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Poeta e apenas poeta
Já me olharam espantados quando digo que sou poeta e só poeta. Que não canto, nem danço, nem atuo, nem pinto, nem bordo, que "só" ...
quarta-feira, 23 de maio de 2007
Teogonia
Gente que de nada sabe
aos seus oráculos sobe
com o desejo perverso
das verdades do universo
segunda-feira, 21 de maio de 2007
ART
Certa vez conheci uma poetisa,
fascinou com encanto de Florbela:
Sensivel em flor, técnica imprecisa
e, por fim, também, muitissimo bela
Apaixonei-me pela poetisa
e comecei meu versejar por ela:
Musa, que todo poeta precisa,
concebi, a primeira pensando nela.
Por razões menos nobres não lhe tive...
Amargo, fiz dos versos ferramentas:
Eram tão precisas quanto insensíveis.
De posse delas fui então ourives;
A procurar por matérias quinhentas
para esculpir amores intangíveis!
domingo, 20 de maio de 2007
Bem amarrada
Minha linda bonequinha...
tão deliciosa putinha!
Q'eu uso, abuso e maltrato;
com todo prazer e trato.
quinta-feira, 17 de maio de 2007
segunda-feira, 14 de maio de 2007
dos sentidos baixos
desmerecendo até o tato
Desmandos d'audição:
matam paladar e olfato
Poética e Flagelo
D'uma pura displicência
falhas crassas n'estrutura
mal-acabada indolência
n'uma débil estrutrura
quarta-feira, 9 de maio de 2007
Literatura Crítica
Então Bilac é poeta
mas o Quintana também
Digo, pois nada contesta,
um sinceríssimo amem
quinta-feira, 26 de abril de 2007
do Perfume amado
Um sorriso desabrochou dos lábios de Flëur, não sorria mais assim, pelo menos não desde que voltara para casa. Sorrira pelo perfume do frasco que se espatifara ao chão.
O derrubara do alto da estante quando pegou, para lhe trazer o sono perdido em algum canto da noite naquele quarto, um livro de poesia. Nem se lembrava mais que ele o havia deixado ali, afinal, três longos anos já tinham se passado desde então.
Ajoelhou-se ao chão e, afectuosamente, recolheu todos os cacos, até os mais pequeninos, depositando-os em suas mãos. Recolhidos todos levou a mão ao rosto para tal fragrância melhor sentir.
Os pedaços de vidro beijou, lembrando-se dos dias que beijava o corpo exalando aquele tão caro e doloroso odor... Não sentiu novamente o calor de sua pele, mas, sim o sabor do sangue de seus lábios feridos.
quarta-feira, 25 de abril de 2007
Pois para ele o Sol sempre nascia
Fiel à sua palha, teceu fios d'ouro. Mas quando a agulha lhe espetou o dedo ele quebrou sua roca.
Notou, depois da fúria e da dor, que seu novelo jazia,já de bom tamanho e grossura, ao lado de sua fiadeira agora aos pedaços.
Pegou do chão o novelo e, com agulhas de tricô, fez para si um agasalho aureo. Vestido o sueter perecebeu que ele não o aqueceria... Mas, brilhava como o sol.
segunda-feira, 23 de abril de 2007
Noli me tangere
Descido ao reino dos mortos;
duplamente mortal eu sou:
a descobrir o que já sabia,
me negando o último abraço...
Ela irá não mais me tocar,
essa falta sinto tanto hoje...
quanto quando se deu fato:
três anos que não se apagam.
Atormenta o riso dessas moiras
que venceram o desafio
Ao redor, ninguém mais se lembra
não se vêem vitmas nem vilões
Pois me lembro todos os detalhes
Do que foi tragédia e comédia
quinta-feira, 19 de abril de 2007
domingo, 15 de abril de 2007
Enfim a sua carta
Alice, do corte o sangue pulsa e goteja
formando tantas manchas negras ao carpete
Sabe que sangra apenas porque o deseja
do mesmo modo são as lágrimas que verte
Olhar não desvie, ao menos hoje, me veja!
Sua boca, por obsérquio, não a deixe inerte.
Quando claramente meu semblante esbraveja
algumas mágoas que meus demônios diverte.
Neste momento do mais puro nervosismo
A caneta à mão, por pressionar, estoura
sujando meus dedos, escorrendo ao pulso
Por um sórdido gargalhar vindo do abismo
de sua palma o fino corte d'uma tesoura
que transgrediu à carne num pequeno impulso
Casulo em chamas
O beijo da crisálida infecunda
corrói e fere alguma boca imunda
por essa sua acidez tão febril
vai causar um morticínio senil
Mariposa de aspereza profunda
de cancros e chagas a tez inunda
quelíceras ávidas e olhar vil
provocam dor e pesadelos mil
Arsênico nas páginas da bula
d'um elixir de Ambrósia destilada
Bater de asas ao papel repousou
Esse veneno que aos olhos pula
Morte que faz-se calma e aguardada
Do gargalhar mudo que findou
Bom dia, tarde, noite
Como vai meu caro?
à pé, de trem ou dirigível:
tanto fez ou faz...