Publicação em destaque
Poeta e apenas poeta
Já me olharam espantados quando digo que sou poeta e só poeta. Que não canto, nem danço, nem atuo, nem pinto, nem bordo, que "só" ...
sábado, 13 de fevereiro de 2010
Galanteio de repente
Eu jamais posso negar
Que gosto bem mais das nifas
melhor se forem poetisas
virtuosas ao paladar
Eu conheço um certo sátiro
que não é tão novo assim
pois diz ter tal predicado
mas acho que é só um tarado
É desejo: desconfia
do dito na sua rimada
pois mostra que você ninfa
é também uma tarada!
Serei eu ,tarada de fato
e nada de mais então?
ou está apenas enganado
na sua velha convicção?
O faro de bode velho
não é de errar assim não
vá escute meu conselho
é só seguir seu tesão
Como está bem inspirado
vejo que garoto inda és
só espero que tome cuidado
e não vacile de vez
Tu que me deixas pirado
está cega, não me vês?
por ti todo assim safado
tal um velho lobo maltês!
Droga eu esqueci a rima!
que numa só ia fazer
com minha aura feminina
para bem te responder
Pois esse jogo sabemos
muito bem como termina
e fazer com que erremos
é meu prazer, minha sina
Repete e ficará rouco
certeza tens de saber
és convencido garoto
e senso não pode ter
E também falta bem pouco
pra verdade nao se esconder!
não eu não estou tão louco
sei bem deste teu querer
Por quê tens tanta certeza
de que falto com a verdade?
na verdade acho que a fineza
do teu faro foi tarde
Sei: não é minha vaidade
nem velho ou convalido
se não tivesse o convite
teria em versos respondido?
Ninfas gostam de brincar
e os bodes bem mais ainda...
será que sabe lidar?
ou ficará na berlinda?
ou ainda esgotará meu
estoque de belas rimas?
mas até lá já se perdeu
as minhas graças de esquinas
Disse que era vergonhosa
de tuas rimas e poemas?
o que te deixas tão orgulhosa
senão que eu valha às penas?
Me vale à pena gostar
da brincadeira, são só
versos que o vento vai levar
pois não são mais q'este pó
Provocar-te com uma pena
é uma brincadeira ardilosa
que nos deixa em plena cena
mais rápido do que em prosa
Talvez não entenda de cenas
ou menos do que de prosas
mas deixa pra lá mia rima
não era das mais formosas...
As melhores são rimas mais feias
que da cara vem e gozas
O riso é dessas tuas teias
daquelas finas, ardilosas!
Eu seria tal uma aranha?
tenho a minha preferidas!
viuvas negras: maridos
que transformam-se em comida
Aracnos bem mais espertos
oferecem um belo engodo
pra só assim passar o rodo
tal faço com os meus versos
Eis um duelo afinal
ambos um gosto: poder
quem sera de tal historia ,
aquele que vai vencer?
Sabemos que a carne mortal
é faminta por prazer
não interessa a vitória
o corpo há de padecer
Cansei de fazer versos...
As minhas toscas rimas
me toma um gosto possesso
e escrevem as mão pequeninas
Pelos prazeres diversos
Eu agradeço por sua sina
pois fiz tantos belos versos
pela tua mão de menina!
quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010
Poeta-canalha
eu lhe digo bela puta:
pois o meu muito obrigado!
anos de verso e labuta
deram enfim resultado!
quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010
No ponto de ônibus
- Porquê?
Pego completamente surpreso respondo de pronto:
- O quê?
E não contendo o riso ambos se entreolham e eu
digo:
- Porquê?
Mais que depressa ela responde:
- O quê?
Há mais gente conosco naquele ponto, pessoas transitando esperando sua condução para a cama, afinal, era dia de semana e já estava de noite.
Para nós a noite só estava começando e numa troca infinita de porquês e oquês todos ao redor do ponto simplesmente se afastam.
Isso quase nos assusta e intimida, mas no fundo o gosto do proibido, do desafio, do surreal e do divertido nos convence a continuar:
-Porquê?
-o quê?
-O quê?
-Porquê?
