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Poeta e apenas poeta

Já me olharam espantados quando digo que sou poeta e só poeta. Que não canto, nem danço, nem atuo, nem pinto, nem bordo, que "só" ...

sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

Em Cena

Lucas C. Lisboa

Pois pule, dê saltinhos com ardor!
não tenho culpas, não tenho pudor
nem lhe peço licença se lhe invade
numa cura da doença vil de Sade.

Pois Deseja q'eu pule meu senhor?
Só diga a qual altura por favor!
Que lhe faço contente sua vontade
mesmo que for somente por vaidade

Calada! Não desgaste essa sua rara
de provocar furor raivoso e único
que me fustiga como sequer sonha

Eu lhe peço, só não bate na cara
na frente da platéia, de meu público
sou cadela mas morro de vergonha...
 

 

terça-feira, 15 de dezembro de 2009

Troca de farpas (ou olhares)

Lucas C. Lisboa

Eu nunca vou entender
se você nada dizer
suas palavras caladas
não me dizem nada

Eu sequer irei saber
se você nada fizer
contra essas minhas mancadas
achando certa as erradas

respostas que já me deu
ou são totalmente falsas
nossas caras pretensões?

Apostas altas no ateu
não santifica as vidraças
tão frágeis dos corações

domingo, 6 de dezembro de 2009

Para a eternidade

Lucas C. Lisboa

Foge a sordideza
do diabo a vitória
da tamanha grandeza
dos homens na história

Com maior justeza
vivendo da glória
toda uma realeza
bebe em sua memória

Guerreiros de espadas
sagradas em sangue
e carne divinos

Co'as vistas cegadas
que marcham no mangue
e brandam os sinos

sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

Noite, madrugada, manhã, tarde

Lucas C. Lisboa

Cigarros sem filtro em dias tão cinzentos
tosse, choro e pesadelos quinhentos
fazem sorrir sem culpa ou pudor
eu, que velho por dentro, sou senhor

Mais um trago em copos lamacentos
na praça da estação de movimentos
estranhos que lhes causariam horror
se tão bêbado não estivesse seu suor

É belo um rato a correr pro esgoto
entre carros e crianças frenéticas
que vagueiam sem rumo pelas ruas

É belo um homem sujo e mais que roto
c'olhos desejando as pernas atléticas
das jovens que bem imagina nuas


terça-feira, 1 de dezembro de 2009

Menestrel de Vidro

Lucas C. Lisboa

Eu queria um coração de aço ou vidro
Inquebrável e frio ou se partido
quebrasse em vermelhosos, vis, cristais
contado dessas mil dores ou mais

O de aço pesa tanto que duvido
que poderia guardar em mim ferido
ao peito co'essas dores tão abissais
que carrego nas crateras pulmonais

Eu queria ter nascido todo de aço
tal Donzela de Ferro que se faz
segura na luz fria do seu vestido

Eu queria que não houvesse um espaço
pra essas dores, de poeta mordaz,
se esconderem em meu canto sorrido

Convidados

Lucas C. Lisboa

Derrotei os exércitos de Deus,
dos deuses e com todas as mil feras!
Sangrei o mar em busca desses réus
com os seus pesadelos e quimeras!

Cansado direi eu aos filhos meus
que fui capaz de lhes domar as terras
desde o horizonte até tocar os céus
sendo O cavaleiro a guardar por eras

Minha morada é de fato verdadeira
segura erguida sobre a pedra inteira
pela fé de um sonho que de luz cega

Cheguem em meu palácio de cristal
nem só de mármore se faz meu sal
há também o vinho e o pão na adega

domingo, 29 de novembro de 2009

Enlace

Lucas C. Lisboa

Envolta em laços de seda
ela se volta fremente
Sendenta pra que suceda
o fetiche mais envolvente

Pela paixão que lhe enreda
vem o gemido eloquente
de cada curva e alameda
do seu corpo e de sua mente

Sao minhas fitas carmim
que lhe domina e cega

É pois atada por mim
que toda apenas se entrega

Ao prazer que nao tem fim
que nao foge e nem se nega


sábado, 28 de novembro de 2009

Estilística

Métrica e Rima são os dois principais recursos estilísticos para se trabalhar a sonoridade e rimto de um poema. A Rima influencia principalmente a Sonoridade e a Métrica seu ritmo, não obstante, ambos influem tanto no ritmo quanto na sonoridade como poderemos ver a seguir:

A Rima é a homofonia (similaridade de sons) entre palavras quando dispostas de forma regular e intencional no decorrer de um poema. A presença das rimas ao longo dos versos cria uma marcação sonora, onde a repetição dos sons ressoa influindo diretamente na sonoridade geral de cada verso, estrofe e em todo o poema.

