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Poeta e apenas poeta
Já me olharam espantados quando digo que sou poeta e só poeta. Que não canto, nem danço, nem atuo, nem pinto, nem bordo, que "só" ...
domingo, 11 de dezembro de 2011
Confissão Carioca
Lucas C. Lisboa
Prefiro sentir calor
a destilar meu ciúme
ambos me cortam de dor
em faca de fino gume
Prefiro sentir calor
a destilar meu ciúme
ambos me cortam de dor
em faca de fino gume
terça-feira, 6 de dezembro de 2011
Poema Natalino
Aos que me dizem
Sou um poeta nato?
Não Nato é meu pai!
que não é apelido
de Renato mas sim
Natalino na verdade
mas não ele não
nasceu no natal!
Quem é que nasceu
foi o meu velho avô
que quis ter um filho
com o nome igual
lá nos idos tempos
de caixeiro viajante
de tropas de burro e
de trem de ferro
Em Alfredo Graça
tinha um armazém
desses de montanhas
de milho e de panos
Meu avô arrendava
um vagão do trem
pra levar de tudo
e trazer também
lá de Caravelas
fim da ferrovia
onde negociava
comprava e vendia
Vovó Terezinha
cuidava da venda
se o velho viajava
e entre uma agulha
e panela vendida
Ela fazia partos
das mulheres grávidas
da vila do Graça
Vovô Natalino
ia do coração
das minas gerais
até na Bahia
Trazia no Natal
fitas pras meninas
e a borracha fazia
festa pros meninos
Sou um poeta nato?
Não Nato é meu pai!
que não é apelido
de Renato mas sim
Natalino na verdade
mas não ele não
nasceu no natal!
Quem é que nasceu
foi o meu velho avô
que quis ter um filho
com o nome igual
lá nos idos tempos
de caixeiro viajante
de tropas de burro e
de trem de ferro
Em Alfredo Graça
tinha um armazém
desses de montanhas
de milho e de panos
Meu avô arrendava
um vagão do trem
pra levar de tudo
e trazer também
lá de Caravelas
fim da ferrovia
onde negociava
comprava e vendia
Vovó Terezinha
cuidava da venda
se o velho viajava
e entre uma agulha
e panela vendida
Ela fazia partos
das mulheres grávidas
da vila do Graça
Vovô Natalino
ia do coração
das minas gerais
até na Bahia
Trazia no Natal
fitas pras meninas
e a borracha fazia
festa pros meninos
terça-feira, 29 de novembro de 2011
Bêbado em Copacabana
Lucas C. Lisboa
Mas me diga seu Drummond
porque é que não me responde
Não gosta desse meu tom
ou porque você é de bronze?
quinta-feira, 24 de novembro de 2011
sexta-feira, 18 de novembro de 2011
Honesto
Lucas C. Lisboa
E me diga meu benzinho
de que são essas olheiras?
Pois são culpa do vizinho
que me alugou as orelhas!
Tocando samba e chorinho
pela madrugada inteira!
Mas fui pago direitinho
com moças e bebedeira.
Sim, sim, eu tava na festa
não nego, é feio mentir...
Eu sei que hoje só me resta
pelo seu perdão pedir.
Se me der faço a promessa
de TENTAR não repetir!
