Publicação em destaque
Poeta e apenas poeta
Já me olharam espantados quando digo que sou poeta e só poeta. Que não canto, nem danço, nem atuo, nem pinto, nem bordo, que "só" ...
segunda-feira, 28 de maio de 2007
quinta-feira, 24 de maio de 2007
quarta-feira, 23 de maio de 2007
Teogonia
Gente que de nada sabe
aos seus oráculos sobe
com o desejo perverso
das verdades do universo
segunda-feira, 21 de maio de 2007
ART
Certa vez conheci uma poetisa,
fascinou com encanto de Florbela:
Sensivel em flor, técnica imprecisa
e, por fim, também, muitissimo bela
Apaixonei-me pela poetisa
e comecei meu versejar por ela:
Musa, que todo poeta precisa,
concebi, a primeira pensando nela.
Por razões menos nobres não lhe tive...
Amargo, fiz dos versos ferramentas:
Eram tão precisas quanto insensíveis.
De posse delas fui então ourives;
A procurar por matérias quinhentas
para esculpir amores intangíveis!
domingo, 20 de maio de 2007
Bem amarrada
Minha linda bonequinha...
tão deliciosa putinha!
Q'eu uso, abuso e maltrato;
com todo prazer e trato.
quinta-feira, 17 de maio de 2007
segunda-feira, 14 de maio de 2007
dos sentidos baixos
desmerecendo até o tato
Desmandos d'audição:
matam paladar e olfato
Poética e Flagelo
D'uma pura displicência
falhas crassas n'estrutura
mal-acabada indolência
n'uma débil estrutrura
quarta-feira, 9 de maio de 2007
Literatura Crítica
Então Bilac é poeta
mas o Quintana também
Digo, pois nada contesta,
um sinceríssimo amem
quinta-feira, 26 de abril de 2007
do Perfume amado
Um sorriso desabrochou dos lábios de Flëur, não sorria mais assim, pelo menos não desde que voltara para casa. Sorrira pelo perfume do frasco que se espatifara ao chão.
O derrubara do alto da estante quando pegou, para lhe trazer o sono perdido em algum canto da noite naquele quarto, um livro de poesia. Nem se lembrava mais que ele o havia deixado ali, afinal, três longos anos já tinham se passado desde então.
Ajoelhou-se ao chão e, afectuosamente, recolheu todos os cacos, até os mais pequeninos, depositando-os em suas mãos. Recolhidos todos levou a mão ao rosto para tal fragrância melhor sentir.
Os pedaços de vidro beijou, lembrando-se dos dias que beijava o corpo exalando aquele tão caro e doloroso odor... Não sentiu novamente o calor de sua pele, mas, sim o sabor do sangue de seus lábios feridos.
quarta-feira, 25 de abril de 2007
Pois para ele o Sol sempre nascia
Fiel à sua palha, teceu fios d'ouro. Mas quando a agulha lhe espetou o dedo ele quebrou sua roca.
Notou, depois da fúria e da dor, que seu novelo jazia,já de bom tamanho e grossura, ao lado de sua fiadeira agora aos pedaços.
Pegou do chão o novelo e, com agulhas de tricô, fez para si um agasalho aureo. Vestido o sueter perecebeu que ele não o aqueceria... Mas, brilhava como o sol.
segunda-feira, 23 de abril de 2007
Noli me tangere
Descido ao reino dos mortos;
duplamente mortal eu sou:
a descobrir o que já sabia,
me negando o último abraço...
Ela irá não mais me tocar,
essa falta sinto tanto hoje...
quanto quando se deu fato:
três anos que não se apagam.
Atormenta o riso dessas moiras
que venceram o desafio
Ao redor, ninguém mais se lembra
não se vêem vitmas nem vilões
Pois me lembro todos os detalhes
Do que foi tragédia e comédia
quinta-feira, 19 de abril de 2007
domingo, 15 de abril de 2007
Enfim a sua carta
Alice, do corte o sangue pulsa e goteja
formando tantas manchas negras ao carpete
Sabe que sangra apenas porque o deseja
do mesmo modo são as lágrimas que verte
Olhar não desvie, ao menos hoje, me veja!
Sua boca, por obsérquio, não a deixe inerte.
Quando claramente meu semblante esbraveja
algumas mágoas que meus demônios diverte.