Relacionando-se intimamente à rima (mas idependente dela) há a tonacidade do verso que se dá de acordo com a sua última palavra podendo este ser Agudo, Grave ou Esdrúxulo (meso se formos usar os termos da música).

O verso é Agudo quando o som da última palavra tem sua tônica na última sílaba, Grave quando se dá na penúltima sílaba e Meso (ou Esdrúxulo) quando a tônica aparece na antepenúltima sílaba.

Palavras Agudas:
Sabiá
Castiçal
Sabão
Dois

Palavras Graves:
Aliança
Viagem
Ritmo
Melhores

Palavras Meso:
Própolis
Métrica
Página
Cálice



E cabe à Métrica a demarcação do ritmo.

sexta-feira, 27 de novembro de 2009

Nós

Lucas C. Lisboa

Iamos caminhando sem pressa
Tendo um destino guardado
Assim pelo menos pensávamos
Langüidamente aprisionados
Apaixonados e jurados

Além de nós nada havia
Lugares, coisas, pessoas
Víamos e não ligávamos
Entre um beijo e caricia
Suor escorria em delícia

Muitas, outras e várias
Apesar de tanta fome e querer
Recusávamos juntos o comum
Igualmente fugíamos do banal
Ansiosos éramos e a cada
Novidade que saciávamos
Outra surgia sempre


quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Rasgos em flor

Lucas C. Lisboa

Lingua ferida, espinhos afiados
Carne rasgada, cornos adornados
com paixão sangram ambos e padecem
do desejo que os deuses não esquecem

Ninfa de flores nos mamilos cálidos
Sátiro com seus chifres tão dourados
com fome se devoram e se ferem
numa dor deleitosa que eles querem

A cada corte, o beijo lhes encanta
curando-os nas suas fomes sem fim
entre bem quistos gozos e lamentos

O sangue das feridas, rega, espanta,
encharca de vermelho o jardim
em que deitam amantes tão sedentos


terça-feira, 17 de novembro de 2009

Flores: para além da areia, onde há o mar.

Lucas C. Lisboa

Era chamado de Fauno naquelas terras áridas, onde as areias beijavam o mar e o mar fazia delas seu par perfeito para navegar nas ondas. Nessas terras havia um encontro muito singular entre as areias e o mar, um lugar onde bailavam lentamente e onde desse lento bailar nasciam flores de pétalas brancas. Eram pétalas de régia beleza que não precisavam senão daquela dança mágica para se nutrir.

Ele sorria ao se lembrar que foi um convite seu que iniciou aquele baile, há tanto tempo que não se lembrava mais, foi numa outra terra distante dali, que desposou, com a Fúria de um Sátiro, uma Ninfa de pele de cobre.

E em seu desposar sanguíneo cobriu seu corpo de flores mais belas que conseguira compor em seus versos de profundo amor. Cada verso escrito com o suor e sangue de ambos fazia nascer uma flor.

Caminhavam felizes pelos bosques, pelas terras desconhecidas, por lugares nunca antes desvendados, não sem sacrifícios é claro, seu sangue era o preço que cada nova morada cobrava. Mas era intenso, era perfeito e também dolorosamente completo.

Mas chegaram ao mar, que naquela época pouco se importava com as areias. E ela quis se banhar, ou ele quis que ela se banhasse, não se lembrava mais só se lembra que ela partiu para o meio do mar e desapareceu.

Só que ele não podia entrar naquela água, suas patas de bode com toda certeza se derreteriam caso tocassem o mar, era um acordo antigo que havia feito, que poderia correr toda a terra mas jamais tocar no mar.

Com ela perdida em meio ao mar ele se lamentou com as areias que também sentiram falta da Ninfa que a tanto bailava junto ao seu Sátiro sobre elas. As areias então desejaram o mar, desejaram profundamente voltar ao baile de outrora.

