Lucas C. Lisboa
Meu nome é Lucas Lisboa
sou um poeta bem atoa
dizem que vim do parnaso
mas isso não vem ao caso
Minha poesia destoa
mesmo se meu metro soa
como um antiquado atraso
do trem moderno do acaso
Eu detesto Drummond
não gosto desse seu tom
maestral e filosófico
rigido como um estóico
Que dá conselhos com praso
de validade vencido
se dizendo metamórfico
moderno no cenozóico
Confesso que eu quero mesmo
assustar senhoras gordas
como me ensinou o Quintana
com e após seus cem sonetos
Quero o poema piada
contar história rasteira
Eu quero pegar a estrada
em plena segunda feira
Quero versejar bem livre
da jaula do verso livre
Eu sou toureiro e peão
laço versos co'a escansão
Quero brincar co'a estrutura
do verso mas sem postura
de conselheiro ou de vilão
mas amante por tesão
Publicação em destaque
Poeta e apenas poeta
Já me olharam espantados quando digo que sou poeta e só poeta. Que não canto, nem danço, nem atuo, nem pinto, nem bordo, que "só" ...
terça-feira, 13 de setembro de 2011
segunda-feira, 5 de setembro de 2011
A praia vermelha
Lucas C. Lisboa
A garrafa de vidro na parede
se espatifa já seca, vil, vazia,
incapaz de matar a minha sede
em mil cacos da mia melancolia
O desengarrafado cão me pede
um gole de poesia mais vadia
meu verso descuidado logo perde
sua postura na pinga que me ardia
O peito e também nos tantos cortes
em minhas mãos rosadas de meu sangue
pras bitucas meu maço virou tumba
Me sorriem as lixeiras e seus postes
com um cheiro de maresia e mangue
e lhes brindo o champanhe de macumba
A garrafa de vidro na parede
se espatifa já seca, vil, vazia,
incapaz de matar a minha sede
em mil cacos da mia melancolia
O desengarrafado cão me pede
um gole de poesia mais vadia
meu verso descuidado logo perde
sua postura na pinga que me ardia
O peito e também nos tantos cortes
em minhas mãos rosadas de meu sangue
pras bitucas meu maço virou tumba
Me sorriem as lixeiras e seus postes
com um cheiro de maresia e mangue
e lhes brindo o champanhe de macumba
Soneto em homenagem ao meu querido Augusto dos Anjos escrevo à sua maneira e temática um poema em decassílabos heróicos. Ele foi o primeiro poeta que me seduziu , que me fez ver a beleza da forma, sua temática já foi bem comum em minhas obras, hoje volta como um exercício de estilo. De um fazer poético onde todos os temas são lícitos e belos. Sou hoje um oficineiro que não rejeita nenhum material para seu esmeril poético.
sexta-feira, 2 de setembro de 2011
Quotidiano sobre trilhos
Praticamente todo dia quando saio da UFRJ eu pego o ônibus de integração para a estação de Del Castillo. Nessa quinta feira ainda não é dia de pagamento então está todo mundo meio duro. Sinal que recebo mais moedas do que notas. O que me leva a uma situação chata, pois como não sou lá um grande economista, costumo sempre depositar as notas e usar as moedas para minhas despesas do dia a dia, cerveja, comida, ônbus e por ai vai.
Fim de mês, mochila cheia de moedas e eu mudo de vagão para continuar despertando os leitores do seu sono literário. Sim, é assim que eu enxergo o que faço, sou despertador ambulante, um guerrilheiro da poesia. Assalto poeticamente as vítimas em seu momento mais vulnerável: quando estão completamente entediadas, naquela espera até a estação de desembarque. Afinal são muitos os que ficam olhando pro tempo, que jogam um joguinho estúpido no celular, fazem as unhas ou qualquer outra coisa sintomática do tédio absoluto.
Enquanto são absorvidas por um tédio (que só não é maior que ver faustão no domingo na casa da avó) eu levo meu livreto de poemas até elas, algumas se atiçam pela curiosidade quando falo que estou vendendo aquele pedaço de papel, outras abrem o livreto no meio (sim a maioria abre exatamente no meio do livreto) e encontram um poema erótico-engraçadinho, tem também aquelas que quando eu falo a palavra mágica: "poesia" se eriçam na hora. O negócio é que em dois ou três minutos eu coloco um vagão inteiro para ler poesia.
Sim, umas trinta a quarenta pessoas com livreto na mão e lendo poesia. Umas param na primeira e voltam pro universo do tédio, outras já querem comprar! São aquelas que realmente acreditam na poesia e no poder encantatório das palavras. Tem quem leia até o final devorando absortas e nem percebem quando passo recolhendo os livretos, essas se não prestarem atenção que eu estou recolhendo me deixam com o ego tão envaidecido que acabam ganhando o livreto, pois começo achar que seria um crime estragar aquela leitura tão ávida. Tem quem devolva o livreto sem nem abrir e também quem me deseje sorte para lançar meu livro, mal sabendo que com os livretos eu chego a um público que eu nunca conseguiria chegar com o livro, mas eu sorrio e agradeço aos votos.
Mas meu dia é ganho mesmo quando acontecem aqueles eventos únicos como a senhora negra de cabelos brancos que se levanta e começa a recitar um poema meu para suas companhias, sim e é aquele poema erótico-engracadinho! Ela recita em plenos pulmões e fica me elogiando à beça. Eu, claro, fico vermelho de vergonha mas se colocarem uma agulha perto do meu ego ele explode de tão inflado! A senhora então desmancha elogios, diz de como é bom que alguém faça isso no metrô, que leve poesia e arte para as pessoas. A cada elogio ela me encabula mais e mais. Nesse momento eu dou corda, conto para ela do meu sonho que é ter mais e mais gente lendo poesia. Nesse vagão praticamente ninguém me devolve os livretos e melhor, são poucas as moedas e muitas as notas.
Tem quem diga que eu deveria fazer isso na lapa, na frente do CCBB, da biblioteca nacional e outros grandes lugares onde a turma cultural está reunida. Eu conto o caso que aconteceu comigo no trem, bom, no trem se compra e vende de tudo e lá eu aprendi que todo mundo pode se abrir a uma experiência nova se lhe for oferecida. Quando vendo poesia eu nunca seleciono público, seleciono quem vai ler e quem não vai. Nisso os ambulantes que estão ali também recebem livretos, e leem e se divertem com meu trabalho. Mas o melhor dia foi quando eu escutei: "Ei, Lucas, tem poesia nova ai?" e quem me perguntou isso foi o vendedor de coca, cerveja e água. Sim, de bermuda e havaianas e camisa do flamengo ele me veio pedir por mais poesia! O esteriótipo perfeito que muitos dos cultos diriam que jamais iriam gostar de poesia. Mas estava ali me perguntando se eu tinha mais. Ao entregar o livreto ele me fez a pergunta de sempre: "quanto custa?" e eu como sempre com um sorriso desafiador respondi: "Você é quem me diz quanto vale" a resposta me surpreendeu: "pode ser uma coca?". Confesso que eu nunca bebi uma coca cola com tanto prazer.