Neste momento do mais puro nervosismo
A caneta à mão, por pressionar, estoura
sujando meus dedos, escorrendo ao pulso
Por um sórdido gargalhar vindo do abismo
de sua palma o fino corte d'uma tesoura
que transgrediu à carne num pequeno impulso
Casulo em chamas
O beijo da crisálida infecunda
corrói e fere alguma boca imunda
por essa sua acidez tão febril
vai causar um morticínio senil
Mariposa de aspereza profunda
de cancros e chagas a tez inunda
quelíceras ávidas e olhar vil
provocam dor e pesadelos mil
Arsênico nas páginas da bula
d'um elixir de Ambrósia destilada
Bater de asas ao papel repousou
Esse veneno que aos olhos pula
Morte que faz-se calma e aguardada
Do gargalhar mudo que findou
Bom dia, tarde, noite
Como vai meu caro?
à pé, de trem ou dirigível:
tanto fez ou faz...
quarta-feira, 11 de abril de 2007
Antologia
meus Amores de museu
são Segredos pra Ninguém
são guardados dentro d'Eu
conservados muito bem
terça-feira, 10 de abril de 2007
Estesia
Sou poeta dos prazeres,
exulto mil dos quereres...
Servo fiel de todos ritos:
são minha fé, são meus mitos!
Por quaisquer que sejam eles;
delícias, fortes quereres...
malfadados ou bem quistos
Belos ou mesmo Malditos
Tato meu assaz refinado,
corpo qualquer me tocar.
Mesmo Olfato viciado,
ainda capaz de inebriar...
Paladar mais delicado,
por um sigelo versejar!
sábado, 7 de abril de 2007
Réquiem
Lucas C. Lisboa
O sol, talvez numa desesperada e última tentativa, sangra copiosa e rubramente rajando os céus e avançando sobre as brumas da cidade abaixo.
As brumas, reagindo co'a fria descrença da morte, se limita a deixá-lo passar por pequenos rasgos deixando que as cores dos casarões apareçam pelos instantes de calor.
Sorrindo alcança uma fina caixa metálica à jaqueta, os dedos percorrem a superfície e numa carícia, mais profunda e firme, lhe abre e a leva aos lábios.
Fechando-a busca n'outro bolso a embalagem de madeira, da haste retirada faz surgir o fogo, oferecendo uma singela contribuição ao labor do sol.
Ascende o cigarro de seus lábios e após uma tragada, longa e áspera, por suas narinas aspira em sua contribuição às nebulosas brumas.
terça-feira, 3 de abril de 2007
segunda-feira, 2 de abril de 2007
Enamorado
Fitei o céu d'uma lua quase inexistente
Cogitando estrelas que na mão caberiam
Para entregá-las como singelo presente
Agrado onde diversas cores se veriam
Contigo até comunguei por um deus ausente
Crendo de coração que seus anjos existiam
Por dias a fio teci alegrias habilmente
pensando que outros tão melhores viriam
Hoje encostado ao canto e talvez perdido
em meio à poeira antiga estão teus sentimentos
Eu já sei que tu não tens mais como mentir
Não duvido de teus olhos neste pedido
e na sinceridade de teus argumentos
Apenas já não mais posso teus nãos ouvir
sexta-feira, 30 de março de 2007
Subjugo
Ela, muitissimo bem amarrada, geme
rio quando num arranhão seu seio lhe firo
Do abuso ao corpo, desejo lhe consome
Co'a chama d'uma vela lhe bem eu miro
Ao jugo do meu prazer submissa prefiro
em cada tocar mais rijo seu corpo freme
A cera mui cálida e, sua pele admiro
por minhas levíssimas carícias se treme
O seu suor se mistura às pedras de gelo
Derretidas pelo seu dorso em marcas profundas
Degusto do mais gélido à sua espinha
Seu "não" tenta afastar as culpas mais imundas
Mas minhas mãos lhe apoderam tal erva daninha
Em brasa à pele cravando esse meu selo
sexta-feira, 23 de março de 2007
segunda-feira, 19 de março de 2007
Humanidades
Pois nada é tão errado
que não se possa acertar
Pois nada é tão sagrado
que não se possa gozar
Pois nada é tão acertado
que não se possa errar
Pois nada é tão gozado
que não se possa rezar
quarta-feira, 14 de março de 2007
Luzes da Modernidade
São belos os Anjos
a cavalgar Pedras lustrosas
ao redor da Lâmpada
sexta-feira, 9 de março de 2007
O Convento
Primeiro, a Irmã Cristina, numa madrugada de quinta feira, gritou ecoando por todo o convento de Nossa Senhora dos Peregrinos e desde então se calou de tudo, inclusive do porque fora encontrada desnuda em seu leito.
