Publicação em destaque
Poeta e apenas poeta
Já me olharam espantados quando digo que sou poeta e só poeta. Que não canto, nem danço, nem atuo, nem pinto, nem bordo, que "só" ...
terça-feira, 16 de setembro de 2014
quinta-feira, 21 de agosto de 2014
Pragmática
que insiste em dizer que dois
e dois só é e só pode ser
o rigoroso de um quatro
Sendo que nós precisamos
pra fazer o bem de todos
e da nação que então seja
ao menos cinco ou seis
O conservador tortura
e conserva a dor de um três
querendo menos que dois
E o radical queima o palanque,
rasga a tabela exigindo
nada menos que seu dez
sexta-feira, 6 de junho de 2014
ÁGUA VIVA: O JARDIM METAFÍSICO
O JARDIM
O Jardim aparece como alegoria a multiplicidade do universo segundo a metafísica de Clarice Linspector em Água Viva. É um elemento cuja a metáfora abarca em si todo o universo da Natureza Espinosiana, "Deus ou seja Natureza" é uma expressão que define bem a concepção de Clarrice em seu panteismo feito em prosa poética dotado de uma polissemia própria e pungente.
Em uma honesta tentativa de decifrar Clarice Linspector e seu feérico livro Água Viva para uma árida metafísica resolvi por bem não abrir mão do lirismo absurdamente indissociável dessa obra e fazer uma análise mito-poética de sua especificidade universalizante.
"Neste instante-já estou envolvida por um vagueante desejo difuso de maravilhamento e milhares de reflexos do sol na água que corre da bica na relva de um jardim todo maduro de perfumes, jardim e sombras que invento já e agora e que são o meio concreto de falar neste meu instante de vida. Meu estado é o de jardim com água correndo. Descrevendo - o tento misturar palavras para que o tempo se faça. O que te digo deve ser lido rapidamente como quando se olha."
Jardim é o instante-já onde a Natureza se revela ao leitor em toda a sua compreensão possível de mundo é a forma inteligível que o conhecer humano concebe para ascender ao divino e ao transcendental. Vale dizer que por seu caráter mito poético O Jardim não é mera metáfora do universo em sua totalidade é ele de fato in natura. O olhar rápido e a imediaticidade revelam o primeiro e mais direto contato com a Verdade que o Jardim representa, a natureza é tautológica per si é “Uma rosa é uma rosa é uma rosa”.
O verso de Gertrude Stein seduz ao um entendimento imediato que apenas a Natureza quando vista pelos olhos poéticos consegue traduzir-se, traduzir-se não. Apreender, pois é um processo que não se prende aos intelectualismos semânticos e sim um processo que se dá por transcendência do conceito em ato de si.
“Sei da história de uma rosa. Parece -te estranho falar em rosa quando estou me ocupando com bichos? Mas ela agiu de um modo tal que lembra os mistérios animais. De dois em dois dias eu comprava uma rosa e colocava-a na água dentro da jarra feita especialmente para abrigar o longo talo de uma só flor. De dois em dois dias a rosa murchava e eu a trocava por outra. Até que houve determinada rosa. Cor-de-rosa sem corante ou enxerto porém do mais vivo rosa pela natureza mesmo. Sua beleza alargava o coração em amplidões.”
Rosa, a máxima flor, presentifica-se em meio ao natural reino dos bichos, os próprios reinos são criação do humano em sua tentativa vã de classificar, nomear e dar significado à poética do Jardim. O cor-de-rosa é uma perfeita representação do estado aparentemente indistinto do real pela ótica humana, mas pela Natureza é representação máxima de um estado que é vivo e verdadeiro. Mesmo que não alcançado pela dialética de olho e mente de quem observa a Rosa.
A prisão da rosa no cárcere doméstico é uma alegoria forte da linguagem que tenta a todo custo dar conta do real sacrificando-o, murchando-o em prol de sua domabilidade, de sua domesticação ao espaço da mente humana. Nomear o Ser é restringí-lo à uma pálida expressão de si mesmo. A linguagem humana aponta, sugere, faz-se uma sombra sob a Verdade e não a compreede, assim é esperar que a água do jarro nutra eternamente a Rosa que ornamenta a mesa da sala de jantar.
