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Poeta e apenas poeta

Já me olharam espantados quando digo que sou poeta e só poeta. Que não canto, nem danço, nem atuo, nem pinto, nem bordo, que "só" ...

domingo, 15 de abril de 2007

Bom dia, tarde, noite

Lucas C. Lisboa

Como vai meu caro?
à pé, de trem ou dirigível:
tanto fez ou faz...

quarta-feira, 11 de abril de 2007

Antologia

Lucas C. Lisboa

meus Amores de museu
são Segredos pra Ninguém
são guardados dentro d'Eu
conservados muito bem

terça-feira, 10 de abril de 2007

Estesia

Lucas C. Lisboa

Sou poeta dos prazeres,
exulto mil dos quereres...
Servo fiel de todos ritos:
são minha fé, são meus mitos!

Por quaisquer que sejam eles;
delícias, fortes quereres...
malfadados ou bem quistos
Belos ou mesmo Malditos

Tato meu assaz refinado,
corpo qualquer me tocar.

Mesmo Olfato viciado,
ainda capaz de inebriar...

Paladar mais delicado,
por um sigelo versejar!

sábado, 7 de abril de 2007

Réquiem

Lucas C. Lisboa


Audiræ sorve, um gole generoso do capuccino, enquanto seus olhos adquirem um brilho avermelhado por se atentar ao ocaso, deveras singular, que presencia.

O sol, talvez numa desesperada e última tentativa, sangra copiosa e rubramente rajando os céus e avançando sobre as brumas da cidade abaixo.

As brumas, reagindo co'a fria descrença da morte, se limita a deixá-lo passar por pequenos rasgos deixando que as cores dos casarões apareçam pelos instantes de calor.

Sorrindo alcança uma fina caixa metálica à jaqueta, os dedos percorrem a superfície e numa carícia, mais profunda e firme, lhe abre e a leva aos lábios.

Fechando-a busca n'outro bolso a embalagem de madeira, da haste retirada faz surgir o fogo, oferecendo uma singela contribuição ao labor do sol.

Ascende o cigarro de seus lábios e após uma tragada, longa e áspera, por suas narinas aspira em sua contribuição às nebulosas brumas.

terça-feira, 3 de abril de 2007

Penteadeira

Lucas C. Lisboa

Trancou-se no quarto
e refletiu, refletiu...
tornando-se espelho.

segunda-feira, 2 de abril de 2007

Enamorado

Lucas C. Lisboa

Fitei o céu d'uma lua quase inexistente
Cogitando estrelas que na mão caberiam
Para entregá-las como singelo presente
Agrado onde diversas cores se veriam

Contigo até comunguei por um deus ausente
Crendo de coração que seus anjos existiam
Por dias a fio teci alegrias habilmente
pensando que outros tão melhores viriam

Hoje encostado ao canto e talvez perdido
em meio à poeira antiga estão teus sentimentos
Eu já sei que tu não tens mais como mentir

Não duvido de teus olhos neste pedido
e na sinceridade de teus argumentos
Apenas já não mais posso teus nãos ouvir

sexta-feira, 30 de março de 2007

Subjugo

Lucas C. Lisboa

Ela, muitissimo bem amarrada, geme
rio quando num arranhão seu seio lhe firo
Do abuso ao corpo, desejo lhe consome
Co'a chama d'uma vela lhe bem eu miro

Ao jugo do meu prazer submissa prefiro
em cada tocar mais rijo seu corpo freme
A cera mui cálida e, sua pele admiro
por minhas levíssimas carícias se treme

O seu suor se mistura às pedras de gelo
Derretidas pelo seu dorso em marcas profundas
Degusto do mais gélido à sua espinha

Seu "não" tenta afastar as culpas mais imundas
Mas minhas mãos lhe apoderam tal erva daninha
Em brasa à pele cravando esse meu selo

sexta-feira, 23 de março de 2007

Dura lex sed lex

Lucas C. Lisboa

Pois quem viola a lei
da gravidade é punido
muito gravemente

INRI

Lucas C. Lisboa

Cruz, simbolo fálico
encravado na mãe terra
com todo cuidado

Fumando Espero

Lucas C. Lisboa


Um Golpe de Sorte,
por três tragos ainda espero...
Minha tal consorte.

Modernosidade

Lucas C. Lisboa

Poesia Moderna
parece não passar d'uma
enorme baderna

segunda-feira, 19 de março de 2007

Humanidades

Lucas C. Lisboa

Pois nada é tão errado
que não se possa acertar

Pois nada é tão sagrado
que não se possa gozar

Pois nada é tão acertado
que não se possa errar

Pois nada é tão gozado
que não se possa rezar

quarta-feira, 14 de março de 2007

Luzes da Modernidade

Lucas C. Lisboa

São belos os Anjos
a cavalgar Pedras lustrosas
ao redor da Lâmpada

sexta-feira, 9 de março de 2007

O Convento

Lucas C. Lisboa


Primeiro, a Irmã Cristina, numa madrugada de quinta feira, gritou ecoando por todo o convento de Nossa Senhora dos Peregrinos e desde então se calou de tudo, inclusive do porque fora encontrada desnuda em seu leito.

Na mesma semana, em seu sétimo dia, Irmã Amélia (que chegara ao convento a pouco mais de mês depois que seu marido morrera num trágico acidente de trem) teve febre e delirou por uma noite inteira antes de também se calar.

Irmã Josina, que estava prostrada ao leito desde o inverno passado quando caíra da escada, acordou, mas sequer um gemido ou lamento ressoou.

Pouco a Pouco cada um dos viventes daquele convento se calou e em duas semanas só restara a Madre Superiora e o Padre ainda fazendo uso de suas vozes.