Na mesma semana, em seu sétimo dia, Irmã Amélia (que chegara ao convento a pouco mais de mês depois que seu marido morrera num trágico acidente de trem) teve febre e delirou por uma noite inteira antes de também se calar.
Irmã Josina, que estava prostrada ao leito desde o inverno passado quando caíra da escada, acordou, mas sequer um gemido ou lamento ressoou.
Pouco a Pouco cada um dos viventes daquele convento se calou e em duas semanas só restara a Madre Superiora e o Padre ainda fazendo uso de suas vozes.
Na sexta feira seguinte, a Madre Superiora, já desesperada com aquela enfermidade, aos berros inutilmente conclamou suas pupilas a falarem, mas foi tão inútil que ela mesma perdeu a sua.
E na manhã seguinte a missa fora rezada pelo Padre, mas seus lábios não se moveram, no entanto todas as freiras se prostraram rezaram e depois comungaram tudo sem que sequer o farfalhar de tantas narinas fosse escutado.
terça-feira, 27 de fevereiro de 2007
quarta-feira, 21 de fevereiro de 2007
sexta-feira, 16 de fevereiro de 2007
Obsessão
Não me interesso por nada menos que tudo.
Pois é, mesmo que lhe pareça maior absurdo...
Saiba: de modo algum tal o seria pra mim;
mesmo quando pouco resta raspo até fim.
Quando qualquer grito é vazio ou mudo
e ao som mais refinado se faz tão surdo...
Serão nossos retratos rasgados assim
e a navalha equilibra-se entre não e sim!
Pois eu já mandei jogar minhas cartas fora...
(mas guardo muitas em um suspiro de dor)
Quase ri de mim quando você foi embora...
(e dizia eu:"Pois irei contigo onde for")
Estranho como lhe quero bem mais agora...
(se antes tinha sonhos, hoje tenho horror)
quarta-feira, 7 de fevereiro de 2007
quinta-feira, 18 de janeiro de 2007
Flauta de Porcelana
Do rosto recoberto, saida d'uma tela
encanta, por ser sonho de qualquer quimera
pois mesmo quando só desnudada aos lábios
basta-os ao findar de pesadelos vários
Flauta de Porcelana, muito mais que mera
cantante de belíssimos versos pois ela
compete de igual co'a filosofia dos sábios
e saberes dos magos com seus alfarrábios
As suas palavras: Divina sabedoria
acalmando os exércitos e os Vis compadeçam
luz no peito mais escuro e d'alma perdida
Sua música é muito mais que chula magia
essa notas que entoa até as pedras tocam
vertem lágrimas d'ouro e ganham própria vida
sexta-feira, 12 de janeiro de 2007
quinta-feira, 11 de janeiro de 2007
Carteado
Naquela tênue luz, cartas à mesa posta:
os dedos sobre o Palco marcam o compasso,
por um olhar reluz os punhados da aposta,
de relance o decalco do Arlequim devasso...
Ao lado Imperatriz com seu Bastão em Cruz:
sorri a prima realeza, para de sobressalto
tal uma meretriz ele às cartas faz jus,
gota se esvai, frieza pela face em salto...
Dum trago, tece fio de bruma dançatriz
d'outro lado pigarro de rouca aspereza:
cerra os olhos no fetio da velha cicatriz
na cuspideira escarro dissolve a certeza.
Dedos um tanto tensos esquecem do frio,
finalmente, felinos partem ao bizarro:
são montantes imensos por desvario,
intrépidos ladinos sem temer esbarro...
Sorriso de resposta, olhares intensos:
o passo em falso é trocismo dos destinos!
