Lucas C. Lisboa
O que Eu lhe peço
sabes muitissimo bem
para lhe dizer
Publicação em destaque
Poeta e apenas poeta
Já me olharam espantados quando digo que sou poeta e só poeta. Que não canto, nem danço, nem atuo, nem pinto, nem bordo, que "só" ...
quinta-feira, 7 de janeiro de 2010
quarta-feira, 6 de janeiro de 2010
Quebrado
Lucas C. Lisboa
Eu adoro coisas faltando
pedaços onde o inteiro
que se esperava tanto
não falta no pardieiro
Eu sou d'algo faltando
meu olhar não é certeiro
e a perna esquerda mancando
me dá um ar mais fateiro
Como xícaras quebradas
servindo de copos pintados
é minha morta esperança
Minhas ilusões viciadas
meus sonhos despedaçados
compõe minha nova dança
Eu adoro coisas faltando
pedaços onde o inteiro
que se esperava tanto
não falta no pardieiro
Eu sou d'algo faltando
meu olhar não é certeiro
e a perna esquerda mancando
me dá um ar mais fateiro
Como xícaras quebradas
servindo de copos pintados
é minha morta esperança
Minhas ilusões viciadas
meus sonhos despedaçados
compõe minha nova dança
sábado, 2 de janeiro de 2010
Férreo Ferro
Lucas C. Lisboa
O fazendeiro de pregos
plantava com seu martelo
pra colher enferrujados
regava com muito esmero
Queria bem avermelhados
os pregos do seu castelo
para ferir os descuidados
em seu banquete singelo
E para fechar as portas
da comilança sem cela
ou arreio há as cordas
Comida era farta e bela
com os parafusos, porcas
e uma ou outra arruela
O fazendeiro de pregos
plantava com seu martelo
pra colher enferrujados
regava com muito esmero
Queria bem avermelhados
os pregos do seu castelo
para ferir os descuidados
em seu banquete singelo
E para fechar as portas
da comilança sem cela
ou arreio há as cordas
Comida era farta e bela
com os parafusos, porcas
e uma ou outra arruela

sábado, 26 de dezembro de 2009
Pequena Marionete
quinta-feira, 24 de dezembro de 2009
VITAE
Lucas C. Lisboa
Dê adeus a esse passado,
que tanto lhe faz o mal!
Dê adeus ao seu deserto
que feito é de puro sal...
Respire o cheiro do assado
de temperos sem igual!
Aprecie, sinta mais perto
o nosso fogo vital.
Ao redor dessa fogueira
somos uno p'lo secreto
na clareira da floresta
Pois somos a vida inteira
presos, no torto e no reto,
a viver o que nos resta.
Dê adeus a esse passado,
que tanto lhe faz o mal!
Dê adeus ao seu deserto
que feito é de puro sal...
Respire o cheiro do assado
de temperos sem igual!
Aprecie, sinta mais perto
o nosso fogo vital.
Ao redor dessa fogueira
somos uno p'lo secreto
na clareira da floresta
Pois somos a vida inteira
presos, no torto e no reto,
a viver o que nos resta.
segunda-feira, 21 de dezembro de 2009
Instantes
Lucas C. Lisboa
dois pares de calças
atracam-se vorazmente
num xadrez chuvoso
duas xícaras sem alça
bebem o café fervente
num dia nebuloso
o par numa valsa
danca deliciosamente
no terceiro, o gozo
o casal abraça
o rijo pau reluzente
num labiar fogoso
dois pares de calças
atracam-se vorazmente
num xadrez chuvoso
duas xícaras sem alça
bebem o café fervente
num dia nebuloso
o par numa valsa
danca deliciosamente
no terceiro, o gozo
o rijo pau reluzente
num labiar fogoso
sábado, 19 de dezembro de 2009
Quadras d'espada
Lucas C. Lisboa
Sangrando o ar com sua espada
o cavaleiro sustenta
sozinho pela lembrança
dos beijos da bela amada
Não baixa nunca sua guarda
em uma luta sangrenta
contra as sombras dessa herança
que lhe ergue e lhe mata
Sangrando o ar com sua espada
o cavaleiro sustenta
sozinho pela lembrança
dos beijos da bela amada
Não baixa nunca sua guarda
em uma luta sangrenta
contra as sombras dessa herança
que lhe ergue e lhe mata
sexta-feira, 18 de dezembro de 2009
Em Cena
Lucas C. Lisboa
Pois pule, dê saltinhos com ardor!
não tenho culpas, não tenho pudor
nem lhe peço licença se lhe invade
numa cura da doença vil de Sade.