quinta-feira, 17 de novembro de 2011
Detrás da porta
Lucas C. Lisboa
me toca sem pedir perdão
sem dizer uma palavra
me levanta numa mão
para me fazer sua lavra
de ouro puro de tesão
me fazendo sua escrava
com a perna na escansão
que dentre as minhas me trava
marca minha pele branca
e com meu mamilo brinca
na fome que se faz sede
quando meu suspiro estanca
porque me vem numa trinca
de nos por contra parede
sexta-feira, 11 de novembro de 2011
Apoteose
Lucas C. Lisboa
Ele duma voz de sangue
bem negro de samba atiça
Ela num swingue sem voz
se mexe, samba e eriça
bem negro de samba atiça
Ela num swingue sem voz
se mexe, samba e eriça
o sorriso branco do Negro
que reluz nos olhos claros
duma gringa que não ginga
mas que no peito palpita desejo
que reluz nos olhos claros
duma gringa que não ginga
mas que no peito palpita desejo
só não sabe se quer sê-la
ou ser como o negro e tê-la
se excita tanto a branquela
quê não vê chegar o Mulato
mais que sedento por ela
bruto mas de fino trato
que lhe faz dama e cadela
atrevido num mesmo ato
ou ser como o negro e tê-la
se excita tanto a branquela
quê não vê chegar o Mulato
mais que sedento por ela
bruto mas de fino trato
que lhe faz dama e cadela
atrevido num mesmo ato
quarta-feira, 9 de novembro de 2011
A princesa amada
Lucas C. Lisboa
na frente do espelho
de tudo e de nada
ri até do conselho
da velha encurvada
não bota aparelho
nem fica falada
somente um fedelho
lhe deixa irritada
Se lhe olha faceiro
se faz mal amada
sem ele é errada
e rasga dinheiro
a moça calada
de lábio vermelho
é muito tarada
pra pouco pentelho
por ele gamada
lhe cai de joelho
jaz descabelada
na hora do recreio
com fome de fada
faminto parceiro
co'a boca felada
lhe engolindo inteiro
quarta-feira, 2 de novembro de 2011
Vizinhança
Lucas C. Lisboa
Nervoso o velho Agripino
brandindo com sua bengala
a ralhar com o menino
que fez da bola uma bala
com um chute bem cretino
acertando sua janela
e a brasília do vizinho
O ecológico Agripino
resmungando não se cala
e recomenda ao menino
a usar bodoque de tala
grossa e elástico fino
pois assim não mais abala
sua paz só a do passarinho
sexta-feira, 28 de outubro de 2011
O homem de preto disse não a poesia
Lucas C. Lisboa
Nos trilhos do metrô Eu fui barrado
disseram-me: poesia não tem vez
sem um certo papel protocolado
vai embora poeta d'uma vez!
Sim, eu assino sou muito culpado
de não aceitar a insensatez
de ver o verso meu ser censurado
por ganância de pura estupidez
Eu só lhe digo: Ei seu segurança
porque estraga a leitura dos viajantes
que liam-me com sorrisos em seus rosto?
Sei que só querem que eu siga sua dança
de querer coisas bem desimportantes
sem magia, sem lirismo, só desgosto!
sexta-feira, 21 de outubro de 2011
Coração Mineiro
Lucas C. Lisboa
Bom dia belo horizonte!
Bom dia minas gerais.
Pra minha terra de amantes.
Meus suspiros e ais!
Bom dia belo horizonte!
Bom dia minas gerais.
Pra minha terra de amantes.
Meus suspiros e ais!
sábado, 15 de outubro de 2011
15 de Outubro
Lucas C. Lisboa
No brasil mais de quinhentos
anos de exploração global
Fome e miséria são armamentos
da terceira mundial
Na terra seus mil encantos
são vitimas do capital
que fez do Mercado um Santo
intócável e irreal
Não acredite no terno
e gravata que lhe diz
com ar de sábio paterno:
"seja um escravo feliz"
Não seja apenas um servo
menos que uma meretriz
que vende a vida pro inferno
e se faz de força motriz
Jovens e velhos aos prantos
pela ganância de loucos
Acordem! Nós somos tantos
eles são grandes mas poucos!
Pois todos juntos gritemos!
bem mais alto até que roucos
escutem a verdade que sabemos:
que nós não somos os trocos!
Eventos em todo o Brasil e no mundo!
Praças pelo mundo afora despertaram. Milhões de pessoas cansadas de autoritarismo, de democracias voltadas para os ricos, da farra do capital financeiro.
Há 500 anos, o Brasil é um país saqueado por políticos corruptos, ruralistas e empreiteiros gananciosos. O governo brasileiro segue dominado pela mesma elite que levou nosso país a um dos primeiros lugares em desigualdade social.
Temos muita coisa para mudar!
Precisamos construir uma nova forma de fazer política, queremos decidir os rumos em assembleias livres, amplas e democráticas. Queremos levar o debate a todas as praças do país.
Somos contra a política suja das negociatas, de um sistema que concentra o poder nas mãos de uma minoria que não nos representa, corruptos cuja dignidade está a serviço do sistema financeiro; queremos uma Democracia Real com participação do povo nas decisões fundamentais do país, muito além das eleições, essa falsa democracia convocada a cada quatro anos.
Transparência!