Tem mais outros tantos casos, estórias engraçadas e divertidas mas agora vou voltar pra minha quinta feira e contar uma das travessuras que aprontei no metrô. Sim, eu acabo vendendo muito no metrô mas ali a venda de poesia não é uma atividade muito bem quista pelos seguranças. Quando entro em um vagão tenho que tomar cuidado para ver se não tem um segurança a bordo, eles sempre me chateiam. Era o segundo vagão da noite, entrei e caminhei até o fundo dele quando reparei quase imperceptível um segurança, ele me notou. Esperei sentado no percurso até a próxima estação e quando fui trocar para o vagão de trás o nosso amigo veio me seguir. Aquela situação estava chata e eu tive que pensar rápido. Quando o apito do metrô soou para as portas se fecharem eu saltei do vagão. E a porta se fechou atrás de mim sem que desse tempo dele continuar atrás. A verdade é que me senti meio que num filme de ação e tive que resisitir a virar e dar tchauzinho para o homem de preto. Sentei na estação, tirei os óculos, vesti o agasalho longe das cameras de segurança e fiquei jogando no celular até o próximo metrô passar.
Ser poeta sobre trilhos, talvez o único poeta underground (literal) do rio, é um enorme prazer. Ver o sorriso no rosto alheio, os olhares encantados, a felicidade estampada vale os riscos. Ninguém pode me tirar esse prazer, principalmente quando sei que são milhões de leitores adormecidos que passam por ali todo dia, aos poucos eu vou conseguindo levar até eles. Oito mil livretos vendidos nesse processo que já dura seis meses. Mas a pergunta que me move é: você tem ideia do que pode uma mente que voltou a usar a sua imaginação?
terça-feira, 30 de agosto de 2011
A virgem do Cabaré
Lucas C. Lisboa
Dez minutos uma era
nos trinta jaz descontente
rói o esmalte como fera
até chegar na carne rente
A boa moça descabela
bate a bota no batente
da porta na longa espera
do seu primeiro cliente
Ela, uma boa moça pura
treme a perna sem postura
que dê jeito a sua pressa
Mal vê quando a tecitura
do vestido cai na procura
sem mais amor ou promessa
Dez minutos uma era
nos trinta jaz descontente
rói o esmalte como fera
até chegar na carne rente
A boa moça descabela
bate a bota no batente
da porta na longa espera
do seu primeiro cliente
Ela, uma boa moça pura
treme a perna sem postura
que dê jeito a sua pressa
Mal vê quando a tecitura
do vestido cai na procura
sem mais amor ou promessa
domingo, 28 de agosto de 2011
Quadras para todos
Lucas C. Lisboa
tsunami no japão
terremoto na turquia
papa pede pelo pão
da primeira eucaristia
tsunami no japão
terremoto na turquia
pede a puta por paixão
pelo pau de sodomia
o chucrute é alemão
e tapioca é da bahia
pastor bolina o portão
pelo faro de vadia
o chucrute é alemão
e tapioca é da bahia
pecado é dançar baião
com a moça sem calcinha
tsunami no japão
terremoto na turquia
papa pede pelo pão
da primeira eucaristia
tsunami no japão
terremoto na turquia
pede a puta por paixão
pelo pau de sodomia
o chucrute é alemão
e tapioca é da bahia
pastor bolina o portão
pelo faro de vadia
o chucrute é alemão
e tapioca é da bahia
pecado é dançar baião
com a moça sem calcinha
quarta-feira, 17 de agosto de 2011
Versos e Flores
Lucas C. Lisboa
um romântico canalha
é que se diz poeta
que assim sem querer desperta
o amor com fogo de palha
faz da moça doce e certa
sua putinha de cangalha
e viseira sem que valha
à pena nessa sua festa
suspira ela apaixonada
e voz da mãe não diz nada
que ajuize sua cabeça
lhe dizem: pobre coitada
foi no verso enfeitiçada
por ele de quarta a terça!
segunda-feira, 15 de agosto de 2011
O que pensa o poeta sobre trilhos?
O artista foi durante o século passado o que menos ganhou com sua própria arte, o advento da reprodutibilidade técnica e sua consequente monopolização fez com que o artista sujeitasse seu trabalho à exploração alheia. Em livros, cds, filmes e tudo mais o artista por mais que ganhe muito não fica com sequer 10% do montante arrecadado.
Mas como todo sistema contém em si o germe de sua destruição a reprodutibilidade técnica se aprimorou de tal forma que se tornou acessível a qualquer pessoa por valores que tornaram o monopólio do passado insustentável.
Hoje a banda mais bonita da cidade lançou-se na internet e fez sucesso furando a fila das gravadoras. E eu enquanto poeta edito meus livretos usando meu computador e o levando até uma gráfica barata. Com sete mil livretos rodados eu furei a fila da crítica literária, das editoras, das associações e instituições que monopolizavam a arte.
Usando do próprio sistema que um dia oprimiu a arte é possível hoje viver de arte no brasil de forma autônoma e independente. Eu vivo integralmente de poesia e vivo de uma forma que editora nenhuma permitiria ou daria para um autor exceto os grandes e escolhidos pela sacrossanta entidade chamada Mercado.
Mas agora esse deus está sendo desvelado, o que há são apenas homens e anseios, ao artista cabe identificar esses anseios, identificar e dar a panacéia para as almas que estão adormecidas em um pesadelo sufocante onde tudo está pronto e acabado. O mundo se tornou novo e maior em possibilidades, estamos todos enjaulados mas o carcereiro está sonolento isso é se já não dormiu.
Eu vivo como uma areia grande engrenagem do sistema, usando os artifícios criados para me controlar ao meu favor. Os apitos do trem que um dia me diziam a hora de entrar e sair do vagão para não chegar atrasado no trabalho hoje servem de cadência para que eu desperte a imaginação de tantos quanto possíveis novos leitores libertos da ditadura cultural outrora hegemônica.
Nenhuma ideia é genuinamente nova. Mas creio ter descoberto uma forma de usar as engrenagens desse nosso sistema mecanizado e massificador em favor da poesia, em favor da arte. A magia de ver um vagão inteiro, com cinquenta ou mais pessoas, lendo poesia e usando novamente a imaginação é uma sensação única.
Dentro de uma estrutura tão mecanizada, onde os passageiros entram e saltam do metrô de acordo com os apitos e gravações que anunciam as estações, eu consegui penetrar num espaço inexplorado. O tempo que cada indivíduo aguarda pacientemente a sua estação.
É um momento onde boa parte da industria cultural simplesmente não pode alcancá-lo. São vinte minutos de absoluto tédio e vazio, onde o leitor adormecido pode enfim ser despertado.