E foi esse novo bailar que criou aquele mangue, que não era areia nem mar, mas que o Fauno podia caminhar sem medo de que pudesse se afogar. Não demorou para que o mangue começasse a dar flores, flores nascidas daquele bailar e flores que outrora estiveram presas ao corpo de sua amada Ninfa.

O Fauno caminhava por aquele terreno novo e perigoso, zelando pelas flores que nasciam, em parte fruto de seu amor e outra parte frutos de sua maldição. Era com seu próprio sangue que as nutria numa esperança vã que elas fossem lá onde a Ninfa se encontrava entregue ao sabor das ondas.

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Outra

Lucas C. Lisboa

Meu apartamento enorme e abundante
com seus vazios estrategicamente
colocados nos cantos que me evita
olhar tais pesadelos de um artista

Se lhes digo sim ou não doravante
não cessam seus artifícios de amante
com sonhos ruins seguidos tão à risca
que surpreende cegando mia vista

Nada resta depois de tantos tragos
apenas se acomoda o pior momento
de minha paz feliz mas insincera

Sobram os meus afagos vis e amargos
que mordaz ofereço tal lamento
pra fiel e felicíssima cadela

quarta-feira, 11 de novembro de 2009

Bomba de Sangue

Lucas C. Lisboa

Odeio meu apego
Odeio meu afeto
Quero só sossego
da vida sem teto

terça-feira, 10 de novembro de 2009

Cura-me

Lucas C. Lisboa

Cicatrizes sao testemunhas
silenciosas, resolutas
que testemunham as nossas
mais profundas das entranhas

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

O fantoche depois do palco

Lucas C. Lisboa

Vem boneca de trapos o meu peito
ferir como quem ri mui docemente!
É meretriz que tem todo direito,
de fazer sentir tal niguém se sente!

Desfia cada pedaço ou trejeito
que dolorido for mais conveniente!
Só não esqueça do velho de respeito:
do mestre que guia sua linha habilmente....

Sua lágrima por arte não envolve
e seu choro tão forte não comove;
seu riso e o seu pranto são iguais!

Sua sátira de sorte não me atinge
e seu odor de morte não me aflige;
quer apostar quem é que fede mais?



quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Suas lágrimas

Lucas C. Lisboa

Tenho olhos chorando sangue
minh`alma fedor de mangue
É sua carne meu fetio
o mais doce e mais macio

terça-feira, 3 de novembro de 2009

O Pianista e a mão de Bronze

Lucas C. Lisboa

Depois de mais uma exibição do Pianista que agora era somente o melhor Esgrimista Real. Ela foi tomada pela ambição de resgatar aquela mão que era bela demais para estar tão mal cuidada. Seu ourives favorito que lhe construía os objetos mais estranhos foi incumbido de fazer uma substituta para a troca.

O Ourives escolheu o cobre, por sua maleabilidade, para servir de carcaça e pequenos diamantes para substituir a proteção quitinosa das unhas humanas. Depois de meses trabalhando nos detalhes aquela mão de cobre era plenamente eficiente e refinada para os movimentos e toques mais precisos e delicados.

Ela sabia que orgulhosamente o Pianista sempre rejeitaria tal troca insana, por mais que ela prometesse que ele poderia então confiar novamente numa mão direita. Sabia que o ego dele não permitiria tal troca de bom grado. Ela então foi atrás de quem poderia fazê-lo.

Foi em uma noite que do estrangeiro chegou, um ladino de talentos e lendas assustadoras, que já roubara o brilho dos olhos de uma princesa e também ganhara, numa aposta contra a morte, um manto que lhe mantinha invisível frente aos olhos de todos aqueles que enxergam. e foi na mesma madrugada que o ladino, pelo preço de uma sonata composta exclusivamente para sua glória, adentrou nos aposentos do Esgrimista dentro da área mais nobre do Palácio Real.

O Pianista estava deitado confortavelmente em sua cama mantinha mas o seu braço direito se pendia para fora da cama pois aquela vil mão direita não tinha o direito de dividir com ele do conforto dos lençóis de linho. Com o artifício de certos emplastros e poções, que trazia consigo dos Alquimistas de turbantes, o Ladino conseguiu facilmente roubar aquela valiosa mão direita e substituí-la pela belíssima arte do Ourives escondida igualmente pela luva de couro.