Na Trapaça exposta: silêncio aos lenços
antes do encalço virão saques alcovinos.
sábado, 6 de janeiro de 2007
terça-feira, 2 de janeiro de 2007
segunda-feira, 1 de janeiro de 2007
Surreal Canibalismo
ao campo prostrados
deitados um aos pés d'outro
de acordo devoram-se
sábado, 23 de dezembro de 2006
terça-feira, 19 de dezembro de 2006
Como quem se dá ao Carrasco
mãos Acorrentadas sobre a cabeça
dorso desnudado Violentos Rasgos
roupas abertas, cuidadosa pressa
causo, por hora, mais medos que estragos
submissa um soluço surdo começa
por sussurros e gemidos mesclados
tudo bem guardado na sua Mordaça
enquanto tem os seios Lacerados
imobilizada com Horror se espanta
tentando inutilmente libertar-se
ao sibilado do Metal que se afia
tal Instrumento causa uma dor tanta
ao penetrar tenra carne desfalece
pois se pudesse agora gritaria
sexta-feira, 15 de dezembro de 2006
quarta-feira, 13 de dezembro de 2006
O Trio que chegou
Iago, Lú e Eu
Iago, Lú e Eu
Um trio da pesada
cabou de chegar
Iago, Lú e Eu
Iago, Lú e Eu
Um trio da pesada
só pra variar
Eu já entediado
Ela bem modesta
Ele bonachão
Eu meio quadrado
Ela já desperta
Ele pancadão
sexta-feira, 8 de dezembro de 2006
Questão de Fé
"e gosta de preces?"
Mais que depressa responde:
"Eu não! Deus me livre!"
sexta-feira, 1 de dezembro de 2006
terça-feira, 21 de novembro de 2006
......Incêndio na Floresta
Enquanto a floresta inteira buscava
co'as bocas, bicos, trombas e suas patas
qualquer tanto d'água para essas matas
que nas chamas do incêndio queimava
O lobo, sentado, o vento tragava
usando de suas habilidades natas
a procurar aquelas almas rotas
que a floresta novamente incendiava
As feras todas caladas o censuravam:
ele parado, sem nada ajudar!
"Que ser mais egoísta!" - murmuravam
não viram-no sorrateiro a circundar...
Pois foi quando as brasas mais crepitavam
que os incendiários se pôs a caçar.
segunda-feira, 20 de novembro de 2006
quinta-feira, 16 de novembro de 2006
......Simbolismo Laico
Eu, que estou do lado errado da cruz
mas, não posso me lograr de maldito
entediado, com quem valsa conduz
em tom tão alvo, que jamais repito
Ela, que traz consigo a pura luz
mas, não me deixa enxergar o bendito
passado que, pelo pó, não reluz
hoje, sem qualquer verso, voz ou grito
Não fui convidado para essa ceia
nem chamado para assaltar despensa
Não sou daqueles que muito anseia
nem doutros que por soberba dispensa
Feliz se encontrar alguém que me leia
muito mais se encontrar algum que pensa
terça-feira, 14 de novembro de 2006
sexta-feira, 10 de novembro de 2006
......O Banquete
Talvez por ser o mais fraco;
Talvez por ser o mais forte;
por puro acaso de vida!
por puro acaso de morte!
Talvez por ser mais amante;
Talvez por ser mais consorte;
por puro acaso de azar!
por puro acaso de sorte!
Pois então nós brindaremos;
aos tão ilustres ausentes!
Pois então nós brindaremos;
aos tão ilustres presentes!
Pois então nós brindaremos;
aos ilustres simplesmente!
segunda-feira, 6 de novembro de 2006
......Dulcíssima
E segurando a faca pelo fio...
Ela sozinha e trêmula morde
uma tal raiva tamanha que
machuca esse seu lábio tão macio
terça-feira, 31 de outubro de 2006
......Maçã Aurea
As minhas loucuras são tão singelas
que suavemente podem ser colhidas
tal qual as pequeninas margaridas
ou quaisquer outras flores amarelas
As minhas esperanças são tão belas
que formam danças por demais perdidas
morrendo por elas diversas vidas
e não escorrendo nas aquarelas
Sou daqueles que Brinda às estrelas
sem se dar conta dos risos alheios
ou pensar no quão estão distantes!
Sou daqueles que realmente intenta tê-las
sem pensar nos absurdos ou ter receios
pois sei que elas são poesias-diamantes!
quarta-feira, 25 de outubro de 2006
......Sr. Personna
Desesperado a saber caro amigo!
Por quantas anda nossa vontade?
Terias tu tal conhecer contigo?
Diga-me, pelo menos por vaidade!
O teu silencio é algum castigo!
Sabes se me ouvem nesta cidade?
Diria-me porque teus passos eu sigo?
Já não nos resta nenhuma verdade!
Sr. Personna, o que trazes pra mim?
Traz contento ou pesar sem fim?
Sr. Personna, o que trazes pra mim?
Traz mentira e boato assado ou assim?
Sr. Personna, o que trazes pra mim?
Traz agora um sonho bom ou ruim?