Nesse momento onde a indústria cultural tão onipresente falha e o deixa perdido e desamparado em seu contato consigo mesmo é que a poesia tem a chance de despertá-lo desses pesados grilhões. Uma mente que se abre para uma nova idéia nunca mais volta a ter o mesmo tamanho de antes.
O indivíduo que nunca antes teve o prazer de ler algo e o tem se modificou, modificou-se em sua essência se tornou um potencial leitor, voltou a usar uma imaginação que estava adormecida há muito.
E falando em idéias a minha tem pai E mãe! De um lado os tantos poetas que se auto-publicam, do outro um mar de vendedores ambulantes que vendem de tudo nos trens do rio de janeiro. Quando eu vi essas duas realidades, do modus operandi de ambos.
Vi que valia à pena tentar um híbrido pois se existia que apreciava arte e também existia público para os produtos mais insólitos que eram vendidos aos montes pelos ambulantes dentro dos vagões, também poderia haver público para a poesia sobre trilhos.
Há pequenos eventos que marcaram fortemente minha passagem nos metrôs e um eu não canso de relembrar que é o do vendedor de cerveja, água e coca cola que sempre que me vê pergunta se há uma nova edição de meu livreto e troca comigo por uma lata de refrigerante. Aqui não se trata de nenhum tipo de "ajuda" ao poeta ou coisa parecida. Se trata de um legítimo indivíduo que teve o prazer da leitura despertado.
E eu não posso querer nada mais verdadeiro que isso. Se de todos os meus livretos já vendidos eu tiver conseguido despertar esse prazer em 1% dos leitores já me considerarei feliz e bem sucedido mais do que em toda minha vida.
domingo, 14 de agosto de 2011
Sentimento
Lucas C. Lisboa
Eu quero lhe convidar
prum luau particular
levo vinho e poesia
você sua carne macia
vamos juntos degustar
ao sabor da lua e do mar
nossa vontade vadia
de nos amar noite e dia
Estrelas em serenata
os dois deitados na areia
em um sonho de mãos dadas
Eu serei o seu pirata
e você minha sereia
de doces madeixas douradas
Eu quero lhe convidar
prum luau particular
levo vinho e poesia
você sua carne macia
vamos juntos degustar
ao sabor da lua e do mar
nossa vontade vadia
de nos amar noite e dia
Estrelas em serenata
os dois deitados na areia
em um sonho de mãos dadas
Eu serei o seu pirata
e você minha sereia
de doces madeixas douradas
quinta-feira, 11 de agosto de 2011
As quadras d'Eu (Autobiografia)
Lucas C. Lisboa
Eu, garoto cefaléia,
lotado de rebeldia
para o mundo a panacéia
em poemas escrevia
do som puro de idéia
é orfã minha poesia
num choro de Medéia
em metro e melancolia
na redondilha plebéia
sou o bobo que a corte ria
tal hienas na alcatéia
ou cio da gata que mia
hoje viajo na boléia
dos trilhos em sinfonia
levando luz à miséria
com poética vadia
Eu, garoto cefaléia,
lotado de rebeldia
para o mundo a panacéia
em poemas escrevia
do som puro de idéia
é orfã minha poesia
num choro de Medéia
em metro e melancolia
na redondilha plebéia
sou o bobo que a corte ria
tal hienas na alcatéia
ou cio da gata que mia
hoje viajo na boléia
dos trilhos em sinfonia
levando luz à miséria
com poética vadia
terça-feira, 9 de agosto de 2011
segunda-feira, 8 de agosto de 2011
Todas as quintas
Lucas C. Lisboa
Brincava como moleque
e de muita piada pronta
ria co'a face e coração
na mesa a noite inteira
Compartilhava do Domecq
que passava de mão em mão
como procissão de santa
até a gota derradeira
A turma era sua catarse
mas de todos foi primeiro
pedindo a parcial da conta
dessa vida injusta e tonta
O câncer em sua metástase
leva embora o companheiro
de todas as quintas-feiras
no mesmo bar e cadeira
Brincava como moleque
e de muita piada pronta
ria co'a face e coração
na mesa a noite inteira
Compartilhava do Domecq
que passava de mão em mão
como procissão de santa
até a gota derradeira
A turma era sua catarse
mas de todos foi primeiro
pedindo a parcial da conta
dessa vida injusta e tonta
O câncer em sua metástase
leva embora o companheiro
de todas as quintas-feiras
no mesmo bar e cadeira
quinta-feira, 4 de agosto de 2011
Lançamento do livro - Faltam 27 dias!
Olá!
Venho agradecer a contribuição e apoio de todos que me ajudaram com o projeto de lançamento de meu livro: Sobre Máscaras e Espelhos. Consegui arrecadar os fundos necessários para o lançamento e já tenho a data do evento aqui em Belo Horizonte : 07 de outubro.
Entretanto, o projeto arrecadou 2/3 do valor pretendido e como restam ainda 27 dias para o encerramento do periodo de doações pela lei rouanet (31 de agosto) venho aqui novamente divulgar como podem contribuir para que também seja realizado o lançamento na cidade do rio de janeiro e que seja possível lançar em conjunto a versão em áudio para deficientes visuais e uma reformulação do site para que todo conteúdo se torne mais acessivel.
Levar a poesia para todos é um de meus objetivos e sinto que o projeto só se realiza com e para todos. A acessibilidade foi o que motivou a levar a poesia para dentro dos vagões do metrô, levando a arte até quem há muito não tinha o prazer literário e é o que me motiva a querer a versão em áudio de meu livro para que esteja cada vez mais ao alcance de todos a literatura.
Agradeço a atenção e abaixo segue o projeto e como pode ajudar a tornar esse sonho uma realidade.
Obrigado
Lucas C. Lisboa
O que é o projeto “Sobre Máscaras e Espelhos”?
Venho agradecer a contribuição e apoio de todos que me ajudaram com o projeto de lançamento de meu livro: Sobre Máscaras e Espelhos. Consegui arrecadar os fundos necessários para o lançamento e já tenho a data do evento aqui em Belo Horizonte : 07 de outubro.
Entretanto, o projeto arrecadou 2/3 do valor pretendido e como restam ainda 27 dias para o encerramento do periodo de doações pela lei rouanet (31 de agosto) venho aqui novamente divulgar como podem contribuir para que também seja realizado o lançamento na cidade do rio de janeiro e que seja possível lançar em conjunto a versão em áudio para deficientes visuais e uma reformulação do site para que todo conteúdo se torne mais acessivel.
Levar a poesia para todos é um de meus objetivos e sinto que o projeto só se realiza com e para todos. A acessibilidade foi o que motivou a levar a poesia para dentro dos vagões do metrô, levando a arte até quem há muito não tinha o prazer literário e é o que me motiva a querer a versão em áudio de meu livro para que esteja cada vez mais ao alcance de todos a literatura.
Agradeço a atenção e abaixo segue o projeto e como pode ajudar a tornar esse sonho uma realidade.