Foi na mesma noite que a Compositora recebera em sua casa mais uma para a sua coleção, era um exemplar de rara perfeição, porém desgastada por tantos maltratos. Ela lhe poliu as unhas, sarou as queimaduras, curou cada chaga e cicatriz malfadada para só então embebê-la em rum e especiarias para que jamais perdesse sua beleza e forma tão caras e perfeitas a ela.

Demorou muito tempo para que o Pianista percebesse a troca, ele jamais sequer tirava a luva sob a qual escondia sua indigna mão. Foi num dia em que esquecendo-se dela o alto do corrimão rasgou-lhe a luva. Também só parou para olhar pois ficara preso na escadaria e não sentindo dor contemplou o brilho do cobre e dos diamantes que se passavam por entre o rasgo.

Olhou espantado para essa nova mão direita, notou que seus movimentos não eram os mesmos que tinham depois do seu erro. Eram precisos, graciosos perfeitos e a harmoniosos. Estava numa manhã onde tudo que tinha eram as aulas para o príncipe mais novo do Rei. E isso agora iria esperar, correu ao piano da sala de estudos e começou a tocar.

sábado, 31 de outubro de 2009

Donzela de Seda

Lucas C. Lisboa

O sabor adocicado,
eu tenho e jamais o nego!
Mas ele está bem guardado:
oculto pelo meu ego...

Sei até o que faço errado:
ao mau hábito me apego.
Tendo o corpo maltratado
se de raiva fica cego...

Eu até gosto de espinhos,
pois realçam o perfume
da flor que traz para mim.

Eu me dou bem com carinhos:
do punhal de fino gume
vindo a me cortar enfim!

quinta-feira, 29 de outubro de 2009

Terror no Play

Lucas C. Lisboa

Menina zumbi tão terrível
tem uma fome animal
se antes era mordível
agora a sua é mortal!

Uma nina tão sensível
virou um bicho do mal
devora a barriga incrível
com tripas e visceral

Devora tudo num segundo
com sua pequena boquinha
roendo ossos toda vida

Ao ver um mendigo imundo
ela come bem bonitinha
sangrenta e apodrecida

terça-feira, 27 de outubro de 2009

Donzela de Ferro

Lucas C. lisboa

A fria Donzela de Ferro
teve sua doce vingança
ao me cravar um eterno
espinho com ar de criança

A fria Donzela de Ferro
no seu abraçar avança
mias carnes até o inferno
que tortura e não se cansa

Sou monstro vil que pune
tão bestial, impensado
pior que verme ou rato!

Mas está sob o seu gume
algo bem mais engendrado
é maldade em puro ato!

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

Depois da aula

Lucas C. Lisboa

A doce mocinha
morrendo de medo
no parque sozinha
esconde um segredo

Espera prontinha
por seu namorado
co'a pele branquinha
e olhar abaixado

balança e se aninha
num riso calado
co'a face quentinha
e lábio molhado

Seu segredo vinha
num moço malvado
que lhe fez putinha
de muito bom grado

terça-feira, 13 de outubro de 2009

Terça-feira

Lucas C. Lisboa

Dia longo absurdo maldito infernal
De fato sou culpado pra tanto mal?
Se fosse, ao menos, teria uma paz
No prazer do mal feito que me apraz

Sei que não sou perfeito ou igual
ao principe de um conto de natal
Nem venho co'as boas novas que ele traz
e o fogo comigo se liquefaz

Eu só queria uma princesa rota
para dançar comigo toda valsa
mesmo que de nota desafinada

Eu só queria ter só mais uma gota
de chumbo derretido para a falsa
verdade que me faz alma penada

segunda-feira, 5 de outubro de 2009

Tentáculos atacam

Lucas C. Lisboa

Tentáculos e Correntes
tomaram o Colegial
são cem Jovens inocentes
gozando via Anal

Monstros e Aliens indecentes
pevertendo sem igual
Mestres de malvadas mentes
na nova Escola Sexual

com a Diretora enrabando
o velho do Zelador
e a Professora chupando
o dedão do Professor

Tudo que vão aprender
é Trepar até morrer

Notas de página (Rascunho

Da terceira estante na quarta prateleira encontrou o livro que vinha procurando depois de ouvi-lo mencionando numa mesa de botequim, na mesa vizinha dois amigos discutiam, terrivelmente, sobre qual seria o exacto valor do verso medido e o que ele teria de tão melhor que a liberdade do verso livre. Não teve coragem de perguntar directamente para aquele par da mesa cada um deles batia tão fortemente o pé no que acreditava que imaginou que morderiam qualquer inocente leigo que lhes atravessassem o caminho. Entre as tantas páginas densas, herméticas e por vezes incompreensíveis uma anotação continha uma ideia deveras pertinente ao difícil tema do qual tratava aquele tratado.