Pois Deseja q'eu pule meu senhor?
Só diga a qual altura por favor!
Que lhe faço contente sua vontade
mesmo que for somente por vaidade
Calada! Não desgaste essa sua rara
de provocar furor raivoso e único
que me fustiga como sequer sonha
Eu lhe peço, só não bate na cara
na frente da platéia, de meu público
sou cadela mas morro de vergonha...
terça-feira, 15 de dezembro de 2009
Troca de farpas (ou olhares)
Lucas C. Lisboa
Eu nunca vou entender
se você nada dizer
suas palavras caladas
não me dizem nada
Eu sequer irei saber
se você nada fizer
contra essas minhas mancadas
achando certa as erradas
respostas que já me deu
ou são totalmente falsas
nossas caras pretensões?
Apostas altas no ateu
não santifica as vidraças
tão frágeis dos corações
Eu nunca vou entender
se você nada dizer
suas palavras caladas
não me dizem nada
Eu sequer irei saber
se você nada fizer
contra essas minhas mancadas
achando certa as erradas
respostas que já me deu
ou são totalmente falsas
nossas caras pretensões?
Apostas altas no ateu
não santifica as vidraças
tão frágeis dos corações
domingo, 6 de dezembro de 2009
Para a eternidade
Lucas C. Lisboa
Foge a sordideza
do diabo a vitória
da tamanha grandeza
dos homens na história
Com maior justeza
vivendo da glória
toda uma realeza
bebe em sua memória
Guerreiros de espadas
sagradas em sangue
e carne divinos
Co'as vistas cegadas
que marcham no mangue
e brandam os sinos
Foge a sordideza
do diabo a vitória
da tamanha grandeza
dos homens na história
Com maior justeza
vivendo da glória
toda uma realeza
bebe em sua memória
Guerreiros de espadas
sagradas em sangue
e carne divinos
Co'as vistas cegadas
que marcham no mangue
e brandam os sinos
sexta-feira, 4 de dezembro de 2009
Noite, madrugada, manhã, tarde
Lucas C. Lisboa
Cigarros sem filtro em dias tão cinzentos
tosse, choro e pesadelos quinhentos
fazem sorrir sem culpa ou pudor
eu, que velho por dentro, sou senhor
Mais um trago em copos lamacentos
na praça da estação de movimentos
estranhos que lhes causariam horror
se tão bêbado não estivesse seu suor
É belo um rato a correr pro esgoto
entre carros e crianças frenéticas
que vagueiam sem rumo pelas ruas
É belo um homem sujo e mais que roto
c'olhos desejando as pernas atléticas
das jovens que bem imagina nuas
Cigarros sem filtro em dias tão cinzentos
tosse, choro e pesadelos quinhentos
fazem sorrir sem culpa ou pudor
eu, que velho por dentro, sou senhor
Mais um trago em copos lamacentos
na praça da estação de movimentos
estranhos que lhes causariam horror
se tão bêbado não estivesse seu suor
É belo um rato a correr pro esgoto
entre carros e crianças frenéticas
que vagueiam sem rumo pelas ruas
É belo um homem sujo e mais que roto
c'olhos desejando as pernas atléticas
das jovens que bem imagina nuas
terça-feira, 1 de dezembro de 2009
Menestrel de Vidro
Lucas C. Lisboa
Eu queria um coração de aço ou vidro
Inquebrável e frio ou se partido
quebrasse em vermelhosos, vis, cristais
contado dessas mil dores ou mais
O de aço pesa tanto que duvido
que poderia guardar em mim ferido
ao peito co'essas dores tão abissais
que carrego nas crateras pulmonais
Eu queria ter nascido todo de aço
tal Donzela de Ferro que se faz
segura na luz fria do seu vestido
Eu queria que não houvesse um espaço
pra essas dores, de poeta mordaz,
se esconderem em meu canto sorrido
Eu queria um coração de aço ou vidro
Inquebrável e frio ou se partido
quebrasse em vermelhosos, vis, cristais
contado dessas mil dores ou mais
O de aço pesa tanto que duvido
que poderia guardar em mim ferido
ao peito co'essas dores tão abissais
que carrego nas crateras pulmonais
Eu queria ter nascido todo de aço
tal Donzela de Ferro que se faz
segura na luz fria do seu vestido
Eu queria que não houvesse um espaço
pra essas dores, de poeta mordaz,
se esconderem em meu canto sorrido
Convidados
Lucas C. Lisboa
Derrotei os exércitos de Deus,
dos deuses e com todas as mil feras!