Obrigado
Lucas C. Lisboa
O que é o projeto “Sobre Máscaras e Espelhos”?
O projeto trata da publicação e da divulgação do livro "Sobre máscaras e espelhos". O livro é um compilado de sonetos e contos que o autor publicou por vários anos no site www.srpersonna.blogspot.com. O texto é fruto de um projeto experimental que pretende, através do resgate histórico das características do simbolismo e do parnasianismo, encontrar novas maneiras de abordar angustias e temáticas contemporâneas. O resultado dessa experiência é um texto denso, rico e de alto valor histórico-literário, uma vez que resgata as características e valoriza a memória de uma época importante e pouco lembrada da literatura brasileira.
O que é um investidor cultural?
Investidor cultural é aquela pessoa que destina parte do seu imposto de renda para projetos culturais.
Quanto eu posso deduzir do valor investido no projeto?
O projeto “Sobre Máscaras e Espelhos” foi aprovado na Lei Rounaet no artigo 18. Isso significa que qualquer doação que você realizar para o projeto permitirá 100% de dedução no IR.
Como eu posso investir no projeto?
Para investir no projeto ou tirar qualquer dúvida basta entrar em contato com os responsáveis pelo projeto:
Luciana - lucianaacoelho@yahoo.com.br / 31 8334-2666
Lucas Lisboa – lucasc.lisboa@gmail.com / 31 9874-2347 ou 21 8391-7732
Para mais informações do projeto ou para acompanhá-lo, acesse o site no Ministério da Cultura: www.cultura.gov.br
Dados para depósito
Banco do Brasil
Agência 33685
Conta 426261
O que é a Lei Rouanet (lei federal de incentivo a cultura)?
A Lei Rouanet criou o PRONAC – Programa Nacional de Apoio a cultura, que tem como finalidade obter recursos para a área de cultura através de renuncia fiscal. Tanto empresas quanto pessoas físicas podem deduzir imposto através dessa lei. Nessa cartilha nós vamos tratar apenas das deduções realizadas por pessoas físicas. A Lei Rouanet é uma ótima oportunidade de definir como parte do dinheiro que você paga ao governo é utilizado.
Como me tornar um investidor cultural?
É muito fácil investir em cultura. Primeiro é preciso encontrar um projeto cultural que tenha sido aprovado na Lei Rouanet (lei federal de incentivo a cultura). Depois você decide quanto quer investir no projeto. Então é a hora de contatar o responsável pelo projeto e fazer o depósito na conta bancária do projeto. Lembre-se de pedir e guardar o recibo da doação. Quando você for fazer a declaração de IR basta lançar os dados do investimento cultural e você poderá abater uma parte ou a totalidade do valor investido.
Como saber quanto eu posso abater do IR?
Primeiro você precisa verificar em qual artigo o projeto que você escolheu está incluído. Projetos incluídos no artigo 18 permite 100% de abatimento e projetos incluídos no artigo 26 apenas 80%. Isso acontece porque o ministério da cultura privilegia o investimento em algumas áreas como literatura e artes cênicas. Outro coisa importante: você só pode abater até 6% do imposto devido. Qualquer valor acima desse teto não poderá ser abatido do IR. Entram também nesse teto doações feitas ao Fundo da criança e através da Lei de incentivo ao esporte. Veja abaixo como calcular esse valor, a seta vermelha indica quanto imposto você deve ao fisco. Use esse valor para calcular quanto você pode investir em cultura, ou seja até 6% desse valor. Na sua declaração de imposto de 2010 uma estimativa desse valor. Se você não tem os valores da sua declaração de 2010, faça uma simulação com a sua estimativa de rendimento de 2011.
Abra o programa de declaração da Receita Federal; vá em “cálculo de imposto” (em azul, com seta vermelha). Verifique o valor no campo “Imposto” (assinalado em vermelho). Você pode deduzir até 6% desse valor. No caso, até: R$ 950,52
É burocrático e complicado lançar o abatimento no IR?
Não, na verdade é bem simples. A primeira coisa que você deve fazer é fazer sua declaração de IR pelo modelo completo. Quem utiliza o modelo simplificado não pode deduzir investimentos em cultura. Após fazer sua doação você recebe o recibo de mecenato. Lembre-se de guardá-lo. Para facilitar a emissão do recibo forneça ao empreendedor cultural os seguintes dados: CPF, endereço, CEP e telefone.
Os dados que você deve guardar são os que estão marcados em vermelho: O número de PRONAC que identifica o projeto e o CPF/CNPJ do proponente do projeto. Com o recibo em mão você pode lançar a sua doação na declaração de imposto de 2011.
Como eu declaro o pagamento realizado ao projeto?
Vá no item “Pagamentos e Doações Efetuados” (seta vermelha); inclua um novo item; utilize o código 41 “Incentivo a cultura”. Coloque como nome o número de PRONAC do projeto e o CPF do proponente. Indique o valor doado e no campo “parcela não dedutível” deixe 0, pois projetos aprovados no artigo 18 permitem 100% de dedução.
Como eu vou receber o valor abatido do IR?
Você recebe o valor investido em cultura de volta na mesma data em que receber a restituição do seu IR ou for pagar o IR. A doação para projetos culturais é vantajosa tanto para quem tem imposto a pagar quanto para quem tem restituição a receber. Veja como fica a declaração em ambos os casos:
Imposto a pagar sem contribuição a cultura:
Imposto a pagar com contribuição a cultura:
Observe que no primeiro caso o saldo a pagar era de R$ 672,92 e que no segundo, devido a doação, caiu para R$ 172,92.
Veja agora um exemplo de imposto a restituir:
Restituição sem contribuição a cultura:
Restituição com contribuição a cultura:
Observe que no primeiro caso havia apenas R$ 152,08 a receber de restituição. Já no segundo havia R$ 652,08 para receber.
Quem é o autor do livro?
O autor é o jovem escritor mineiro Lucas Castro Lisboa, que atualmente cursa filosofia com foco em literatura na Universidade Federal de Minas Gerais. Antes disso ele concluiu 6 semestres de direito na Universidade federal de Ouro Preto. Desde 2003 que o autor mantém publicações regulares na internet. Ele participou como colaborador do blog “Poesia Formada” durante 3 anos e também manteve o blog “Poeta do Hediondo”. A partir de 2006, ele passou a escrever no blog “Sr. Personna, o que trazes para mim?”, que permanece ativo até hoje. O autor possui duas publicações em jornais: uma no jornal Mogi News (2007) e outra no jornal O Tempo (2007). E também participa do Fórum Spell Brasil (poesia), e já participou de vários saraus como o Jus Noctis (2003-2008), Penumbra (2006-2008), FALE-UFMG (2007-2008) e FAFICH- UFMG (2007-2008).
Quais ações estão previstas no projeto?