Um elogio, a quem tivesse sua autoria, pessoalmente seria impossível. Porém, tal elogio fizera-se indispensável ao novo leitor. Que, encantando pela bela e feminina grafia, deixou seu recado docemente elogioso logo abaixo das linhas cursivas que se tracejavam ao lado do corpo tipográfico. Seu elogio nao era nada menos do que uma quadra de versos em redondilha que o leitor aprendera justamente pelas anotações que a glosadora fizera.Ele pretendia ficar mais tempo com o livro mas num lapso esqueceu-se de renová-lo e quando o devolveu a biblioteca para pegá-lo noutro dia não o encontrou.

Alguém o havia pego e esse alguém era ela. Já fazia alguns anos que brigava em meio as letras, palavras, ritmos e sons da poesia. Auto-didacta vasculhara bibliotecas e mais bibliotecas até encontrar aquele tratado completíssimo sobre Versificação. Tinha desde pequena o mal hábito de anotar suas ideias, impressões e descobertas nas beiradas dos textos que lia, uma forma de fixar, de indicar onde havia parado e principalmente a mantinha sempre escrevendo, grafia que era um prazer à parte para ela. Fazia quase um ano que tinha decorado linha a linha daquele livro, porém fora convidada por um feliz acaso a contar como funcionava essa tal de poesia clássica e insegura voltou para sua tábua de salvação de tantos anos.

terça-feira, 22 de setembro de 2009

adeus

Em um dia tão terrível, fortemente lamentável, me levantei da cama porque não poderia mais ficar a sós com meus pensamentos. Pensá-los era como me sufocar e deprimir-me sem tamanho. Como que uma paixão inacabada, um assunto que já está morto e enterrado pode ainda me incomodar tanto assim? Tenho saudades dela que vivi esses meses tão fenomenais em minha vida. Ela que foi assim perfeitamente tudo que eu poderia esperar de alguém. Cada toque em uma sinergia que eu jamais imaginei possível. Cada gesto, cada suspiro, olhar e convívio era intenso e nada menos do que isso. Brigávamos pois sim, por nossa intensidade, por nossa absurda e total paixão. Nossos conflitos acendiam nossa paixão, instigavam nossos instintos, dançávamos loucamente sem nem pensar nas consequências lógicas, básicas e morais. Se ela era difícil eu não era nada fácil, nenhum dos dois sabia bem ceder, sabia como proceder senão num misto de dor e prazer que se alternava num sabor maravilhoso e louco. Eu sei que o que houve não é findo, ainda lacera o peito, ainda causa insônia, a distância não consegue romper esse vício, essa loucura que vivemos à dois. Resta-nos apenas esquecer? Resta-me apenas lembrar e sorrir? Eu espero mais do que sempre foi demais. Desregrado, sem normas, sem pudor e desenfreadamente delicioso.

sexta-feira, 18 de setembro de 2009

Romântico

Lucas C. Lisboa

-Vai diz que me ama
e depois me beija?
-Não, mas se levante
e pegue a cerveja.

domingo, 6 de setembro de 2009

Sonetilho engavetado

Lucas C. Lisboa

Não menos malditos sejam
os meus pérfidos poemas
meus versos que não almejam
tédio e rimas amenas

Na terra seca vicejam
rascunhados sem pudor
que se fazem e rastejam
sem um único leitor

Guardo tudo sem encanto
nem sobrado ou palacete
é onde meu lirismo vive

Escrevo pois eu não canto
nem engano com falsete
uma voz que nunca tive

quinta-feira, 3 de setembro de 2009

Colegial

Lucas C. Lisboa

Na capa da prova
cabe minha trova?
Não cabe na prova
uma capa em trova!

sexta-feira, 28 de agosto de 2009

Eu odeio loja de roupa

Lucas C. Lisboa

Quando tinha por volta dos meus dez anos , já morava aqui no Santo Agostinho e minha mãe me levava para brincar no campo do atlético pois era aberto ao público e ao lado da minha casa. Porém , numa determinada manhã que íamos para lá qualan não foi nossa surpresa ao descobrirmos que o campo tinha sido vendido e que lá iria seriA construido um shopping? Sim, lá seria construído o Diamod Mall.