Sangrei o mar em busca desses réus
com os seus pesadelos e quimeras!
Cansado direi eu aos filhos meus
que fui capaz de lhes domar as terras
desde o horizonte até tocar os céus
sendo O cavaleiro a guardar por eras
Minha morada é de fato verdadeira
segura erguida sobre a pedra inteira
pela fé de um sonho que de luz cega
Cheguem em meu palácio de cristal
nem só de mármore se faz meu sal
há também o vinho e o pão na adega
Derrotei os exércitos de Deus,
dos deuses e com todas as mil feras!
Sangrei o mar em busca desses réus
com os seus pesadelos e quimeras!
Cansado direi eu aos filhos meus
que fui capaz de lhes domar as terras
desde o horizonte até tocar os céus
sendo O cavaleiro a guardar por eras
Minha morada é de fato verdadeira
segura erguida sobre a pedra inteira
pela fé de um sonho que de luz cega
Cheguem em meu palácio de cristal
nem só de mármore se faz meu sal
há também o vinho e o pão na adega
domingo, 29 de novembro de 2009
Enlace
Lucas C. Lisboa
Envolta em laços de seda
ela se volta fremente
Sendenta pra que suceda
o fetiche mais envolvente
Pela paixão que lhe enreda
vem o gemido eloquente
de cada curva e alameda
do seu corpo e de sua mente
Sao minhas fitas carmim
que lhe domina e cega
É pois atada por mim
que toda apenas se entrega
Ao prazer que nao tem fim
que nao foge e nem se nega
Envolta em laços de seda
ela se volta fremente
Sendenta pra que suceda
o fetiche mais envolvente
Pela paixão que lhe enreda
vem o gemido eloquente
de cada curva e alameda
do seu corpo e de sua mente
Sao minhas fitas carmim
que lhe domina e cega
É pois atada por mim
que toda apenas se entrega
Ao prazer que nao tem fim
que nao foge e nem se nega
sábado, 28 de novembro de 2009
Estilística
Métrica e Rima são os dois principais recursos estilísticos para se trabalhar a sonoridade e rimto de um poema. A Rima influencia principalmente a Sonoridade e a Métrica seu ritmo, não obstante, ambos influem tanto no ritmo quanto na sonoridade como poderemos ver a seguir:
A Rima é a homofonia (similaridade de sons) entre palavras quando dispostas de forma regular e intencional no decorrer de um poema. A presença das rimas ao longo dos versos cria uma marcação sonora, onde a repetição dos sons ressoa influindo diretamente na sonoridade geral de cada verso, estrofe e em todo o poema.
Relacionando-se intimamente à rima (mas idependente dela) há a tonacidade do verso que se dá de acordo com a sua última palavra podendo este ser Agudo, Grave ou Esdrúxulo (meso se formos usar os termos da música).
O verso é Agudo quando o som da última palavra tem sua tônica na última sílaba, Grave quando se dá na penúltima sílaba e Meso (ou Esdrúxulo) quando a tônica aparece na antepenúltima sílaba.