No projeto estão previstas as seguintes ações:
Produção de 1400 exemplares do livro dos quais 770 serão doados para bibliotecas, centros de cultura e escolas públicas. O restante será destinado a vendas com preços populares.
Evento de lançamento do livro onde acontecerão performances teatrais baseadas em sonetos da obra.
Reformulação do site do autor, onde haverá além da publicação de poemas, textos voltados para literatura e linguística.
Disponibilização de uma versão em áudio do texto do livro, permitindo a inclusão social de deficientes visuais.
quinta-feira, 21 de julho de 2011
A fé da ciência
Lucas C. Lisboa
Qual é a linha tênue que separa a fé da ciência? Quando um conhecimento vira mero misticismo e deixa de ser a verdade para um povo? O método científico guarda em si muito do modus operandi da própria experiência mística.
Dizem que o que os distinguem é o dogmatismo. Quem diz isso decerto que não conhece os debates acalorados dos medievais sobre questões e minúncias teológicas, sobre formas lógicas e todo o rigo que pode chegar o estudo das verdades pré revolução científica.
Além disso, dizer que a própria ciência é livre dos perigos do dogmatismo é uma falácia sem tamanho. A comunidade científica é lenta como um estegossauro quando se trata de revoluções, de mudar seus paradigmas. Um cientista que diz que todos os cisnes são brancos, ao se deparar com um cisne negro, prefere batizá-lo de visne a mudar sua teoria a respeito da hegemonia do branco nos cisnes.
Antigamente aqueles que buscavam a verdade subiam aos montes, trajando mantos ornamentados, se entorpeciam com ervas e cânticos e de lá traziam as respostas do universo.
Hoje aqueles que buscam a verdade se trancam em laboratórios, trajando jalecos brancos com o crachá do lado, se entorpecem com café e cálculos e de lá trazem as respostas do universo.
Se antes a fala do sarcedote era a lei divina, hoje quando o senhor de jaleco branco diz sobre algo é a divina ciência que está proferindo seu veredicto que deve ser seguido à risca sob pena de incorrer na ignomia de seguir crenças "irracionais" da mesma forma que outrora eram condenados ao inferno quem adorasse falsos deuses.
O homem tem uma necessidade tão forte de se afirmar dentro de um paradigma, qualquer que seja ele, que se arroga no direito de cientificisar a religião e imprimir de fé a ciência. Na nossa era tecno-científica os sarcedotes, portadores da verdade, usam jaleco branco.
quinta-feira, 14 de julho de 2011
Aos leitores adormecidos nos trilhos
Lucas C. Lisboa
Dentro do vagão seguem assentadas
umas dezenas de almas entediadas
Eu, poeta, resgato tais leitores
com meus versos de riso humor e amores
Eu deixo novamente se encantadas
com as letras de minhas mil rimadas
e são pessoas que esquecem das suas dores
com poemas de tantas belas cores
Vejo a imaginação viajar de quem
não lia nada que não fosse colégio
ou faculdade que mandasse ler
Se me pagam com cobre ou vintém
digo que muito mais me vale o régio
prazer duma leitura reacender
Dentro do vagão seguem assentadas
umas dezenas de almas entediadas
Eu, poeta, resgato tais leitores
com meus versos de riso humor e amores
Eu deixo novamente se encantadas
com as letras de minhas mil rimadas
e são pessoas que esquecem das suas dores
com poemas de tantas belas cores
Vejo a imaginação viajar de quem
não lia nada que não fosse colégio
ou faculdade que mandasse ler
Se me pagam com cobre ou vintém
digo que muito mais me vale o régio
prazer duma leitura reacender
terça-feira, 12 de julho de 2011
Poeta sobre trilhos
Lucas C. Lisboa
Ela diz que sou vadio
por viver de poesia
sequer respondo só rio
por ser tudo q'eu queria
Ela diz que sou vadio
por viver de poesia
sequer respondo só rio
por ser tudo q'eu queria
terça-feira, 5 de julho de 2011
Análise Literária do Poema de Sete Faces de Carlos Drummond de Andrade
Lucas C. Lisboa
O “Poema de Sete faces” de Carlos Drummond de Andrade foi publicado pela primeira em seu primeiro livro “Alguma Poesia” de 1930. É um poema composto de sete estrofes, faces. Que mostram um aspecto da percepção de mundo do autor. Passeia por diversos temas como quem está em um bar vendo a vida passar e comentando do que vê, pensa e sente. É um poema em verso livre mas que possui uma unidade ritimica ditada pela cadência da oralidade. Tem em sua maioria versos brancos e a rima quando ocorre não é acidental ou formal mas um elemento acessório ao conteúdo. Trata-se de um exemplar de estilo típico de sua obra onde mistura muita oralidade a eruditismos pinçados em pontos estratégicos para o entendimento do texto.
Quando nasci, um anjo torto
desses que vivem na sombra
disse: Vai, Carlos! ser gauche na vida.
Em sua primeira estrofe o poeta se insere no poema e declara-se parte de um mundo torto. Carlos insere-se no poema ao dar seu próprio nome ao eu-lírico. E declara-se parte de um mundo torto quando o próprio anjo declara que ele e Carlos estão fadados a terem o mesmo destino pois ele anjo torto o declara fadado a seguir o caminho "gauche" na vida. Gauche, que em francês é aquilo que não é direito, o esquerdo e, por extensão, aquilo que é torto. Tal anjo torto vive na sombra, um anjo que foge do calor do sol dos trópicos, um anjo que traz consigo o sentimento de que o jeito mais fácil, mais simples mais cômodo é melhor que o jeito direito. A primeira estrofe é uma face de identificação de Carlos Drummond de Andrade com seu mundo, com sua realidade e sua brasilidade.
As casas espiam os homens
que correm atrás de mulheres.
A tarde talvez fosse azul,
não houvesse tantos desejos.
Ampliado sua visão para fora do seu eu Carlos, observa a cidade onde até as árvores são testemunhas dos desejos humanos e como esses desejos tão intensos conseguem por fim até mesmo ao azul do céu. Afinal, a tarde teria um céu azul se não fossem as ganancias e cobiças humanas que enegrecem o céu com suas fumas de cigarros e carros pois um homem para conquistar uma mulher precisa ostentar-se precisa sujar o mundo e fazer-se brilhar para que sua corrida não seja em vão.
O bonde passa cheio de pernas:
pernas brancas pretas amarelas.
Para que tanta perna meu Deus,
pergunta meu coração.
Porém meus olhos
não perguntam nada.
Para além dos desejos dos homens há a coletividade, há a massificação de pessoas, transporte em massa, gente que perambula de um lado para o outro, gente brasileira de pernas de todas as cores. O comentário do poeta "Para que tanta perna meu Deus" é ambiguo e pode ser interpretado num porquê tanta variedade de cores e de etinias mas também em um sentido mais forte no porque de tantas massas. Mas é o coração que julga, coração que tem medo, que tem receios que pensa e julga o outro. Os olhos preceptores da razão apenas analisam, não há dúvidas para o mundo mecanizado da razão pela qual os operários, os trabalhadores de um transporte coletivo precisam se desloacar como uma massa pelo bonde.