"Para me refazer e te refazer volto a meu estado de jardim e sombra, fresca realidade, mal existo e se existo é com delicado cuidado. Em redor da sombra faz calor de suor abundante. Estou viva. Mas sinto que ainda não alcancei os meus limites, fronteiras com o quê? sem fronteiras, a aventura da liberdade perigosa. Mas arrisco, vivo arriscando. Estou cheia de acácias balançando amarelas, e eu que mal e mal comecei a minha jornada, começo-a com um senso de tragédia, adivinhando para que oceano perdido vão os meus passos de vida."
A compreensão de si que se insere no contemplamento do Jardim é de uma total indentificação entre o eu e o mundo. Uma indissocialidade tântrica que permeia o pensamento Clariceano de tal forma que não há espaço para a metáfora morta o que há é uma absoluta multiplicidade que dissolve o Eu entre as acácias amarelas, entre o espírito da liberdade e as raizes da realidade.
O Suor, elemento tragicamente humano, contrasta como resíduo indesejável da tentaiva humana de lançar luzes sobre a Verdade. A realidade em seu frescor está nos limites fronteiriços das possibilidades do entendimento racional e apenas a poética é capaz de tomar para si um vislumbre momentâneo dessa totalidade panteística.
"Agora vou falar da dolência das flores para sentir mais o que existe. Antes te dou com prazer o néctar, suco doce que muitas flores contém e que os insetos buscam com avidez. Pistilo é órgão feminino da flor que geralmente ocupa o centro e contém o rudimento da semente. Pólen é pó fecundante produzido nos estames e contido nas anteras. Estame é o órgão masculino da flor. É composto por estilete e pela antera na parte inferior contornando o pistilo. Fecundação é a união de dois elementos de geração - masculino e feminino - da qual resulta o fruto fértil. "E plantou Javé Deus um jardim no Éden que fica no Oriente e colocou nele o homem que formara" (Gen. 11, 8)."
Em Água Viva Lispector partilha com Espinoza de um panteismo cristão que torna Natureza o divino, indissocia e funde num universalismo, aqui simbolizado pelo Jardim, todo o Amor que há enquanto Verdade. E é nessa fusão que se encontra a narrativa de Clarice que sendo uma narradora também é personagem e narrada de sua própria obra. O eu-lirico dessa prosa profundamente poética imiscui-se do Divino para ter em si o initeligível que é próprio da existência que é mesmo quando não dita ou não significada.
A dolência das flores, elemento-símbolo do jardim. contrasta a primeira vista com o Desejo de um Criador e numa descrição absolutamente profana da Flor enquanto sexo e geradora de vida. Clarice inverte a concepção de Criador unindo no Éden todo o humano presentificado no néctar da Natureza. O suco doce das Flores é buscado com avidez pelo inseto mas também pelo próprio homem que sendo parte da Natureza tenta negar que é uno ao Todo nesse Jardim.
"Mas conheço também outra vida ainda. Conheço e quero-a e devoro-a truculentamente. É uma vida de violência mágica. É misteriosa e enfeitiçante. Nela as cobras se enlaçam enquanto as estrelas tremem. Gotas de água pingam na obscuridade fosforescente da gruta. Nesse escuro as flores se entrelaçam em jardim feérico e úmido."
A gruta com suas sombras é uma caverna onde o homem contemplas as suas sombras sob a pálida luz fosforescente. É um indicativo do espaço humano dentro desse universo polissemântico, de apenas perceber as sombras, o obscuro. Um leve contorno daquilo que é de fato.
A avidez descrita por Lispector é parte da ânsia humana que se desvela num mundo onde o homem não participa mais. O Jardim Feérico vai para além da compreensão humana pois é o espaço onde cobras dialogam com as estrelas, onde a virulência da realidade não tenta impor seu domínio por completo, onde a Vida e a Verdade coexistem em plena harmonia sem mediações artificiais e onde o mistério é aceito como tal.
" No Jardim Botânico, então, fico exaurida. Tenho que tomar conta com o olhar de milhares de plantas e árvores e sobretudo da vitória-régia. Ela está lá. E eu a olho."