Palavras Agudas:
Sabiá
Castiçal
Sabão
Dois
Palavras Graves:
Aliança
Viagem
Ritmo
Melhores
Palavras Meso:
Própolis
Métrica
Página
Cálice
E cabe à Métrica a demarcação do ritmo.
sexta-feira, 27 de novembro de 2009
Nós
Lucas C. Lisboa
Iamos caminhando sem pressa
Tendo um destino guardado
Assim pelo menos pensávamos
Langüidamente aprisionados
Apaixonados e jurados
Além de nós nada havia
Lugares, coisas, pessoas
Víamos e não ligávamos
Entre um beijo e caricia
Suor escorria em delícia
Muitas, outras e várias
Apesar de tanta fome e querer
Recusávamos juntos o comum
Igualmente fugíamos do banal
Ansiosos éramos e a cada
Novidade que saciávamos
Outra surgia sempre
Iamos caminhando sem pressa
Tendo um destino guardado
Assim pelo menos pensávamos
Langüidamente aprisionados
Apaixonados e jurados
Além de nós nada havia
Lugares, coisas, pessoas
Víamos e não ligávamos
Entre um beijo e caricia
Suor escorria em delícia
Muitas, outras e várias
Apesar de tanta fome e querer
Recusávamos juntos o comum
Igualmente fugíamos do banal
Ansiosos éramos e a cada
Novidade que saciávamos
Outra surgia sempre
quinta-feira, 19 de novembro de 2009
Rasgos em flor
Lucas C. Lisboa
Lingua ferida, espinhos afiados
Carne rasgada, cornos adornados
com paixão sangram ambos e padecem
do desejo que os deuses não esquecem
Ninfa de flores nos mamilos cálidos
Sátiro com seus chifres tão dourados
com fome se devoram e se ferem
numa dor deleitosa que eles querem
A cada corte, o beijo lhes encanta
curando-os nas suas fomes sem fim
entre bem quistos gozos e lamentos
O sangue das feridas, rega, espanta,
encharca de vermelho o jardim
em que deitam amantes tão sedentos
Lingua ferida, espinhos afiados
Carne rasgada, cornos adornados
com paixão sangram ambos e padecem
do desejo que os deuses não esquecem
Ninfa de flores nos mamilos cálidos
Sátiro com seus chifres tão dourados
com fome se devoram e se ferem
numa dor deleitosa que eles querem
A cada corte, o beijo lhes encanta
curando-os nas suas fomes sem fim
entre bem quistos gozos e lamentos
O sangue das feridas, rega, espanta,
encharca de vermelho o jardim
em que deitam amantes tão sedentos
terça-feira, 17 de novembro de 2009
Flores: para além da areia, onde há o mar.
Lucas C. Lisboa
Era chamado de Fauno naquelas terras áridas, onde as areias beijavam o mar e o mar fazia delas seu par perfeito para navegar nas ondas. Nessas terras havia um encontro muito singular entre as areias e o mar, um lugar onde bailavam lentamente e onde desse lento bailar nasciam flores de pétalas brancas. Eram pétalas de régia beleza que não precisavam senão daquela dança mágica para se nutrir.
Ele sorria ao se lembrar que foi um convite seu que iniciou aquele baile, há tanto tempo que não se lembrava mais, foi numa outra terra distante dali, que desposou, com a Fúria de um Sátiro, uma Ninfa de pele de cobre.
E em seu desposar sanguíneo cobriu seu corpo de flores mais belas que conseguira compor em seus versos de profundo amor. Cada verso escrito com o suor e sangue de ambos fazia nascer uma flor.
Caminhavam felizes pelos bosques, pelas terras desconhecidas, por lugares nunca antes desvendados, não sem sacrifícios é claro, seu sangue era o preço que cada nova morada cobrava. Mas era intenso, era perfeito e também dolorosamente completo.
Mas chegaram ao mar, que naquela época pouco se importava com as areias. E ela quis se banhar, ou ele quis que ela se banhasse, não se lembrava mais só se lembra que ela partiu para o meio do mar e desapareceu.
Só que ele não podia entrar naquela água, suas patas de bode com toda certeza se derreteriam caso tocassem o mar, era um acordo antigo que havia feito, que poderia correr toda a terra mas jamais tocar no mar.
Com ela perdida em meio ao mar ele se lamentou com as areias que também sentiram falta da Ninfa que a tanto bailava junto ao seu Sátiro sobre elas. As areias então desejaram o mar, desejaram profundamente voltar ao baile de outrora.
E foi esse novo bailar que criou aquele mangue, que não era areia nem mar, mas que o Fauno podia caminhar sem medo de que pudesse se afogar. Não demorou para que o mangue começasse a dar flores, flores nascidas daquele bailar e flores que outrora estiveram presas ao corpo de sua amada Ninfa.