O homem atrás do bigode
é sério, simples e forte.
Quase não conversa.
Tem poucos, raros amigos
o homem atrás do óculos e do bigode.
Dentro da massa de pessoas o poeta elege um homem, entre tantos que passeiam pela rua este elege os óculos e o bigode como sua máscara, sua marca para enfrentar o quotidiano. Uma máscara reservada e simples que garante sua integridade e distancia do mundo.
Meu Deus, porque me abandonaste
se sabias que eu não era Deus
se sabias que eu era fraco.
Carlos reclama a um Deus relapso que permite que seus soldados vivam à sombra que também o abandonou sabendo que ele era como todos os outros um fraco, com defeitos um torto. Remete ao existencialismo que coloca o homem como um deus que defeca, como um ser que apesar de potencialmente poder alcançar as estrelas é também fadado aos defeitos e desventuras de ser imperfeito e de viver num mundo do contingente e não do necessário.
Mundo mundo vasto mundo,
se eu me chamasse Raimundo
Seria uma rima, não seria uma solução.
Mundo mundo vasto mundo
mais vasto é meu coração.
Em sua penúltima estrofe Carlos traz para o poema o meta-poema para discutir a solução de seu mundo gauche, de anjos tortos, sem Deus, de tantas pernas coloridas e também de outras tantas máscaras que se fazem rostos. A face que Drummond mostra nesse verso é uma face ambigua onde confessa a incapacidade da rima, ou seja por metonímia a própria poesia, de dar uma solução ao mundo. Mas depois busca sua solução para vastidão do mesmo mundo dizendo que com seu coração seria capaz de dar conta desse mundo.
A primeira questão que sucita dessa estrofe é quanto a capacidade desse coração que, como foi visto anteriormente, é fraco, tem medos e incertezas, cheio de dúvidas. A outra questão que soa mais relevante é a dada solução, numa rima paupérrima Carlos aproxima o sentido de solução e coração num flagrante contraditório com a incapacidade da rima de ser uma solução como posto pela conjectura a respeito de seu nome ser Raimundo. Tal contradição não se soluciona, o coração tão frágil é incapaz de abarcar todo mundo como Carlos propõe a primeira vista, pois sua relação com o próprio poema com sua própria justificativa é falha num processo lógico-poético onde a rima é posta ao nada para depois aparecer com solução. Pois o poeta cai em um ciclo vicioso quando nega a importância dela para depois subrepticiamente usá-la como solução. Não é para menos que o poeta se embriaga em sua última estrofe.
Eu não devia te dizer
mas essa lua
mas esse conhaque
botam a gente comovido como o diabo
Carlos traz seu leitor nesse momento a uma intimidade de quem confidencia um segredo, como se estivessem numa mesa de bar tão típica das minas gerais. Evocando a lua e o álcool, os maiores patronos da poesia romântica, se despede do poema culpando seu coração por todos os seus desabafos e desvarios anteriores. Abraçando o diabo como quem abraça o amigo bêbado depois da última saideira do botequim termina seu poema. Sim, o poeta se declara num estado de comoção do diabo, intensa. Um diabo num mundo onde os anjos são tortos e vivem nas sombras, se até os anjos o condenam à ser mais um tão torto quanto eles Carlos encontra nessa comoção, nesse romantismo uma solução para o vasto mundo que pretende caber em seu coração.
domingo, 3 de julho de 2011
Villanelle de um Cardigã
Lucas C. Lisboa
Vou despir seu cardigã
na verdade vou rasgá-lo
em mil pedaços de lã
saiba que tenho um afã:
quero seu seio desnudá-lo
vou despir seu cardigã
Vou lhe jogar ao divã
e todo corpo amarrá-lo
em mil pedaços de lã
não lhe quero nada sã
será sonho o pesadelo
vou despir seu cardigã
do poente até a manhã
quero o desejo singelo
em mil pedaços de lã
é por isso que lhe falo
que juro e sequer vacilo
vou despir seu cardigã
em mil pedaços de lã
Vou despir seu cardigã
na verdade vou rasgá-lo
em mil pedaços de lã
saiba que tenho um afã:
quero seu seio desnudá-lo
vou despir seu cardigã
Vou lhe jogar ao divã
e todo corpo amarrá-lo
em mil pedaços de lã
não lhe quero nada sã
será sonho o pesadelo
vou despir seu cardigã
do poente até a manhã
quero o desejo singelo
em mil pedaços de lã
é por isso que lhe falo
que juro e sequer vacilo
vou despir seu cardigã
em mil pedaços de lã
quarta-feira, 29 de junho de 2011
por você
Lucas C. Lisboa
faço do sono vigilia
de peninsula uma ilha
enxugo cubo de gelo
crio sonho de pesadelo
faço verso em redondilha
de limusine a brasília
eu lhe deixo nua em pelo
e do motel um castelo
eu só não lhe abro os mares
nem curo todos os males
que nasce dentro do peito
não deixo que a fome acabe
pois uma dorzinha cabe
dentro dum amor perfeito
faço do sono vigilia
de peninsula uma ilha
enxugo cubo de gelo
crio sonho de pesadelo
faço verso em redondilha
de limusine a brasília
eu lhe deixo nua em pelo
e do motel um castelo
eu só não lhe abro os mares
nem curo todos os males
que nasce dentro do peito
não deixo que a fome acabe
pois uma dorzinha cabe
dentro dum amor perfeito
terça-feira, 28 de junho de 2011
Villanelle de um Vadio
Lucas C. Lisboa
Não sou terreno baldio
com meu peito abandonado
por um coração vadio
Se tem a sede de um rio
pois tome muito cuidado
não sou terreno baldio
Apenas nunca sacio
o desejo apaixonado
por um coração vadio
Pela flor não lhe sorrio
em um gesto perfumado
não sou terreno baldio
que carente pelo frio
se apanha todo encantado
por um coração vadio
Me fiz de torto e errado
por um peito apedrejado
Não sou terreno baldio
por um coração vadio
Não sou terreno baldio
com meu peito abandonado
por um coração vadio
Se tem a sede de um rio
pois tome muito cuidado
não sou terreno baldio
Apenas nunca sacio
o desejo apaixonado
por um coração vadio
Pela flor não lhe sorrio
em um gesto perfumado
não sou terreno baldio
que carente pelo frio
se apanha todo encantado
por um coração vadio
Me fiz de torto e errado
por um peito apedrejado
Não sou terreno baldio
por um coração vadio
quarta-feira, 15 de junho de 2011
Prato Feito
Lucas C. Lisboa
Comi uma quentinha
na cantina da vizinha
uma marmita bem feita
que para fome é perfeita
Salsa, sal e cebolinha
arroz, feijão e farinha
o bife ninguém rejeita
e a gula se aproveita
comem todos os famintos
na cantina da vizinha
que é também deusa e rainha
dos vermes e platelmintos
que dão fome a quem caminha
pra cantina da vizinha
Comi uma quentinha
na cantina da vizinha
uma marmita bem feita
que para fome é perfeita
Salsa, sal e cebolinha
arroz, feijão e farinha
o bife ninguém rejeita
e a gula se aproveita
comem todos os famintos
na cantina da vizinha
que é também deusa e rainha
dos vermes e platelmintos
que dão fome a quem caminha
pra cantina da vizinha
terça-feira, 14 de junho de 2011
Amor paralelo
Lucas C. Lisboa
Eu ia de bar em bar
nas retas ruas de BH
fui ate a magia que emana
de Ouro Preto e Mariana
Pensei mesmo em me alojar
em Caxias pra pouco ficar
Mas parti pra onde as esquinas
são de ruas paralelinas
Cheguei ao Rio de Janeiro
onde é sempre carnaval
desde março a fevereiro
Mas não foi surpresa tal
quando fiz um par mineiro
num amor de trilha igual
Eu ia de bar em bar
nas retas ruas de BH
fui ate a magia que emana
de Ouro Preto e Mariana
Pensei mesmo em me alojar
em Caxias pra pouco ficar
Mas parti pra onde as esquinas
são de ruas paralelinas
Cheguei ao Rio de Janeiro
onde é sempre carnaval
desde março a fevereiro
Mas não foi surpresa tal
quando fiz um par mineiro
num amor de trilha igual
quarta-feira, 8 de junho de 2011
domingo, 5 de junho de 2011
Como publicar o livro do Sr. Personna?