O onibus amarelo finalmente chega e esquecemos disso no processo de pegar passagem, procurar lugar, se sentar e tudo mais. Mas bastou sentarmos para que ela virasse para mim em tom de desafio e perguntasse novamente:
-Porquê?
segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010
de core
A cor desses olhos seus
sei não menos que de cor
São eles dois sonhos meus
me corando o coração
Pintaria até os ventos
pelo meu sangue curtidos
guardando nossos momentos
tal nas catedrais os vidros
Decoraria meus ateus
pensamentos com as cores
rubras coronárias com deus
coroando nosso grilhão
Tingiria sentimentos
nos bordados coloridos
por deleites quinhentos
de desejos bem floridos
quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010
terça-feira, 2 de fevereiro de 2010
A pirâmide de um homem
Queria que seu castelo de cartas tocasse o teto da sala de jantar. Era, sem sombra de dúvidas, um projeto ambicioso. Não lhe impediria os tantos baralhos ou mesmo as mais de mil horas de labor dedicado e cuidadoso.
Terminada sua obra, de tantas cores e motivos estampados, encheu-se todo de vaidade e seu ego ficou ainda mais ardoroso: uma pirâmide em tamanho real. Ele a construiria do solo até rasgar o céu e o firmamento luminoso.
Não contava, porém, que ao colocar a última carta, a pirâmide se faria mármore e se cravaria, firmemente, no tecido azul. E, muito menos, que do chão se elevaria para ficar dependurada, com toda a brancura de um lustre, na sala de jantar.
quarta-feira, 20 de janeiro de 2010
Terezinha Vaz Lisboa
Esse é um pedaço da história da minha avó, contada por ela, recontada por meus tios e uma parte realmente vivenciada por mim, conto com emoção e sem muita preocupação com nada mais que relatar o que senti e vivi nos quase vinte anos que essa história de desenrolou.
segunda-feira, 11 de janeiro de 2010
Poeta e Artista
Eu tanto lhe espero
não é porque tenho
mas sim porque quero
nós dois num desenho
Feito com esmero
por você tão minha
que nega o sincero
desejo que aninha
Em seu, e meu, sonho
que de tanto vinha
por nosso medonho
de ficar sozinha
quinta-feira, 7 de janeiro de 2010
Agonia? Seu desejo...
Pois quer muito mais que nada
quer ser abusada e usada
por mim como mia pequena
serva de carne serena
Quadras Quebradas
Pedidos já não nos cabem
pelas recusas sem fim
Eu temo que não acabem
as culpas dentro de mim
Não se esqueça dos irmãos
sonhos tão nosso e carmim
Lembre-se de minhas mãos
seguras em ti pois sim
Porque pede pra pedir
se dar-se deseja assim
Porque nao vem-me a sorrir
se desejosa está enfim
Deixemos o sapato jogado
Lembremos da fita de cetim
Vamos regar com cuidado
um sonho bom e não ruim
quarta-feira, 6 de janeiro de 2010
Quebrado
Eu adoro coisas faltando
pedaços onde o inteiro
que se esperava tanto
não falta no pardieiro
Eu sou d'algo faltando
meu olhar não é certeiro
e a perna esquerda mancando
me dá um ar mais fateiro
Como xícaras quebradas
servindo de copos pintados
é minha morta esperança
Minhas ilusões viciadas
meus sonhos despedaçados
compõe minha nova dança
sábado, 2 de janeiro de 2010
Férreo Ferro
O fazendeiro de pregos
plantava com seu martelo
pra colher enferrujados
regava com muito esmero
Queria bem avermelhados
os pregos do seu castelo
para ferir os descuidados
em seu banquete singelo
E para fechar as portas
da comilança sem cela
ou arreio há as cordas
Comida era farta e bela
com os parafusos, porcas
e uma ou outra arruela

sábado, 26 de dezembro de 2009
Pequena Marionete
quinta-feira, 24 de dezembro de 2009
VITAE
Dê adeus a esse passado,
que tanto lhe faz o mal!
Dê adeus ao seu deserto
que feito é de puro sal...
Respire o cheiro do assado
de temperos sem igual!
Aprecie, sinta mais perto
o nosso fogo vital.
