Lucas C. Lisboa
Pois quer muito mais que nada
quer ser abusada e usada
por mim como mia pequena
serva de carne serena
Publicação em destaque
Poeta e apenas poeta
Já me olharam espantados quando digo que sou poeta e só poeta. Que não canto, nem danço, nem atuo, nem pinto, nem bordo, que "só" ...
quinta-feira, 7 de janeiro de 2010
Quadras Quebradas
Lucas C. Lisboa
Pedidos já não nos cabem
pelas recusas sem fim
Eu temo que não acabem
as culpas dentro de mim
Não se esqueça dos irmãos
sonhos tão nosso e carmim
Lembre-se de minhas mãos
seguras em ti pois sim
Porque pede pra pedir
se dar-se deseja assim
Porque nao vem-me a sorrir
se desejosa está enfim
Deixemos o sapato jogado
Lembremos da fita de cetim
Vamos regar com cuidado
um sonho bom e não ruim
Pedidos já não nos cabem
pelas recusas sem fim
Eu temo que não acabem
as culpas dentro de mim
Não se esqueça dos irmãos
sonhos tão nosso e carmim
Lembre-se de minhas mãos
seguras em ti pois sim
Porque pede pra pedir
se dar-se deseja assim
Porque nao vem-me a sorrir
se desejosa está enfim
Deixemos o sapato jogado
Lembremos da fita de cetim
Vamos regar com cuidado
um sonho bom e não ruim
quarta-feira, 6 de janeiro de 2010
Quebrado
Lucas C. Lisboa
Eu adoro coisas faltando
pedaços onde o inteiro
que se esperava tanto
não falta no pardieiro
Eu sou d'algo faltando
meu olhar não é certeiro
e a perna esquerda mancando
me dá um ar mais fateiro
Como xícaras quebradas
servindo de copos pintados
é minha morta esperança
Minhas ilusões viciadas
meus sonhos despedaçados
compõe minha nova dança
Eu adoro coisas faltando
pedaços onde o inteiro
que se esperava tanto
não falta no pardieiro
Eu sou d'algo faltando
meu olhar não é certeiro
e a perna esquerda mancando
me dá um ar mais fateiro
Como xícaras quebradas
servindo de copos pintados
é minha morta esperança
Minhas ilusões viciadas
meus sonhos despedaçados
compõe minha nova dança
sábado, 2 de janeiro de 2010
Férreo Ferro
Lucas C. Lisboa
O fazendeiro de pregos
plantava com seu martelo
pra colher enferrujados
regava com muito esmero
Queria bem avermelhados
os pregos do seu castelo
para ferir os descuidados
em seu banquete singelo
E para fechar as portas
da comilança sem cela
ou arreio há as cordas
Comida era farta e bela
com os parafusos, porcas
e uma ou outra arruela
O fazendeiro de pregos
plantava com seu martelo
pra colher enferrujados
regava com muito esmero
Queria bem avermelhados
os pregos do seu castelo
para ferir os descuidados
em seu banquete singelo
E para fechar as portas
da comilança sem cela
ou arreio há as cordas
Comida era farta e bela
com os parafusos, porcas
e uma ou outra arruela
sábado, 26 de dezembro de 2009
Pequena Marionete
quinta-feira, 24 de dezembro de 2009
VITAE
Lucas C. Lisboa
Dê adeus a esse passado,
que tanto lhe faz o mal!
Dê adeus ao seu deserto
que feito é de puro sal...
Respire o cheiro do assado
de temperos sem igual!
Aprecie, sinta mais perto
o nosso fogo vital.
Ao redor dessa fogueira
somos uno p'lo secreto
na clareira da floresta
Pois somos a vida inteira
presos, no torto e no reto,
a viver o que nos resta.
Dê adeus a esse passado,
que tanto lhe faz o mal!
Dê adeus ao seu deserto
que feito é de puro sal...
Respire o cheiro do assado
de temperos sem igual!
Aprecie, sinta mais perto
o nosso fogo vital.
Ao redor dessa fogueira
somos uno p'lo secreto
na clareira da floresta
Pois somos a vida inteira
presos, no torto e no reto,
a viver o que nos resta.
segunda-feira, 21 de dezembro de 2009
Instantes
Lucas C. Lisboa
dois pares de calças
atracam-se vorazmente
num xadrez chuvoso
duas xícaras sem alça
bebem o café fervente
num dia nebuloso
o par numa valsa
danca deliciosamente
no terceiro, o gozo
o casal abraça
o rijo pau reluzente
num labiar fogoso
dois pares de calças
atracam-se vorazmente
num xadrez chuvoso
duas xícaras sem alça
bebem o café fervente
num dia nebuloso
o par numa valsa
danca deliciosamente
no terceiro, o gozo
o rijo pau reluzente
num labiar fogoso
sábado, 19 de dezembro de 2009
Quadras d'espada
Lucas C. Lisboa
Sangrando o ar com sua espada
o cavaleiro sustenta
sozinho pela lembrança
dos beijos da bela amada
Não baixa nunca sua guarda
em uma luta sangrenta
contra as sombras dessa herança
que lhe ergue e lhe mata
Sangrando o ar com sua espada
o cavaleiro sustenta
sozinho pela lembrança
dos beijos da bela amada
Não baixa nunca sua guarda
em uma luta sangrenta
contra as sombras dessa herança
que lhe ergue e lhe mata
sexta-feira, 18 de dezembro de 2009
Em Cena
Lucas C. Lisboa
Pois pule, dê saltinhos com ardor!
não tenho culpas, não tenho pudor
nem lhe peço licença se lhe invade
numa cura da doença vil de Sade.