O Fauno caminhava por aquele terreno novo e perigoso, zelando pelas flores que nasciam, em parte fruto de seu amor e outra parte frutos de sua maldição. Era com seu próprio sangue que as nutria numa esperança vã que elas fossem lá onde a Ninfa se encontrava entregue ao sabor das ondas.
Era chamado de Fauno naquelas terras áridas, onde as areias beijavam o mar e o mar fazia delas seu par perfeito para navegar nas ondas. Nessas terras havia um encontro muito singular entre as areias e o mar, um lugar onde bailavam lentamente e onde desse lento bailar nasciam flores de pétalas brancas. Eram pétalas de régia beleza que não precisavam senão daquela dança mágica para se nutrir.
Ele sorria ao se lembrar que foi um convite seu que iniciou aquele baile, há tanto tempo que não se lembrava mais, foi numa outra terra distante dali, que desposou, com a Fúria de um Sátiro, uma Ninfa de pele de cobre.
E em seu desposar sanguíneo cobriu seu corpo de flores mais belas que conseguira compor em seus versos de profundo amor. Cada verso escrito com o suor e sangue de ambos fazia nascer uma flor.
Caminhavam felizes pelos bosques, pelas terras desconhecidas, por lugares nunca antes desvendados, não sem sacrifícios é claro, seu sangue era o preço que cada nova morada cobrava. Mas era intenso, era perfeito e também dolorosamente completo.
Mas chegaram ao mar, que naquela época pouco se importava com as areias. E ela quis se banhar, ou ele quis que ela se banhasse, não se lembrava mais só se lembra que ela partiu para o meio do mar e desapareceu.
Só que ele não podia entrar naquela água, suas patas de bode com toda certeza se derreteriam caso tocassem o mar, era um acordo antigo que havia feito, que poderia correr toda a terra mas jamais tocar no mar.
Com ela perdida em meio ao mar ele se lamentou com as areias que também sentiram falta da Ninfa que a tanto bailava junto ao seu Sátiro sobre elas. As areias então desejaram o mar, desejaram profundamente voltar ao baile de outrora.
E foi esse novo bailar que criou aquele mangue, que não era areia nem mar, mas que o Fauno podia caminhar sem medo de que pudesse se afogar. Não demorou para que o mangue começasse a dar flores, flores nascidas daquele bailar e flores que outrora estiveram presas ao corpo de sua amada Ninfa.
O Fauno caminhava por aquele terreno novo e perigoso, zelando pelas flores que nasciam, em parte fruto de seu amor e outra parte frutos de sua maldição. Era com seu próprio sangue que as nutria numa esperança vã que elas fossem lá onde a Ninfa se encontrava entregue ao sabor das ondas.
segunda-feira, 16 de novembro de 2009
Outra
Lucas C. Lisboa
Meu apartamento enorme e abundante
com seus vazios estrategicamente
colocados nos cantos que me evita
olhar tais pesadelos de um artista
Se lhes digo sim ou não doravante
não cessam seus artifícios de amante
com sonhos ruins seguidos tão à risca
que surpreende cegando mia vista
Nada resta depois de tantos tragos
apenas se acomoda o pior momento
de minha paz feliz mas insincera
Sobram os meus afagos vis e amargos
que mordaz ofereço tal lamento
pra fiel e felicíssima cadela
Meu apartamento enorme e abundante
com seus vazios estrategicamente
colocados nos cantos que me evita
olhar tais pesadelos de um artista
Se lhes digo sim ou não doravante
não cessam seus artifícios de amante
com sonhos ruins seguidos tão à risca
que surpreende cegando mia vista
Nada resta depois de tantos tragos
apenas se acomoda o pior momento
de minha paz feliz mas insincera
Sobram os meus afagos vis e amargos
que mordaz ofereço tal lamento
pra fiel e felicíssima cadela
quarta-feira, 11 de novembro de 2009
terça-feira, 10 de novembro de 2009
Cura-me
segunda-feira, 9 de novembro de 2009
O fantoche depois do palco
Lucas C. Lisboa
Vem boneca de trapos o meu peito
ferir como quem ri mui docemente!
É meretriz que tem todo direito,
de fazer sentir tal niguém se sente!
Desfia cada pedaço ou trejeito
que dolorido for mais conveniente!