A contemplação da vitória-régia é uma sintese perfeita da postura da autora frente ao Real. Um simples Ser-em-si. O olhar precedido da existência e nada mais. O Real enquanto presentificação do Ser garante ao olhar do Jardim um êxtase místico. Uma verdadeira existência que esgota o ser humano, a contemplação do Real, exaure o indivíduo pois o mesmo não é capaz de abarcar toda sua infinitude. E a contemplação per si deve bastar pois a linguagem não pode mais do que sugerí-lo Indicar a Natureza é máximo que a mente finita do homem pode fazer em sua comunicabilidade desprovida da universalidade contida no Ser.
A recorrência do Jardim na prosa de Clarice denota o eterno desejo humano de domesticar a Natureza, de tê-la sob sua capacidade intelectiva e de vontade. Seja por preces ou tubos de ensaio é o homem com sua linguagem tentando cada vez mais dar conta dessa infinitude que o ultrapassa mas que mesmo assim o fascina. A poética de Clarice é uma ode ao humano que conta grãos de areia imaginando-se colecionador de estrelas.
terça-feira, 3 de junho de 2014
Saudades?
é a mesmíssima dum par
de pesos presos aos pés
quando me ponho a nadar
segunda-feira, 5 de maio de 2014
domingo, 30 de março de 2014
sexta-feira, 14 de março de 2014
Dizer que:
todo político é ladrão.
É o melhor salvo conduto
pra manter as coisas como estão.
Deixando todos enlameados
os que tem culpa e os que não
favorece os mais emporcalhados
que de sujeira entendem de montão.
O coronel engravatado
reina na sujeira do sertão
O midiático cooptado
domina fácil a televisão
E todo mundo é enganado
por esse velho chavão
quarta-feira, 12 de março de 2014
Pois os conta-sílabas ainda não estão extintos.
Escolhido o nome pensamos na identidade visual e nas futuras ações poéticas que executaríamos ao longo do ano a volta das oficinas, as interferências e as apresentações... A reunião se estendeu para depois das dez da noite e quando peguei o vagão do metrô já estava mais vazio. Só para não perder o costume saquei meus livretos de dentro da bolsa.
Distribui por todo vagão com um sorriso no rosto mas poucas pegavam e na volta menos ainda pagaram pelo prazer de ler poesia. Mas no fim do vagão uma senhora me chamou a atenção, ela estava compenetrada em meus versos e seus dedos se mexiam freneticamente contando as sílabas dos meus versos!
Encontrar outra conta-sílabas é cada vez mais raro com essa ditadura do verso livre. Foi um enorme prazer sentar ao lado dela e partilhar desse prazer que é a escansão, vê-la contando à moda espanhola que conta todas as sílabas do verso e me justificar dizendo que sigo a moda francesa de se contar somente até a última tônica.Acertado os termos ela conferiu que todos os versos estavam mesmo em redondilha maior. Era um sonetilho que agora tinha sido contado e revisado dentro do vagão. É bom encontrar com quem eu posso conversar na mesma língua.
E pensar que semanas antes uma revisora de oportunidade veio me corrigir a gramática sacrificando o ritmo e a oralidade de outro poema... O verso "lhe tomo num trago" tem um ritmo e uma melodia que "tomo-lhe em um trago" perde totalmente! Foi triste ser corrigido assim por alguém letrado, que faz da revisão o seu ganha pão, mas que ignora os conceitos mais básicos do que é poesia.
Por essas e por outras que eu elegi os vagões do metrô e seus personagens como meu melhor público no lugar daqueles acadêmicos com seus artigos e teses modernas debaixo do braço.