Nos tempos que se passaram eu realmente fiquei empolgado com essa história, afinal num shopping teria fliperama, cinema, Mac Donalds, fliperama e quem sabe até uns circos e parques que nem tinha no Del Rey, Minas e no BH! Dois anos depois de fechado e muito barulho na vizinhança não é que o Diamond fica pronto , mas para minha profunda decepção não é um shopping só de roupas? Sim! milhares de lojas vendendo roupas que não eram de meu interesse, roupas chiques, feias, para adultos! Nada de Fliperamas, só o Hotzone caro para caralho! E muita, muita loja de roupa! E nisso começou a nascer minha antipatia pela lojas de roupa.

O Diamond virou assim um shopping que eu ia só para tirar dinheiro e almoçar no domingo quando não tinha nada de comer lá em casa. Passou um tempo e ,não contentes em ter um shopping só para elas as lojas de roupas ,começaram a comprar e reformar as casas ao redor do Diamond, uma loja de noivas ali, uma outra de vestidos de festas por aqui e foi assim até que compraram o Amarelinho!

Meu bar/restaurante favorito que ficava numa esquina A só um quarteirão da minha casa e servia até bem tarde e tinha garçons amigáveis. Era um dos meus lugares favoritos de passar para tomar uma, sentar com o pessoal e fazer aquela boquinha de madrugada. Mas as lojas de roupa O compraram ele e o transforam, num requinte de crueldade, em um anexo todo fechado da loja de roupa que era ao lado! Aquela esquina de toldo amarelo agora era toda um muro grande e branco, muito sem graça , diga-se de passagem.

Agora, tomando meu bar favorito, eu realmente comecei a não gostar dessas lojas de roupa! Mas meu ódio por elas só se consolidou essa semana. Estou passando uns tempos na casa de meus amigos e lá acabei assumindo o papel de dono-de-casa e como tal fui à feira porque eu adoro pizza, sanduíches e comidas prontas , mas meu estômago reclama depois do terceiro dia vivendo À base delas... A dois quarteirões de lá tinha um açougue e um sacolão a preços não muito bons, porém ,tão perto assim, não havia nada nem sequer parecido. Mas minhas surpresa foi grande demais ao passar pelo sacolão e ao procurar o açougue e descobrir que ele virou sabe o que? Sim! uma maldita loja de roupa!

Como diabos alguém transforma um açougue numa loja de roupa? Isso é muito descabido! Não faz o menor sentido! E são todas aquelas lojas de roupas chiques, sempre vazias , sem ninguém dentro! Algumas até com interfone para se entrar... Toda vez que eu vejo uma dessas não consigo deixar de pensar que se trata de uma loja de esposa entediada e bancada pelo marido para que ela não o perturbe muito. "Vai lá meu bem, toma esse cheque em branco e monta sua loja" não contentes em simplesmente comprar quilos e quilos de sapatos, bolsas e coisa e tal.

Agora essas senhoras estão invadindo Belo Horizonte com suas lojas que só ocupam espaço! Ficam lá dentro aquelas vendedoras arrumadinhas, sorridentes e completamente sem o que fazer , ou porque eu nunca vi uma viva alma dentro delas. Sim, eu tenho raiva, tenho ódio dessas lojas de roupas que me roubaram o campinho de futebol, tomaram o lugar do meu fliperama e agora até mesmo o açougue! Eu odeio loja de roupa.

quinta-feira, 27 de agosto de 2009

O Trio que chegou II

Lucas C. Lisboa

Celo, Lú e Eu
Celo, Lú e Eu
Um trio da pesada
cabou de chegar

Celo, Lú e Eu
Celo, Lú e Eu
Um trio da pesada
só pra variar

Eu já entediado
Ela bem modesta
Ele bonachão

Eu meio quadrado
Ela já desperta
Ele pancadão