedos os seus traços
faminto lhe ato e desato meus laços
Minha boneca minha lhe desejo
em cada cômodo de minha casa
Sala, cozinha e quarto de despejo
lhe quero leve na lufada de asa
com plumas pervertidas de meu anjo
que lhe vê febril, ardente e em brasa
domingo, 20 de novembro de 2016
quarta-feira, 2 de novembro de 2016
Desato
ante o pulso tracejado,
num deleite delicado,
deita-se em doce destino
de cordas e desatino
és minha, doce pecado
que cultivo com cuidado
de daninha dor e tino
de boneca com fita e sino
de nó em nó eu faço atado
nessse deleite enlaçado
por fitas e cordas mil
e teu olhar feminino
se espanta com meu canino
chegando em ti com ardil
sexta-feira, 30 de setembro de 2016
quarta-feira, 21 de setembro de 2016
terça-feira, 13 de setembro de 2016
vinte e seis
Sequer retrucou
a bela mocinha
quando Ele a mandou
sair sem calcinha
de vestido provou
a leve carícia
que o vento soprou
por pura malícia
Seu rosto corou
na fome que aninha
nas traves do gol
da sua bucetinha
Seu dono domou
seu ar duma anjinha
que o sino soou
barroca putinha