Não somos palhaços. A Copa do Mundo de 2014 e as Olimpíadas de 2016 do jeito como estão sendo organizados servem apenas para os interesses dos ricos e de seus governantes. Estamos vendo uma verdadeira “faxina social” em nosso país, com a remoção de milhares de famílias das regiões onde serão os megaeventos esportivos. Os benefícios atingiram uma pequena parte da população. O sigilo do orçamento das obras da Copa, a flexibilização das licitações e a postura submissa do Brasil à Fifa e à CBF são um banquete farto aos corruptos.
Quem disse que queremos crescer assim?
Queremos um Brasil ecologicamente sustentável. Atualmente a política de desenvolvimento da matriz energética segue a devastação do meio-ambiente e do desrespeito aos povos originários, como a construção de Belo Monte, um atentado aos povos do Xingu. Não concordamos com o caminho que o governo federal está propondo - que prevê a construção de pelo menos mais quatro usinas nucleares até 2030 - no desenvolvimento de uma energia cara e não segura: Enquanto o Brasil segue com as usinas nucleares de Angra dos Reis, mesmo após a calamidade nuclear de Fukushima, há pouco incentivo às novas tecnologias energéticas sustentáveis, como a solar, eólica, de marés, para as quais o país possui enormes potenciais.
Equilibrado e para todos.
O agronegócio segue como um risco ao futuro. O desmatamento desenfreado, anistiado e estimulado pelo novo Código Florestal, segue transformando o Brasil numa grande fazenda de soja. Não há uma política séria de reforma agrária, de soberania alimentar e de preservação do meio-ambiente. Segue a destruição da Amazônia, o uso abusivo de agrotóxicos e a propriedade da terra cada vez mais concentrada.
Educar ou manipular?
Estamos fartos de que os meios de comunicação, que deveriam servir a população como ferramenta de educação, informação e entretenimento, sejam usados como armas de manipulação de massas, trabalhando para os mesmos políticos corruptos que deflagram o país em benefício próprio.
Vamos colorir as praças com diversidade!
Ainda sofremos discriminação pela cor da nossa pele, por nosso sexo ou orientação sexual, por nossa nacionalidade, por nossa condição econômica. Queremos colorir as praças brasileiras com a diversidade do nosso país, que precisa ser livre, digno e para todos. Devemos ocupar, resistir e produzir decisões e encaminhamentos democráticos, onde a colaboração esmague a competição e a socialização destrua a capitalização. Não temos a ilusão de resolver todos os problemas em poucos dias, semanas, meses. Mas teremos dado o primeiro passo.
Chegou o momento em que todas as nações, todas as pessoas se unem e tomam as ruas para dizer: Basta! É hora de assumir a nossa responsabilidade e o nosso direito a uma vida livre e justa. 15 de outubro: um só planeta, uma só voz.
quinta-feira, 13 de outubro de 2011
Bêbado Boêmio
Lucas C. Lisboa
Manhã de feriado
bebeu pela santa
e também tinhado
do capeta sem regra
Caminhando de lado
tropeça na penca
de cajá-do-diabo
sem querer encrenca
Pergunta embriagado
quanto cobra a quenga
de batom borrado
e saia flamenca
Mas é mãe de santo
que lhe joga praga
por ser tão errado
no sertão sem água
segunda-feira, 10 de outubro de 2011
Anotações sobre versificação
O metro faz parte de um conjunto de sistemáticas que nos permite ter com clareza as potencialidades formais de cada verso e de seu conjunto. A afinação paulatina dos versos permite ao poeta reexaminar seu poema e lhe dá tempo para que possa dentro dele atingir sua máxima expressividade.
A cada reolhar de um poeta sobre seus próprios versos acontece uma concepção mais pura do que é a obra que criou e tal qual um desenhista que ajustas detalhes de proporção de seu quadro o poeta tem todo o direito de acertar cada nuance de sua expressão posta no papel.
Ao reorganizar as palavras de seu poema o escritor consegue aprofundar a força expressiva das palavras centrais de seu texto dando-lhe o acompanhamento adequado pois se acompanhada de algum termo de peso igual a idéia central de um verso pode ser ofuscada.
A adequada concatenação de fonemas átonos e tônicos permite o poeta dar relevo semâtico e rítimico às partes de seu poema que sua temática demanda maior atenção. Na poesia a versificação não serve apenas para polir as pérolas de um poema mas também para afiar os seus espinhos.
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