Ao redor dessa fogueira
somos uno p'lo secreto
na clareira da floresta
Pois somos a vida inteira
presos, no torto e no reto,
a viver o que nos resta.
segunda-feira, 21 de dezembro de 2009
Instantes
dois pares de calças
atracam-se vorazmente
num xadrez chuvoso
duas xícaras sem alça
bebem o café fervente
num dia nebuloso
o par numa valsa
danca deliciosamente
no terceiro, o gozo
o rijo pau reluzente
num labiar fogoso
sábado, 19 de dezembro de 2009
Quadras d'espada
Sangrando o ar com sua espada
o cavaleiro sustenta
sozinho pela lembrança
dos beijos da bela amada
Não baixa nunca sua guarda
em uma luta sangrenta
contra as sombras dessa herança
que lhe ergue e lhe mata
sexta-feira, 18 de dezembro de 2009
Em Cena
terça-feira, 15 de dezembro de 2009
Troca de farpas (ou olhares)
Eu nunca vou entender
se você nada dizer
suas palavras caladas
não me dizem nada
Eu sequer irei saber
se você nada fizer
contra essas minhas mancadas
achando certa as erradas
respostas que já me deu
ou são totalmente falsas
nossas caras pretensões?
Apostas altas no ateu
não santifica as vidraças
tão frágeis dos corações
domingo, 6 de dezembro de 2009
Para a eternidade
Foge a sordideza
do diabo a vitória
da tamanha grandeza
dos homens na história
Com maior justeza
vivendo da glória
toda uma realeza
bebe em sua memória
Guerreiros de espadas
sagradas em sangue
e carne divinos
Co'as vistas cegadas
que marcham no mangue
e brandam os sinos
sexta-feira, 4 de dezembro de 2009
Noite, madrugada, manhã, tarde
Cigarros sem filtro em dias tão cinzentos
tosse, choro e pesadelos quinhentos
fazem sorrir sem culpa ou pudor
eu, que velho por dentro, sou senhor
Mais um trago em copos lamacentos
na praça da estação de movimentos
estranhos que lhes causariam horror
se tão bêbado não estivesse seu suor
É belo um rato a correr pro esgoto
entre carros e crianças frenéticas
que vagueiam sem rumo pelas ruas
É belo um homem sujo e mais que roto
c'olhos desejando as pernas atléticas
das jovens que bem imagina nuas
terça-feira, 1 de dezembro de 2009
Menestrel de Vidro
Eu queria um coração de aço ou vidro
Inquebrável e frio ou se partido
quebrasse em vermelhosos, vis, cristais
contado dessas mil dores ou mais
O de aço pesa tanto que duvido
que poderia guardar em mim ferido
ao peito co'essas dores tão abissais
que carrego nas crateras pulmonais
Eu queria ter nascido todo de aço
tal Donzela de Ferro que se faz
segura na luz fria do seu vestido
Eu queria que não houvesse um espaço
pra essas dores, de poeta mordaz,
se esconderem em meu canto sorrido
Convidados
Derrotei os exércitos de Deus,
dos deuses e com todas as mil feras!
Sangrei o mar em busca desses réus
com os seus pesadelos e quimeras!