Na sexta feira seguinte, a Madre Superiora, já desesperada com aquela enfermidade, aos berros inutilmente conclamou suas pupilas a falarem, mas foi tão inútil que ela mesma perdeu a sua.

E na manhã seguinte a missa fora rezada pelo Padre, mas seus lábios não se moveram, no entanto todas as freiras se prostraram rezaram e depois comungaram tudo sem que sequer o farfalhar de tantas narinas fosse escutado.

terça-feira, 27 de fevereiro de 2007

Canção de ninar

Lucas C. Lisboa

Venham repousar
todos os anjos caídos
ao teu ímpio leito

Da insignificância

Lucas C. Lisboa

Pois eu nunca mais
cederei outro cigarro
pra quem nega trago

da Poetisa

Lucas C. Lisboa

Pois eu só me fodo
com as coisas que mais gosto
Sexo e Poesia

O Palco

Lucas C. Lisboa

Todas as Tragédias
são na verdade comédias
que não gargalharam

quarta-feira, 21 de fevereiro de 2007

do décimo andar

Lucas C. Lisboa

e de qual altura
caiu esse tão belo vaso
que não tem remendo?

sexta-feira, 16 de fevereiro de 2007

Obsessão

Lucas C. Lisboa

Não me interesso por nada menos que tudo.
Pois é, mesmo que lhe pareça maior absurdo...
Saiba: de modo algum tal o seria pra mim;
mesmo quando pouco resta raspo até fim.

Quando qualquer grito é vazio ou mudo
e ao som mais refinado se faz tão surdo...
Serão nossos retratos rasgados assim
e a navalha equilibra-se entre não e sim!

Pois eu já mandei jogar minhas cartas fora...
(mas guardo muitas em um suspiro de dor)

Quase ri de mim quando você foi embora...
(e dizia eu:"Pois irei contigo onde for")

Estranho como lhe quero bem mais agora...
(se antes tinha sonhos, hoje tenho horror)

quarta-feira, 7 de fevereiro de 2007

Conto de Fadas

Lucas C. Lisboa

E com mero beijo;
a Princesa acorda quem
um dia veio salvá-la.

quinta-feira, 18 de janeiro de 2007

Flauta de Porcelana

Lucas C. Lisboa

Do rosto recoberto, saida d'uma tela
encanta, por ser sonho de qualquer quimera
pois mesmo quando só desnudada aos lábios
basta-os ao findar de pesadelos vários

Flauta de Porcelana, muito mais que mera
cantante de belíssimos versos pois ela
compete de igual co'a filosofia dos sábios
e saberes dos magos com seus alfarrábios

As suas palavras: Divina sabedoria
acalmando os exércitos e os Vis compadeçam
luz no peito mais escuro e d'alma perdida

Sua música é muito mais que chula magia
essa notas que entoa até as pedras tocam
vertem lágrimas d'ouro e ganham própria vida

sexta-feira, 12 de janeiro de 2007

Mirra, Gita e Meca

Lucas C. Lisboa

Fé é pura estética
Todos os textos sagrados
tem sua própria métrica

quinta-feira, 11 de janeiro de 2007

Carteado

Ataualpa S. Pereira / Lucas C. Lisboa

Naquela tênue luz, cartas à mesa posta:
os dedos sobre o Palco marcam o compasso,
por um olhar reluz os punhados da aposta,
de relance o decalco do Arlequim devasso...

Ao lado Imperatriz com seu Bastão em Cruz:
sorri a prima realeza, para de sobressalto
tal uma meretriz ele às cartas faz jus,
gota se esvai, frieza pela face em salto...

Dum trago, tece fio de bruma dançatriz
d'outro lado pigarro de rouca aspereza:
cerra os olhos no fetio da velha cicatriz
na cuspideira escarro dissolve a certeza.

Dedos um tanto tensos esquecem do frio,
finalmente, felinos partem ao bizarro:
são montantes imensos por desvario,
intrépidos ladinos sem temer esbarro...

Sorriso de resposta, olhares intensos:
o passo em falso é trocismo dos destinos!
Na Trapaça exposta: silêncio aos lenços
antes do encalço virão saques alcovinos.

sábado, 6 de janeiro de 2007

da Sedução

Lucas C. Lisboa

O meu maior logro
é do tamanho de teu
máximo pudor

terça-feira, 2 de janeiro de 2007

Flerte de espelhos

Lucas C. Lisboa

Loucuras pois sim
Galanteios a trariam
decerto pra mim

segunda-feira, 1 de janeiro de 2007

Surreal Canibalismo

Lucas C. Lisboa

ao campo prostrados
deitados um aos pés d'outro
de acordo devoram-se

sábado, 23 de dezembro de 2006

Anarco-canibalismo II

Lucas C. Lisboa

Pois a mão do papa
numa única bocada
será degustada

Anarco-canibalismo

Lucas C. lisboa

Não perca essa pompa
enquanto eu devoro tua mão
que deu-me ao beijo

terça-feira, 19 de dezembro de 2006

Como quem se dá ao Carrasco

Lucas C. Lisboa

mãos Acorrentadas sobre a cabeça
dorso desnudado Violentos Rasgos
roupas abertas, cuidadosa pressa
causo, por hora, mais medos que estragos

submissa um soluço surdo começa
por sussurros e gemidos mesclados
tudo bem guardado na sua Mordaça
enquanto tem os seios Lacerados

imobilizada com Horror se espanta
tentando inutilmente libertar-se
ao sibilado do Metal que se afia

tal Instrumento causa uma dor tanta
ao penetrar tenra carne desfalece
pois se pudesse agora gritaria