O que é o projeto “Sobre Máscaras e Espelhos”?
O projeto trata da publicação e da divulgação do livro "Sobre máscaras e espelhos". O livro é um compilado de sonetos e contos que o autor publicou por vários anos no site www.srpersonna.blogspot.com. O texto é fruto de um projeto experimental que pretende, através do resgate histórico das características do simbolismo e do parnasianismo, encontrar novas maneiras de abordar angustias e temáticas contemporâneas. O resultado dessa experiência é um texto denso, rico e de alto valor histórico-literário, uma vez que resgata as características e valoriza a memória de uma época importante e pouco lembrada da literatura brasileira.
O que é um investidor cultural?
Investidor cultural é aquela pessoa que destina parte do seu imposto de renda para projetos culturais.
Quanto eu posso deduzir do valor investido no projeto?
O projeto “Sobre Máscaras e Espelhos” foi aprovado na Lei Rounaet no artigo 18. Isso significa que qualquer doação que você realizar para o projeto permitirá 100% de dedução no IR.
Como eu posso investir no projeto?
Para investir no projeto ou tirar qualquer dúvida basta entrar em contato com os responsáveis pelo projeto:
Luciana - lucianaacoelho@yahoo.com.br / 31 8334-2666
Lucas Lisboa – lucasc.lisboa@gmail.com / 31 9874-2347 ou 21 8391-7732
Para mais informações do projeto ou para acompanhá-lo, acesse o site no Ministério da Cultura: www.cultura.gov.br
Dados para depósito
Banco do Brasil
Agência 33685
Conta 426261
O que é a Lei Rouanet (lei federal de incentivo a cultura)?
A Lei Rouanet criou o PRONAC – Programa Nacional de Apoio a cultura, que tem como finalidade obter recursos para a área de cultura através de renuncia fiscal. Tanto empresas quanto pessoas físicas podem deduzir imposto através dessa lei. Nessa cartilha nós vamos tratar apenas das deduções realizadas por pessoas físicas. A Lei Rouanet é uma ótima oportunidade de definir como parte do dinheiro que você paga ao governo é utilizado.
Como me tornar um investidor cultural?
É muito fácil investir em cultura. Primeiro é preciso encontrar um projeto cultural que tenha sido aprovado na Lei Rouanet (lei federal de incentivo a cultura). Depois você decide quanto quer investir no projeto. Então é a hora de contatar o responsável pelo projeto e fazer o depósito na conta bancária do projeto. Lembre-se de pedir e guardar o recibo da doação. Quando você for fazer a declaração de IR basta lançar os dados do investimento cultural e você poderá abater uma parte ou a totalidade do valor investido.
Como saber quanto eu posso abater do IR?
Primeiro você precisa verificar em qual artigo o projeto que você escolheu está incluído. Projetos incluídos no artigo 18 permite 100% de abatimento e projetos incluídos no artigo 26 apenas 80%. Isso acontece porque o ministério da cultura privilegia o investimento em algumas áreas como literatura e artes cênicas. Outro coisa importante: você só pode abater até 6% do imposto devido. Qualquer valor acima desse teto não poderá ser abatido do IR. Entram também nesse teto doações feitas ao Fundo da criança e através da Lei de incentivo ao esporte. Veja abaixo como calcular esse valor, a seta vermelha indica quanto imposto você deve ao fisco. Use esse valor para calcular quanto você pode investir em cultura, ou seja até 6% desse valor. Na sua declaração de imposto de 2010 uma estimativa desse valor. Se você não tem os valores da sua declaração de 2010, faça uma simulação com a sua estimativa de rendimento de 2011.
Abra o programa de declaração da Receita Federal; vá em “cálculo de imposto” (em azul, com seta vermelha). Verifique o valor no campo “Imposto” (assinalado em vermelho). Você pode deduzir até 6% desse valor. No caso, até: R$ 950,52
É burocrático e complicado lançar o abatimento no IR?
Não, na verdade é bem simples. A primeira coisa que você deve fazer é fazer sua declaração de IR pelo modelo completo. Quem utiliza o modelo simplificado não pode deduzir investimentos em cultura. Após fazer sua doação você recebe o recibo de mecenato. Lembre-se de guardá-lo. Para facilitar a emissão do recibo forneça ao empreendedor cultural os seguintes dados: CPF, endereço, CEP e telefone.
Os dados que você deve guardar são os que estão marcados em vermelho: O número de PRONAC que identifica o projeto e o CPF/CNPJ do proponente do projeto. Com o recibo em mão você pode lançar a sua doação na declaração de imposto de 2011.
Como eu declaro o pagamento realizado ao projeto?
Vá no item “Pagamentos e Doações Efetuados” (seta vermelha); inclua um novo item; utilize o código 41 “Incentivo a cultura”. Coloque como nome o número de PRONAC do projeto e o CPF do proponente. Indique o valor doado e no campo “parcela não dedutível” deixe 0, pois projetos aprovados no artigo 18 permitem 100% de dedução.
Como eu vou receber o valor abatido do IR?
Você recebe o valor investido em cultura de volta na mesma data em que receber a restituição do seu IR ou for pagar o IR. A doação para projetos culturais é vantajosa tanto para quem tem imposto a pagar quanto para quem tem restituição a receber. Veja como fica a declaração em ambos os casos:
Imposto a pagar sem contribuição a cultura:
Imposto a pagar com contribuição a cultura:
Observe que no primeiro caso o saldo a pagar era de R$ 672,92 e que no segundo, devido a doação, caiu para R$ 172,92.