Pois Deseja q'eu pule meu senhor?
Só diga a qual altura por favor!
Que lhe faço contente sua vontade
mesmo que for somente por vaidade
Calada! Não desgaste essa sua rara
de provocar furor raivoso e único
que me fustiga como sequer sonha
Eu lhe peço, só não bate na cara
na frente da platéia, de meu público
sou cadela mas morro de vergonha...
terça-feira, 15 de dezembro de 2009
Troca de farpas (ou olhares)
Lucas C. Lisboa
Eu nunca vou entender
se você nada dizer
suas palavras caladas
não me dizem nada
Eu sequer irei saber
se você nada fizer
contra essas minhas mancadas
achando certa as erradas
respostas que já me deu
ou são totalmente falsas
nossas caras pretensões?
Apostas altas no ateu
não santifica as vidraças
tão frágeis dos corações
Eu nunca vou entender
se você nada dizer
suas palavras caladas
não me dizem nada
Eu sequer irei saber
se você nada fizer
contra essas minhas mancadas
achando certa as erradas
respostas que já me deu
ou são totalmente falsas
nossas caras pretensões?
Apostas altas no ateu
não santifica as vidraças
tão frágeis dos corações
domingo, 6 de dezembro de 2009
Para a eternidade
Lucas C. Lisboa
Foge a sordideza
do diabo a vitória
da tamanha grandeza
dos homens na história
Com maior justeza
vivendo da glória
toda uma realeza
bebe em sua memória
Guerreiros de espadas
sagradas em sangue
e carne divinos
Co'as vistas cegadas
que marcham no mangue
e brandam os sinos
Foge a sordideza
do diabo a vitória
da tamanha grandeza
dos homens na história
Com maior justeza
vivendo da glória
toda uma realeza
bebe em sua memória
Guerreiros de espadas
sagradas em sangue
e carne divinos
Co'as vistas cegadas
que marcham no mangue
e brandam os sinos
sexta-feira, 4 de dezembro de 2009
Noite, madrugada, manhã, tarde
Lucas C. Lisboa
Cigarros sem filtro em dias tão cinzentos
tosse, choro e pesadelos quinhentos
fazem sorrir sem culpa ou pudor
eu, que velho por dentro, sou senhor
Mais um trago em copos lamacentos
na praça da estação de movimentos
estranhos que lhes causariam horror
se tão bêbado não estivesse seu suor
É belo um rato a correr pro esgoto
entre carros e crianças frenéticas
que vagueiam sem rumo pelas ruas
É belo um homem sujo e mais que roto
c'olhos desejando as pernas atléticas
das jovens que bem imagina nuas
Cigarros sem filtro em dias tão cinzentos
tosse, choro e pesadelos quinhentos
fazem sorrir sem culpa ou pudor
eu, que velho por dentro, sou senhor
Mais um trago em copos lamacentos
na praça da estação de movimentos
estranhos que lhes causariam horror
se tão bêbado não estivesse seu suor
É belo um rato a correr pro esgoto
entre carros e crianças frenéticas
que vagueiam sem rumo pelas ruas
É belo um homem sujo e mais que roto
c'olhos desejando as pernas atléticas
das jovens que bem imagina nuas
terça-feira, 1 de dezembro de 2009
Menestrel de Vidro
Lucas C. Lisboa
Eu queria um coração de aço ou vidro
Inquebrável e frio ou se partido
quebrasse em vermelhosos, vis, cristais
contado dessas mil dores ou mais
O de aço pesa tanto que duvido
que poderia guardar em mim ferido
ao peito co'essas dores tão abissais
que carrego nas crateras pulmonais
Eu queria ter nascido todo de aço
tal Donzela de Ferro que se faz
segura na luz fria do seu vestido
Eu queria que não houvesse um espaço
pra essas dores, de poeta mordaz,
se esconderem em meu canto sorrido
Eu queria um coração de aço ou vidro
Inquebrável e frio ou se partido
quebrasse em vermelhosos, vis, cristais
contado dessas mil dores ou mais
O de aço pesa tanto que duvido
que poderia guardar em mim ferido
ao peito co'essas dores tão abissais
que carrego nas crateras pulmonais
Eu queria ter nascido todo de aço
tal Donzela de Ferro que se faz
segura na luz fria do seu vestido
Eu queria que não houvesse um espaço
pra essas dores, de poeta mordaz,
se esconderem em meu canto sorrido
Convidados
Lucas C. Lisboa
Derrotei os exércitos de Deus,
dos deuses e com todas as mil feras!
Sangrei o mar em busca desses réus
com os seus pesadelos e quimeras!
Cansado direi eu aos filhos meus
que fui capaz de lhes domar as terras
desde o horizonte até tocar os céus
sendo O cavaleiro a guardar por eras
Minha morada é de fato verdadeira
segura erguida sobre a pedra inteira
pela fé de um sonho que de luz cega
Cheguem em meu palácio de cristal
nem só de mármore se faz meu sal
há também o vinho e o pão na adega
Derrotei os exércitos de Deus,
dos deuses e com todas as mil feras!
Sangrei o mar em busca desses réus
com os seus pesadelos e quimeras!
Cansado direi eu aos filhos meus
que fui capaz de lhes domar as terras
desde o horizonte até tocar os céus
sendo O cavaleiro a guardar por eras
Minha morada é de fato verdadeira
segura erguida sobre a pedra inteira
pela fé de um sonho que de luz cega
Cheguem em meu palácio de cristal
nem só de mármore se faz meu sal
há também o vinho e o pão na adega
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