Só não esqueça do velho de respeito:
do mestre que guia sua linha habilmente....
Sua lágrima por arte não envolve
e seu choro tão forte não comove;
seu riso e o seu pranto são iguais!
Sua sátira de sorte não me atinge
e seu odor de morte não me aflige;
quer apostar quem é que fede mais?

Vem boneca de trapos o meu peito
ferir como quem ri mui docemente!
É meretriz que tem todo direito,
de fazer sentir tal niguém se sente!
Desfia cada pedaço ou trejeito
que dolorido for mais conveniente!
Só não esqueça do velho de respeito:
do mestre que guia sua linha habilmente....
Sua lágrima por arte não envolve
e seu choro tão forte não comove;
seu riso e o seu pranto são iguais!
Sua sátira de sorte não me atinge
e seu odor de morte não me aflige;
quer apostar quem é que fede mais?

quarta-feira, 4 de novembro de 2009
Suas lágrimas
Lucas C. Lisboa
Tenho olhos chorando sangue
minh`alma fedor de mangue
É sua carne meu fetio
o mais doce e mais macio
Tenho olhos chorando sangue
minh`alma fedor de mangue
É sua carne meu fetio
o mais doce e mais macio
terça-feira, 3 de novembro de 2009
O Pianista e a mão de Bronze
Lucas C. Lisboa
Depois de mais uma exibição do Pianista que agora era somente o melhor Esgrimista Real. Ela foi tomada pela ambição de resgatar aquela mão que era bela demais para estar tão mal cuidada. Seu ourives favorito que lhe construía os objetos mais estranhos foi incumbido de fazer uma substituta para a troca.
O Ourives escolheu o cobre, por sua maleabilidade, para servir de carcaça e pequenos diamantes para substituir a proteção quitinosa das unhas humanas. Depois de meses trabalhando nos detalhes aquela mão de cobre era plenamente eficiente e refinada para os movimentos e toques mais precisos e delicados.
Ela sabia que orgulhosamente o Pianista sempre rejeitaria tal troca insana, por mais que ela prometesse que ele poderia então confiar novamente numa mão direita. Sabia que o ego dele não permitiria tal troca de bom grado. Ela então foi atrás de quem poderia fazê-lo.
Foi em uma noite que do estrangeiro chegou, um ladino de talentos e lendas assustadoras, que já roubara o brilho dos olhos de uma princesa e também ganhara, numa aposta contra a morte, um manto que lhe mantinha invisível frente aos olhos de todos aqueles que enxergam. e foi na mesma madrugada que o ladino, pelo preço de uma sonata composta exclusivamente para sua glória, adentrou nos aposentos do Esgrimista dentro da área mais nobre do Palácio Real.
O Pianista estava deitado confortavelmente em sua cama mantinha mas o seu braço direito se pendia para fora da cama pois aquela vil mão direita não tinha o direito de dividir com ele do conforto dos lençóis de linho. Com o artifício de certos emplastros e poções, que trazia consigo dos Alquimistas de turbantes, o Ladino conseguiu facilmente roubar aquela valiosa mão direita e substituí-la pela belíssima arte do Ourives escondida igualmente pela luva de couro.
Foi na mesma noite que a Compositora recebera em sua casa mais uma para a sua coleção, era um exemplar de rara perfeição, porém desgastada por tantos maltratos. Ela lhe poliu as unhas, sarou as queimaduras, curou cada chaga e cicatriz malfadada para só então embebê-la em rum e especiarias para que jamais perdesse sua beleza e forma tão caras e perfeitas a ela.
Demorou muito tempo para que o Pianista percebesse a troca, ele jamais sequer tirava a luva sob a qual escondia sua indigna mão. Foi num dia em que esquecendo-se dela o alto do corrimão rasgou-lhe a luva. Também só parou para olhar pois ficara preso na escadaria e não sentindo dor contemplou o brilho do cobre e dos diamantes que se passavam por entre o rasgo.
Olhou espantado para essa nova mão direita, notou que seus movimentos não eram os mesmos que tinham depois do seu erro. Eram precisos, graciosos perfeitos e a harmoniosos. Estava numa manhã onde tudo que tinha eram as aulas para o príncipe mais novo do Rei. E isso agora iria esperar, correu ao piano da sala de estudos e começou a tocar.