Cansado direi eu aos filhos meus
que fui capaz de lhes domar as terras
desde o horizonte até tocar os céus
sendo O cavaleiro a guardar por eras
Minha morada é de fato verdadeira
segura erguida sobre a pedra inteira
pela fé de um sonho que de luz cega
Cheguem em meu palácio de cristal
nem só de mármore se faz meu sal
há também o vinho e o pão na adega
domingo, 29 de novembro de 2009
Enlace
Envolta em laços de seda
ela se volta fremente
Sendenta pra que suceda
o fetiche mais envolvente
Pela paixão que lhe enreda
vem o gemido eloquente
de cada curva e alameda
do seu corpo e de sua mente
Sao minhas fitas carmim
que lhe domina e cega
É pois atada por mim
que toda apenas se entrega
Ao prazer que nao tem fim
que nao foge e nem se nega
sábado, 28 de novembro de 2009
Estilística
sexta-feira, 27 de novembro de 2009
Nós
Iamos caminhando sem pressa
Tendo um destino guardado
Assim pelo menos pensávamos
Langüidamente aprisionados
Apaixonados e jurados
Além de nós nada havia
Lugares, coisas, pessoas
Víamos e não ligávamos
Entre um beijo e caricia
Suor escorria em delícia
Muitas, outras e várias
Apesar de tanta fome e querer
Recusávamos juntos o comum
Igualmente fugíamos do banal
Ansiosos éramos e a cada
Novidade que saciávamos
Outra surgia sempre
quinta-feira, 19 de novembro de 2009
Rasgos em flor
Lingua ferida, espinhos afiados
Carne rasgada, cornos adornados
com paixão sangram ambos e padecem
do desejo que os deuses não esquecem
Ninfa de flores nos mamilos cálidos
Sátiro com seus chifres tão dourados
com fome se devoram e se ferem
numa dor deleitosa que eles querem
A cada corte, o beijo lhes encanta
curando-os nas suas fomes sem fim
entre bem quistos gozos e lamentos
O sangue das feridas, rega, espanta,
encharca de vermelho o jardim
em que deitam amantes tão sedentos
terça-feira, 17 de novembro de 2009
Flores: para além da areia, onde há o mar.
Era chamado de Fauno naquelas terras áridas, onde as areias beijavam o mar e o mar fazia delas seu par perfeito para navegar nas ondas. Nessas terras havia um encontro muito singular entre as areias e o mar, um lugar onde bailavam lentamente e onde desse lento bailar nasciam flores de pétalas brancas. Eram pétalas de régia beleza que não precisavam senão daquela dança mágica para se nutrir.
Ele sorria ao se lembrar que foi um convite seu que iniciou aquele baile, há tanto tempo que não se lembrava mais, foi numa outra terra distante dali, que desposou, com a Fúria de um Sátiro, uma Ninfa de pele de cobre.
E em seu desposar sanguíneo cobriu seu corpo de flores mais belas que conseguira compor em seus versos de profundo amor. Cada verso escrito com o suor e sangue de ambos fazia nascer uma flor.
Caminhavam felizes pelos bosques, pelas terras desconhecidas, por lugares nunca antes desvendados, não sem sacrifícios é claro, seu sangue era o preço que cada nova morada cobrava. Mas era intenso, era perfeito e também dolorosamente completo.
Mas chegaram ao mar, que naquela época pouco se importava com as areias. E ela quis se banhar, ou ele quis que ela se banhasse, não se lembrava mais só se lembra que ela partiu para o meio do mar e desapareceu.
Só que ele não podia entrar naquela água, suas patas de bode com toda certeza se derreteriam caso tocassem o mar, era um acordo antigo que havia feito, que poderia correr toda a terra mas jamais tocar no mar.
Com ela perdida em meio ao mar ele se lamentou com as areias que também sentiram falta da Ninfa que a tanto bailava junto ao seu Sátiro sobre elas. As areias então desejaram o mar, desejaram profundamente voltar ao baile de outrora.
E foi esse novo bailar que criou aquele mangue, que não era areia nem mar, mas que o Fauno podia caminhar sem medo de que pudesse se afogar. Não demorou para que o mangue começasse a dar flores, flores nascidas daquele bailar e flores que outrora estiveram presas ao corpo de sua amada Ninfa.
O Fauno caminhava por aquele terreno novo e perigoso, zelando pelas flores que nasciam, em parte fruto de seu amor e outra parte frutos de sua maldição. Era com seu próprio sangue que as nutria numa esperança vã que elas fossem lá onde a Ninfa se encontrava entregue ao sabor das ondas.
segunda-feira, 16 de novembro de 2009
Outra
Meu apartamento enorme e abundante
com seus vazios estrategicamente
colocados nos cantos que me evita
olhar tais pesadelos de um artista
Se lhes digo sim ou não doravante
não cessam seus artifícios de amante
com sonhos ruins seguidos tão à risca
que surpreende cegando mia vista
Nada resta depois de tantos tragos
apenas se acomoda o pior momento
de minha paz feliz mas insincera
Sobram os meus afagos vis e amargos
que mordaz ofereço tal lamento
pra fiel e felicíssima cadela