quinta-feira, 30 de janeiro de 2014
Poema Botequeiro
57 são amassados antes de serem lidos
Nos bares do Brasil
a cada 100 recados de guardanapo
57 são amassados antes de serem lidos
Nos bares do Brasil
a cada 100 recados
de guardanapo
57 são amassados
antes
de serem lidos
antes de serem lidos
antes de serem lidos
antes de serem lidos
antes de serem lidos
segunda-feira, 20 de janeiro de 2014
Redondilha Maior
e acredito que me expresso
dum jeito mais verdadeiro
se pelo verso me meço
Sou do tipo poeteiro
que mesmo quando converso
vou escandindo o letreiro
poético que estou imerso
São minhas métricas escravas
as cartas dum palacete
São palavras pouco sábias
que poeto pra cacete
São minhas sete sílabas
o mais redondo banquete
sábado, 11 de janeiro de 2014
A Menina Mariposa
só vê num verso qualquer
um espelho que desposa
sua vaidade de mulher
terça-feira, 17 de dezembro de 2013
Menina-raposa
seu corpo de flor
espinho e rosa
em perfume e cor
Menina-raposa
lhe sorvo o suor
de garoa nova
em tom sonhador
Menina-raposa
lhe provo o sabor
que tanto nos goza
em prazer e dor
Menina-raposa
sou seu caçador
de verso e de prosa
pecado e pudor
quarta-feira, 6 de novembro de 2013
Balada
de doce absinto
é forte o afago
da fome que sinto.
Lhe traço num rasgo
do quarto bonito
e quero num rastro
sorver o seu grito
Lhe faço calada
na palma da mão
e ponho de quatro
por puro tesão
Sou doce cilada
pro seu coração
um belo retrato
de vil perversão
Eu não peço nada
nem mesmo perdão,
lhe pego num ato
e devoro então
segunda-feira, 28 de outubro de 2013
Maresia
Imagina se eu fosse um pirata
e seu quarto navio todo cheio
de riquezas bem mais que ouro e prata
por apenas ter você no meio
lhe darei cantos e serenatas
se for minha sereia de cachos
com perfume do oceano e fragatas
entre os mastros as velas e laços
pelas cordas içadas ao vento
com seu corpo sutilmente preso
minha bela que faço de porto
para todos desejos imensos
que transborda até o mar onde rezo
o meu terço e cântico torto
sábado, 19 de outubro de 2013
Pescador de Palavras
subia pra pescar
no alto amazonas
Sonhava eu co'as águas
negras e barrentas
que não misturavam
ao se encontrar
Você prometia
que ia me levar
junto se eu ficasse
maior que você
Mas não me levou
até o solimões
e nem mesmo no
baixo Pantanal
Foi no Velho Chico
e no Rio das Velhas
que pescamos juntos
Me esquecia do anzol
confundia as linhas
mas tinha bem sorte
de principiante
Paciência nunca
tive muita e o papo
valia sempre o barco
Moro hoje no Rio
de Janeiro mas na
minha poesia
cabem versos mil
Até mesmo aqueles
de amor guardados
bem na sua gaveta
Eu pesco palavras
tal pescou jaús
com sabor de estórias
e algo de aventura
Paciente deixo
o verso chegar
mordendo meu metro
Puxando forte a linha
perfazendo rimas
embolando estrofes
na poesia turva
Ainda quero ouvir
o esturro duma onça
no meio do mato
Pra saber se o medo
que eu sentia quando
pequeno lhe ouvia
contar é esse mesmo
Mas quero também
ver todo seus versos
sairem da gaveta
Tal fossem cardume
grande de curimbas
tomando o rio todo
em versos e prosas
Pai, vamos pescar
peixes e palavras
nessa mesma linha?
Azul
e mais onze nos gramados
juntos, o time perfeito
que nem todo céu estrelado
brilha mais e desse jeito
pelos estádios e estados
ofuscam velhos eleitos
já depostos no relvado
Meu cruzeiro cruza os campos
dos mais belos horizontes
das minhas minas gerais
O Brasil de canto a canto
já nos vê como gigantes
destronando até os globais!
quarta-feira, 16 de outubro de 2013
do caráter poético das ruas.
é sempre e sempre
foi do tipo vadia
E se estende bem em
qualquer corda de varal
e até no fio do fio dental
quinta-feira, 26 de setembro de 2013
de caráter
dos frascos e comprimidos
comunista , feminista
e também botafoguense
Sobre trilhos
são só cereja no bolo
os sorrisos e as moedas
é que dão vida ao poeta
Não era como se dizia
terça-feira, 27 de agosto de 2013
Urbanização Infantil
-Mas mãe, eu quero brincar aqui fora.