Depois de mais uma exibição do Pianista que agora era somente o melhor Esgrimista Real. Ela foi tomada pela ambição de resgatar aquela mão que era bela demais para estar tão mal cuidada. Seu ourives favorito que lhe construía os objetos mais estranhos foi incumbido de fazer uma substituta para a troca.
O Ourives escolheu o cobre, por sua maleabilidade, para servir de carcaça e pequenos diamantes para substituir a proteção quitinosa das unhas humanas. Depois de meses trabalhando nos detalhes aquela mão de cobre era plenamente eficiente e refinada para os movimentos e toques mais precisos e delicados.
Ela sabia que orgulhosamente o Pianista sempre rejeitaria tal troca insana, por mais que ela prometesse que ele poderia então confiar novamente numa mão direita. Sabia que o ego dele não permitiria tal troca de bom grado. Ela então foi atrás de quem poderia fazê-lo.
Foi em uma noite que do estrangeiro chegou, um ladino de talentos e lendas assustadoras, que já roubara o brilho dos olhos de uma princesa e também ganhara, numa aposta contra a morte, um manto que lhe mantinha invisível frente aos olhos de todos aqueles que enxergam. e foi na mesma madrugada que o ladino, pelo preço de uma sonata composta exclusivamente para sua glória, adentrou nos aposentos do Esgrimista dentro da área mais nobre do Palácio Real.
O Pianista estava deitado confortavelmente em sua cama mantinha mas o seu braço direito se pendia para fora da cama pois aquela vil mão direita não tinha o direito de dividir com ele do conforto dos lençóis de linho. Com o artifício de certos emplastros e poções, que trazia consigo dos Alquimistas de turbantes, o Ladino conseguiu facilmente roubar aquela valiosa mão direita e substituí-la pela belíssima arte do Ourives escondida igualmente pela luva de couro.
Foi na mesma noite que a Compositora recebera em sua casa mais uma para a sua coleção, era um exemplar de rara perfeição, porém desgastada por tantos maltratos. Ela lhe poliu as unhas, sarou as queimaduras, curou cada chaga e cicatriz malfadada para só então embebê-la em rum e especiarias para que jamais perdesse sua beleza e forma tão caras e perfeitas a ela.
Demorou muito tempo para que o Pianista percebesse a troca, ele jamais sequer tirava a luva sob a qual escondia sua indigna mão. Foi num dia em que esquecendo-se dela o alto do corrimão rasgou-lhe a luva. Também só parou para olhar pois ficara preso na escadaria e não sentindo dor contemplou o brilho do cobre e dos diamantes que se passavam por entre o rasgo.
Olhou espantado para essa nova mão direita, notou que seus movimentos não eram os mesmos que tinham depois do seu erro. Eram precisos, graciosos perfeitos e a harmoniosos. Estava numa manhã onde tudo que tinha eram as aulas para o príncipe mais novo do Rei. E isso agora iria esperar, correu ao piano da sala de estudos e começou a tocar.
sábado, 31 de outubro de 2009
Donzela de Seda
Lucas C. Lisboa
O sabor adocicado,
eu tenho e jamais o nego!
Mas ele está bem guardado:
oculto pelo meu ego...
Sei até o que faço errado:
ao mau hábito me apego.
Tendo o corpo maltratado
se de raiva fica cego...
Eu até gosto de espinhos,
pois realçam o perfume
da flor que traz para mim.
Eu me dou bem com carinhos:
do punhal de fino gume
vindo a me cortar enfim!
O sabor adocicado,
eu tenho e jamais o nego!
Mas ele está bem guardado:
oculto pelo meu ego...
Sei até o que faço errado:
ao mau hábito me apego.
Tendo o corpo maltratado
se de raiva fica cego...
Eu até gosto de espinhos,
pois realçam o perfume
da flor que traz para mim.
Eu me dou bem com carinhos:
do punhal de fino gume
vindo a me cortar enfim!

quinta-feira, 29 de outubro de 2009
Terror no Play
Lucas C. Lisboa
Menina zumbi tão terrível
tem uma fome animal
se antes era mordível
agora a sua é mortal!