Veja agora um exemplo de imposto a restituir:
Restituição sem contribuição a cultura:
Restituição com contribuição a cultura:
Observe que no primeiro caso havia apenas R$ 152,08 a receber de restituição. Já no segundo havia R$ 652,08 para receber.
Quem é o autor do livro?
O autor é o jovem escritor mineiro Lucas Castro Lisboa, que atualmente cursa filosofia com foco em literatura na Universidade Federal de Minas Gerais. Antes disso ele concluiu 6 semestres de direito na Universidade federal de Ouro Preto. Desde 2003 que o autor mantém publicações regulares na internet. Ele participou como colaborador do blog “Poesia Formada” durante 3 anos e também manteve o blog “Poeta do Hediondo”. A partir de 2006, ele passou a escrever no blog “Sr. Personna, o que trazes para mim?”, que permanece ativo até hoje. O autor possui duas publicações em jornais: uma no jornal Mogi News (2007) e outra no jornal O Tempo (2007). E também participa do Fórum Spell Brasil (poesia), e já participou de vários saraus como o Jus Noctis (2003-2008), Penumbra (2006-2008), FALE-UFMG (2007-2008) e FAFICH- UFMG (2007-2008).
Quais ações estão previstas no projeto?
No projeto estão previstas as seguintes ações:
Produção de 1400 exemplares do livro dos quais 770 serão doados para bibliotecas, centros de cultura e escolas públicas. O restante será destinado a vendas com preços populares.
Evento de lançamento do livro onde acontecerão performances teatrais baseadas em sonetos da obra.
Reformulação do site do autor, onde haverá além da publicação de poemas, textos voltados para literatura e linguística.
Disponibilização de uma versão em áudio do texto do livro, permitindo a inclusão social de deficientes visuais.
terça-feira, 31 de maio de 2011
segunda-feira, 30 de maio de 2011
Cruel
Lucas C. Lisboa
Corte o fio do novelo
no qual você me teceu
sonhos e que o pesadelo
de rubro sangue manchou
É do seu lábio o vermelho
que minha boca rasgou
quando ocorre o mau conselho
de quem o engano pregou
São gralhas de mau agouro
que tem veneno prum touro
mas como doçura de mel
Porque deixou se embalar
numa canção de ninar
na linha do carretel?
Corte o fio do novelo
no qual você me teceu
sonhos e que o pesadelo
de rubro sangue manchou
É do seu lábio o vermelho
que minha boca rasgou
quando ocorre o mau conselho
de quem o engano pregou
São gralhas de mau agouro
que tem veneno prum touro
mas como doçura de mel
Porque deixou se embalar
numa canção de ninar
na linha do carretel?
sexta-feira, 27 de maio de 2011
Café da Manhã
Lucas C. Lisboa
Ela trouxe dedicada
café com gotas de leite
e também duas torradas
temperadas com azeite
Nada como uma mimada
pra que o humor endireite
depois da noite embalada
com toques de deleite
É bom dormir e acordar
co'a suavidade do ar
de sua carícia e beijos
Mas devo me levantar
com vontade de ficar
para mais tantos desejos
Ela trouxe dedicada
café com gotas de leite
e também duas torradas
temperadas com azeite
Nada como uma mimada
pra que o humor endireite
depois da noite embalada
com toques de deleite
É bom dormir e acordar
co'a suavidade do ar
de sua carícia e beijos
Mas devo me levantar
com vontade de ficar
para mais tantos desejos
quarta-feira, 25 de maio de 2011
Palmas e bis
Lucas C. Lisboa
O nosso amor algo tem
daqueles que pedem bis
em um longo vai e vem
tão forte quanto feliz
Não é o que mais convém
mas é o que sempre quis
e sei que você também
nos vemos e por um triz
Nosso coração não sai
pela boca mui apressado
Nosso dessejo não esvai
num verão apaixonado
e meu sonho que me distrai
é estar sempre ao seu lado
O nosso amor algo tem
daqueles que pedem bis
em um longo vai e vem
tão forte quanto feliz
Não é o que mais convém
mas é o que sempre quis
e sei que você também
nos vemos e por um triz
Nosso coração não sai
pela boca mui apressado
Nosso dessejo não esvai
num verão apaixonado
e meu sonho que me distrai
é estar sempre ao seu lado
terça-feira, 24 de maio de 2011
No alto da grade: a gata
Lucas C. Lisboa
Chorosa miava a gata
porém eu sequer sabia
e muito menos eu via
de onde vinha a serenata
no alto da grade ingrata
ela miando sofria
desde o fim daquele dia
equilibrada em sua pata
De baixo lhe perguntei:
"um trato contigo farei
eu salvo da cilada tamanha
que se meteu sem perceber
sua parte é fácil de entender
lhe salvo mas não me arranha?"
Chorosa miava a gata
porém eu sequer sabia
e muito menos eu via
de onde vinha a serenata
no alto da grade ingrata
ela miando sofria
desde o fim daquele dia
equilibrada em sua pata
De baixo lhe perguntei:
"um trato contigo farei
eu salvo da cilada tamanha
que se meteu sem perceber
sua parte é fácil de entender
lhe salvo mas não me arranha?"
domingo, 22 de maio de 2011
O Salvamento da Gatinha
Quinta eu banquei o herói de uma gatinha que miava no alto da grade do Campo de Santana quase em frente ao prédio do corpo de bombeiros que me lembra um palácio russo por sua imponência vermelha. Eu olhei para ela e disse: "Senhorita, vamos negociar isso. Eu lhe salvo mas você não me arranha viu?"
A salvei do alto da grade e a coloquei no chão. Segui sozinho e fui surpreendido pelos miados que me seguiam! Sim, a gatinha tinha se apaixonado, tentei ir mais rápido Mas ela me acompanhava! Foi me seguindo por toda a extensiva praça até que eu parei para ver qual era a delá e ela foi logo se enroscando nas minhas pernas.
Confesso que se eu já estivesse morando em Sao Cristóvão ela tinha ganho um novo lar. Peguei o ônibus para Caxias com muito pesar de deixar a gatinha pra trás. Acabei descendo no ponto errado porque estava pensando na gata e deixei passar a praça onde eu deveria descer.
No caminho de volta para casa passei por três gatos sentados me observando. Muito estranho! Senti como se eles estivessem vigiando o meu caminho em retribuição à minha boa ação do dia.
Até tirei fotos de dois deles, o primeiro ficou pra trás porque a rua era muito muito deserta e eu não iria tirar a câmera no meio da rua e correr riscos. Segue a baixo as fotos do que estava na praça e do que estava dentro da estação de trem. Engraçado como eles estavam me encarando conforme eu caminhava.
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