-Desce! Desce agora! - respondeu ela sem a menor paciência.
sexta-feira, 16 de agosto de 2013
Com quantos pau-brasil se faz uma vanguarda?
um gole de vinho escocês
uma taça de cerveja russa
só não me abusa
do azeite francês
ou da comida inglesa
Experimenta urucum na cara
tapioca na tigela
Te quero mameluca
filha do boto
minha meretriz cabocla
Oh musa Liberdade
se deita comigo
não como espelho italiano
mas como olho d'água
que reflete o canto de Iara
Quero ser vitória régia
e não só a última flor do Lácio
quinta-feira, 1 de agosto de 2013
meu pássaro meu
não sou julieta
nem você romeu
sou vontade louca
da cor do marfim
que a fome desfruta
tal suave cetim
vem beber comigo
um gole de vinho
serei pão e trigo
em cada cadinho
meu pássaro meu
não sou julieta
nem você romeu
sou menina pura
vem fazer-me assim
presa mas com luta
de querer-lhe enfim
vem correr perigo
sem luz no caminho
sou seu mais antigo
desejo quentinho
meu pássaro meu
não sou julieta
nem você romeu
sou doce sou fruta
vem provar de mim
em suave labuta
de não dizer sim
vem beber comigo
um gole de vinho
serei pão e trigo
em cada cadinho
meu pássaro meu
não sou julieta
nem você romeu
sou quem sempre escuta
Vem contar pra mim
toda vida injusta
que não tem mais fim
vem ser meu amigo
não fique sozinho
sou seu novo abrigo
um seguro ninho
meu pássaro meu
não sou julieta
nem você romeu
quinta-feira, 25 de julho de 2013
Deu na televisão
irão falar do banco quebrado
Se não for do banco quebrado,
irão falar do trânsito parado,
Se não for do trânsito parado
irão falar do lixo deixado
Se não for do lixo deixado
irão falar do festejo estragado
Se não for do festejo estragado
irão falar do vizinho incomodado...
Se não incomodar a ninguém
não é protesto não é nada
é só um bando dizendo seu amém
uma matilha pela mídia amestrada!
domingo, 14 de julho de 2013
Baratas de Copacabana
pra essa festa ja tenho meu par:
levo cara de pau e as mãos nuas
pra dizer Não pras suas falcatruas!
Vinte centavos ou Caviar?
escolha o lado que vai ficar
são centenas que tomam as ruas
gritam verdades óbvias e cruas.
Você pode me atirar dinheiro
com o qual suborna os militares
mas ele não cala o mundo inteiro!
Você pode me atirar cinzeiro
o sangue de um mexe com milhares
porque de fumaça já estou cheio!
terça-feira, 9 de julho de 2013
Insônia
nas últimas décadas
não pôde fechar
os olhos pra quem
não tinha pão cama
remédio e escola
Agora se assusta
sendo eles de vândalos
pichados em rede
nacional em prol
do transnacional
capital que explora
Quem esteve insône
vigiou o sono
dos micro burgueses
que por seu conforto
em berço esplêndido
nunca se mexeram
Agora se assusta
com esses sonâmbulos
que gritam facismos
e queimam bandeiras
querendo escrever
leis sem saber ler
Quem sempre lutou
não pelo pais
mas pelo seu povo
queria ficar
feliz co'esse novo
e forte aliado
Agora vê cordas
que de novo tentam
manipular todos
com a mesma velha
mídia com suas cartas
marcadas e arcaicas
Quem nunca fechou
olhos não será
por spray, bombas,
manipulações
logo adormecido
por vinte centavos
Vândalo
subverter essas medidas
e brincar de cabra-cega
com as normas esquecidas
Quero brindar com as pregas
das verdades carcomidas
dum modernismo que afaga
ideias pré concebidas
O metro não é vilão
nem mata a criatividade
dum poeta verdadeiro
É desafio de montão
pra quem tem necessidade
de inovar o tempo inteiro
sexta-feira, 21 de junho de 2013
Vidraças valem mais que Vidas
quarta-feira, 19 de junho de 2013
Poeticamente sádico
e tolho cada palavra
que avulsa vira escrava
de meus desejos perversos
gosto quando a rima crava
na carne ímpetos imersos
em tara, desvios diversos
e doce perversão rara
com voz doce e macia
teço bem uma ilusão
de que a corda acaricia
pelas linhas da escansão
geme cada poesia
e se encadeia o tesão