Uma nina tão sensível
virou um bicho do mal
devora a barriga incrível
com tripas e visceral
Devora tudo num segundo
com sua pequena boquinha
roendo ossos toda vida
Ao ver um mendigo imundo
ela come bem bonitinha
sangrenta e apodrecida
Menina zumbi tão terrível
tem uma fome animal
se antes era mordível
agora a sua é mortal!
Uma nina tão sensível
virou um bicho do mal
devora a barriga incrível
com tripas e visceral
Devora tudo num segundo
com sua pequena boquinha
roendo ossos toda vida
Ao ver um mendigo imundo
ela come bem bonitinha
sangrenta e apodrecida
terça-feira, 27 de outubro de 2009
Donzela de Ferro
Lucas C. lisboa
A fria Donzela de Ferro
teve sua doce vingança
ao me cravar um eterno
espinho com ar de criança
A fria Donzela de Ferro
no seu abraçar avança
mias carnes até o inferno
que tortura e não se cansa
Sou monstro vil que pune
tão bestial, impensado
pior que verme ou rato!
Mas está sob o seu gume
algo bem mais engendrado
é maldade em puro ato!
A fria Donzela de Ferro
teve sua doce vingança
ao me cravar um eterno
espinho com ar de criança
A fria Donzela de Ferro
no seu abraçar avança
mias carnes até o inferno
que tortura e não se cansa
Sou monstro vil que pune
tão bestial, impensado
pior que verme ou rato!
Mas está sob o seu gume
algo bem mais engendrado
é maldade em puro ato!

quinta-feira, 15 de outubro de 2009
Depois da aula
Lucas C. Lisboa
A doce mocinha
morrendo de medo
no parque sozinha
esconde um segredo
Espera prontinha
por seu namorado
co'a pele branquinha
e olhar abaixado
balança e se aninha
num riso calado
co'a face quentinha
e lábio molhado
Seu segredo vinha
num moço malvado
que lhe fez putinha
de muito bom grado
A doce mocinha
morrendo de medo
no parque sozinha
esconde um segredo
Espera prontinha
por seu namorado
co'a pele branquinha
e olhar abaixado
balança e se aninha
num riso calado
co'a face quentinha
e lábio molhado
Seu segredo vinha
num moço malvado
que lhe fez putinha
de muito bom grado
terça-feira, 13 de outubro de 2009
Terça-feira
Lucas C. Lisboa
Dia longo absurdo maldito infernal
De fato sou culpado pra tanto mal?
Se fosse, ao menos, teria uma paz
No prazer do mal feito que me apraz
Sei que não sou perfeito ou igual
ao principe de um conto de natal
Nem venho co'as boas novas que ele traz
e o fogo comigo se liquefaz
Eu só queria uma princesa rota
para dançar comigo toda valsa
mesmo que de nota desafinada
Eu só queria ter só mais uma gota
de chumbo derretido para a falsa
verdade que me faz alma penada
Dia longo absurdo maldito infernal
De fato sou culpado pra tanto mal?
Se fosse, ao menos, teria uma paz
No prazer do mal feito que me apraz
Sei que não sou perfeito ou igual
ao principe de um conto de natal
Nem venho co'as boas novas que ele traz
e o fogo comigo se liquefaz
Eu só queria uma princesa rota
para dançar comigo toda valsa
mesmo que de nota desafinada
Eu só queria ter só mais uma gota
de chumbo derretido para a falsa
verdade que me faz alma penada
segunda-feira, 5 de outubro de 2009
Tentáculos atacam
Lucas C. Lisboa
Tentáculos e Correntes
tomaram o Colegial
são cem Jovens inocentes
gozando via Anal
Monstros e Aliens indecentes
pevertendo sem igual
Mestres de malvadas mentes
na nova Escola Sexual
com a Diretora enrabando
o velho do Zelador
e a Professora chupando
o dedão do Professor
Tudo que vão aprender
é Trepar até morrer
Tentáculos e Correntes
tomaram o Colegial
são cem Jovens inocentes
gozando via Anal
Monstros e Aliens indecentes
pevertendo sem igual
Mestres de malvadas mentes
na nova Escola Sexual
com a Diretora enrabando
o velho do Zelador
e a Professora chupando
o dedão do Professor
Tudo que vão aprender
é Trepar até morrer
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