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Poeta e apenas poeta

Já me olharam espantados quando digo que sou poeta e só poeta. Que não canto, nem danço, nem atuo, nem pinto, nem bordo, que "só" ...

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

No ponto de ônibus

No ponto de ônibus vira-se e pergunta para mim com aqueles olhos castanhos:
- Porquê?

Pego completamente surpreso respondo de pronto:
- O quê?

E não contendo o riso ambos se entreolham e eu
digo:
- Porquê?

Mais que depressa ela responde:
- O quê?

Há mais gente conosco naquele ponto, pessoas transitando esperando sua condução para a cama, afinal, era dia de semana e já estava de noite.

Para nós a noite só estava começando e numa troca infinita de porquês e oquês todos ao redor do ponto simplesmente se afastam.

Isso quase nos assusta e intimida, mas no fundo o gosto do proibido, do desafio, do surreal e do divertido nos convence a continuar:
-Porquê?
-o quê?
-O quê?
-Porquê?

O onibus amarelo finalmente chega e esquecemos disso no processo de pegar passagem, procurar lugar, se sentar e tudo mais. Mas bastou sentarmos para que ela virasse para mim em tom de desafio e perguntasse novamente:
-Porquê?

7 comentários:

Lara disse...

Coisas corriqueiras e um humor leve.
É bom pra se ler nas quartas feiras, em um ligeiro momento de descanço

Melati disse...

Tem tudo para fazer um conto fragmentado. Mas assim não.

Você prefere que eu comente somete poesia, não é?

Beijo.

Castro Lisboa disse...

Risos, eu prefiro criticas a elogios...
Mas tá ai, porque não pega ele e reescreve me mostrando como ficaria melhor aproveitada essa ideia?

Melati disse...

Posso fazer isso com aquele outro? O do outro blog?

Gosto mais daquele. E ficou rodando na minha cabeça...

Castro Lisboa disse...

Quando quiser!
Vou ficar encantado e muito curioso em ver sua visão sobre ele.

Comunicação disse...

Sempre inspirado... pena q me faltam os poros para saborea-lo.

Joyce F. disse...

Isso sim é tentar se distrair na volta pra casa... haha