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Poeta e apenas poeta

Já me olharam espantados quando digo que sou poeta e só poeta. Que não canto, nem danço, nem atuo, nem pinto, nem bordo, que "só" ...

terça-feira, 16 de fevereiro de 2021

Valiosa

Ela foi, sem menor dúvida, seu maior sonho já concretizado e quando findo sabia que era um trabalho ímpar. Não sabia bem porque, mas não lhe convinham olhos verdadeiros, em sua face de fada lapidou como ourives duas pedras de jade.

Tinha lhe feito com as curvas mais delicadas e uma boca tão rubra quanto bem tracejada. Entre os lábios uma língua muitíssimo apurada e a tez ao menor toque ou roçar se eriçava. Ouvia o bater de seu coração mesmo nos instantes de calma e quando ele nervoso ouvia o gritar sua alma. Quando ele chegava sabia de longe pelo olfato tão apurado e sempre estava encantadoramente bem perfumada.

Nunca o vira e nem podia sequer admirar a sua própria beleza que fora tecida por ele. Pois seus olhos eram de jade! Mas eles lhe caiam perfeitamente com sua profundeza sem fim...

Ela a cada toque mui deliciosamente gemia, soando-me como a mais bela e formidável sinfonia. Sua voz tão doce e delicada foi, por ele,  afinada. Dela eram as melhores carícias qu'ele recebia em toda sua vida e também ela rapidamente os pontos mais sensíveis dele descobria. Por ele cada gesto fora ensinada e nos toques de amor tornou-se requintada.

Adormecida seus olhos beijava, as frias pedras eram nela sempre cálidas. Nos seus olhos de jade nunca havia lágrima ou tristeza, somente a felicidade de Rei e Princesa.

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